Índice de Capítulo

    — Zernen!!!

    Os meus olhos se encheram de brilho ao contemplar o meu parceiro de negócios bem ali, embora com alguns arranhões, mas ele estava bem ali, me defendendo do Xavier.

    — Parece que cheguei bem na hora!

    E ele não estava brincando. Um segundo a mais e eu estaria a sete palmos da terra. Zernen sabia realmente como fazer uma entrada bem estilosa e inesperada.

    — Você de novo?

    O vento que nos oprimia cessou. Zernen pousou no chão com os punhos apostos para qualquer movimento que Xavier fizesse.

    Todos suspiramos. Minhas costas sobretudo doíam um pouco.

    — Sentiu saudades? Vejo que até saiu do castelo para vir me ver!

    — Você é mesmo ousado. Por acaso não tem temor algum pela minha pessoa?

    Zernen começou a rir e apontou audaciosamente o dedo contra o Xavier.

    — Por que eu deveria ter medo de você? Se eu sou bem forte tanto quanto você! Meu avô me disse que quem tem de ter medo são os fracos!

    “Esse Zernen…”, pensei enquanto sorria.

    — Jarves! — Os meus olhos foram atraídos pela voz da Theresa que se levantava. — Vamos aproveitar.

    — Isso mesmo, aproveitem e fujam! Hahahaha! Enquanto eu o paro aqui!

    — Acha mesmo que tem força para me parar? Você é bem convencido!

    Xavier reposicionou sua espada.

    — Theresa! — Zernen gritou, juntando as mãos. — Esse é o meu agradecimento! Explosãooooo!

    Um boom precedido de um clarão ecoou de ouvido em ouvido. Uma névoa negra se formou, omitindo todo mundo. Eu não conseguia identificar mais ninguém, se não as risadas do Zernen.

    Aproveitei aquele momento para me levantar e correr.

    — Para onde pensa que vai…

    A voz firme e imponente do Xavier ressoou pelo meu ouvido. Senti uma pressão assustadora atrás de mim, como se um leão estivesse prestes a me devorar, no entanto…

    Soco explosivo!!!

    Mais explosões ressoaram e eu pude continuar a correr, correr como nunca havia corrido antes.

    Por um instante, pude avistar o jaleco da Theresa.

    — Theresa! Qual é o plano?!

    — Só continua correndo!

    Parei. Algo estava errado.

    — Nós por acaso estamos fugindo e deixando os nossos companheiros para morrer?

    — Não! O que é isso? É claro que não! Essa, na verdade, é a estratégia que me permitiu derrotar o Wase!

    Wow! Eu sabia que poderia confiar em você, Theresa!

    Enquanto eu falava isso, continuava ouvindo a voz do Zernen proclamando “Soco explosivo“, e um vento empoeirado era lançado contra nós logo em seguida.

    Mas por algum motivo, eu sentia que estava sendo enganado.

    Que tipo de plano era esse? Que envolvia apenas correr.

    — Apenas continue correndo!

    Era o que eu ouvia da boca da Theresa.


    Em contrapartida…

    — O seu sacrifício é inútil perante o meu poder. — Xavier fez uma esfera de vento envolver o Zernen e o com a palma de sua mão levantada, o levitou para cima.

    Explosão!!!

    Zernen continuava liberando explosão sequenciais, mas não conseguia se libertar daquela esfera de vento.

    — Pereça!

    Xavier cerrou os punhos e a esfera produziu em seu interior um forte vento, que deixava Zernen impossibilitado de respirar, embora resistisse, em poucos segundos ele iria desmaiar.

    Aaaaaaah! — Meredith saltou com um pedaço de sua veste endurecido e atacou o Xavier. No entanto, apenas com a ponta do dedo, ele produziu um vento que arrastou Meredith para trás, nem mesmo tornando suas vestes pesadas, ela conseguiu resistir.

    — Ex-plo-são…

    Ao ver que Zernen havia desmaiado, Xavier desceu a esfera.

    — Bem, hora de ir atrás dos ratos!

    Booooom!

