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    A minha Meredith não poderia chegar no momento mais oportuno. A cara de espanto que o Faisal fazia ao contemplá-la, era impagável!

    Tremendo a mandíbula, perseguia intensamente as palavras de justificativa que lhe fugiam a boca.

    — Q-Querida…

    No entanto, Meredith o ignorou a primeira, focando os olhos naquela empregada que estava desacordada. Foi acudi-la imediatamente enquanto clamava seu nome.

    — Sherine! O que aconteceu com ela?! — Segurou seu ombro enquanto dava leves tapas na sua bochecha. — Sherine! Acorde!

    — Eu explico ou você explica, Faisal?

    Ainda sentado no sofá ao lado do meu sócio, soltei um sorriso travesso, que atraiu os olhos da ruiva para mim enquanto deixava aquela tal da Sherine.

    — Se não estou em engano, você é aquele mendigo…

    — Eu mesmo! — Soltei um sorriso confiante, erguendo o polegar. Movendo seus traços em irritação, jogou seus olhos contra o seu amado enquanto emitia uma voz fria.

    — Faisal… O que está acontecendo aqui?

    — Q-Querida, é que…

    “Agora quero ver o que você vai inventar.”

    Eu não conseguia parar de sorrir, expectante do que se seguiria e, Zernen me acompanhava nisso enquanto se embebedava com aquele veneno.

    — Uma abelha! — Assim que ele disse isso com uma cara convicta, Meredith ergueu uma sobrancelha, ansiando melhor explanação.

    — Uma abelha?

    — É… Acontece que uma abelha invadiu a sala e…

    “E lá vem o drama.”

    Ele depositou a mão na testa, contorcendo os traços em uma expressão triste.

    — Sherine acabou sendo atacada brutalmente por aquele inseto! Nós batalhamos e por fim… — Ele apontou para o pequeno lago de vinho que eu havia derramado. — Vencemos!

    — Uma abelha fez isso tudo?

    Os olhos da Meredith varriam toda sala, ainda assim, seu semblante carregado de descrença.

    — Minha querida, não subestime a força de um inseto.

    “Sério, quem acredita nisso?”

    — Ok, mas e eles? — Seus olhos azuis vieram ao nosso encontro. — O que eles fazem aqui?

    — Ah, eles vem formar uma parceria comigo.

    “Essa cara tem resposta para tudo. Tudo está na ponta da língua.”

    — Com um mendigo? — Ela ergueu uma de suas sobrancelhas, duvidosa.

    — Querida, o homem que aqui vê quer abrir uma loja de roupas.

    — O que!?

    — Você quer abrir uma loja de roupas? — questionou Zernen, olhando para mim enquanto ainda carregava a taça com resquícios de vinho.

    — Eu? Eu não!

    — Ah, é mesmo… — Faisal estalou os dedos. — É uma loja de armadura! Isso! Armadura! — E começou a rir, colocando a mão sobre a testa. — Ah, a minha cabeça!

    — Já chega — disse Meredith. Faisal arregalou os olhos, tremulando sua mandíbula. — Chega dessa palhaçada. Me diga a verdade!

    — Mas essa é a verdade, não é, senhores? — questionou Faisal com o rosto todo tomado por suor enquanto tremia a sua mão.

    Bem, decidi que iria entrar no teatrinho dele, afinal não sabia o que iria acontecer caso ela descobrisse agora que tipo de pessoa era o seu noivo. E além disso, a minha declaração sobre os três dias perderia toda credibilidade.

    — Ele está certo. — Balancei a cabeça positivamente. — Viemos a negócios!

    — Você há pouco era um cara que pedia esmola e agora está fazendo negócio com nobres? Quem acredita nessa história?!

    — Para falar a verdade, eu estava te testando para ver se você tinha carácter e aquelas palavras… — Pressionei a mão contra o peito. — Tocaram o meu coração…

    — O que? Eu só disse para você trabalhar honestamente.

    — Exatamente! — Estalei os dedos com um sorriso genuíno. — Esse seria o tipo de coisa que uma mulher da sua classe diria, Milady!

    — Você é louco. — Ela fez uma cara de reprovação para mim e desviou os olhos para o seu noivo, emitindo uma voz imperativa. — Mande chamar alguém para vir buscar a Sherine.

    — C-claro…

    Seu noivo caminhou até a porta e gritou pelo nome de um tal de Charles, que não tardou em aparecer para recolher a Sherine. Depois disso, voltou para o pé da sua suposta amada, ainda mantendo aquela expressão tensa enquanto encontrava seus olhos.

    — E-E, você, querida… O que veio fazer aqui?

    — Já se esqueceu que amanhã eu estarei viajando para o distrito real de Hengrancia?

    — Ah, sim. Você já tinha me informado sobre isso antes de ontem.

    — Sim, por isso vim ver o meu maravilhoso noivo antes de viajar amanhã!

    Com um sorriso, ela bateu levemente no ombro dele, deixando-o mais nervoso.

    — B-Bem, você poderia esperar lá no meu quarto? É que agora estou no meio das negociações.

    — Por que?

    Enquanto fazia essa questão, Meredith dava alguns passos para no fim se sentar no sofá em oposição ao nosso, cruzando suas pernas ousadamente enquanto trocava olhar conosco.

    — Eu também quero participar das negociações.

    “Isso mesmo, Meredith!”

    Cerrei o punho, contendo um sorriso, já que ela estava tão próxima.

