Capítulo 179 - Guerra de ciúmes, X.
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— Eles parecem concordar conosco. Vocês podem ir na frente.
Tyrant disse com um pequeno sorriso no rosto, antes que pudesse andar na direção de uma carruagem de madeira que estava completamente vazia em seu interior. Na frente dela, estavam dois cavalos e uma pessoa responsável por cuidar deles.
O espaço no interior daquela carruagem era o suficiente para acomodar entre 4 a 5 pessoas adultas. No entanto, Matsuno acompanhou as crianças até a carruagem e ordenou ao soldado que estava fazendo papel de cocheiro, que mais ninguém entrasse naquele local.
Rapidamente, o soldado aceitou a ordem sem nenhuma oposição.
— Você não vai ficar com eles?
O estudante perguntou ao homem-fera que estava bem ao seu lado. Contudo, Kazuki olhou para o cavaleiro que estava conversando com o cocheiro e virou seu olhar novamente para o estudante, ele soltou um suspiro e respondeu casualmente.
— Vou ficar com você. Eles vão ficar em segurança.
O garoto estranhou esse comportamento, mas não disse nada, limitando-se somente a balançar a cabeça e concordar com a sentença do companheiro. Possivelmente, essa conduta poderia ser compreendida devido ao fato de que, antes da chegada deles no acampamento do reino humano, Rei criou colares mágicos de proteção para todos a partir de seu livro arcano.
— Certo, tudo resolvido.
Matsuno comentou após aproximar-se, ele então perguntou com um sorriso irônico no rosto.
— Vocês dois, certo? Vamos lá então — respondeu, em seguida murmurou baixinho. — Isso não vai ser fácil.
— O que disse? — perguntou Kazuki, após ouvir o comentário do cavaleiro. Ele fez contato visual, era quase como se faíscas de chama estivessem saindo de seus olhos.
Matsuno fingiu inocência. Então, virou-se para falar com o estudante.
— Temos que ir agora, antes que todas as carruagens sejam alocadas e o acampamento desfeito. Estamos no horário da tarde, mas isso não vai durar muito. Em pouco tempo, a noite irá cair. Precisamos nos apressar e chegar na minha carruagem.
— Certo, vamos fazer assim como disse. Você tem uma carruagem também? Não esperava por isso, afinal, você sempre está em cima do seu cavalo. — Ele respondeu um pouco surpreso, mas não deixou tal sentimento visível.
Deparar-se com aquela resposta provocou uma risada nos lábios de Matsuno. Ele logo deu alguns passos à frente e acariciou o seu cavalo de guerra.
— O que você pensou? Que ficaria atrás de mim no cavalo, garotão?
Matsuno brincou com a situação, dando um sorrisinho de lado com uma compostura firme. Inevitavelmente, o rosto do estudante corou no mesmo instante em que escutou.
No intuito de esconder seu sentimento crescente e não deixar os outros perceberem, Rei respondeu apressadamente da melhor maneira que pôde.
— Cara, estamos partindo! Então tome cuidado para não morder a sua língua!
O garoto disse enquanto caminhava na frente, deixando Matsuno e Kazuki para trás. Em reação, o cavaleiro começou a rir daquelas palavras.
Quando o estudante tinha se afastado o suficiente, Matsuno foi interrompido por Kazuki.
— O que pensa que está fazendo?
Perguntou Kazuki com um sorriso irônico no rosto, e um tom de voz mais frio que o normal, fazendo até mesmo as fortes brisas de vento da região sentirem essa mudança repentina de atitude.
Em resposta, Matsuno aproximou-se o suficiente para ficar de frente com o homem-fera.
— Percebi que você é sempre doce na frente daquele garoto, mas não vejo motivo de fingir para mim.
Quando escutou isso, o rosto de Kazuki voltou a sua expressão normal, em seguida ele retrucou de volta.
— Então irei parar agora mesmo. Como provavelmente já reparou, eu não gosto de você. — Ele simplesmente disse, sem rodeios ou enrolação.
Matsuno ficou surpreso com aquela afirmação súbita, entretanto não recuou.
— Também não gosto de você — disse secamente inclinando a cabeça, os olhos de rubis encarando-o fixamente.
O homem-fera sorriu e deixou uma risada sair. Em seguida, ele se aproximou ainda mais e comentou:
— Mas o Rei é outra história, não é? Você o trata diferente.
— …
Matsuno permaneceu em silêncio após ouvir aquela verdade irrefutável. Até mesmo o cavalo parecia encarar o rosto de Kazuki. A atmosfera ficou pesada em um piscar de olhos.
Enquanto o silêncio continuava, um suor frio se formou em suas costas e seus punhos se fecharam.
— Ah… Entendi. Ele sempre atrai as pessoas — disse Kazuki olhando para a direção em que Rei estava caminhando. O garoto sequer estava olhando para trás ou sabia da conversa que estava ocorrendo entre os dois rapazes.
Nessa hora, o homem-fera soltou um suspiro como se estivesse pensando profundamente e perguntou de uma maneira mais aberta para o cavaleiro:
— Você deseja mesmo a felicidade dele?
Matsuno abriu a boca para responder, mas não sabia o que dizer. Ele estava sem entender a intenção por trás daquela pergunta inesperada.
— Sim.
Respondeu brevemente.
— E entende que para isso, você precisa se aproximar dele, certo?
— Parece ser o caso.
— Bem, odeio admitir, mas precisamos de você agora até chegar à capital, mas isso não significa que você irá conseguir se aproximar dele. Então, para o bem da felicidade do Rei, espero que você dê o fora.
Kazuki declarou após lançar um único e rápido olhar, com frieza em seus olhos. O sorriso que se formou em seu rosto não havia um pingo de amabilidade em sua expressão.
Momentos depois de ouvi-lo, o cavaleiro colocou a mão no rosto e deu alguns risadas. O homem-fera ficou confuso com aquela atitude, mas não teve tempo para perguntar.
— Ora, ora, hehehe. Não esperava que fosse dizer uma coisa dessas, cara. Afinal, também sou importante para ele. Você não deveria se preocupar tanto com a relação dos outros.
— É mesmo? Mas sou eu quem ele mais ama.
— É o que veremos.
Os olhos dos dois estavam chamejando e queimando intensamente. Nessa hora, até mesmo lazeres pareciam ser lançados de seus olhos — como se estivessem estipulando um desafio entre eles.
Os dois sequer perceberam que as crianças na carruagem os olhavam com curiosidade e surpresa. O semblante de Rina parecia dizer enquanto bisbilhotava tudo: “meu deus… que incrível.”
Por outro lado, Tyrant deu um soco na cabeça dela, e disse: — Pare de se intrometer no assunto dos outros.
continua…
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