    Xavier arregalou os olhos ao ver um clarão tomar conta dos seus olhos, dando origem a uma explosão que o afetou, queimando parte das suas vestes.

    Havia baixado sua guarda.

    — Essa coisa de blefe depois do blefe é mui—

    Em meio a névoa, Zernen recebeu um soco no estômago.

    — Fique quieto.

    Ele caiu de joelhos, segurando sua barriga enquanto espumava pela boca.

    — Maldito!

    De cima vinha Meredith, mais uma vez tentando sua investida.

    — Você também.

    Xavier bateu com a extremidade da mão no pescoço da Meredith, deixando-a inconsciente.

    Ela caiu. Seu corpo rolou pelo chão empoeirado até ficar próximo ao do Zernen.

    — A sorte de vocês é que eu não vim para matar vocês, mas sim o responsável por essa toda manipulação. — Xavier rodeava a face dos dois com tristeza. — Vocês são apenas vítimas dele e não merecerem pagar pelo erro dele.

    Dito isso, com um zás, Xavier avançou em rápida velocidade ao encontro do seu alvo.


    Por outro lado…

    — Theresa… Uf! Uf! — eu corria enquanto suspirava freneticamente. — Já faz tempo que estamos correndo e eu não estou percebendo nada…

    — Só corre mais um pouco que eu te digo o próximo passo.

    Nesta altura, já estávamos um pouco distantes de onde estavam aqueles dois; naquela região coberta por uma névoa negra.

    Theresa e eu corríamos um pouco afastados até que, em instantes, uma pessoa se colocou entre mim e ela.

    — Olha, se não é o Xavier… Xavier?! — Arregalei os olhos, descrente. — O que você tá fazendo aqui?

    Recebi como resposta seu punho direcionado contra o meu rosto. Meu corpo foi arremessado contra parede de uma casa. Cuspi grandes quantidades de saliva enquanto me contorcia de dor.

    Theresa parou e arregalou os olhos.

    — Mulher, não ouse se mover, se não eu prometo que sua cabeça sairá a voar.

    No momento em que ele proferiu essas palavras, Theresa sentiu um arrepio pelo corpo e começou a tremer enquanto caia de joelhos.

    Xavier começou a caminhar até mim.

    Quando chegou bem próximo de mim, ergueu sua espada para mim e proferiu com aquela expressão severa.

    — Charlatão manipulador, pelos poderes que me são conferidos pela lei, o sentencio desde já a morte imediata.

    — Não vai me deixar falar minhas últimas palavras?

    — Planeja ganhar tempo para que uma de suas vítimas apareça aqui para te salvar?

    — Não. Só quero dizer uma última coisa antes de dar adeus a esse mundo.

    — Pois diga.

    Sorri e ergui o dedo indicador para cima, onde avistava a minha esperança.

    — Você tá ferrado.

    — Então essas são…

    Ele arregalou imediatamente os olhos, contemplando ao alto uma silhueta reluzente, a luz do sol, que havia saltado de um teto, vindo até ele.

    Em ofensiva, arrastou sua espada, que movimentou uma grande onda de vento contra ele.

    Magia quatro-elementar, liberação de fogo!

    Uma chama reluzente tomou conta dos meus olhos. E foi crescendo cada vez mais, devido ao vento produzido pela espada do Xavier.

    Tse!

    Xavier estalou a língua e virou para trás subitamente, avistando o homem que segurava seu ombro.

    — Que rapidez…

    Liberação de fogo!

    Antes que uma pequena chama pudesse tocar seus ombros, Xavier se distanciou dele.

    E os meus olhos se enchiam de brilho. Igualmente, os de Theresa que haviam ficado esperançosos.

    — Não pensei que alguém como você fosse se envolver em uma caça a pobres crianças quando há assuntos mais importantes para tratar.

    Um homem que trajava um quimono azul-escuro com uma faixa negra amarrada na cintura estava de costas para mim, enquanto trocava olhares com o Xavier.

    — Quem é você?

    — Você não precisa saber.

    — Sr. Alexodoro! Estou tão feliz!

    Os meus olhos se encheram de lágrimas.

