Capítulo 6 - Gemas Mágicas
O sol do meio-dia queimava como fogo na nuca de Carlos, cada raio uma agulha de dor que penetrava profundamente em seus músculos já exaustos. O suor escorria em riachos salgados por seu rosto, misturando-se à poeira vermelha do canavial e formando uma pasta grossa que ardia em seus olhos. Seus pulmões ardiam a cada respiração, o ar pesado e quente carregado do cheiro adocicado da cana esmagada e do odor acre de seu próprio corpo suado.
Quando finalmente ousou erguer os olhos para o céu, o sol estava quase perpendicular acima dele, um disco de fogo branco que fazia o ar tremeluzir sobre os canaviais. “Meio-dia”, pensou, sentindo uma centelha de esperança. “Deve ser hora do almoço.” Seu estômago roncou violentamente, uma dor aguda que parecia rasgar suas entranhas. A fome havia se tornado uma presença constante, um vazio doloroso que consumia seus pensamentos.
Foi então que viu os capatazes reunidos à sombra de uma árvore, abrindo seus potes de barro. O cheiro de carne cozida e mandioca chegou até ele, transportado pela brisa quente, fazendo sua boca encher de saliva instantaneamente. Mas nenhuma ordem para parar veio. Os escravos continuaram cortando e carregando, enquanto os capatazes comiam com calma, suas risadas ocas ecoando pelo canavial.
“Que tortura sádica”, Carlos pensou, sentindo o suor frio escorrer por suas costas apesar do calor. “Não basta a fome constante, ainda temos que suportar o cheiro da comida deles… ver eles mastigando, ouvindo o som de suas gargantas engolindo…” Seus dedos apertaram com tanta força o cabo da enxada que suas juntas ficaram brancas.
As horas seguintes foram uma agonia interminável. O sol começou sua lenta descida, pintando o céu primeiro de laranja, depois de púrpura, mas o trabalho não diminuía. Seus músculos tremiam incontrolavelmente, e a ferida em sua perna latejava com cada movimento. Quando os capatazes finalmente gritaram a ordem de retornar, Carlos cambaleou como um bêbado em direção à senzala, seus pés arrastando-se na terra fofa.
“Como pode a humanidade ter concebido algo tão brutal?”, ele refletiu, sentindo o gosto amargo da bile em sua garganta. “Duas refeições miseráveis por dia, trabalho até cair exausto… isso é uma morte lenta, gota a gota.”
Ao entrar na senzala, foi recebido pela mistura nauseante de cheiros que já se tornara familiar – o aroma pesado de feijão cozido misturado ao odor penetrante do buraco sanitário no fundo escuro. Ignorando a náusea que subia em sua garganta, pegou uma tigela de madeira lascada e se serviu da grande panela de ferro. Notou a ausência de Tia Vera – mas a fome falou mais alto.
Sentou-se no chão de terra batida, encostado na parede de barro rachada que ainda conservava o calor do dia. O feijão aguado e insosso, com seus raros pedaços de charque duro como sola, desapareceu em segundos. A farinha de mandioca, áspera e sem graça, grudou em seu paladar. “Se ao menos tivesse um pouco de arroz para dar algum sabor… mas na minha situação atual, até essa comida sem gosto parece um banquete real.”
Estava se servindo pela segunda vez – suas mãos trêmulas derramando parte do feijão no chão – quando uma sombra se projetou sobre ele. Era Pedro, o homem de olhos azuis tão desconcertantes em seu rosto negro, sentando-se ao seu lado com movimentos cuidadosos que denunciavam sua própria exaustão.
— Pelo visto o senhor do engenho gostou de você — comentou Pedro, sua voz um sussurro rouco que mal se ouvia sobre o ruído de mastigação e conversas baixas na senzala.
Carlos soltou uma risada curta e amarga. — Não sei se fico feliz ou triste com essa notícia.
