Capítulo 50: Um autêntico gênio da magia
Até eu sei quando desistir.
— Jarves, o que está dizendo?
Meredith me olhava com aquele semblante que misturava surpresa e descrença.
— Ficou louco, Jarves?
Zernen protestou, me fitando com aquele rosto coberto de sangue.
— Sabiá decisão — disse a analista e o cara de cabelos azuis concordou com a cabeça enquanto se levantava. — Pelo menos um com miolo na cabeça.
— Maravilhoso — emitiu ele, olhando para seus companheiros. — Não precisam mais atacar.
No mesmo instante, Theresa parou de dançar e caiu no chão, pressionando seu peito enquanto suspirava freneticamente depois de tanto dançar.
— Não! A gente não vai se render, não depois de termos—
— Zernen, cale a boca! Não vê que estou falando muito sério! Mas muito sério mesmo!
— M-Mas…
O olhei severamente até ele concordar.
— Tá certo.
Isso, Zernen. Ainda bem que você entendeu.
— Se até o Zernen concordou, acho que não temos escolha.
Meredith jogou o galho no chão.
— Poderiam ter tomado essa decisão antes, assim nos poupariam o trabalho.
“Mas você não fez nada, menina!”
— Bem, nos acompanhem.
O cara das madeixas azuis deu um pulo da ponte junto da sua analista. Quem veio a seguir foi o emo de cabelos negros.
— Mas e a nossa caravana?
Olhei para trás.
— Sond, arranje a caravana deles e a leve instalações.
Sond, que havia começado a avançar, parou por conta do que Zernen dissera.
— Não.
Ele contestou, atraindo os olhos calmos do cara dos cabelos azuis.
— Dentro da caravana tem o meu baú de moedas, então eu não posso abandoná-lo!
— Não se preocupe, ninguém tocará nas suas moedas de ouro.
— Não!
Zernen continuou relutante enquanto fazia um rosto rabugento.
Ele por acaso tinha noção de em que posição nos encontrávamos?
— Sem minhas moedas não vou a lugar nenhum!
— Certo. — Ele estalou os dedos, olhando para Sond. — Tire o baú das moedas de ouro para ele ficar satisfeito.
Sond foi até a caravana e depois de alguns segundos, trouxe o precioso baú do Zernen. Seus olhos se encheram de brilho ao contemplar seu baú.
— Carregue sozinho e sem ajuda até chegarmos a vossa cela, essa será o preço de levar o baú consigo, embora eu não ache que vá usá-lo — finalizou o aventureiro rank A.
— Zernen, tem certeza disso?
— perguntou Meredith.
Ele estava ferido de mais. Será que ele suportaria aquele peso?
Parece que sim. Dei um leve sorriso ao ver Zernen carregando aquele baú.
— Dito isso, vamos embora. — Ele tomou a dianteira enquanto colocava as duas mãos no bolso. — Estou confiando que vocês não tentaram escapar, por isso estou os deixando livre. Qualquer tentativa de escape, Frida não só os deixará nus, mas também serão capturados por minha habilidade extra que detecta movimentos ofensivos e os aprisiona entre quatro paredes invisíveis. Isso se o Fred não os anquilar antes.
Tirando a parte da habilidade extra, fiquei preocupada com a parte de nós deixar ” nus.”
“Então a habilidade daquela mocinha de cabelos rosas é deixar as pessoas nuas?”
Olhei para ela, recebendo aqueles olhos se severos, do tipo, “experimente mexer comigo para você ver”.
“Certo, sinto muito, vou passar a respeitá-la.”
Começamos a andar, deixando o Sond para trás, consertando aquela caravana.
Fred estava na retaguarda e o aventureiro rank A na vanguarda com aquela moça dos cabelos rosa, enquanto nós todos estávamos no meio.
Esse cara era bastante seguro de si, não esperaria menos de um aventureiro rank A, um próximo a um aventureiro rank S.
— Isso foi tão fácil, não acha, Oceano?
“O cara tem nome de oceano?
Oh, pais! Cadê a criatividade?”
— Até demais. Mas não é como se eles fossem tentar alguma coisa agora que se renderam.
— A recompensa já é nossa! — disse Fred na retaguarda. — E fiquem felizes, pois vocês serão os primeiros a inaugurar as instalações da nova guilda como prisioneiros temporários!
Ele continuava a falar, mas ninguém queria conversa, até o Zernen estava quieto e comportado. Cada um estava no seu mundo. E, eu, em particular, mergulhava nas minhas lembranças com o Sr. Zestas.