    — Alexodoro… — Xavier começou a processar e arregalou os olhos quando lembrou a quem pertencia esse nome. — O Ex-aventureiro rank S, que domina os quatro elementos da natureza!

    — Viu o que você fez, Jarves? Acabou me denunciando.

    Nossos se encontraram.

    — Desculpa! Mas é que é tanta emoção que não consegui me segurar!

    — Tudo bem. Zernen e Meredith estão bem?

    — Eles ficaram para se sacrificar enquanto nós fugíamos, mas eu juro que não sabia de nada! Fui enganado!

    — Não precisa se justificar, é óbvio que eles fariam esse tipo de coisa. Afinal, vocês dois são os mais fracos… — Sr. Alexodoro interrompeu sua fala ao ver a espada do Xavier rente ao seu rosto.

    Barreira de chamas flamejantes!

    Chamas crepitantes sugiram desde o chão até altura da cabeça do Sr. Alexodoro, estabelecendo uma barreira calorosa que fez Xavier recuar.

    — Esses jovens de hoje, francamente, não têm mais respeito pelos mais velhos.

    — O que um renomado ex aventureiro rank S como você faz protegendo um garoto como aquele? Por acaso sofreu manipulação também?

    Xavier estava muito psicótico com isso.

    Sr. Alexodoro estalou os dedos, fazendo a barreira de chamas desapareceu e emitiu:

    — Feche os olhos, olhe para mim novamente e diga se eu fui manipulado.

    Xavier pareceu incomodado com aquilo, mas fechou os olhos e o observou novamente.

    — Ainda acha que fui manipulado?

    — Não.

    — Vejo que tem bons olhos, então estamos resolvidos. Pode voltar ao rei e avisá-lo para parar de perseguir os meus garotos!

    “Que incrível! Como esperado do Sr. Alexodoro!”

    É por isso que eu gostava muito dele na história. Ele tinha essas falas estilosas cheias de pujança e autoridade sempre que batia de frente com o inimigo.

    — Não estamos resolvidos, eu ainda continuo achando esse garoto um grande manipulador. Desconheço as motivações que o levam a ajudá-lo e nem quero saber, apenas me entregue ele.

    — Então teremos problemas, Sr. Capitão do exercício, Xavier.

    — É uma pena ter que exterminar uma relíquia como você.

    Xavier posicionou a espada verticalmente contra o rosto enquanto estreitava os olhos.

    — Digo o mesmo — Sr. Alexodoro disse e olhou para mim. — Jarves, pegue todo mundo e fuja daqui. É uma missão fácil demais, não é? Então não ouse falhar!

    — Sim, senhor!

    Coloquei a mão sobre a testa em continência e levantei.

    — Não vou permitir!

    Xavier deu um salto para cima, tentando arremessar um ataque de vento contra mim, mas Sr. Alexodoro em rápida velocidade o impediu. Saltou e conjurou uma barreira de vento que conteve aquele ataque. Enfurecido, Xavier lançou mais golpes de vento, dando início a uma sequência de troca de golpes em pleno ar. Eles eram tão rápido que os meus olhos não conseguiam acompanhar.

    Deixei de vislumbrar aquela cena e fui até Theresa.

    — Theresa… — tentei falar, mas ela me interrompeu enquanto levantava, sacudindo seu jaleco.

    — Não precisa dizer mais nada, vamos correr!

    “Que mulher mais preparada”, pensei enquanto colocava os pés para correr no mesmo ritmo que Theresa. Cada vez mais nos distanciávamos daquele embate enquanto sentíamos em nossas peles rajadas de vento dispersadas por aqueles golpes.

    ” Só espero que o Sr. Alexodoro fique bem.”

    Afinal, se o Xavier estava aqui é porque provavelmente conseguiu derrotar o Alecrim, o que o tornava o homem mais forte desse reino.

    Sr. Alexodoro, por ter ficado anos sem lutar, estava enferrujado. Tanto que na invasão do reino das trevas, quem acabou dando brecha para ele fugir com o Zernen, foi o próprio Xavier.

    Que ironia do destino.

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