Índice de Capítulo


    ❖ ❖ ❖

    [15 dias depois] 

    Após o incidente, Rei finalmente acordou no dia seguinte, e o exército humano seguiu em direção à capital durante os últimos 15 dias de expedição.

    A maior parte da viagem transcorreu sem grandes problemas. Alguns monstros apareceram pelo caminho, mas foram rapidamente neutralizados pelos soldados ao redor, com a ajuda de Matsuno, que garantiu que tudo fosse feito de forma rápida e eficaz, sem querer se exibir por seus feitos, — ele estava mais preocupado em acabar com tudo rapidamente e sem chamar atenção. Sua habilidade e rapidez eram inquestionáveis, mas ele não demonstrava nem um pouco de felicidade.

    Kazuki e Rei também auxiliaram em tudo que puderam, ajudando os civis em seu estado mental debilitado, conversando com eles e tentando ao máximo manter o pouco de esperança que ainda existia em suas vidas. 

    Matsuno por outro lado também se certificou de que os mantimentos fossem distribuídos adequadamente entre todos da região, trazendo o que era necessário para os mais próximos e organizando tudo com extrema precisão. 

    Ele evitou qualquer imprevisto desnecessário, tomando medidas preventivas para que ninguém se ferisse, e se responsabilizou por garantir que a jornada continuasse tranquila.

    Graças a isso, a moral entre os soldados e os homem-fera estava um pouco melhor que antes, e a maioria deles passou a se juntar e se acostumar com aquela forma de liderança. 

    Já estavam relativamente perto da capital, e algumas carruagens vindas de outras estradas começaram a aparecer, sinalizando que o fim da expedição estava próximo.

    — Tio, você precisa tomar aquela poção estranha de novo?

    Mia perguntou, com a voz carregada de curiosidade, enquanto Kazuki a carregava nos braços, já se aproximando dos imponentes portões da capital.

    Desde que saíram dos confins do refúgio, a paisagem ao redor havia mudado de forma marcante. O cenário parecia quase irreal, como se tivessem atravessado para outro mundo. 

    Fora dos portões da cidade, a estrada era pavimentada e branca, sem uma única mancha de sujeira, com árvores e plantas dispostas de maneira simétrica e organizada aos arredores. 

    Era como se a até mesmo a grana fosse meticulosamente cuidada, ou como se nunca houvesse sido tocada pela mão humana. 

    Até o vento parecia diferente — não o ar pesado e úmido de antes, mas uma brisa limpa e refrescante, que acariciava a pele com suavidade. 

    O céu, em um tom de azul bem mais forte que o normal, parecia mais claro, e o sol, apesar de brilhar intensamente, não aquecia de forma incômoda. 

    Tudo parecia mais puro, mais perfeito.

    Kazuki olhou para Mia, um pequeno sorriso no rosto, antes de responder.

    — Sim, Mia. Eu preciso tomar essa poção, assim como você. Agora, venha cá, toma ela.

    Kazuki disse com um tom firme, mas também carregado de gentilidade e suavidade, mas Mia não gostava da ideia de tomar aquilo.

    — Eu não quero! Ela tem um gosto ruim! Blehh!!!

    Mia fez uma careta, como qualquer criança faria ao ser forçada a tomar algo desagradável. 

    No entanto, ela não pôde ignorar o olhar de Kazuki, que a observava com paciência. 

    Ele então ofereceu um doce, era o seu doce favorito.

    Com aquilo em mãos,  ela não conseguia recusar. 

    Ela olhou para o lado.

    Depois para o outro.

    E não resistiu.

    — Tudo bem! Mas é só dessa vez, essa coisa tem um gosto muito ruim! Só que é tão legal ficar assim, com essa aparência.

    Ela reclamou, mas não hesitou em aceitar o frasco e tomar o líquido que havia dentro, que logo se espalhou por sua boca.

    O frasco em suas mãos continha um líquido mágico, capaz de transformar a coloração do cabelo e dos olhos de quem o tomasse. 

    Num piscar de olhos, o cabelo loiro de Mia se tornou um tom de marrom profundo, e seus olhos azuis brilhantes se transformaram em um verde intenso.

    Ela tocou seus novos cabelos com uma expressão fascinada, encantada pela transformação. 

    Ela não conseguia deixar de sorrir, mesmo com o gosto ruim da poção ainda em sua boca.

    Mia não perdeu tempo em pegar o doce e comer para tentar apagar o gosto horrível da poção. 

    O sabor era insuportável, uma mistura de carvão com algo claramente estragado. 

    Era impossível não fazer uma careta.

    Ela se afastou de Kazuki, pulando para o chão com um sorriso, e ele, sem pressa, abriu a bolsa e pegou outro frasco. 

    Sem hesitar, levou-o aos lábios e bebeu.

    — Glub!

    Os efeitos foram quase instantâneos, havendo uma reação depois de alguns segundos. 

    Seus cabelos loiros se tornaram marrons claros, e seus olhos azuis se transformaram em uma mistura intrigante de verde e roxo, como se refletissem uma essência única.

    Mia olhou para ele, observando a mudança com um brilho curioso nos olhos.

    — Você está bonito.

    Rei, que estava apenas observando, comentou nessa hora, tampando o rosto com a mão. 

    Ele observou a nova aparência de Kazuki novamente, os detalhes das cores misturadas em seus olhos eram bonitos, — mas ainda não superavam os seus olhos azulados. 

    A fórmula do frasco de Tyrant, embora fosse a mesma para todos, sempre parecia produzir efeitos diferentes dependendo da pessoa. 

    E para Kazuki, a mudança parecia se adequar perfeitamente à sua personalidade.

    — Bem, isso vai durar algumas horas, mas vocês podem tomar mais para prolongar o efeito.

    Tyrant comentou sem desviar os olhos do pequeno livro que estava lendo, caminhando ao lado de Rina, que estava maravilhada com o ambiente ao redor. Seus olhos passeavam por cada detalhe da paisagem, como se estivesse explorando completamente cada cantinho. 

    Kazuki, que havia ouvido a explicação, respondeu com um tom mais relaxado, voltando sua atenção para Tyrant.

    — Precisamos fazer isso para que não descubram quem realmente somos. Obrigado mais uma vez, Tyrant.

    Tyrant simplesmente sorriu, um sorriso tranquilo. 

    Sua expressão parecia dizer por si mesma algo como: “Não precisa agradecer, está tudo bem”. 

    — Estamos chegando, agora vamo ter que esperar. 

    Rei comentou, vendo que agora todos na estrada estavam numa fila, enquanto os soldados com armaduras elegantes da capital real revistavam e falavam com todos os presentes, antes que pudessem passar.

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