Índice de Capítulo

    Emotivo, Akemi discursava para o marechal e a garota: — Vocês enxergam tanto em mim, só que sou apenas um operário que sonhou errado durante a vida toda… Mas, toda essa conversa me fez lembrar de uma promessa. Por ter uma rotina bastante monótona e solitária, prometi a mim mesmo que me tornaria uma pessoa melhor. Não entendam mal, mas vejo vocês como anjos na minha vida. Então, como eu disse à Miya e a mim mesmo, superarei meus medos e realizarei meu sonho de me tornar um shihai! Portanto… eu aceito a indicação!

    Jin deu um passo à frente e tampou toda a visão do sol de Akemi. — Excelente, jovem! Porém, antes de tudo, preciso que você assine algo junto a mim! — Ele retirou um papel e caneta dos bolsos da gandola, e quando assinou uma parte, entregou os materiais para o garoto.

    — Claro, eu assino! Só um instante — Akemi pegou o papel. “Dessa vez eu vou ler, não serei feito de trouxa de novo!”

    Cap-18-Scene-1

    “Isso tá mesmo acontecendo? Toda aquela adrenalina voltou do nada… Eu… realmente quero seguir com tudo isso?”

    O coração batendo forte entregava o sentimento verdadeiro.

    “Bom, parece que no fundo, o meu sonho de criança ainda tá vivo.”

    Terminada a vista, o contrato finalmente foi assinado e devolvido ao marechal.

    — Muito bem! — Jin guardou tudo no bolso e apertou firmemente a mão de Akemi — você é muito bem vindo à Academia Shihai de Asahi, garoto! Sua aura é muito importante para m- ahem! Para nós…! Deixo muita fé em você, espero que se destaque.

    — Eu… darei meu máximo!

    O cumprimento foi finalizado.

    — Então, se vocês não se importarem, voltarei aos meus trabalhos, até as próximas aulas, alunos!

    Woooosshhh! 

    “Ele realmente some pelo vento! Ma-mas como ele faz isso?!”

    AKEMI!!! A GENTE CONSEGUIU!!!

    Akemi era bruscamente abraçado por Miya com uma força descomunal, seus pulmões eram espremidos como um enorme tubo de pasta de dente no fim. — Uff! — Ele ficava corado e com dificuldades na fala — pois é… no fim, as coisas deram certo… — Repentinamente, o rapaz se contorcia, parecendo uma salsicha tentando escapar do pão de um cachorro-quente. — Então… Uff! Você poderia me soltar? E-eu já estou vendo estrelas!

    Miya escutou o pedido sofrido e rapidamente soltou o garoto. Balançando as mãos como se estivessem queimando, a garota demonstrava uma baita preocupação. — Ah! Perdão! Eu perdi o controle de novo! — exclamou ela, logo cobrindo delicadamente a boca com as mãos — ai, pela mãe! Você tá bem? Eu te machuquei?

    Aliviado, Akemi tentava responder: — Uff… Tá tudo bem. São meus músculos que são muito fracos. Mas eu vou melhorar, hehe. 

    A risada sem graça do rapaz contagiava Miya.

    — Hihihi, nós vamos trabalhar juntos nessa!

    Os olhos fechados e o sorriso meigo da garota deixavam Akemi pensativo.

    “Que sensação estranha… Nunca conheci e muito menos conversei com alguém assim. Minha vida em casa sempre foi solitária e obscura, mas aqui, por mais que seja assustador, parece que há uma luz no fim do túnel… Enfim, meu avô deve estar me esperando, preciso voltar.”

    — Olha… muito obrigado mesmo por tudo, mas eu tenho que ir para casa o mais rápido possível.

    — Oh! Compreendo… — surpreendida, Miya ficou chateada — eu… também tenho que voltar pra… — Mas repentinamente, algo que poderia lhe causar graves problemas foi lembrado. — Nossa! Esqueci do meu posto! Ai ai ai, isso não é bom…! Eu preciso ir, Akemi! A gente se vê depois! — Ela se virou e preparou uma corrida em direção à entrada do prédio principal.

    Espere! — O grito de Akemi fez a garota parar.

    — O que aconteceu?

    O rapaz sentia que podia estar atrapalhando, mas continuava: — O-olha, se não for muito incômodo, pode me dizer um jeito de chegar ao centro? Minha casa é muito longe deste fim de mundo.

    — Tá vendo aqueles veículos próximos do portão da muralha — disse Miya, enquanto apontava.

    Akemi virou o olhar e viu um certo estacionamento de teto fechado. — Aham.

    — Você pode usá-los, é de graça pra quem está no interior da ASA.

    — Entendi…

    Um silêncio constrangedor pairou entre os jovens…

    — … Bom.. acho que agora é um adeus. Tenho que ficar com a minha família — Miya apontou com os dois dedões para a entrada do edifício.

