Capítulo 14 – Desfecho final
Dentro da barreira trêmula, dava para sentir a pressão de cada soco flamejante.
O zumbido elétrico tornava-se mais alto, constante, enquanto a aura amarela reagia aos ataques incessantes do garoto ígneo envolto por uma manifestação áurica de tom avermelhado.
O confronto intensificava-se, e por um instante, o mundo parecia resumir-se aos dois combatentes e ao brilho ardente de seus poderes em colisão.
Embora frágil à primeira vista, a barreira recém-formada absorvia os golpes flamejantes. Cada impacto gerava uma onda barulhenta de choque, lançando faíscas em todas as direções. A proteção oscilava sob a pressão crescente, mas permanecia de pé.
“Isso não vai aguentar… Não vai dar!” pensou Akemi, o suor escorria pela testa.
Completamente consumido pela raiva, Nihara executou um ataque mais poderoso, um potente chute com a sola do pé direito em chamas, que finalmente, deu fim à barreira, deixando o alvo vulnerável.
— Espera, Nihara! A ge- — Akemi tentou recuar, mas não teve tempo; um novo chute implacável, sem chamas, atingiu sua barriga. O impacto puro foi suficiente para expulsar todo o ar dos pulmões, olhos arregalaram-se em choque enquanto o corpo curvava na tentativa desesperada de recuperar o fôlego.
Com os olhos literalmente flamejando de raiva, Nihara avançou a uma velocidade e força impressionantes, e em um movimento rápido e certeiro, ele agarrou uma parte superior dos suspensórios de Akemi, assumindo nos dedos a firmeza de uma garra de aço ao apertar o material de couro.
Com o rival erguido, o ígneo começou a girar no próprio eixo, como um predador prestes a desferir o golpe fatal. — Você ousou me desafiar! Agora irá sofrer, seu verme! — Após o grito de pura fúria, ele arremessou o oponente em direção à parede da arena.
Akemi foi lançado pelos ares, girando descontroladamente. O mundo ao redor dele tornou-se um borrão indistinto de cores e formas.
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O impacto? Devastador.
O corpo magro colidiu as costas contra o concreto, o som seco da batida ecoou pela arena, seguido pelo estalo agonizante de ossos sendo partidos além do limite. Quando ele deslizou para o chão, rachaduras serpenteadas ficaram visíveis na parede, denunciando a força do golpe.
O silêncio que se instalou foi interrompido apenas pelos gemidos fracos de dor do garoto caído. A dor que irradiava pelas costas era lancinante, cada fibra do corpo gritava em agonia. O pânico de qualquer inexperiente cresceria ao ver os próprios músculos paralisados e doloridos, movimentar-se seria impossível, e a incapacidade de reagir alimentava o nervosismo.
A aura elétrica, antes uma manifestação de força interior e independente, havia desaparecido, deixando para trás apenas o sentimento de vazio e dor.
Com a visão turva, Akemi mal conseguia discernir o adversário se aproximando. “Ele está vindo… Eu preciso me levantar… Agh! O quê…? E-eu não… consigo me mexer… Minhas pernas… Eu não sinto as minhas pernas…”
Os passos lentos de Nihara ressoavam como o som de um relógio prestes a parar, cada passo trazia terror e desespero ao jovem caído, que até tentava gritar, mas nenhum som escapava de sua garganta.
A mente de Akemi estava mergulhada em um caos de pensamentos confusos e medo, refletindo a impotência que o dominava.
Com um olhar triunfante ardendo em chamas ferozes, Nihara ergueu Akemi pelo colarinho. O sorriso ameaçador estampado no rosto ensanguentado anunciava o fim. — Finalmente, eu te peguei! — desabafou o arrogante, sombriamente aliviado.
A camisa de Akemi estava chamuscada, a dor dilacerante dificultava a respiração.
O tempo parecia desacelerar enquanto o punho livre de Nihara se levantava, o golpe final estava pronto, deixando mais claro do que nunca de que alguém se via cara a cara com a temida morte.
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“Eu… tenho que reagir…”
Por mais imponente que Nihara parecesse, ele também estava exausto e ferido, detalhes que atrasavam o ataque.
Akemi tentava revidar segurando o braço do adversário com as duas mãos, mas não tinha forças; as tentativas eram inúteis pois estava completamente dominado.
— MORRAAAAA!!! — rugiu Nihara, movendo o punho envolto em energia áurica para o golpe final.
— EU DESISTO!!!
…
De repente, o silêncio reinou de repente no campo de batalha.
Nihara estava congelado, ainda segurando Akemi pelo colarinho, enquanto o punho permanecia suspenso a centímetros do rosto do oponente.
Com os braços levantados e os olhos arregalados, o garoto erguido era incapaz de compreender o que acabara de acontecer. “O-o que está acontecendo? Eu… não sinto mais nada… E-eu morri?! Espera… aquele é…”
Atrás de Nihara, o shihai temporal mantinha as mãos erguidas. As escrituras brilhantes em suas palmas tinham uma luz intensa.
