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    Izumi percebeu que, sem suas espadas, enfrentava uma situação alarmante. Apesar disso, não desistiu. Deixou as armas caírem ao chão, fechou os punhos e declarou:

    — Sen To Ichi!

    A energia negativa tomou suas mãos, tornando-as ainda mais escuras e emanava uma aura sombria. Em seguida, ele ativou sua habilidade mais poderosa e desferiu diversos golpes contra o adversário. No entanto, desta vez, o inimigo conseguiu reagir.

    — Realmente, muito rápido — disse Camion, com um sorriso frio. — Sem a minha sombra me protegendo, talvez tivesse doído um pouco.

    Izumi recuou, ciente de que o inimigo era significativamente mais lento que ele. No entanto, as sombras que emergiam de uma parte do corpo do adversário estavam surpreendentemente mais rápidas do que o normal. Ele reconheceu que ativar sua habilidade mais poderosa por um breve momento não seria suficiente. Além disso, combinar o “Sen To Ichi” com essa técnica máxima tornava o esforço exaustivo como nunca antes.

    Cinco segundos… cinco segundos é o suficiente.

    Mais uma vez, ativou sua habilidade máxima em conjunto com o “Sen To Ichi”. Durante a sequência de ataques, Camion bloqueava cada investida com precisão. Após dois segundos, veias começaram a se destacar no corpo de Izumi, mas ele não podia recuar naquele instante, pois tudo estaria perdido.

    Ao alcançar três segundos, sua velocidade começou a cair. Apesar disso, conseguiu desferir um golpe certeiro no estômago do inimigo, usando um gancho como finta para enganar o demônio.

    O capeta foi arremessado para longe, e quatro segundos já haviam se passado. Ainda assim, era bastante para terminar com a vida do inimigo. Antes que o adversário tocasse o chão, Izumi avançou rapidamente e o golpeou repetidamente até o fazer sangrar intensamente.

    Antes de atingir o limite, o corpo dele apresentava uma aparência lamentável, com veias pulsantes e deformava sua figura. Incapazes de sustentar o esforço, tanto ele quanto o demônio caíram ao solo.

    Camion, porém, começou a regenerar-se. Até mesmo suas cicatrizes de batalha desapareceram completamente e, restaurou-o à perfeição. Era evidente que essa capacidade fazia parte das habilidades de Kappa. Ao levantar-se, o demônio declarou:

    — Como foi a sensação de me golpear, mestiço? — perguntou, com um sorriso cínico. — Mas, na verdade, não é fácil ser atingido de propósito.

    — O quê?

    — Achou mesmo que conseguiu me acertar por mérito próprio? — disse ele, com desdém. — Que ingênuo. No final, quem foi humilhado foi você.

    Caído no chão, Izumi não conseguia mover nenhuma parte do corpo. A única opção era aguardar o tempo necessário para se recuperar. No entanto, o inimigo não pretendia conceder-lhe esse privilégio.

    — Olhando para você, sua aparência é repulsiva, até mesmo para um demônio.

    Camion recuou lentamente e, lançou um olhar para os outros que permaneciam no local. Percebeu, porém, que um deles havia desaparecido. Ainda assim, não demonstrou preocupação. Em seguida, ergueu os olhos para o céu, onde as nuvens negras, antes dispersas, começavam a se reunir, formando uma bolha que exalava uma intensa energia negativa.

    — Mestiço, acho que você viu a habilidade do demônio que matou. Mas, será que já viu essa?

    A bolha de energia negativa alterou sua trajetória e, moveu-se em direção ao centro da cidade. À medida que avançava, sua intensidade e tamanho aumentavam, tornando a atmosfera ainda mais opressiva.

    — Vou destruir esta cidade por completo! — declarou o demônio.

    Os demais presentes sabiam que não havia como impedir aquela coisa. Se ela tocasse o solo, tudo ao seu redor seria destruído, e até aqueles que se escondessem no subterrâneo não escapariam da morte.

    Idalme lamentava por não estar ao lado de sua mestra, enquanto Carlo sentia pesar por não ter aproveitado mais os momentos com sua irmã. A bolha de energia começou a descer lentamente, e os poucos que podiam ver o destino iminente fecharam os olhos, aceitando a morte que se aproximava.

    Havia, contudo, duas pessoas que ainda não haviam desistido. Um deles era Izumi, que, ao ouvir que a cidade seria destruída, lutava com todas as forças para se erguer. Suas veias, embora tivessem diminuído um pouco, começaram a pulsar novamente, e ele gritava, forçando seu corpo a se levantar.

    O capeta o observava com desdém, ciente de que um mestiço como ele não tinha chance contra tal poder. Sabia que nem mesmo no seu melhor estado, nenhum humano poderia impedir aquilo. Era, sem dúvida, seu ataque destrutivo mais potente.

