Uma luz no rádio do peito de Bai Hu piscou em amarelo constantemente, então ele apertou um botão no rádio e uma voz autoritária passou a ser emitida.

    ‘Bai Hu, aqui é o Sargento-Mor Maverick, gostaria de encontrar com o aprimorado antes da conclusão da escolta, estamos aguardando na rota definida, câmbio.’

    “Huh? Escolta? Parando para pensar, isso certamente não é uma base militar.” O jovem Black olhou para Bai Hu com o canto dos olhos ao ouvir o rádio, em seguida novamente encarando seu reflexo no elevador. “Isso também não parece ser uma prisão, para onde diabos estão me levando?”

    As portas metálicas finalmente se abriram no octogésimo andar, e Black se distanciou da luz do sol, entrando em contato com a luz e o ar artificial do edifício. 

    À sua frente, estendia-se um corredor branco, com detalhes em marrom que lembravam madeira nas extremidades inferiores. O caminho não continha portas e no final havia uma parede que guiava para mais dois outros corredores.

    No caminho estava a figura de sete indivíduos, seis deles vestidos e armados como os que se encontravam no térreo. Estavam em uma formação triangular e, no centro, um homem velho se destacava; ele parecia conversar com um soldado negro que tinha um cavanhaque. 

    O homem velho estava segurando um rádio e com postura relaxada, mas quando notou a chegada do elevador, adotou uma postura completamente séria e entregou o rádio para o soldado.

    Fei Hu seguiu em frente, enquanto Bai Hu fez um gesto com a cabeça para Black, que saiu do elevador sem questionar.

    “Esse é o tal do sargento?” O cheiro de lavanda do corredor confundia seus sentidos, evocando a sensação reconfortante de um campo de flores, misturada à ansiedade do desconhecido à sua frente.

    — Então é ele? — o homem velho olhou na direção de Fei Hu.

    Este apenas assentiu com a cabeça. O velho então voltou seu olhar para Black, que o encarava com uma expressão fechada. 

    — Se autointitula Black? — o velho disse em tom desdenhoso ao olhar para identificação no ombro do jovem — E isso lá é nome?

    Black fitou o velho; sua idade era evidente pela barba branca em formato triangular e os cabelos da mesma cor. Ele era corpulento e usava um traje militar preto reluzente com detalhes brancos. No traje, havia círculos conectados pelo que pareciam ser cabos que brilhavam em um tom azul, assim como seus olhos. Em seu peito, além de insígnias, havia um símbolo dourado com um zero e caracteres em mandarim.

    — Você deu bastante trabalho para a Divisão Zero Africana pelo que ouvi. — o velho falou enquanto rodeava Black. — Então… o que é você? O que Júpiter viu em você para ter o trabalho de intervir e te mandar para cá?

    “Então ele também não sabe porque estou aqui?” O olhar de Black seguia o velho enquanto este falava, observando especialmente os itens em seu peito. 

    — Não tem nada a dizer? — o homem velho se pôs em frente ao jovem com um tom afrontador. 

    — Na verdade, sim. — Black forçou um sorriso que quase foi ocultado por sua raiva. — Vai se foder…

    O homem velho também forçou um sorriso que parcialmente foi ocultado por conta de suas rugas que denunciavam sua irá.

    — Também ouvi dizer que é afrontoso, felizmente relataram que depois de um pouco de força, fica bem calminho. — o velho fechou os olhos com um sorriso torto. — Mas sabe o que eu acho?

    — Eu não dou a mínima. — Black curvou os lábios e franziu o cenho.

    — Nunca deveriam ter libertado uma aberração como você. — um sorriso de desprezo brotou no rosto do homem velho. — Ouvi dizer que tiveram de usar métodos “alternativos” para manter você… quieto.

    Ao ouvir a fala do homem, Black arregalou os olhos. Como um flash, as memórias vieram à tona e o atingiram como um carro: ele estava imobilizado e nu, tentando com todas as forças se mexer, mas apenas conseguia mover os olhos trêmulos. Tubos estavam inseridos em seus orifícios, principalmente um que atravessava sua boca até a garganta que quase o sufocava.

    Seus punhos se fecharam com força, e seus músculos se salientaram; ele partiu a algema que o prendia com a força do afastamento de seus braços e então avançou em direção ao homem velho, preparando-se para desferir um golpe com o punho direito.

    — Filho da… — O jovem gritou.

    Entretanto, em meio ao seu avanço, Black foi interrompido por alguém — ele olhou para trás, arregalando os olhos ao notar que Bai Hu segurava o seu braço. 

    “O que…?” Black engoliu em seco e contorceu os lábios.

    A força que Bai Hu exercia era surpreendente, e ele o exercia sem nem sequer tremer um músculo. Black grunhiu, desistindo de puxar o braço e virando-se em direção a Bai Hu — aproveitou-se da rotação e desencadeou um golpe com seu punho esquerdo.

    Bai Hu não pareceu se afetar — defletindo o golpe de Black com sua mão direita em uma velocidade impressionante, em seguida, atacando a sua costela esquerda com um golpe rápido e em seguida seu rosto, atingindo seu osso zigomático esquerdo. 