    — Ah! Não tem problema, nos veremos aqui depois, certo?

    — Hihihi, acredito que sim — a resposta veio com um belo sorriso.

    — Então eu vou lá, muito obrigado por tudo — Akemi inclinou-se em respeito.

    — Te vejo no primeiro dia de aula!

    Após se curvar rapidamente, Miya correu em direção à entrada enquanto trocava um breve aceno de despedida…

    Sozinho, Akemi caminhou até uma fila de carros padronizados protegidos por uma enorme tenda próxima ao imenso portão de entrada na muralha.

    Todos os veículos possuíam cores pretas e vermelhas com toques dourados, uma carroceria espaçosa, curvas suaves e faróis redondos. O assento do motorista ocupava toda a parte frontal, onde a falta de janelas laterais davam uma ampla visão para quem dirigia. Na traseira, encontrava-se o lugar dos passageiros, um compartimento fechado com duas janelas de cada lado e uma atrás.

    Cap-18-Scene-2

    Os motoristas de cada carro estavam uniformizados: trajes brancos e quepes pretos…

    “Nunca vi carros motorizados de tão perto. Bem, eles vieram há cinco anos, então são novidade em Asahi. Mal posso esperar para ver os próximos modelos!”

    O destino de Akemi foi o primeiro veículo da fileira, onde o motorista, um homem  uniformizado, de semblante sério e mãos no volante, mantinha o olhar fixo à frente.

    Próximo à janela do carro, o garoto ficava tímido. — O-olá! Vo-você pode me levar ao centro da capital?

    — Entre.

    Com a fria permissão, Akemi sentou-se no banco de trás e fechou a porta. “Woah! Por dentro é mais incrível ainda!”

    Cada detalhe do interior do veículo representava uma elegância fenomenal. Os assentos estofados e o painel de madeira polida esbanjavam luxuosidade.

    “Tão confortável! É muito melhor do que os bondes… Só que esse motorista não parece querer conversar. Vou ficar na minha.”

    Akemi interessou-se ainda mais quando o carro partiu. — Com licença, senhor. Qual o modelo deste carro?

    A resposta foi curta e seca: — Modelo A da Mitsubisha.

    — Mitsu… bisha?

    — Sim, Mitsubisha.

    — O-ok…?

    “Que nome estranho, nunca ouvi falar, deve ser uma nova marca…”

    No decorrer da viagem, Akemi tentava focar no futuro. “Desde que puxei aquela alavanca, tantas coisas aconteceram… Despertei uma aura que não consigo controlar direito, conheci pessoas incrivelmente fortes, entrei em uma arena e quase morri, e agora… realmente virei um aluno da ASA? Mas… Ai, caramba! Como vou explicar tudo isso ao meu avô?!”

    Após longos minutos, Akemi foi deixado na praça central de Toryu. “Ok, o que eu faço agora? Não conheço quase nada desse lugar…”

    Rodeando os olhares pela praça, ele ficou preocupado por se sentir perdido. “Vamos, tem que ter alguma coisa…! Só vejo lojas, restaurantes e as instituições áuricas… Hmmm… Oh! Tem um ponto ali! Ufa, ainda bem.”

    Aliviado por avistar um ponto de bonde à direita, o rapaz correu até o local lotado.

    Por lá, ele esperava em pé. “Tem tanta gente de terno e kimonos caros por aqui… Isso faz eu me sentir um ridículo com essas minhas roupas. Será que tem alguém me olhando estranho…?”

    Finalmente, um bonde surgia no horizonte; por sorte, era o que Akemi estava esperando, uma presença bem-vinda que interrompia seus devaneios.

    O som distante dos trilhos se tornava mais alto com a aproximação.

    No embarque, uma ansiedade envolvia o garoto, que naquele momento, sentia-se mais preocupado do que nunca por estar cada vez mais próximo de casa. “Espero que o vovô esteja de bom humor para conversar…”

    As paisagens da capital desenhavam-se rapidamente pelas janelas enquanto o bonde percorria. Todas as pessoas que olhavam pelos vidros pareciam imersas em seus próprios mundos, alheias à tempestade que se agitava dentro de Akemi.

    Em várias paradas, diferentes passageiros entravam e saíam, um ciclo que todo o asahiano de baixa renda tendia a passar…

    Até que enfim, Akemi chegou ao seu destino e desceu na rua de sua casa, no leste da capital.

    Enquanto imaginava o episódio que o aguardava dentro de casa, o som de seus passos se propagavam pelas calçadas vazias…

    De frente com a entrada fechada de sua residência, o garoto respirou fundo, ergueu a cabeça e abriu a porta de madeira, pronto para enfrentar seu destino envolto em mistério…

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