    — M-Mas, querida…

    — Não se fala mais nisso.

    Faisal veio sentar do lado dela, enquanto enxugava seu suor com um lencinho carmesim.

    — Então, estávamos falando sobre o que mesmo?

    — Armaduras.

    Segui o teatrinho, enquanto entrelaçava as mãos numa postura de um negociante.

    — E que você iria financiar 1000 moedas de ouro por mês, não é mesmo? — Zernen olhou para mim com um sorriso no rosto e eu balancei a cabeça afirmativamente:

    — Hum, verdade.

    Faisal franziu suas sobrancelhas, mas quando Meredith olhou-o, ele tratou de desfazer aquela expressão furiosa, dando um sorriso forçado.

    — Eu só quero ver de onde você vai tirar esse fundo mensal, Faisal — disse Meredith, pegando a garrafa esverdeada.

    — Meredith, esse vinho não…

    Mas seus olhos não avistaram outra taça, senão a que o Zernen havia usado, o que fez Faisal dar um suspiro. Contudo, isso foi por pouco tempo, pois ela pediu para um dos servos que estava ajudando na remoção da porta para que trouxesse três taças e que aproveitasse limpar e remover os cacos rente a mim.

    Neste meio tempo, Faisal tentou persuadir Meredith a não tomar esse vinho, mas não achava argumentos convincentes.

    — Por que não? Você sabe que eu adoro vinho!

    Assim que o servo chegou e pousou na mesa uma bandeja contendo três taças, Faisal ficou mais tenso.

    O feitiço virou contra o feiticeiro. Caso a Meredith perecesse aqui, ele com certeza seria lançado para forca pela irá do rei e sua família sofreria penalizações severas por parte do rei, desde perda de status a prisão.

    — Acontece que… que…

    — Que?

    — Este vinho está fora do prazo!

    — Hum…

    Meredith rodeou a garrafa, contemplando o rótulo dela enquanto o servo tratava de limpar a sujeira com um pano e uma pequena pá.

    — Mas aqui diz que vai acabar daqui a 2 anos.

    — Ah, é mesmo? — Faisal deu um sorriso torto.

    — Você é muito distraído, Faisal!

    Assim que o servo saiu depois de uma trabalho feito, o piso brilhante transmitindo meu reflexo, Meredith tomou a taça entre os dedos e entornou o vinho no seu interior enquanto dava aquele sorriso que deixava Faisal assombrado. Assim que o líquido alcançou o cume da taça, Meredith pousou a garrafa e elevou a taça aos lábios rosa de pêssego.

    — Aí, essa mulher… — Zernen sussurrou, olhando para mim de relance.

    — Você consegue usar sua força invisível para quebrar a garrafa?

    — Claro. — Ele balançou a cabeça positivamente.

    — O que vocês estão sussurrando aí?— questionou ela, parando a taça a centímetros. — Querem também?

    — Q-Querida, veja bem… Da última vez que você bebeu foi uma zona. Então…

    — Não se preocupe, eu sei me controlar. Serão dois goles apenas.

    Quando a taça estava prestes a tocar os seus lábios, e o Faisal, tomado pelo desespero, esticava o braço ao limite enquanto tremulava a boca aberta, a garrafa de vinho quebrou-se em cacos e pelo susto, Meredith deixou cair a taça, que se desfez em estilhaços cristalinos, acrescentando o lago carmesim formado pela garrafa de vinho.

    — Ah, o meu vinho…

    — Não se preocupe, querida! — Faisal sorriu, aliviado. Depois tocou ambas as mãos dela com uma expressão de preocupação. — Você não se machucou, pois não?

    Meredith balançou a cabeça negativamente.

    — Só o meu vinho…

    — Não se preocupe, eu mando trazer um saudável dessa vez!

    “Esse cara…”

    — Vai mandar trazer um sem álcool, né?

    E a Meredith boba não percebeu o que aquele noivo dela estava dizendo.

    — Você sabe que eu não gosto de vinhos desse tipo.

    — Senhores… — Tossi, colocando o punho contra os lábios. — Devo lembrá-los que não tenho todo tempo do mundo.

    Na verdade, estava desviando as atenções para Meredith não questionar como a garrafa havia se quebrado do nada.

    — Hum, você tá agindo bem diferente daquela vez.

    — Impressão sua. — Sorri.

    — Isso. Se não o meu avô vai me espancar se eu chegar tarde demais!

    “Parece a minha mãe aí.”

    — Certo, cavalheiros — disse Faisal. — Falemos de negócios!

    E então, continuamos com aquele teatrinho barato de negociações
    para que Meredith não percebesse a nossa verdadeira intenção. No final, eu fiz o Faisal assinar um papel onde ele concebia uma renda mensal de 100 moedas de ouro para a suposta aquisição de materiais para armas. Quando na verdade, era para o meu uso próprio.

    — Então, estamos encerrados — Faisal e eu demos as mãos. — Que possamos prosperar.

    “Que eu possa, na verdade.”

    — É… Sim… — Faisal deu um sorriso torto.

    — Bem, vamos, Zernen.

    Quando eu ia levantar, a voz imponente de Meredith alcançou os meus ouvidos enquanto seus olhos estreitos e severos pousavam sobre mim.

    — Ei, posso ter um momento a sós consigo?

    — Eu? — Apontei o dedo contra o meu peito.

    — Sim, você.

    “O que será que ela quer agora?”

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