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    Protótipo de capa Volume 1 – Ironia Divina

    Capa Volume 1

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    — Essa última parte do filme foi realmente interessante — comentou Gabriel, sua voz soando distante, como se ele estivesse falando para algo que não estava realmente ali.

    Ana ficou quieta.

    Sentada com os braços relaxados ao lado do corpo, seus olhos estavam fixos em algum ponto qualquer, mas sua mente estava longe dali. Pensamentos se empilhavam em sua cabeça, formando camadas que ela não conseguia separar ou organizar. 

    O anjo a observou, inclinando levemente a cabeça.

    — Você está feliz, Ana? 

    A pergunta quebrou o silêncio como um caco de vidro atravessando um espelho perfeito. Ana virou a cabeça lentamente para encará-lo. Seus olhos carregavam um peso que palavras nunca poderiam expressar completamente.

    — Feliz? Na verdade… neste momento, não.

    Gabriel assentiu, como se já esperasse a resposta. Seu olhar não mostrava surpresa, mas sim algo mais profundo: compreensão.

    — Entendo — ele respirou fundo, o som do ar saindo de seus pulmões carregado de uma resignação quase física. — Maldita vida…

    As palavras ecoaram no espaço ao redor, tão densas quanto o silêncio que vieram interromper. Sem dizer mais nada, se levantou. Seus passos eram lentos, cerimoniais, enquanto caminhava até um gaveteiro discreto que estava ao lado da rainha.

    — Sabe, não te culparei pelo meu suicídio, estou satisfeito o suficiente com minha curta existência. Aqui é tão parado, e o tédio é realmente o pior dos males…

    Conforme ele se aproximava, algo começou a se formar em sua mão.

    A princípio, era apenas uma sombra líquida que escorria entre seus dedos. Mas logo começou a se solidificar, moldando-se em uma chave negra. Sua superfície era opaca, não brilhando mesmo sob a suave luz dos vitrais.

    Gabriel parou diante do gaveteiro, mas antes de abrir, ele olhou para a mulher milenar.

    “Ela parece exausta,” pensou, sentindo uma rara pontada de tristeza contida. “Exausta de tudo. De mim. Do mundo.”

    Girou então a chave na fechadura.

    O som da trava se abrindo parecia mais alto do que deveria, reverberando pelo espaço, como se fosse um grandioso sino. A gaveta deslizou para fora, e o ambiente ao redor pareceu tremer levemente.

    — Adeus, minha amiga.

    A chave em sua mão desfez-se em fumaça, e Gabriel ergueu a mão direita. Seus dedos fizeram um gesto já conhecido, e logo o apontou para a própria cabeça.

    Por um momento, ele hesitou, seu olhar perdido em algum lugar entre memórias, visões e um mar de possibilidades perdidas.

    Bang!

    O som foi seco, mas parecia atravessar a própria pequena realidade em que se encontrava.

    O gaveteiro tombou para trás, com suas gavetas se abrindo ainda mais e espalhando conteúdos absurdamente banais pelo chão: papéis amarelados, canetas, cadernos com anotações desbotadas e até mesmo um pequeno grampeador.

    Mas ninguém olhou para eles, pois, no mesmo instante, uma escuridão começou a se espalhar pelo espaço.

    Não era uma ausência de luz comum, mas sim algo mais denso, mais vivo. A escuridão parecia pulsar, como se tivesse uma respiração própria. Ela começou a cobrir o mundo ao redor, engolindo cada pequeno detalhe por onde passava.

    O ambiente inteiro foi envolvido em sombra, uma penumbra que parecia carregar um peso imensurável.

    E então, tão rápido quanto surgiu, a escuridão começou a se reunir, convergindo como um redemoinho, girando e se comprimindo em um ponto singular.

    Esse ponto se moveu com precisão, avançando diretamente para Ana.

    Por fim, desapareceu no momento em que tocou sua pele, como se tivesse sido devorada por ela, absorvida completamente em seu ser.

    Ana não se moveu, apenas ficou ali, processando o que acabara de acontecer.

    — Ele nem deixou eu dizer adeus…

    Bufando, se espreguiçou e finalmente levantou do chão.

