Capítulo 44: E assim, ele encontra o seu propósito. (3/3)
Ele prossegue os espancando e cortando enquanto ri histericamente de prazer como um psicopata nato. Vislumbrar esta cena é o suficiente para eliminar qualquer dúvida sobre Takashi ser ou não o responsável pelos acontecimentos dos últimos dias. Uma pessoa como ele, ainda mais com poderes sobrenaturais… não há alvo melhor para contratar-se um assassino profissional. É um completo lixo que precisa ser varrido da sociedade, certamente era a presa de Ailiss.
Mas existe um fato curioso nisso tudo. Ele provavelmente escolheu este lugar por ser o com menor movimentação em toda a escola, porém justamente por esta escolha que pude encurralá-lo e sentenciar o seu fim. Deste modo, irei encerrar o trabalho de Ailiss e o jogo de uma única vez.
Ergo lentamente minha mira em direção a Takashi que persiste distraído com suas vítimas. Minhas mãos ainda tremem um pouco devido ao nervosismo, mas consigo estabilizá-las para efetuar o disparo.
Quando eu puxar o gatilho será o meu fim, mas ao mesmo tempo terei encerrado com esta palhaçada toda.
Durante a minha vida toda não ansiei por nada, apenas queria que o meu tempo passasse o mais rápido possível. Ironicamente estou aqui na hora da morte, mas desta vez tem algo que eu desejo. Desejo salvar Ailiss, eu quero muito que ela saia desta realidade e possa seguir com sua vida. E pensar que nos conhecemos há tão pouco tempo e já estou disposto a ir tão longe por causa dela…
Suspiro.
Não é hora de recuar. Basta puxar o gatilho e acabar com tudo.
No mesmo instante no qual meu indicador direito entra em movimento para acionar o disparo, algo bruscamente segura minhas mão e força a mira para baixo. Desta maneira, o meu disparo foi interrompido.
O que aconteceu? Será que fui pego de guarda baixa pelo inimigo?
Vejo uma figura de longos cabelos louros a balançar em minha frente. Rapidamente percebo que se trata de Ailiss e não de um inimigo oculto.
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Por que ela está agindo desta forma estranha? Há algo de errado com o plano?
Meu primeiro reflexo é o de perguntar diretamente. Durante o susto não penso direito que Takashi possa me ouvir.
Isto posto, ao premeditar que eu iria manifestar-me assustado, ela prensa-me por uma das mãos contra a parede. No instante em que minhas cordas vocais iriam começar a vibrar, seus olhos vermelhos aproximam-se ligeiramente dos meus e por fim ela sela minha fala utilizando seus lábios.
Caralho! Ailiss?! O que você está fazendo?! Solte-me!
Não sei se posso dizer que tive meu primeiro beijo roubado por ela, pois é difícil classificar uma ação tão violenta assim como um beijo.
Não consigo pensar racionalmente sobre isso.
Meus pulsos continuam sendo pressionados com toda a força contra a parede a ponto de realmente doerem.
Por que ela está me impedindo de dar continuidade a missão que a própria me encarregou? Não sei se teremos outra oportunidade como esta de matá-lo.
Com os pulsos e o rosto preso, tento reagir com as pernas para me mover de algum modo. Porém, ela percebe e também as imobiliza forçando um dos joelhos contra mim e me deixando completamente imobilizado.
No fim das contas, nunca terei outra chance de estar nesta posição com uma garota tão bela quanto Ailiss. Esqueço-me de que o psicopata do Takashi está a poucos metros de distância de nós. Esqueço-me de que estamos em um jogo de vida ou morte. Esqueço-me da minha missão de matá-lo. Esqueço-me de tudo.
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Jamais cogitei que a minha primeira vez, sequer se houvesse uma, seria desta maneira. No entanto, não posso me queixar nem um pouco. Apesar de todas as más eventualidades, foi com a garota pela qual eu nutro sentimentos. Estes que são tão fortes a ponto de eu ter chegado à beira da morte. Ainda que não esteja sendo nada romântico, muito pelo contrário, algo violento, foi justamente este lado selvagem dela o qual me encantou perdidamente. Então não importa se ela está me machucando, o simples fato de ser ela já me satisfaz.
Mas em meio a todos estes pensamentos, ainda sinto algo nostálgico. A sensação de que já nos conhecemos há muito tempo, se torna ainda mais forte.
Numa situação destas, na qual mal posso me mover, apenas desisto. Vendo seus olhos vermelhos perfurando os meus, descanso a minha visão e completamente rendido a deixo continuar.
12h09
O som de uma forte batida ecoa pelo armazém. Não advém de Takashi e muito menos foi emitida por Ailiss e eu, a origem do som aparenta estar no andar abaixo. No entanto, foi o suficiente para Takashi ficar alerta e se mover.
No mesmo instante em que o ruído alcança nossos tímpanos, Ailiss me larga bruscamente e me puxa pela gola para trás de uma enorme caixa de materiais escolares presente no corredor.
O que eu mais quero é perguntá-la sobre sua ação, porém, vejo que isto terá que ficar para outra hora por termos problemas mais relevantes a resolver.
— Que barulho foi este?! Quem está aí?! — grita Takashi.
Ela coloca o dedo na frente dos lábios pedindo silêncio. Então permanecemos quietos por alguns segundos na esperança de que Takashi voltasse aos seus afazeres, entretanto Takashi não parece ter desistido tão facilmente.