Internamente, sua mente girava em torno das gemas mágicas. “Preciso entender esse mundo melhor”, pensou, sentindo o peso de sua ignorância como um fardo físico. “Essas gemas… como funcionam? Quem pode usá-las? Essa pode ser a chave para minha sobrevivência aqui.”
— De onde eu vim — começou Carlos, escolhendo suas palavras com cuidado — ninguém conhece essas tais gemas mágicas. Pode me explicar como funcionam?
Pedro franziu a testa, seus olhos azuis estreitando-se enquanto estudava o rosto de Carlos. — De que lugar estranho você vem?
— perguntou, e Carlos não deixou de notar a centelha de desconfiança em sua voz.
— Até as tribos mais isoladas da amazônia conhecem as gemas. Cada povo tem seu nome para elas, é claro. Os Tupinambá as chamam de ‘itá-pora’, os africanos de ‘okuta alagbara’… mas aqui seguimos o nome dos portugueses.
Carlos sentiu a desconfiança implícita na pergunta. “Ele não acredita em mim, mas não tem o que fazer, não tem como eu fingir saber algo que não sei…”
— Venho de um lugar muito, muito distante — disse finalmente.
— Mais longe que Portugal ou até mesmo a África. Por isso não conheço nada sobre essas gemas ou seus poderes.
“Se é que existe África por aqui. Bom se Portugal existe então África também deve existir.”
Pedro estudou seu rosto por um longo momento, seus dedos tamborilando levemente em sua própria tigela vazia. — Bem — disse finalmente, como se decidindo a aceitar a resposta — elas são encontradas naturalmente em cavernas, embora sejam raras como dentes de dragão. Os espanhóis têm as melhores minas em suas colônias – dizem que as gemas brotam do solo como cogumelos depois da chuva. Aqui no Brasil… — ele fez um gesto de desdém — só encontramos as mais comuns, embora haja rumores sobre uma mina de gemas do tempo escondida nas serras.
— Sozinhas, as gemas não têm utilidade — continuou Pedro, baixando ainda mais sua voz. — Precisam ser preparadas por artesãos mágicos – entalhadas com símbolos específicos, combinadas com materiais que ressoam com sua energia… Os melhores artesãos estão na Europa, é claro. Por isso as armas mágicas europeias são as mais cobiçadas.
“Nossa ele sabe bastante, mas isso é bom pra mim, são informações valiosas, agora sei que pelo menos na parte de reinos e colonização esse mundo é como o meu. Já na parte mágica é bem diferente, afinal não tinha magia no meu. Pelo menos não que eu saiba, apesar de que se vim parar aqui deve ter sido por algum meio mágico.”
— Você sabe bastante — observou Carlos, impressionado não apenas com o conhecimento, mas com a forma articulada como Pedro o compartilhava.
— Trabalho na casa-grande — Pedro encolheu os ombros, mas Carlos notou o orgulho sutil em sua postura. — Todo mês vem um comerciante da capital, e eu ouço as conversas enquanto ventilo o senhor com o leque. Eles vivem reclamando sobre os impostos e de como a Espanha levou Portugal a se tornar inimigo do mundo todo, assim como reclamam de preto e índio.
— Mas de gemas não sei tanto assim, quem realmente entende de gemas é a Tassi.
O nome pairou no ar entre eles, e Carlos sentiu uma pontada de culpa tão aguda que quase o fez recuar. “Ela foi torturada por tentar me ajudar”, lembrou, sentindo o rosto queimar de vergonha. Enquanto processava as outras informações, notou as similaridades com o mundo que conhecia. “União Ibérica, colônias espanholas… então algumas coisas são paralelas ao meu mundo.”
— Obrigado pelas informações — disse Carlos genuinamente.
— De nada. Mas deixe-me dar um conselho: invente uma boa história para o senhor. Ele é mais esperto do que parece, embora esteja obcecado por esses ‘artefatos do diabo’. — Pedro fez uma pausa significativa. — Amanhã o comerciante visita novamente. Ele sempre traz novidades… e artefatos.