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“Ele está fazendo isso?! Além de voltar ele consegue parar o tempo?! Como isso é possível?!” Após o breve silêncio, Akemi foi dominado por uma visão turva; seu mundo desmoronou em uma espiral confusa. Uma escuridão o engoliu, e ele sentiu seu corpo ser arrastado por uma força invisível, como um galho sendo levado pela correnteza de um rio caótico.
Então, um clarão cortou a escuridão, e a sensação cessou abruptamente.
Quando voltou à realidade, Akemi notou que algo estranho havia acontecido. O eco do desconhecido ainda pairava sobre ele, trazendo a sensação incômoda de que algo sinistro estava à espreita. Ele olhava para o próprio corpo, tentando entender. “Eu… voltei no tempo? Minhas roupas voltaram ao normal… e a dor… ela sumiu!” Erguendo a cabeça, Akemi avistou Nihara à sua frente, igualmente renovado, mas estático, examinando o entorno com uma expressão perplexa.
A plateia podia ser ouvida novamente, aplausos tomavam conta da arena. O clima indicava que o combate havia chegado ao fim.
Os dois combatentes permaneciam parados, respirando calmamente.
— Senhoras e senhores! Em apenas sete minutos, a batalha chegou ao fim com a declaração de desistência de um dos competidores. Então, o vencedor é Nihara Miyazaki! Uma honra ter mais um membro da nobre família de fogo dentro da Academia Shihai de Asahi. Parabéns e boa sorte!
Enfim, a vitória foi concedida a Nihara.
A plateia respondia com palmas simples, e pelo tom, o desfecho da batalha causado por uma desistência não os agradava como esperado. Apesar daquilo, a garota no trono mantinha o olhar curioso direcionado ao jovem Aburaya.
Mas entre tantas reações, Nihara se aproximava lentamente do rival. — Você… pediu desistência? — Os olhos azuis outrora em chamas, naquele momento, participavam de uma expressão incrédula.
Amedrontado, Akemi tentava tranquilizar a situação. — É… bem, a gente fez uma boa luta, não acha? — Ele concluía sua declaração com um sorriso um tanto constrangido.
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— Uma bela luta?! Tá de sacanagem?! Não acredito que de tantos inscritos eu tive que pegar logo esse verme! Tá estampado nesse seu jeito ridículo que você não sabe o que está fazendo aqui! Qual é a sua?!
— Não imaginei que as coisas seriam assim. Eu não queria lutar, eu só queria…
— Então, por que você se inscreveu nessa merda?! Além do mais, o que um fracassado como você faria na ASA?!
— E-eu não sei! Mas não é certo a gente se machucar dessa forma!
— AAAAAAH!!! QUE CARA IRRITANTE!!! Esse era pra ser o momento mais importante da minha vida! Uma batalha épica que eu lembraria pro resto da vida como o meu primeiro grande passo, mas você estragou tudo! VERME!!! — O ódio de Nihara era enfatizado nas chamas que saltavam da boca, um clima perigoso chegava na arena.
— Cara! Você precisa se acalmar! A luta já acabou e-
Ffu-woooffff!
Repentinamente, consumido pelo ódio, Nihara se lançou impetuosamente em direção a Akemi, voando baixo com um soco armado.
“Ah não, de novo não!”
Contudo, em meio à trajetória, algo surgindo de cima parou o ataque.
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A figura de um homem forte, usando uma farda alvinegra, despencou velozmente em cima de Nihara, imobilizando-o com um mata-leão bem encaixado.
Akemi ficou mais do que aliviado. “É-é um shihai?! Mas… ele veio de onde?! Foi um teleporte…?! Nossa, novamente salvaram a minha vida…”
Nihara se debatia para tentar se libertar, mas dava conta; o militar era muito maior do que o garoto furioso.
“Quem será que é esse militar? Não dá pra ver a cara… parece que tem uma sombra no rosto dele. De qualquer modo, que aura elemental deixaria alguém fazer coisas assim?!”
Com as chamas cauterizadas, o imobilizado era lentamente levado pelo militar ao portão na parede leste da arena. — Arg! O que você está fazendo?! Me solta! Eu não posso deixar essa luta acabar assim! NUNCAAA!!! — A cena podia ser constrangedora para alguns, mas era amedrontadora para outros — Ei, Akemi! Eu vou te encontrar, o seu tá guardado! Me aguarde, seu verme!
Finalmente, Nihara foi retirado do campo de batalha.
“Ufa, estou vivo. Mas… no final, eu perdi… Caramba, que vazio é esse?” Enquanto alguns na multidão o aplaudiam, Akemi se angustiava por ter ferido alguém. O sonho de ser aluno da ASA parecia ainda mais distante, até porque as expectativas de vencer as lutas eram baixas desde o início, uma vez que sua experiência em combate era praticamente nula.