    Tudo ao redor parecia ter se reorganizado, mas não de maneira lógica. O caos continuava, só que agora havia um padrão estranho e ritualístico.

    Os fragmentos coloridos que formavam o mundo ao redor estavam mais escuros, como se um véu sombrio tivesse sido lançado sobre eles. As cores brilhantes, antes vívidas e quase reconfortantes, agora pareciam sufocantes, carregadas de peso.

    Em meio às raízes que se entrelaçavam com flores escuras nas paredes de vidro, crescendo e se espalhando até invadir cada canto daquele espaço, algo novo surgiu: grandes e pesadas bandeiras vermelhas.

    Repentinamente começaram a se desenrolar. Os movimentos eram lentos, e seus luxuosos tecidos pendiam de forma irregular. Olhando mais a fundo, Ana notou que, apesar da maioria estarem firmemente presas às raízes, outras flutuavam no ar como se desafiassem a gravidade.

    — Ficou ainda mais bagunçado… — murmurou, tocando suavemente uma das bandeiras que passava vagarosamente acima de sua cabeça. O tecido era macio e frio, mas a textura parecia mudar levemente sob seus dedos.

    O objeto oscilou com o toque, virando-se e revelando a máscara dividida de Insídia em seu centro. O símbolo, que deveria evocar ordem e unidade, parecia fora de lugar, quase zombando dela em sua disposição caótica.

    Por fim, a rainha baixou o olhar e franziu a testa, com um desconforto crescendo em sua mente.

    Um instante atrás, ela tinha certeza de que os gaveteiros estavam organizados em incontáveis fileiras alinhadas. Um padrão perfeito e monótono que parecia se estender para sempre. Mas agora…

    No espaço de um piscar de olhos, tudo havia mudado.

    Com suas estruturas simples, os móveis de escritório estavam dispostos em um círculo ao redor de onde ela estava. Cada linha dos móveis formava uma traçado que parecia se estender até o infinito, convergindo em direção a Ana. 

    — Oito linhas… — murmurou para si mesma, tentando entender. — Por que oito?

    O arranjo era inquietante. O espaço ainda era enorme, mas de alguma forma parecia mais apertado.

    Foi então que o chão sob seus pés tremeu.

    Era uma tremedeira profunda, e mesmo sem emergir qualquer som, assemelhava-se a um animal muito antigo despertando de um longo sono. Ana sentiu a vibração subir por suas pernas, seu corpo todo reagindo como se estivesse sendo avisado de algo iminente.

    No centro do caos, o solo se partiu, rachaduras se espalhando como teias de aranha.

    Com um movimento lento e inevitável, um trono emergiu do chão.

    O trono era imponente, mas não novo. Parecia algo que havia sido esquecido por eras, resgatado das profundezas de uma memória perdida. 

    Tal como o restante deste mundo mental, a estrutura era grotescamente bela. Raízes grossas formavam sua base, subindo e se entrelaçando em seu corpo, enquanto flores negras e pequenas luzes esverdeadas brilhavam fracamente entre os detalhes. Era um trono que parecia ter nascido da própria terra e do esquecimento.

    E nele, sentado como se sempre tivesse estado lá, estava Gabriel.

    Ana parou por um momento, analisando a figura do anjo. Ele parecia relaxado, quase desinteressado, mas algo em sua presença carregava uma gravidade opressiva.

    — Veio mais um — resmungou ela baixinho, revirando os olhos.

    Gabriel ergueu o rosto devagar. Seus olhos estavam frios, e sua expressão parecia tão neutra que trouxe certa nostalgia para a rainha.

    Olhou ao redor devagar, analisando o ambiente até pousar a visão no cadáver no chão, o corpo do outro anjo, o que acabara de cair.

    Ele franziu a testa, balançando a cabeça levemente, como se estivesse desapontado.

    — Que merda…

    Sem pressa, começou a abrir e fechar as mãos, seus dedos estalando suavemente. Cada movimento parecia deliberado, como se estivesse ajustando algo, testando uma funcionalidade invisível.

    — Então voltamos para essa parte da história? — perguntou, finalmente quebrando o silêncio com uma voz repleta de ironia.


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