Enquanto Pedro se retirava para seu canto, Carlos refletiu sobre suas opções. “Não preciso enganá-lo completamente… só preciso de uma arma e uma oportunidade. Apesar de que nunca matei ninguém antes, não sei se tenho coragem, na verdade eu tenho que ter…”
Lembrou-se então das palavras de Luiz Gama que havia lido em uma de suas aulas de história: “O escravo que mata o senhor, seja em qualquer circunstância, é por legítima defesa.” A frase ecoou em sua mente como um mantra.
Luis Gama foi um advogado do Brasil Imperial, que conseguiu alforriar por meio da lei 217 escravos que foram tornados escravos injustamente. Esse feito foi a maior libertação coletiva de escravos nas Américas.
“Não só a frase como o feito dele foi incrível, apesar de que não acho que exista algum escravo que foi tornado escravo de forma justa, talvez no sentido legal sim, mas não no sentido moral. O que importa é que a frase dele está correta, o que farei será legítima defesa, e com isso ajudarei todo mundo daqui, principalmente a Tassi que me salvou.”
Ao levantar-se para ir até seu canto, uma dor aguda na perna o fez conter o ar entre os dentes. “Droga, esqueci de pedir mais pomada ao Pedro.”
Seu “leito” era um amontoado de palhas secas perto do buraco sanitário – o pior lugar da senzala, reservado aos novatos. O cansaço o venceu rapidamente, mas horas depois acordou com uma necessidade urgente que não podia ignorar.
A escuridão era absoluta, tão espessa que ele podia quase senti-la fisicamente. Seguindo o fedor nauseante que já conhecia bem, seus pés descalços encontraram a borda escorregadia da vala sanitária no último instante, evitando por pouco uma queda desastrosa. Foi então que percebeu, com um choque de horror, a ausência de papel higiênico.
“Que situação nojenta”, pensou, sentindo o calor da vergonha queimar seu rosto. Com mãos trêmulas, arrancou um punhado de palha de sua própria “cama” para se limpar, sentindo cada fibra áspera arranhando sua pele. O resto da noite passou-se em claro, seu corpo tenso de nojo e humilhação, até que as primeiras luzes do amanhecer começaram a filtrar-se pelas frestas do telhado de palha.
Examinou sua perna à luz fraca e cinzenta: a ferida estava visivelmente inflamada, com bordas vermelhas e inchadas, exsudando um pus amarelado que cheirava a podridão. “Nesta época, sem antibióticos… uma infecção como essa pode ser uma sentença de morte.”
Quando o portão rangeu para a saída dos escravos da casa-grande, Carlos levantou-se rapidamente, ignorando a dor latejante que irradiava de sua perna. Alcançou Pedro logo que ele surgiu na entrada.
— Preciso daquela pomada — disse, erguendo a calça para mostrar o ferimento. — Está piorando a cada hora.
Pedro balançou a cabeça, seu rosto mostrando genuína preocupação. — Acabou a que eu tinha. Sua única chance é ir até a capela, do outro lado do lago. O padre Antônio mantém um estoque de remédios. Mas vá depressa! A capela fica do outro lado do lago, perto da casa do pescador. — seus olhos azuis lançaram uma olhadela significativa na direção dos capatazes. — E tome cuidado, saiba que eles não vão ficar te esperando.
Carlos saiu cambaleando, cada passo uma facada em sua perna. “Vou perder o café da manhã, mas preciso mostrar cooperação… só até conseguir uma arma”, repetiu para si mesmo, como um mantra.
Do outro lado do pátio, Jairo observava com olhos estreitos e calculistas. Ele viu Carlos saindo apressadamente em direção ao lago. Rapidamente, acenou para um dos capatazes menores e sussurrou instruções antes de se aproximar de Pedro.
— Espero que não esteja botando ideias perigosas na cabeça do novato — disse Jairo, sua voz um silvo baixo e ameaçador.
Pedro manteve sua expressão calmamente neutra. — Apenas disse onde fica a capela — respondeu, encontrando o olhar do capataz sem vacilar. — É melhor para todos que ele se recupere, não concorda? Um escravo que o senhor Jorge demonstrou interesse… seria uma pena se ele morresse de infecção.