O rapaz isolado se sentia melancólico ao perceber que talvez tivesse fantasiado demais, enxergando-se como um jovem perdido em um mundo ilusório onde, no lugar de futuros heróis, havia apenas matança, sofrimento, ódio e egoísmo. “Essas pessoas continuam aplaudindo? Argh, não posso deixar que me vejam como um monstro assassino ou algo do tipo, tenho que falar alguma coisa!”
— É TUDO DESNECESSÁRIO!!! — gritou Akemi ao fechar os olhos com força e cerrar os punhos.
Toda a plateia cessou os aplausos e focou no rapaz, que apesar de se sentir um pouco desconfortável com toda essa atenção, não hesitou em prosseguir com os olhares voltados para os espectadores.
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— Não precisamos nos machucar e muito menos nos matar para entrar em uma instituição! Mesmo com todos os desafios que enfrentamos, nosso país sempre buscou a paz. Colocar jovens para lutar como gladiadores não faz sentido algum, é loucura!
A garota chamativa levantou-se do trono e exibiu um belo sorriso. Akemi a viu, e ao notar o suposto apoio, encheu o peito de motivação.
— Olhem em volta! Cada um de nós aqui tem o seu próprio valor, somos mais fortes do que isso! Passamos por muitas guerras, mas devemos lembrar que a paz é o objetivo! Não sei como devem ser os treinamentos daqui, mas é certeza que há outras maneiras para demonstrarmos o nosso potencial ao invés de lutas até a morte entre jovens de mesma pátria!
As palavras chegavam aos espectadores como um eco de reflexão.
A garota de olhares cativantes estava encantada, aplaudindo com um entusiasmo delicado e com o rosto iluminado pela felicidade genuína. Porém, a família ao redor não compartilhava o mesmo sentimento, exibindo feições sérias e negativas.
Entregue à reação silenciosa da grande maioria na plateia, Akemi sentia-se envergonhado e começava a se retirar da arena, rumo à porta oeste por onde havia entrado no campo de batalha. — Enfim, é… eu vou indo!
“O que deu em mim? Por que eu disse tudo aquilo?! Espero que não me levem a mal, Ai, caramba! Será que eu posso ser preso…?! Mas, aquela garota… por que ela agiu daquela forma? Achei que ela me odiaria, mas, não parece que foi bem assim… Ah, esquece! Eu tenho que sair logo daqui o mais rápido possível!”
O que restava era acelerar o passo e retroceder pelo trajeto já percorrido até alcançar a saída da instituição, atravessando a entrada da arena e seguindo pelo amplo corredor com vista para os estabelecimentos da ASA.
“Maldito Major Hasegawa! O que ele tinha na cabeça pra não me contar detalhe algum desse teste…?! Mas de qualquer jeito, a escolha foi minha, e agora, tudo o que eu almejava foi por água abaixo. Não tenho cabeça pra aguentar essas dores e sofrimentos. O que essa gente maluca pensa ao ver toda essa intriga absurda?”
Akemi se tornava ainda mais pensativo enquanto descia sozinho pela longa escada em U rumo ao térreo do edifício principal. “Eu só quero voltar para casa, o vovô deve estar preocupado. Pior que ele estava certo o tempo todo, não sei nem o que dizer quando o ver. Esse lugar não é bem como eu pensava, aliás, acho que eu não fui feito para ser um shihai, e sim, um mero operário… Mas e agora? O que eu faço com o meu corpo? Eu não quero mais essa droga de aura! Como eu volto ao normal?!”
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Sem saber o próximo passo de sua vida, o rapaz não conseguiu segurar a lágrima que escapou de seu olho direito. A tristeza profunda veio à tona…
Entretanto, repentinamente, enquanto descia a escadaria, escutou-se passos rápidos se aproximando por trás.
“… Mas o que é que-” Antes que pudesse checar a retaguarda, Akemi foi pego por um forte abraço pelas costas. Surpreendido, ele se manteve imóvel, tentando compreender a situação.
O abraço era caloroso, acompanhado de um suave aroma floral, provavelmente vindo de um perfume com notas açucaradas e frescor cítrico, como neroli.
Quanto mais tempo durava o abraço, mais ansioso e constrangido o rapaz ficava.
“O quê?! U-um abraço?! Estão me abraçando?! Q-quem tá fazendo isso?! A-aliás, quem faria isso?!”
Finalmente, a pessoa abruptamente parou o abraço.
Akemi se virou e deu de cara com alguém que não esperava. A mesma garota que, sentada no trono entre a família Miyazaki, tinha aplaudido suas palavras, agora estava diante dele, a apenas um degrau acima de distância.
O rosto dela corou-se ao perceber a troca de olhares, um recuo de um degrau foi a reação seguinte. Desesperada, a garota se curvou várias vezes em gestos de desculpas, gaguejando e suplicando: — Ah! É-é… desculpe pelos meus modos! E-eu não sei o que me deu! Perdão, perdão, perdão! — Mesmo constrangida, sua voz permaneceu suave e encantadora.
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“É a garota chamativa… Ela… me abraçou? É ela mesmo…? É a primeira vez em que recebo um abraço de um desconhecido assim…”
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