— Escuta, Jarves, pode acontecer um imprevisto… — Sr. Zestas disse enquanto bebia seu saquê. Nesta altura, a caravana ainda andava pelo bosque.
— Imprevisto?
— É, tipo eu ser capturado ou coisa assim.
— Mas isso é impossível, não é?
Ele deixou seu saquê no chão e limpou a boca com o braço, olhando para mim severamente.
— Aventureiro rank S estão sempre pensando até no impossível, então eu quero que caso isso aconteça, você faça o seguinte…
Depois de tanto andarmos, nos encontrávamos no mercado, como Zestas havia dito, a nova guilda estava perto do mercado.
— Pedras de mana a venda! Venha aqui e ganhe uma pedra!
— Pimenta, verduras e todo tipo de coisas para comer só na minha banca!
O som dos vendedores vendendo seus produtos em suas bancas de madeiras e algumas de tendas, ressoavam por nossos ouvidos.
Haviam muitos objetos interessantes, mas minha atenção, de fato, voltou-se contra alguns figurantes que murmuravam por nos verem passar por ali escoltado.
Achei aquele o momento perfeito para aplicar o plano, então parei e coloquei as duas mãos contra a boca.
— Pessoal, ataquem!!!!!
Ordenei, reunindo os olhos daqueles três, que estavam espantados com tamanha ousadia, mesmo Oceano tendo dito aquelas palavras.
— Hã?
Não havia nada melhor que provocar um caos aqui e agora, com toda essa gente nos observando.
Com os dois punhos levantados, Meredith e Zernen correram em lados opostos. Enquanto Meredith atacava Oceano, Zernen atacava Fred, que o aguardava com suas unhas de ferro.
Mas de repente, seus movimentos cessaram, menos os meus como eu havia previsto.
Afinal, eu conhecia essa habilidade de algum lugar. Demorou bastante tempo para eu lembrar dele, já que no futuro ele estava muito mudado em todos os aspectos.
Oceano, ou melhor, Cir, como ele era chamado, havia perdido sua memória na invasão dos monstros que havia roubado a vida dos seus companheiros e familiares. Seu pai, que mudou seu nome, o levou em fuga para lhe tornar uma máquina e fonte de sua proteção.
Ele só recuperava bem num futuro um pouco distante, depois do reencontro com Meredith.
Além de primo do Xavier, ele carregou seu legado e deu seu contributo na formação da guilda mais poderosa que esse mundo já viu.
Se não fosse pelas habilidades, eu não teria reconhecido ele, um dos maiores prodígios que esse mundo já conheceu, ele alcançou o posto de aventureiro rank A em apenas um mês.
Cir era um daqueles gênios que só nascia uma vez a cada milênio.
— Mesmo com os meus avisos, vocês ainda tentaram.
Ele começou a caminhar até nós. Eu não havia sido alcançado por sua habilidade por dois motivos: por não possuir mana e por não ter nenhuma intenção ofensiva; essas eram as duas condições para não ser afetado pela habilidade extra dele.
Mas bem, fingi que havia sido preso.
— Como castigo por suas ações, Frida, deixe eles nus para que possam ser envergonhados em público.
Frida balançou a cabeça e eu estiquei um dos braços para o céu, apontando para quaisquer coisa.
— Esperem!
Como esperado, seus olhos voltaram-se para cima. Não vendo nada de tão interessante, como nuvens e alguns pássaros voando, olharam para mim irritados.
— O que vem a ser isso… A moça! Onde está a moça?! E como ela saiu da minha vista?!
Seus olhos varreram por aquele espaço e não encontraram Theresa, nem ao menos seu rastro nas pessoas que andavam de um lado para o outro.
Foi tudo graças a um item mágico, um lenço que torna a pessoa invisível por no máximo doze segundos e só pode ser usado uma vez por dia. Bem inútil mesmo; pelo menos para uma pessoa sem défice de mana, porque ela seria facilmente detectada por rastreamento por mana.
— Isso tudo foi um plano elaborado por Sr. Zestas, não é? Era de se esperar, afinal entre os aventureiros rank S, ele é considerado o mais cauteloso, mas isso tudo é devido a sua insegurança.
Sei bem disso, afinal Sr. Zestas foi o primeiro aventureiro rank S a fugir dos monstros, porque sabia que não era possível derrotá-los, aconselhando seus companheiros a fazerem o mesmo.