Ailiss o espia por uma pequena fresta. Mas no fim, nem é preciso enxergar para perceber que ele acaba de sair de sua sala para o corredor no qual estamos, pois o som dos passos se aproximando constatam isso.
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— Eu sei que tem alguém aí, podem sair! — exclama enquanto anda para a nossa direção.
Merda. Graças aquele barulho ele nos percebeu. O que poderia ter sido?
Ailiss faz um sinal com a mão para que eu me mantenha escondido dando a entender que irá se expor.
Está louca? E se ele estiver armado? Depois do que vimos, sabemos que ele pode ser maluco o suficiente para disparar até mesmo contra um jogador.
Com minhas duas mãos a seguro pelos braços, e nego com a cabeça.
Ela suspira, olha-me nos olhos com tranquilidade. Mesmo sem falar nenhuma palavra, posso compreender o que ela está querendo me dizer: Vai ficar tudo bem, confie em mim.
Vendo que se ele continuar andando na mesma trajetória acabará nos encontrando de qualquer forma, acato suas ordens. Ailiss levanta-se calmamente e o encara.
— Você… o que veio fazer aqui? — murmura Takashi.
Ele está parado contra a luz, logo posso ver a sua sombra. E por ela consigo identificar que deixou o taco na sala e está portando apenas a faca. O que me leva a outro questionamento: Onde está a metralhadora que ele roubou de Ailiss?
— Não dê mais nem um passo ou então eu irei disparar sem piedade — alega Ailiss apontando a arma que pegou de volta de mim.
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Por um instante penso em detê-la, não quero vê-la correndo perigo. Porém, ela é a pessoa com que menos devo me preocupar, sabe se cuidar sozinha e por sinal muito melhor do que eu. Desde que ela não o mate, está tudo certo.
— HAHAHAHAHAHA! Você não pode fazer nada contra mim, afinal sou um jogador! — Takashi começa a rir histericamente e gritar vantagem.
Ele usou alguma droga para agir desta forma? Parece ser até outra pessoa. Talvez não… provavelmente esta sempre foi sua real natureza que até então estava muito bem camuflada.
Aproveito de que ele está bastante centrado em Ailiss para espiar o que está acontecendo e o vejo tremular incessantemente.
Aqueles tremores… provavelmente eram apenas o efeito dele estar controlando a sua ansiedade de matar e torturar ainda mais.
— Cale a boca, rato verminoso. Você é barulhento demais — Ailiss responde com sua sombria voz.
— O que está fazendo? Não ouviu o que falei? Sou um jogador, não pode disparar contra mim. Agora, abaixe logo essa arma, e deixe-me cortá-la em tantos pedaços até ficar irreconhecível — fala friamente.
— Pensando bem, nunca desentranhei uma estrangeira. Já sei! Você será minha Magnum opus! —muda a entonação e conclui animado com os olhos arregalados
— Será mesmo que não posso disparar? — o encara brutalmente — É algo que está me incomodando há um tempo, apesar do seu comportamento casar muito com o estereótipo de um usuário, você não parece emanar magia negra.
— Do que está falando?! Escute o que eu disse! Abaixe logo essa arma! — intimidado recua alguns passos.
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Ela está insinuando que ele talvez não seja o terceiro jogador? Mas apenas um psicopata normal? Se não for o Takashi, quem mais poderia ser?
— Um dos três jogadores precisa obrigatoriamente ser o conjurador da magia negra, e lamentavelmente não parece ser o seu caso. Diga-me, você não é realmente um jogador. É? — esbanja seu ar de superioridade.
— Eu não posso falhar… não. Não posso… ou então ela vai me matar, com certeza ela vai me matar. Não posso falhar. Não posso — olha para baixo e começa murmurar em baixo tom.
Ele quebrou? Sem a sua defesa, o cérebro dele entrou em pane. Quem irá o matar?
— Eu vou te matar — Takashi sorri forçadamente e fala com a voz distorcida.
Antes que ele pudesse tomar qualquer ação, uma sequência de aplausos, acompanhada do som de passos aproximando-se, ecoa pelo corredor.
— Já chega, Tanaka-kun. Encerramos por aqui — diz uma garota batendo palmas que surge da penumbra.
Esta voz. Não pode ser… Mikoto?! O que você está fazendo por aqui?
Mikoto aparece segurando uma grande bolsa usada para guardar os instrumentos do clube de música.
— Yukihara-san! Eu estou quase terminando o trabalho. Dê-me apenas mais cinco minutos, não, dois minutos são o suficiente para eu mandá-la com uma passagem só de ida para o inferno — Takashi persiste falando com sua voz alterada.
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O Manabu e o Shou não deveriam ter deixado ninguém entrar no armazém, especialmente você.
— Desistas de uma vez, não suporto gente insistente. Tu perdeste, ela está contigo na mira e não há o que tu possas fazer. Ela já sabe que tu não és um jogador, e mesmo que tu fosses ela atiraria nas tuas pernas para imobilizar-te.
Se ela tem ciência do que o Takashi estava fazendo por aqui, logo está envolvida nisso tudo. Não é possível… Eu estava tão cego assim a respeito dela?
Sim, na verdade isso sempre esteve um pouco óbvio. Por alguma razão meu cérebro negou-se a acreditar que Mikoto estivesse envolvida propositadamente nisto e trancafiou esta desconfiança no meu subconsciente.
Todavia, agora com este choque de realidade não há mais como negar. Mikoto é nossa inimiga, e provavelmente a cabeça por trás das atrocidades cometidas por Takashi.
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