Índice de Capítulo


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    Rei explicou de maneira geral, sem entrar em pontos delicados como os dois desejos que seriam concedidos ou as informações sobre seu outro mundo. Ele preferiu não tocar nesses assuntos, temendo que isso fosse gerar mais complicações do que precisava.

    Kazuki e Matsuno ouviram em silêncio, trocando olhares discretos, mas sem interromper o relato de Rei.

    Se fosse apenas o Kazuki por perto, Rei poderia falar mais abertamente, sem tanta preocupação. Mas com Matsuno também presente, ele sabia que precisava simplificar as coisas, omitir algumas partes e deixar o assunto mais leve.

    Mesmo se fosse só o Kazuki, o garoto ainda escolheria não contar tudo. Ele não queria sobrecarregar seu companheiro com detalhes que poderiam deixá-lo preocupado com a situação, principalmente agora, que tudo parecia um tanto fora de controle.

    Rei preferia manter a calma e evitar qualquer preocupação sobre ele desnecessária. Afinal, havia coisas que nem ele entendia completamente, então era melhor guardar para si mesmo.

    — Conseguiram entender? — Rei perguntou calmamente, enquanto seus olhos alternavam entre os dois homens à sua frente.

    — Sim, faz sentido. No final das contas, o maior empecilho está sendo a igreja de Querpyn. — Matsuno comentou, deixando escapar um sorrisinho irônico.

    — Eles nem deveriam existir! Olha para tudo que fizeram. Nunca pensei que seriam capazes de causar tanto mal. — Kazuki respondeu, cerrando os punhos com força, sua indignação bem evidente, ainda mais levando em consideração ao passado, quando sabia da igreja ao pertencer a família imperial. 

    Rei sentiu vontade de xingar a igreja de Querpyn até a última geração, mas conteve-se naquele momento. 

    Ele sabia que ceder à raiva não ajudaria em nada naquela hora, — ao menos por hora, futuramente ele poderia quebrar tudo quando o quanto quisesse. 

    — Vamos deixar essas questões para depois. Agora que conseguimos te encontrar, precisamos sair daqui. Encontrar os outros é prioridade, a situação ainda é perigosa. Não podemos baixar a guarda. — Matsuno disse, com sua voz firme, mas deu a impressão que estava carregada de nervosismo. 

    Após ouvirem, Rei e Kazuki trocaram um olhar breve antes de assentir em concordância. Nenhum deles tinha dúvidas: quanto mais rápido saíssem daquela região, melhor.

    Afinal, aquele lugar que distorcia o tempo de maneira tão imprevisível não era seguro. Cada segundo ali pareciam horas, e isso era desagradável ao extremo. 

    — Certo, vamos fazer como você disse então.

    Rei comentou já tomando a liderança, dando alguns passos à frente. 

    No entanto, antes que pudesse dar mais alguns passos, sentiu uma mão firme agarrar seu braço e o puxar para trás. A ação foi tão repentina que seu corpo se chocou contra o de Matsuno, que, por reflexo, envolveu-o em um abraço firme.

    — Calmou aí, garotão. — Matsuno disse com um tom sério, mas sua voz tinha uma leveza misturada com arrogância. 

    — O que você…? 

    Rei comentou vermelho, sem entender o porquê do rapaz tê-lo puxado para trás. 

    Matsuno apenas deu um pequeno sorriso, quase imperceptível, e respondeu com aquela expressão irritantemente: 

    — Precaução. Você não vai à frente de novo. Vai que desaparece, não é mesmo? 

    Nessa hora, Kazuki puxou Rei para os seus braços de novo, olhando furioso para o rosto de Matsuno, que apenas sorriu e levantou as duas mãos, como se estivesse dizendo: “Calma, não foi nada demais. Estava apenas brincando.” 

    Matsuno limpou as botas com calma, endireitou a coluna e, em seguida, pegou a espada que havia deixado para trás. Ele a posicionou de volta na cintura com um movimento elegante antes de dizer:

    — Eu vou na frente. Vocês ficam atrás. Afinal, são vocês dois que precisam da minha proteção.

    As palavras saíram com o timbre de sua voz confiante e firme, mas soou aos ouvidos de Kazuki totalmente ofensivas e irritantes. 

    Kazuki, que já estava com a paciência no limite, franziu a testa e respondeu de imediato, sem esconder a irritação:

    — Não. Nós vamos juntos. Eu não preciso da sua proteção, então para de se achar tanto. Você não é nada demais, ainda mais depois daquele confronto que tivemos.

    “Eles lutaram?”

    Rei pensou nessa hora, olhando a tensão entre os dois. 

    Matsuno riu. 

    O estudante pôde apenas observar a troca de olhares entre os dois rapazes à frente. Mas, estranhamente, eles pareciam um pouco mais próximos do que anteriormente. 

    Se fosse no passado, eles estariam cruzando espadas até a morte. A interferência se fazia necessária, mas não mais, ao menos isso. 

    Rei deixou escapar um leve sorriso naquele momento. A cena diante de si não parecia uma briga de verdade, mas sim uma troca de provocações. E se talvez…

    “Seria possível tê-los ao mesmo tempo?”

    O pensamento surgiu de repente na sua cabecinha, e ele congelou por um momento. Então, depois, imediatamente balançou a cabeça, tentando afastar aquelas ideias estúpidas. 

    “Que egoísmo da minha parte… Não posso pensar desse jeito.”

    Apesar de tentar se concentrar na situação, sua mente continuava a vagar. Talvez fosse o cansaço, talvez o estresse acumulado por tudo que estava acontecendo. Ou talvez…

    “Eu tô é ficando doido. Não posso levar essa ideia a sério… Tsk, definitivamente estou perdendo a cabeça.”

    Ele suspirou, forçando-se a focar no que realmente importava: sair daquela região e manter os dois à frente em segurança.

    Enquanto continuavam a andar, Rei murmurou baixinho para si mesmo, desviando o olhar para a cintura, onde o livro arcano permanecia silenciosamente.

    — Elfina, tá aí?

    Nenhuma resposta veio.

    — Elfina?

    [Mestre…]

    A voz dela finalmente ecoou, mas havia algo diferente em seu tom, algo que fez Rei franzir a testa.

    — Por que estava em silêncio até agora? Pensei que tinha acontecido alguma coisa.

    […Mestre… No final, você realmente fez um acordo com aquela praguinha. Eu, ahh… não acredito.]

    Rei suspirou, sentindo a decepção no timbre de voz de Elfina.

    — Então você ouviu a conversa, não é? Mas por que tá tão chateada assim? Eu que sou a vítima aqui. Não tive escolha a não ser cooperar.

    [Mestre…]

    — O quê? — Rei rebateu. — Era isso ou ficar aqui. 

    Elfina ficou em silêncio por alguns instantes, mas sua decepção ainda era esperada.

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