Capítulo 218 - X.
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Os dois religiosos desviaram a atenção um do outro e focaram completamente em Matsuno, que exibia um sorriso arrogante, para se dizer ao menos.
Maria estreitou os olhos, enquanto Cerin girou a adaga entre os dedos, claramente irritado.
— Arrogância típica dos hereges — Maria murmurou, segurando o cajado com ainda mais força. — Vocês sempre acreditam que são especiais, que podem desafiar a vontade divina.
Cerin riu, mas sua risada era fria, sem humor.
— Não nos subestimem, mero soldado do reino humano. Se você ainda está de pé, é meramente por sorte.
Matsuno, por outro lado, continuava impassível, os olhos vermelhos brilhando à luz da lua. Ele colocou uma mão no cabo de sua espada, preparando-se então.
— Sorte? Vamos descobrir.
Kazuki cutucou Matsuno, sem esconder sua insatisfação.
— Você realmente vai pra cima deles assim? Sem nenhuma estratégia?
— É assim que uma luta funciona. Não precisa se preocupar. Eles estão atrás de mim, então esse é um problema meu. Não quero que interfiram.
— Você…
Kazuki ia retrucar, mas Rei deu um passo à frente e ergueu a mão, interrompendo a discussão. Ele então olhou diretamente para Matsuno, observando o brilho determinado naqueles malditos olhos rubis.
— Tudo bem, vamos deixar você ir, mas…
Ele fez uma pausa, analisando a expressão confiante do cavaleiro.
— Tem certeza que consegue? Não vai se achando.
Matsuno riu de canto, girando a espada antes de firmá-la na mão.
— Está preocupado comigo? Relaxa, não vou demorar, garotão. Apenas torça por mim, não quero envolver vocês nisso. Eles claramente vieram atrás de mim, deve ter alguém do alto escalão puxando as cordas.
Ele então olhou de relance para Kazuki e Rei antes de acrescentar:
— Mas se der ruim… Eu peço ajuda. Afinal, também não quero morrer.
Matsuno disse aquilo com um tom brincalhão, mas a tensão no ar só aumentava.
Kazuki iria comentar então: “Melhor ser cauteloso.” No entanto, não disse nada. Para que estava se importando tanto com aquele cara?
Aquilo feria o seu orgulho.
Kazuki olhou para Rei, segurando sua mão e guiando-o para trás de uma árvore, garantindo que estivesse em um local mais seguro.
— Não precisa se preocupar, — disse ele, tentando acalmar o garoto. — Embora aquele cara seja irritante, ele não faria nada que não fosse capaz de enfrentar, pelo que conheço dele desde os dias que passamos juntos nas ruínas.
Rei deu uma olhada desconfortável na direção da batalha que se aproximava, mas respondeu com um suspiro.
— Eu não estou preocupado com isso, cara. É só que… Eu quero que nada de ruim aconteça. A gente ainda precisa chegar na capital, tá bom?
— Claro, desde que você esteja bem.
Kazuki disse nesse momento, abrindo um pequeno sorriso e olhando para a direção de Matsuno.
Maria nessa hora que viu Matsuno se aproximar dela e de seu companheiro, riu e comentou calmamente mas de forma fria:
— Você está caminhando para a morte. Agradeço por diminuir o nosso tempo, Matsuno Lancelloti. Desde o momento em que você foi nomeado para essa incursão como comandante do reino humano, você já estava morto. Então não aja como se fosse realmente alguma coisa.
Matsuno ergueu a espada com a mão direita, posicionando-a na frente do rosto de maneira tranquila, enquanto sua outra mão descansava no bolso, como se a situação não fosse grande coisa. A atitude dele, aparentemente despreocupada, parecia uma provocação direta.
Será que ele estava realmente levando tudo isso a sério?
Cerin apertou os olhos, a testa franzida em desagrado. Era claro que aquilo era um insulto deliberado, uma afronta ao seu ego.
— Se é isso tudo que tem pra falar, senhorita, então sugiro que comece. Não lutamos com palavras.
Matsuno soltou uma risada baixa, um sorriso de desdém se formando no canto de sua boca, deixando claro que ele não estava nem aí.
— Não seja tão arrogante.
Com isso, Cerin não hesitou mais.
A paciência dele já tinha se esgotado, e a arrogância de Matsuno estava ultrapassando todos os limites.
Ele avançou rapidamente, impulsionado pela raiva crescente, sem mais preâmbulos.
Foi como um relâmpago, a lâmina brilhando em azul enquanto balançava em direção à Matsuno. A expressão em seu rosto era de pura raiva, como se quisesse descontar toda a frustração acumulada.
Matsuno, no entanto, parecia calmo.
Com um leve movimento de pulso, ele desviou a adaga que vinha em sua direção com a espada, o som metálico reverberando na região.
— Fogo purificador!
Enquanto Cerin atacava, Maria não ficou parada.
Ela não teria que se envolver, — era humilhante ter que lutar dois contra um, ainda mais quando seu companheiro era aquele inútil do Cerin.
No entanto, vendo como Matsuno estava desviando da maioria dos ataques, aquilo com certeza demoraria. A última coisa que queria era ficar ali por horas, então ela ergueu o cajado e com um movimento rápido, um feixe de fogo místico envolveu a ponto de seu cajado, e uma onda de fogo cortou o ar indo em direção à Matsuno.
Era uma velocidade anormal.
Talvez não causasse tanto dano, mas ninguém poderia reagir a esse ataque em menos de metade de meio segundo.
— Como?
Matsuno havia usado sua outra mão, colocando-a no chão e girando seu corpo agilmente, conseguindo desviar daquela pequena bola de fogo.
— E?
Ao olhar para o rosto de Matsuno, ela viu que o rapaz estava rindo. A expressão de choro em seu rosto agora tinha sido substituída por raiva, e seu corpo inteiro estava tremendo, com o punho forçando o cajado.
— O que está esperando, Cerin? Acabe logo com isso! Use sua outra adaga, por que está demorando? Vamos, termine logo com ele!
A voz de Maria estava carregada de frustração.
— Não me dê ordens! — Cerin retrucou, com raiva, mas imediatamente atendeu ao comando de sua companheira.
Ele desembainhou a outra adaga, sua velocidade aumentou de forma impressionante.
— Luz Sagrada!
Maria exclamou, conjurando uma onda de energia que se ergueu sob os pés de Cerin, envolvendo-o com um brilho intenso.
Continua…
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