Capítulo 140 - Capitão!!! X
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(…)
— Senhor, todas as tropas estão descansando, qual a sua próxima ordem?
Em meio a um acampamento estabelecido do lado de fora do refúgio, um soldado dirigiu a sua pergunta para o homem que estava sentado bem à sua frente, usando um tom de voz devidamente polido e ríspido.
— “Ao invadir território élfico, lembre-se sempre: Suas pernas não são mais rápidas que minhas flechas”, sabe o que isso significa, Vice-Capitão? — indagou por sua vez o cavaleiro, respondendo-o com uma pergunta.
O rosto do cavaleiro era parcialmente iluminado pelas tochas que estavam posicionadas nas pequenas tendas de inúmeros soldados da região.
Sua expressão no rosto era de seriedade, concentração e atenção para a resposta seguinte ao do Vice-Capitão, que apesar da aparência jovem, carregava uma extensa experiência em combates.
— Se me permite responder senhor, o que você acabou de dizer é provável que seja uma ameaça disfarçada de aviso — respondeu imediatamente, sem mostrar hesitação.
Quando escutou a afirmação do Vice-Capitão, um suspiro profundo saiu da boca do cavaleiro. Tendo acabado de chegar na região, o seu plano de resgatar os sobreviventes da invasão que estava ocorrendo entre os demônios, talvez não ocorresse da forma que esperava.
Dessa vez, ele comentou depois de olhar para o céu escurecendo, e perceber então a linha tênue de alaranjado do sol ao longe desaparecer no horizonte.
— Não precisa me responder de forma tão educada, Vice-Capitão, somos amigos, não é?
— Eh? Ah, claro… — disse em hesitação, virando a cabeça para baixo.
— Você não está errado em pensar assim, mas não estamos em um território apropriadamente élfico, se fossemos realmente dizer… é que estão mais para desertores da própria raça, mas isso não vem ao caso agora.
— Acredito que tenha sido um aviso, não uma ameaça. Eles ainda não acreditam na gente, quem acreditaria, não acha? Somos do reino humano, e viemos auxiliar os homem-fera. A ideia chega a ser absurda, se levarmos em consideração a questão diplomática entre os reinos — declarou por fim, ao virar o seu rosto para outra direção.
Quando dirigiu seu olhar para o lado, em sentido a uma floresta perto, o cavaleiro de armadura preta percebeu que parte da floresta próxima do refúgio parecia silenciosa, enquanto a escuridão ganhava cada vez mais forma.
Nesse momento, o Vice-Capitão, que olhava fixamente para o rosto do cavaleiro, franziu as testas e pensou enquanto observava-o:
“E pensar que o Capitão ainda não se recuperou do seu trauma, ele é realmente um homem que trabalha duro por seus objetivos.”
“Embora seja de origem nobre, ele sempre busca ajudar e auxiliar todas as pessoas comuns, independente se elas são de raças diferentes ou de classes sociais.”
“Ele possui um caráter e talento extraordinários pelo que dizem. Um gênio tão jovem, que tem seu nome até mesmo conhecido por toda a academia militar, tendo um senso de justiça e outras características condizentes com as de um verdadeiro herói.”
Terminado com a linha de pensamento, e após olhar para o rosto de inquietação do cavaleiro de armadura preta, o Vice-Capitão declarou: — Senhor, independente do que pensem, temos a aprovação dos superiores de alto escalão. Você não deveria se sobrecarregar em pensar sobre a opinião de terceiros, principalmente a dos elfos.
— Além disso, até mesmo o imperador desse reino aceitou a nossa cooperação mútua, os tempos estão mudando, quem poderia ir contra nós? — Quando terminou de falar, ele abriu um pequeno sorriso no rosto.
Em resposta, o Capitão retrucou a última afirmação do Vice-Capitão, que estava carregada de certeza e extrema arrogância.
— Vice-capitão, você não deve pensar dessa maneira tão relaxada e prepotente! Estamos em outro território. Nosso exército só tem cerca de 100 soldados, fora aqueles que perdemos em batalha até chegarmos aqui.
— “Quem poderia ir contra nós”? Somos apenas soldados seguindo as ordens dos superiores. Se decidirem que não temos mais valor, seremos descartados, é simples.
— Mais uma coisa, Vice-Capitão. Talvez você esteja confundindo as coisas, eu não estava preocupado com a opinião dos elfos ou dos homem-fera.
Ele disse brevemente fazendo contato visual.
As palavras do cavaleiro foram educadas, mas com seu tom e atitude, sua resposta foi praticamente uma ordem.
O Vice-Capitão não pôde dizer nada em resposta. E, apesar de não demonstrar visivelmente, ele estava irritado e com raiva. Ele apertou os punhos com força.
No entanto, o que mais o incomodava agora era o fato de não conseguir pensar em nenhuma refutação em relação às palavras do capitão.
Ele mordeu a sua boca, tentando conter a raiva crescente e frustração. Mesmo que ele ainda pudesse refutá-lo, o cavaleiro ainda era o seu superior e seu Capitão.
Responder seria considerado insubordinação.
“Desgraçado! Se não fossem os superiores, que te promoveram para Capitão, eu não teria que me sujeitar a receber ordens suas.”
“A minha vida toda eu me esforcei tanto, mas quem se importa se você se esforça? Pessoas como ele acabam ficando em primeiro lugar de qualquer maneira.”
“Pessoas talentosas, bonitas e com dom nunca vão precisar se submeter aos testes convencionais que as pessoas normais precisam passar.”
“Todas as vezes que você me olha, eu me sinto sufocado, e não consigo sequer respirar. Malditos olhos vermelhos, que parecem ver no fundo da minha alma.”
“As coisas não vão ficar assim, vou só esperar uma oportunidade e vou roubar o seu posto de Capitão. Apenas me espere, seu filho da puta.”
Após reclamar bastante, e conter parte da raiva em sua mente ao elaborar um esquema, o Vice-Capitão apenas respondeu com uma pequena reverência, e concordou com o Capitão. Sem transparecer a sua raiva e sua indignação.
— Sim, senhor capitão. Você tem razão, talvez eu esteja agindo de forma arrogante, peço perdão por isso — declarou com certa relutância em olhar em seus olhos novamente.
— Você acha? Que engraçado, eu tenho certeza. Enfim, preciso de um momento sozinho. Antes de sair, avise os soldados que iremos sair ao amanhecer para vasculhar toda a região local.
O Vice-Capitão ao ouvir a ordem de seu superior franziu a testa, e olhou de maneira desnorteada para o seu rosto.
— Mas senhor, por que está me dando essa ordem? Você deveria comunicar aos tenentes, não a mim… — perguntou, com raiva estampada em seu rosto.
— Está retrucando a minha ordem, Vice-Capitão?
A voz que cortou suas palavras instantaneamente carregava um ar frio e era acompanhada por um olhar de desprezo.
Quando o ouviu, o homem vacilou por um momento e olhou para baixo, com medo da reação súbita do capitão.
— Não, senhor… vou garantir que a tarefa seja cumprida com êxito — respondeu, sem poder dizer mais nada.
Continua…
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