Índice de Capítulo


    ❖ ❖ ❖

    Rei e Kazuki estavam com óculos de cinema nessa hora, enquanto comiam pipoca, observando toda a cena bem de longe em um lugar seguro. 

    Enquanto a luta se desenrolava à distância, Kazuki e Rei também observavam tudo de longe com muita atenção. O trabalho de pés de Matsuno era realmente impressionante; ele parecia deslizar pelo solo com tanta leveza e precisão que mais lembrava alguém surfando sobre a água.

    Era surpreendente o suficiente para fazer até mesmo Kazuki prestar atenção, embora o homem-fera soubesse que poderia fazer tudo aquilo com muito mais facilidade — talvez até melhor. No fundo, ele deduziu que todo aquele espetáculo não passava de uma grande exibição de Matsuno, querendo mostrar a sua masculinidade. 

    E, bem, isso era verdade. 

    De certa forma.

    Era fácil perceber apenas ao olhar para o rosto de Rei, que observava tudo com os olhos brilhando de fascínio. Como um iniciante no caminho das espadas, ele parecia completamente concentrado pelo que estava a presenciar.

    Para ele, aquilo tudo mais se assemelhava a uma daquelas cenas de filme de ação que só se vê no cinema: os movimentos rápidos e precisos, o som metálico das lâminas se chocando, e as magias cortando o ar com brilho e intensidade.

    Kazuki virou-se para encarar Rei e deu de cara com aquela expressão de admiração estampada no rosto do garoto. O coração do homem-fera apertou, primeiro porque Rei era bonito demais — ninguém deveria ser tão bonito assim, droga! — E segundo pela inveja que começou a sentir. 

    Para ele, o que Matsuno fazia não passava de uma encenação; o cavaleiro estava só brincando com aqueles dois, quando poderia ter finalizado tudo de uma vez!

    O semblante de Kazuki nesse momento era de; “Por que tá enrolando tanto? Pô, fala sério.”

    — Flecha sagrada!

    Maria exclamou em alto e bom tom, quase como se estivesse gritando. Já haviam se passado de sete a dez minutos, mas o homem à sua frente não parecia ter sofrido nenhum golpe realmente sério, apenas pequenos cortes nas vestimentas, e nada mais.

    Por causa disso, a mulher já não estava com o melhor dos humores e acabava descontando parte da frustração em seu companheiro, Cerin.

    — Droga! Não me apresse, Maria.

    Cerin murmurou, observando o sorriso desdenhoso de Matsuno. Aquilo realmente o irritava! 

    Estavam em um confronto mortal ou ele estava apenas se divertindo? 

    Por que não conseguia acertar sequer um golpe? 

    No passado, bastava um único movimento para até mesmo derrotar um mestre espadachim.

    Então… O que estava acontecendo? 

    Como aquele homem conseguia fazer tudo parecer tão simples?

    — Por que ele é tão forte? Ninguém me disse que seria assim.

    Ele foi na direção de Matsuno, empunhando a adaga com a mão direita para desferir um golpe na lateral do abdômen, enquanto com a outra mão fazia um movimento falso, mirando o ponto entre a garganta e o queixo do cavaleiro. 

    Com o buff de velocidade e força proporcionado por Maria, aquele ataque deveria ter sido concluído rapidamente, ainda mais com Cerin sendo tão poderoso.

    No entanto, Matsuno somente desviou, como se estivesse respirando. Ele desviou tanto dos ataques de Cerin, quanto de Maria, e ainda contra-atacou Cerin, fazendo um corte profundo em seu peito. 

    — Cerin? 

    Maria comentou em choque, vendo como o homem estava ferido. O sangue havia derramado em todo o solo da região, tudo estava pintado de carmesim agora. 

    No entanto, o homem ainda permanecia em pé, — com muita dificuldade, mas ainda de pé, tentando reerguer as adagas.

    — Admirável.

    Matsuno disse, mas antes que os dois pudessem reagir, sua figura sumiu da vista e, em um piscar de olhos, reapareceu atrás de Maria.

    Sem tempo para qualquer reação ou encantamento de proteção, a lâmina de sua espada avançou rapidamente na direção dela.

    A lâmina havia perfurado completamente o estômago de Maria, podia-se ver a ponta da espada do outro lado de seu corpo.

    Era um buraco enorme que havia se formado.

    Com a mesma rapidez que havia desferido o golpe, Matsuno soltou a espada de dentro dela, que passou cortando o ar. Após fazer isso, a mulher caiu no chão, suas mãos agarrando a grama com força, enquanto cuspia sangue pela boca. 

    — Maria!

    Cerin gritou, em um misto de raiva.

    Ele não sentia qualquer emoção de fato por aquela mulher, mas eles estavam juntos naquela missão, e ele dependia exclusivamente dela para a sua sobrevivência.

    Ele saltou em direção a Matsuno, as duas adagas empunhadas e carregadas com sua aura assassina evidente. 

    No entanto, o cavaleiro deu alguns passos para trás, esquivando-se com facilidade. 

    Cerin, por sua vez, desviou o olhar rapidamente para Maria, que ainda estava viva, e tentou socorrê-la, preocupado com sua condição.

    Vendo o buraco enorme em seu estômago, a sua condição estava péssima, — não sobreviveria por muitos minutos. Nem mesmo a melhor poção de um alquimista ou mago poderia salvá-la.

    “Como você pode ser tão inútil e morrer dessa forma miserável? Tsk… Que mulher idiota. Agora vou morrer por sua culpa.”

    Cerin pensou consigo mesmo. 

    Tudo bem caso fosse um ferimento profundo ou ter perdido alguma parte de algum órgão interno, mas… sequer havia algum órgão na região do estômago de Maria. 

    — Por que tanto empenho, se sabem que não podem me vencer?

    Matsuno perguntou, com os olhos intensos e um sorriso opressor, seu semblante carregado de uma calma ameaçadora.

    Cerin fixou os olhos nos de Maria, que estavam inundados de lágrimas. Mesmo assim, ela não desviava o olhar.

    — Eu sinto muito.

    Ele disse, mas as palavras pareciam vazias. 

    Na verdade, se tivesse a chance de escapar, ele o faria sem hesitar. Ele sabia que poderia fugir, era tão fácil para um assassino.

    Mas agora que Maria estava morrendo, não era a hora perfeita para isso? 

    Cerin sabia disso. 

    Ele poderia fugir, era bem simples. 

    Mesmo que Matsuno fosse mais forte, a verdadeira vantagem de Cerin estava em sua velocidade. 

    O cavaleiro, por mais habilidoso que fosse, jamais conseguiria alcançá-lo se ele realmente quisesse escapar. 

    Era uma verdade inegável, e o pensamento trouxe um sorriso ao rosto de Cerin.

    Continua…

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