— É bom que esteja falando a verdade — rosnou Jairo, seu hálito azedo atingindo o rosto de Pedro. — Lembre-se do que acontece com quem desobedece… e com aqueles que ele ama.
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A capela branca e simples destacava-se contra o verde intenso da vegetação, sua arquitetura barroca modestamente executada em pedra e cal trouxe à tona memórias distantes da infância de Carlos – visitas a uma capela similar na cidade onde seus avós moravam. O cheiro de terra molhada e mato dava lugar ao aroma de cera de abelha e incenso seco quando ele cruzou a porta de madeira maciça.
Dentro, a penumbra fresca acolheu seus olhos doloridos pelo sol. Bancos de madeira escura, gastos pelo uso, alinhavam-se voltados para um altar simples onde uma cruz de madeira rude dominava o espaço. Não havia ninguém visível, apenas o som de seus próprios passos ecoando no silêncio.
“Cheguei muito cedo”, pensou Carlos, sentindo um aperto de desespero. “O padre deve ainda estar…”
Antes que pudesse completar o pensamento, um padre surgiu de uma porta lateral – não o velho de barba branca que Carlos esperava, mas um homem jovem de talvez vinte e um anos, com cabelos castanhos cacheados e olhos de um azul surpreendentemente gentil que examinaram Carlos sem traço de julgamento.
— Bom dia, filho! — sua voz era morna como mel, preenchendo o espaço silencioso da capela. — Veio confessar seus pecados na casa de Deus? Podemos começar imediatamente. Sei que seu tempo é curto.
“É irônico”, pensou Carlos, um amargo sabor de desilusão enchendo sua boca. Aqui, até os pardos se julgam superiores aos negros, como se um tom de pele mais claro pudesse apagar as correntes que prendem a todos nós. Seus olhos percorreram o rosto do jovem padre, captando a genuína bondade em seus olhos azuis — um contraste tão marcante com o desdém que ele via diariamente nos olhos dos outros brancos, e até mesmo nos dos mestiços.
Aos olhos dos portugueses que governam esta terra, todos nós somos inferiores — negros, pardos, até mesmo os brancos nascidos aqui são vistos como menos, apenas o local de nascimento, altera o valor de uma pessoa. Uma hierarquia de humilhação, camada sobre camada de preconceito, cada uma mais absurda que a outra.
— Na verdade, padre — Carlos ergueu a calça para mostrar o ferimento infectado — preciso de ajuda. Disseram que o senhor tem remédios.
— Chamo-me Antônio — corrigiu o padre suavemente, seus olhos já examinando a ferida com atenção clínica. — “Senhor” é apenas Aquele que está acima de todos nós. Venha, temos um lugar mais adequado para isso.
Um sorriso quase escapou dos lábios de Carlos enquanto observava o padre se afastar. Ele me lembra aquelas senhoras de meia-idade nos ônibus lotados da cidade, pensou, uma memória distante e amarga surgindo em sua mente. Aquelas que ficavam furiosas quando eu lhes cedia o lugar e as chamava de “senhora”. Ele conseguia quase sentir o cheiro abafado do ônibus, ouvir o ruído dos motores e as vozes abafadas, ver os rostos emburrados daquelas mulheres que aceitavam o assento com um resmungo, reclamando do título que lhes era concedido por educação.
Elas escolhiam justo o horário de pico para seus passeios, quando trabalhadores exaustos como eu mal conseguiam ficar em pé, refletiu, sentindo novamente a antiga irritação. E ainda tinham a audácia de reclamar! Quantas vezes eu engoli o que realmente queria dizer: “Tá bom, então, véia do diabo!”
