Índice de Capítulo

    ❖ ❖ ❖


    Aproximando-se do cômodo em que estava hospedado, Kazuki respirou fundo e tentou se acalmar à medida que era fixado por olhares de pessoas próximas. 

    Enquanto ainda tentava respirar, e com o olhar para baixo e ofegante, ele pensou em como um simples pensamento podia se transformar em algo daquela magnitude. 

    Em um momento, ele estava focado no assunto sobre a guerra, então de repente a conversa mental se estendeu até a sua família, e no outro… 

    Bem, o homem-fera estava imaginando coisas além disto.

    Mais especificamente, no Rei. 

    — Kazuki?! 

    Quando ouviu uma voz familiar, ele levantou rapidamente sua cabeça para o lado apenas para se deparar com a figura de Rei, que estava perto da lareira acesa do cômodo. 

    Entretanto, diferente de seus pensamentos conflitantes anteriores, quando dirigiu seu olhar para o garoto, notou que ele estava… diferente? 

    Com uma espada de madeira posicionada em sua mão esquerda, e sem camisa enquanto o suor escorria de seu corpo, Rei olhou para Kazuki em confusão.

    O menino notou que Kazuki parecia um pouco alterado, sem piscar os olhos enquanto o encarava.

    O homem-fera ignorou o chamado, e fixou seu olhar para o corpo do garoto à sua frente. 

    Na realidade, ele não pôde dizer nada, a sua mente congelou no momento em que deparou-se com o corpo de Rei. 

    Embora tivesse ouvido o seu nome, ele não conseguia responder imediatamente… Sua cabeça estava paralisada com o que via diante de seus olhos.

    Na posição em que estava, Kazuki conseguia ver parte do suor do garoto escorrer lentamente sobre os seus músculos e bíceps, enquanto sua pele morena era iluminada pelo fogo da lareira próxima.

    Kazuki nem tentou disfarçar o seu olhar, seus batimentos cardíacos aceleraram repentinamente e suas bochechas esquentaram, — era quase como se sangue estivesse prestes a escorrer de seu nariz. 

    Talvez Rei estivesse treinando espada dentro do cômodo? 

    Bem, isso não importa mais para Kazuki. 

    A única coisa que ele conseguia vislumbrar era o corpo perfeito e moreno de Rei, que era incrivelmente irresistível.

    — Está me ouvindo?! — disse pela segunda vez Rei, ainda de longe. Seu olhar estava confuso, sem entender o comportamento do homem. 

    Após analisar cuidadosamente a reação de Kazuki, a mente do estudante foi iluminada com um pensamento malicioso ao notar a situação em que estava. 

    “Bem, já que as coisas estão assim… eu deveria tirar o máximo de proveito dele…”

    “Não esperava que ele voltasse tão rápido enquanto eu ainda estava treinando.”

    Com um sorriso malicioso no rosto, Rei brincou com toda a situação.

    — Você ficou olhando para o meu corpo até agora? — declarou ele com um tom de voz provocativo. 

    Rei então colocou uma das mãos no bolso, e com a outra mão inclinou em 90 graus a espada de madeira para trás, de modo que a sua ponta estivesse apoiada em sua outra parte do ombro. 

    Com os ombros erguidos, e uma postura firme. Era uma postura perfeita para um delinquente, assim como os outros o chamavam no colegial.

    — E-Eu não… 

    Kazuki não pôde responder, sua mente estava congelada.

    Se pudesse, permaneceria o dia inteiro vendo-o daquela maneira obscena.

    — É por quê você me acha… Sexy?! — disse Rei, interrompendo a fala embolada do homem-fera. 

    Ele então prosseguiu, com um olhar persistente: — Eu não sabia que você era tão safado. Tenho que admitir… não posso negar que você é um grande pervertido. 

    — R-Rei! O que você está dizendo? Eu… eu não sou um pervertido — comentou Kazuki, ao desviar o olhar, e tentar se defender.  

    “Droga… nunca pensei que vê-lo assim seria tão excitante…” 

    “Wahh! Por que eu não conseguia falar nada antes? Ok, calma Kazuki! Comece a se explicar. Não posso deixar que ele tenha uma impressão ruim da minha pessoa…”

    Ele pensou constrangido, sem saber o que dizer para o garoto, que o observava atenciosamente. 

    — Por que você não olha nos meus olhos? Você sabe. Não é muito educado conversar assim — retrucou Rei, ainda com o tom de voz provocativo. 

    Quando escutou novamente, o corpo de Kazuki estremeceu e começou a reagir. 

    Com certa relutância, ele levantou a cabeça para cima, e fez contato visual com o garoto. 

    No momento em que olhou para o seu rosto, Rei sorriu, revelando seus dentes brancos.

    Em reação aquela visão, Kazuki parou de respirar momentaneamente. 

    Declarando em pensamentos: 

    “Ele é realmente lindo. Ninguém deveria ser tão bonito assim, ao ponto de até mesmo me fazer parecer um idiota.” 

    Kazuki tentou desviar o olhar novamente, mas o garoto o manteve com os seus olhos, que pareciam ouro derretido e jóias preciosas. 

    Nesse instante, o nariz de Kazuki começou a escorrer um pouco de sangue, sem que o mesmo percebesse. 

    Foi como uma reação involuntária após deleitar-se com aquela visão divina. 

    Assim que notou o seu nariz sangrando, o garoto perguntou ainda de longe. 

    — Você está bem?! 

    Ao escutar o questionamento, o homem colocou a mão no nariz e sentiu algo quente e molhado escorrer. 

    Quando dirigiu seu olhar para baixo, notou a presença de sangue na palma de sua mão. Apesar de ser em pouca quantidade, ainda era algo relativo. 

    — E-Eu… 

    O garoto então saiu de sua posição rapidamente e deu alguns passos até chegar à frente do homem.

    Ele pediu para Kazuki se sentar no chão, e logo em seguida se agachou ligeiramente.

    — Deixa eu dar uma olhada — ofereceu Rei, ao colocar suas mãos no rosto de Kazuki, para examinar o hematoma.

    Com a súbita aproximação de Rei, Kazuki conseguiu a todo momento ouvir a sua respiração ofegante, e o seu cheiro vital. 

    Um cheiro suave de morango.

    Dos seus feromônios de ômega. 

    — Nós dois sabemos que você é forte, mas nenhum de nós é invencível — acrescentou.

    — Não como você — gracejou Kazuki, um pouco surpreso com a emoção crescente que sentia enquanto Rei o tocava.

    — É sério, você deveria cuidar mais de você — disse por fim, ao terminar de examinar o nariz do parceiro.

    Contudo, não houve qualquer resultado desta ação, já que ele não fazia ideia do que poderia ter causado aquilo. 

    Depois desse comentário, o garoto soltou um pequeno suspiro e olhou para o interior dos olhos de Kazuki, que permaneceu em silêncio.

    Lentamente, Rei aproximou-se do rosto de Kazuki.

    Seu cabelo negro e olhos dourados pareciam incandescer, como se estivessem sendo marcados à fogo na memória de Kazuki.

    Com sua mão direita, ele acariciou o cabelo dourado de Kazuki, e comentou por fim: 

    — Não posso deixar de me preocupar às vezes com você, ainda mais sabendo que precisa lidar com tantos problemas. 

    Continua… 

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