    O golpe foi realizado com grande força. Black estremeceu; a dor era evidente em sua expressão, ele pareceu desnorteado ao dar um passo para trás.

    — Fora do meu caminho! — Black gritou enquanto avançava e dirigia seu punho com veracidade.

    O som seco da pancada ecoou pelo corredor, e Black arregalou os olhos ao notar que Bai Hu parou seu golpe apenas o segurando com a mão aberta.

    — O… que…? — Black estava incrédulo.

    Inicialmente ligeiramente boquiaberto, o jovem manteve tentando avançar seu punho, mas era como avançar contra uma avalanche. Ele cerrou os dentes e decidiu atacar com a esquerda. 

    Bai Hu empurrou com força o punho direito de Black, desequilibrando-o — rapidamente, passou para trás, segurando seu braço esquerdo e ombro, aplicando uma rasteira que o derrubou de joelhos. Em seguida, agarrou sua cabeça e desferiu um golpe que esmagou o rosto do jovem contra o chão, quebrando a lajota. 

    Bai Hu então se posicionou com um joelho de apoio, torcendo quase até o limite do ombro do jovem para mantê-lo imobilizado.

    Black sentiu a pressão esmagadora no ombro, a dor aguda que se irradiava pelo braço e subia até o pescoço. Seu rosto, pressionado contra o chão frio e áspero, sentiu o impacto da lajota rachada, e um gosto metálico de sangue lhe invadiu a boca. Tentou se mover, mas o joelho firme de Bai Hu e a torção implacável do ombro o mantinham preso.

    O homem velho se manteve imóvel e levantou a mão para que os outros soldados não intervissem.

    “Por que…?” Black olhou para a lajota quebrada que levemente refletia seu reflexo negro com os olhos amarelos sobressalentes e acima dele a figura de Bai Hu. 

    “Por que isso está acontecendo!?” Seus lábios se comprimiam e lágrimas se formavam em seus olhos, mas ele não tinha forças para deixá-las escorregar pelo rosto. Então, o zunido voltou a aparecer em seu ouvido, gradualmente aumentando. “O que porra eu fiz de tão errado!?”

    Seus dedos se contorciam e tremiam conforme seus músculos pareciam se enrijecer.

    “Eu estou cansado de tudo isso! Tudo isso deve ser culpa deles…!” O brilho fosco de seus olhos começou a tomar uma tonalidade mais vívida, intensificando-se rapidamente. Ele fechou os punhos, sobrepujando lentamente a força de Bai Hu, que entortou a cabeça ao notar, tentando aplicar mais força. 

    “A CULPA É DE TODOS ELES!”

    Black levantou o rosto para encarar Bai Hu, seus olhos agora com um tom amarelo vivido, não mais aquele amarelo opaco, mas sim vibrante. Este desferiu um golpe contra a cabeça do jovem, mas ele não pareceu se afetar.

    Black superou rapidamente a força de Bai Hu, segurando e amassando o ombro dele com a mão de seu braço imobilizado, então se pondo de pé e com a outra mão agarrando em seu pescoço. 

    Bai Hu novamente desferiu um golpe contra o rosto de Black, que acertou precisamente, ecoando o som novamente pelo corredor. O jovem virou levemente por conta do golpe, mas ele continuou encarando Bai Hu com os olhos firmes.

    As mãos de Black alcançaram o pescoço de Bai Hu, erguendo-o do chão com facilidade. Este desferiu diversos chutes contra o tórax do jovem e atacou seu rosto com murros, mas o jovem não parecia sentir nada.

    O velho ordenou os soldados realizando um gesto circular com a mão direita. Todos criaram um círculo ao redor de Black e apontaram suas armas em sua direção.

    “Por que estou me segurando…?” Black sentia-se quase anestesiado, como se sua mente estivesse prestes a desconectar; o zunido quase ocultava completamente sua percepção e sua visão começou a se tornar apenas imagens com figuras piscantes que dançavam diante de seus olhos. 

    Ele sentia como se ele estivesse perdendo o controle aos poucos. 

    “Eu não consigo entender…” Ele apertou lentamente o pescoço de Bai Hu enquanto este continuava desferindo golpes contra ele.

    Fei Hu caminhou devagar, afastou um soldado que estava em seu caminho e se encaminhou para o confronto à frente, fechando os punhos lentamente. 

    A força aplicada no enforcamento aumentava enquanto Bei Hu lutava para se afastar, atacando repetidamente o rosto de Black, mas sem sucesso. 

    “Mas… Por que isso parece tão errado…?” Por menos de um segundo, Black viu suas mãos cobertas de sangue; seus olhos se arregalaram e uma dor surgiu, como se uma agulha perfurasse seu cérebro. 

    Black deixou Bei Hu escapar, cambaleando ao recuar com as mãos sobre a cabeça, respirando de maneira ofegante e gemendo de dor. Por um momento, ele sentiu como se alguém ou alguma coisa dissesse algo em seu ouvido, mas assim como essa sensação veio, ela rapidamente se esvaiu.

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