    Izumi, no entanto, conseguiu se levantar, e Camion o olhou com repulsa.

    — Super… Speed… Brute… Force…

    — Desista, você não pode fazer nada. — disse, a voz impregnada de desdém.

    Ele olhou para o adverso e, apesar de seu corpo cambalear, quase caindo de exaustão, um sorriso surgia em seu rosto. Sua determinação em parar aquela ameaça era mais forte do que qualquer dor e, impediu-o de sucumbir.

    Camion, pensou que, mesmo sendo um mestiço, ele parecia ter um amor firme pela sua cidade.

    — Cure…

    — Você realmente é um mestiço? — perguntou.

    Camion sabia que os mestiços eram desprezados em todas as partes do mundo. Qualquer humano em sã consciência odiaria seres como eles, que não eram nem demônios, nem humanos. No entanto, o que o surpreendia era a persistência daquele mestiço.

    A resposta não estava no amor pela cidade, pelo irmão ou pelo pai. O que impulsionava Izumi era algo mais profundo: as memórias que estavam prestes a ser destruídas. O lugar onde repousavam suas lembranças mais preciosas, o último vestígio deixado por sua mãe, não poderia ser aniquilado. Ele não permitiria.

    — Iz!

    — Por que você não odeia os humanos? — perguntou Camion, sua voz carregada de curiosidade e desprezo.

    Após ativar sua habilidade mais poderosa, as veias em seu corpo tornaram-se mais finas e se espalharam por sua pele, cobrindo-o por completo. A dor era imensa, mas ele não hesitou. Mesmo ao correr mais devagar do que de costume, a urgência o impulsionava o suficiente para alcançar o local onde a energia negativa iria cair.

    Camion, não se moveu para impedi-lo. Sabia que não havia como alguém naquele estado conseguir deter a destruição eminente.

    Quando chegou abaixo da bolha, saltou em direção a ela e, com todas as forças que ainda restavam, gritou:

    — Sen To Ichi!

    A mão esquerda de Izumi acumulava energia negativa a uma velocidade impressionante conforme ele se aproximava. Com um soco poderoso, ele golpeou a esfera. No entanto, não foi destruída. Sua mão ficou presa enquanto ela continuava a descer.

    A bolha começou a o consumir, engolindo-o cada vez mais à medida que caía. Ele lutava para escapar, mas suas forças se esgotava rapidamente. Finalmente, exausto, foi consumido e perdeu a consciência.

    Carlo e Idalme, que haviam ouvido Izumi lutando contra aquela força, sentiram uma breve chama de esperança acender em seus corações. Porém, a esperança se desfez quando até o mais forte não foi capaz de resistir. A bolha continuou a descer, mas algo estava estranho.

    Ela parecia menor do que antes. Camion, foi o primeiro a perceber isso. Atônito, ele se questionou:

    — Não me diga… ele está consumindo toda essa energia negativa? Mas isso é impossível!

    A bolha, agora caindo mais rapidamente, atingiu o solo e destruiu uma das casas no lado oeste da cidade. Carlo e Idalme, observou o impacto, mal conseguiam acreditar no poder daquela explosão.

    Entre os destroços, Izumi estava erguido, mas não lembrava de nada após ser consumido pela bolha, nem de como havia conseguido se levantar. Começou a caminhar, e, de repente, se viu mais adiante do que antes, como se tivesse perdido a consciência por alguns segundos, mas sem sequer perceber. Ele continuou a andar, e o mesmo fenômeno acontecia repetidamente.

    Ele parou abruptamente e relaxou, mas logo perdeu a consciência novamente. Quando abriu os olhos, se encontrou em um local diferente, com vários humanos o observando com medo. Confuso, não compreendia como havia chegado ali.

    Ao olhar para o céu, percebeu que havia destruído o teto do lugar. Os cidadãos, irritados, o xingavam e mandavam-no embora. Estranhamente, ele começou a se sentir melhor ao ouvir aquele desprezo dos humanos. Aquelas palavras, carregadas de ódio, pareciam curá-lo de algum modo, e logo ele começou a se sentir mais forte.

    Foi então que notou que as veias em seu corpo haviam desaparecido. Seu corpo estava normal, mas algo parecia diferente. Uma densa energia negativa emanava dele, como fumaça. Decidido, ativou seu “Speed Iz” e rapidamente se posicionou à frente do demônio.

    Naquele instante, Izumi sentiu-se mais forte do que jamais imaginou. Seu “Speed Iz” estava mais poderoso, além do que ele jamais poderia ter alcançado. Parando diante do demônio, que o observava surpreso, declarou:

    — Eu sinto uma vontade incontrolável de destruir tudo!

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