Ele era, na verdade, um completo covarde que se não estava preparado não fazia nada.
— Não consigo encontrá-la — disse Frida, enfrentando severamente a multidão.
— Nem precisamos, eu vou espancar esse cara até ele abrir a boca e dizer para onde sua amiga fugiu!
Fred se aproximava de mim enquanto batia o punho na palma da mão.
— Não é necessário violência — emitiu Oceano, esticando seu braço. — Nossa força é suficiente para parar qualquer armadilha arquitetada por uma simples médica com défice de mana. O Sr. Zestas fracassou, não porque o plano não era bom o suficiente, mas porque as peças não têm muito a oferecer. Vamos seguir caminho.
— Eu posso deixá-lo nu, quem sabe assim ele não se envergonhe e fale?
— Não será preciso!
E lá estava Theresa de volta.
— Gaia! Crescer!
Uma sombra gigante refletida por um gigantesco monstro de pedra pairou por cima de nós. Muitas das pessoas que estavam ali, abandonaram seus produtos e pertences, começando a correr enquanto gritavam diante daquela grande presença.
Ele estava de volta.
Seus olhos verdes profundos e verdes desciam sobre nossas faces.
— Gaia acordar! Gaia salvar!
Ele direcionou seu punho para o mais forte deles, o grande prodígio Oceano.
Oceano lançou sua barreira, mas ainda assim, foi arremessado junto com ela para algumas das barracas.
— Prisão de terra!
Gaia aprisionou o Fred e a baixinha em uma esfera de pedra que havia surgido da terra.
— Essa mana… — Oceano, que havia se levantado dos escombros, começou a caminhar até nós enquanto tinha as mãos no bolso. — Esse Golem é um Golem no nível B e os únicos com poder de moldar, que podem criar criaturas nível B para cima são os aventureiros rank S. Você por acaso está recebendo mais ajuda de Aventureiros rank S?
Antes que eu respondesse, Zernen, que havia sido liberto, começou a rir.
— Eu sabia que o Jarves tinha um plano, por isso que fiquei quieto, hahahaha!
— Eu também — Meredith sorriu, observando a esfera de terra, que continha aqueles dois, se quebrando. — Jarves não é alguém que se dá por vencido tão facilmente!
— Esse Golem é do Alecrim!
— O que? Impossível! — Oceano arregalou os olhos, descrente.
— Gaia, agora que você comeu, mostre a todos ele toda sua força!
Gaia desferiu seu punho contra o chão, abrindo uma cratera que se dirigiu ao Oceano e depois lançou espinhos enquanto formava uma barreira com a mão.
— Subam! Subam! Aquele homem ser mais forte que Gaia, então Gaia ter de fugir!
Gaia desceu uma das mãos no chão.
Caramba, quem deixou o Golem tão esperto assim?
Zernen, que carregava seu baú, correu para a mão gigantesca de Gaia. Bastou ele, Meredith e a Theresa subirem para a barreira e a prisão esférica se quebrarem, revelando rostos furiosos.
O das unhas e a mocinha do cabelo rosa eram os que transmitiam uma aura sombria, o único que ainda continuava calmo era o Oceano. Gaia, em toda sua força, criou uma barreira de terra de quatro paredes enquanto eu subia, mas não tardou segundos até que fosse destruída.
— Voces não irão fugir… Não importam o que façam. — Quando Oceano disse isso, Fred lançou milhares de unhas enquanto Theresa gritava para que Zernen usasse sua magia de explosão depois de ter lhe dado muitas pimentas para comer. Gaia saltou, aproveitando a onda gerada pela explosão gerada por Zernen, como impulso para voar para bem longe.
Mas no meio do caminho, algo aconteceu …
Gaia tentava prosseguir, mas havia uma barreira invisível que o segurava. Com certeza era ele…
Zernen lançava explosões consecutivas, mas não dava… Aquela magia era bem mais forte e não nos deixaria voar.
Mas, uma luz no fim do túnel se abriu quando o cara do teletransporte apareceu, distraindo a atenção do aventureiro rank A, o que nos permitiu prosseguir voando.
Até mesmo ele sendo um aventureiro rank A, sua magia tinha limite.
— Malditos!!! Voltem aqui!!!
A voz do cara das unhas ressoou enquanto suas unhas de ferro, que haviam sido arremessadas, desciam contra ele por não conseguirem nos alcançar.
Parece que dessa vez nos safamos.
“Ufa“, soltei um suspiro de alívio. ” Essa foi por pouco.”
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