Carlos abanou a cabeça, voltando à realidade da capela silenciosa. “Mas este padre… ele é genuinamente jovem. Chamá-lo de “senhor” soou falso, só disse isso porque achei que nessa época chamariam ele assim. “
Carlos seguiu-o através da porta lateral, por um corredor escuro que cheirava a ervas secas e umidade, até uma pequena sala iluminada por uma única vela. Estantes de madeira simples cobriam as paredes, abarrotadas de frascos de barro de diferentes tamanhos, cada um cuidadosamente identificado com etiquetas manuscritas. O padre selecionou um frasco específico, removendo a tampa de madeira para revelar uma substância azulada que emitia um leve aroma mentolado.
— Sente-se aqui — indicou Antônio, apontando para a única cadeira da sala.
Carlos obedeceu, erguendo novamente a calça para expor o ferimento. A luz da vela revelava a extensão completa da infecção – a pele ao redor estava vermelha e inchada, com finas linhas vermelhas começando a se estender a partir das bordas.
— Pelo visto foi Jairo que te acertou, não foi? — comentou o padre enquanto examinava a ferida com dedos surpreendentemente suaves.
— Como o senhor… como o padre sabia? — corrigiu-se rapidamente.
— O chicote dele possui duas gemas — explicou Antônio, pegando um pouco da pomada azul com os dedos — sendo uma delas a gema da podridão. Uma coisa inútil, que só serve para fazer os outros sofrerem. — Ele começou a aplicar a pomada, e Carlos conteve um suspiro ao sentir a sensação de alívio imediato que parecia penetrar profundamente no tecido inflamado.
— Mas não se preocupe, com este remédio tratamos facilmente seus efeitos.
Carlos observou fascinado enquanto a pomada parecia ser absorvida pela pele, o inchaço já diminuindo visivelmente. “Isso é… incrível. Nada no meu mundo se compara a isso.”
O padre notou seu olhar fixo. — Está curioso? — perguntou, um sorriso gentil apareceu em seus lábios. — Não se preocupe, não estou passando nada de estranho em você.
— É que… — Carlos hesitou, escolhendo suas palavras — nunca vi nada assim.
— É um remédio simples, na verdade — explicou Antônio, continuando a aplicação. — Água sob o efeito da gema da cura, misturada com ervas específicas. Esmago bem as ervas, adiciono a água tratada… — Ele pegou uma colher de madeira simples de uma das prateleiras, mostrando a pequena gema azul-clara incrustada em seu cabo. — Esta colher é uma ferramenta mágica – quando mexo a mistura com ela, a água se transforma nesta pomada, que potencializa os efeitos das ervas.
“É fascinante”, pensou Carlos, sua mente acelerando com as possibilidades. “Gemas em ferramentas do dia a dia… imagine o potencial se combinadas com tecnologia moderna. Armas, veículos, medicina…” Sentiu um frio na espinha ao perceber as implicações. “E eu não posso usar nenhuma.”
Enquanto se perdia em seus pensamentos, o padre terminou o tratamento, amarrando um pano limpo ao redor da perna.
— Pronto — anunciou Antônio, lavando as mãos em uma bacia de água. — Mas tome cuidado – amanhã já estará bem melhor, mas da próxima vez venha mais cedo. As gemas de cura não são onipotentes, especialmente contra a gema da podridão.
Carlos levantou-se da cadeira, testando o peso na perna. Pela primeira vez em dias, a dor era suportável.
— Muito obrigado, padre — disse, e a gratidão em sua voz era genuína.
— Vá em paz, filho. E lembre-se — os olhos azuis do padre encontraram os de Carlos com intensidade surpreendente — a capela está sempre aberta para quem precisa de ajuda.
Carlos agradeceu com um aceno e saiu rapidamente, sua mente já calculando o tempo que levaria para voltar ao canavial. A dor na perna havia diminuído para um latejar surdo, mas uma nova determinação queimava em seu peito. O sol já subia no céu, anunciando um longo dia de trabalho pela frente – mas pela primeira vez desde que chegara a esse lugar, Carlos sentia que talvez, apenas talvez, houvesse uma luz no fim do túnel. E ele estava disposto a fazer qualquer coisa para alcançá-la.

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