Capítulo 177 - Sorriso pretensioso, X.
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Quando Rei, Kazuki, Mia e Takayo chegaram no cômodo, o homem-fera foi o primeiro a tomar a iniciativa de arrumar seus pertences. Ele dobrou algumas de suas roupas e colocou, organizou e posicionou em sua bolsa de couro.
Mia guardou seus pequenos vestidos cuidadosamente em sua pequena bolsa, que não parecia caber muito mais do que 5 peças de roupas infantis. Por outro lado, Takayo não tinha muito, somente duas camisetas e algumas calças que foram antes criadas pelo estudante.
Enquanto guardavam os seus pertences, Rei olhou mais uma vez para aquele cômodo. Os livros gastos na estante, os retratos de pinturas nas paredes, a lareira que aquecia o local inteiro e o tapete que cobria a maior parte do quarto.
Tudo estava vazio agora.
A lareira estava apagada.
Não haviam roupas jogadas em cima da cama ou bagunças espalhadas pelo chão. O que restava era apenas… memórias antigas e passadas, que ressoavam nas paredes e compartilharam uma última vez alegrias e risos.
Quando as luzes dos aparatos mágicos foram apagadas, o estudante olhou pela última vez o espaço que havia sido seu cômodo e de repente o seu coração ficou pesado.
Os olhos de Mia e Takayo estavam cheios de lágrimas, mas elas não escorreram por seus rostos — as crianças tentaram ao máximo não demonstrar sinais de fraqueza e fragilidade.
“Quem chora por isso…” comentou em pensamento Takayo, com uma expressão depressiva no rosto, segurando as lágrimas junto com Mia.
A porta se fechou com um suspiro suave, quase como se o cômodo estivesse lamentando a partida. Eles se afastaram, e a figura do cômodo diminuía enquanto o estudante andava pelos corredores movimentados de Svishtar.
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No momento em que chegaram no lado de fora do refúgio, a primeira coisa que chamou a atenção do estudante foi o vasto céu avermelhado e nebuloso.
Ele olhou de um lado para o outro, havia refugiados por todos os cantos que eram possíveis naquela região aberta. O vento soprava intensamente, e as folhas das árvores eram arrancadas facilmente e levadas constantemente pelas brisas que passavam. Sempre que batia uma ventania balançando os arbustos, as barracas do acampamento do reino humano davam a impressão de desabar.
Nessa hora, Rei deu-se conta de que, embora a situação estivesse caótica, os soldados do reino humano estavam organizando todos os assuntos do local.
Eles pareciam determinados em auxiliar o máximo de pessoas, até nos mínimos detalhes possíveis. Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, a prioridade dos soldados estava nos refugiados com ferimentos graves, alocando-os em carruagens de madeira que ficariam posicionadas na região do meio no momento em que partissem.
A zona estaria dividida em três partes singulares antes da partida:
Bem à frente estavam vários soldados montados em seus cavalos de guerra, estes seriam os primeiros a vasculhar as regiões adiante, e responsáveis também em matar os demônios para garantir a segurança dos demais.
No meio do local estava posicionado o acampamento dos humanos, no momento em que partissem ele seria desfeito, neste local seriam transportadas crianças, idosos e mantimentos nas carruagens de madeira.
Por último, era a região em que ficava posicionada a retaguarda, onde ficariam posicionados outros soldados para garantir a segurança dos refugiados.
Simplificando, a estratégia era bem simples, seriam dois frontes de defesa. Os refugiados estariam a salvo, independentemente da situação.
— Não parece tão ruim.
Rei comentou, após olhar em volta e perceber como tudo estava sendo gerenciado de maneira meticulosa. De um lado estavam os soldados, do outro estavam os refugiados.
A maioria dos indivíduos de Svishtar estavam agora nos acampamentos do reino humano. Quem decidiu permanecer no refúgio provavelmente eram pessoas que não tinham confiança nos humanos. Consequentemente, essas pessoas uma hora ou outra seriam expulsas. Os elfos ajudavam no que podiam, no entanto não significava que os refugiados poderiam abusar dessa gentileza para sempre.
Enquanto estavam caminhando, o estudante percebeu que haviam muitos refugiados em uma situação deplorável. De um lado estava uma menina maltrapilha, que não tinha onde se apoiar, tinha que se apegar até à menor bondade. É assim que ela poderia sobreviver.
A situação de outros refugiados parecia ser a mesma. Com os olhos voltados para o chão, os cílios baixos, os lábios numa linha inexpressiva, ombros caídos e passos fracos. Embora com esses sinais visíveis, os seus olhos pareciam diferentes em comparação com antes. Eles tinham esperança e confiança.
Enquanto Rei, Kazuki, Rina, Tyrant, Mia e Takayo caminhavam pela região até chegar no acampamento do reino humano, o estudante não percebeu que estava sendo observado de longe.
Matsuno, que estava de patrulha em cima de seu cavalo de guerra, avistou a figura do garoto de longe com seu grupo. Ele sorriu enquanto examinava-o de certa distância.
O cabelo de Rei parecia um céu sem estrelas em uma noite limpa, esvoaçando ao vento. Debaixo de seu cabelo de um preto profundo, ele podia ver olhos brilhantes que pareciam jóias raras. O homem não conseguiu olhar para nada além dele depois que percebeu a sua presença, seus olhos vidraram de empolgação e ânimo.
Após um longo dia de planejamentos intermináveis e planos para escoltar todos os refugiados, ao menos aquela visão fazia valer a pena todo o esforço de Matsuno. Um sorriso pretensioso formou-se em seu rosto, antes de dirigir-se para a mesma direção em que o estudante estava caminhando.
Ele deu rédeas em seu cavalo e prosseguiu, em seguida chamou o estudante com uma voz amigável, totalmente diferente do tom de voz que usou ontem.
Quando Rei virou-se para olhar quem estava-o chamando, ele notou Matsuno se aproximando, e até mesmo a atmosfera por perto parecia ter mudado repentinamente.
Uma armadura inteiramente preta, acompanhado de um cavalo igualmente preto e revestido de uma armadura de guerra, olhos mais intensos e carmesins do que poderiam ser descritos em palavras. Embora estivesse com um helmo que impedia os outros de verem a sua testa para cima, a expressão em seu rosto era estonteante. Todas as características ao seu redor pareciam se complementar e formar algo completamente novo.
— Opa, você chegou.
Continua…
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