Capítulo 92: Ruptura
Em algum lugar do subterrâneo de Atlântis
Após vários tuneis tortuosos, se encontra uma grande caverna com paredes derretidas, como se o próprio magma de um vulcão tivesse passado por ali. O lugar é irregularmente arredondado como uma cúpula. E o chão é de certa forma plano, mas com algumas imperfeições que se afundam por alguns centímetros.
De um lado. Apollo e Pietro estão arremessando pedras, e rocha derretida com fogo em volta. Do outro lado, Sarah tenta desviar de cada arremesso. Os ataques de Pietro são tão fortes que as pedras passam assobiando a orelha dela e ou explodem na parede aos fundos, ou ficam encravadas nela.
Já os ataques de Apollo fazem um arco por cima e despencam aonde ela ainda vai pisar, derretendo o lugar do impacto. Uma sincronia quase perfeita dos dois. Seus ataques se complementam ao ponto de parecerem uma só pessoa atacando. E aos poucos eles vão aumentando o ritmo e variando os tamanhos das pedras.
Sarah por sua vez, parece dançar com cada passo indo para uma direção. Ela se sente sendo conduzida pelos dois para algo, ou algum lugar que ainda não pode imaginar. Sua respiração se intervala entre rápidas puxadas de ar, e um tempo longo o segurando.
Ela porta a adaga em sua mão direita. E em alguns momentos, a usa para desviar a trajetória de algumas pedras. Um feito surpreendente que tira caretas de surpresa dos dois à primeira vista. Mas que logo motivação para eles se soltarem e irem com mais intensidade ainda.
A rajada de pedras se cessa, e Sarah aproveita o momento para respirar e tentar pensar em como vai alcança-los. Seu olhar corre pela centésima vez pelas paredes e cantos do local. Pelas pedras que se acumulam no chão, e pelas pequenas crateras que se espalham por alguns pontos.
Desta vez, ao invés de pedras. Estacas pontudas despontam de um lado para o outro. Modeladas por Pietro, e arremessadas por Apollo, elas logo ganham um tom avermelhado na ponta.
Ao desviar das primeiras, Sarah consegue sentir o calor que cada uma emana. Elas cravam na parede ao fundo, deixando o recado mais do que claro. Se ela errar, eles não terão piedade. Ela sorri por um instante empolgada com tal ação, se não fosse assim, não teria por que estar ali.
Em um ritmo mais acelerado do que antes, ela dispara em uma corrida frenética rente a parede. Apollo até tenta acompanhar a trajetória dela, e lançar as estacas a frente, mas nem toda sua força é capaz de fazer a estaca chegar a tempo. Tudo que ele consegue ver é o rastro de luz que a adaga deixa de forma irregular em meio ao ambiente pouco iluminado.
Pietro sente a pressão do momento e abandona um punhado de estacas que acumulou aos pés de Apollo, e volta a arremessar pedras como anteriormente. Posicionado mais rente a parede, seus arremessos vão de encontro com a corrida de Sarah. A obrigando a mudar a trajetória mais para o centro. Apollo vê a brecha perfeita para um arremesso central bem no meio do peito dela, e não hesita nem por um instante. A estaca é arremessada, e a adaga é direcionada de forma certeira, fazendo a ponta avermelhada deslizar pela lâmina, mudando a trajetória dela.
Apollo se assusta não com oque acabou de presenciar. Mas sim, com a proximidade dos dois. Em um ato de desespero ele busca mais uma estaca, mas não encontra mais nada por ali. Pietro até tenta levantar uma parede de pedra a frente dos dois. Porém já é tarde demais, e Sarah usa a pequena mureta de pedra como degrau e se impulsiona para cima dos dois.
Executando uma voadora com os dois pés juntos, ela atinge Apollo em cheio, o fazendo ser arremessado para traz até atingir a parede. Tamanha força, faz Pietro ser assombrado pela silhueta sutilmente iluminada de Sarah. E em um ato de afronta, ele se despe de todo o medo repentino e engrossa as mãos e os braços com camadas de pedra. Logo ele parte para cima dela com uma velocidade mais alta do que se espera de alguém tão pesado, ao ponto de causar pequenas vibrações ao chão com cada passada.
Observando Pietro, Sarah se prepara para o embate. Quando ele chega a quase um metro de distância. Ela se vira de costas para ele, dando a impressão que vai sair correndo. O que faz ele perder o foco por um momento e abrindo a guarda.
Em um movimento repentino, ela faz um rolamento para trás e no final, usando as mãos, se impulsiona para cima, acertando o queixo dele com a sola dos pés. Pietro cai para trás na mesma hora com a consciência apagada por um breve momento. Tempo o suficiente para Sarah se alçar para cima dele e colocara a adaga apontada para seu queixo. Então ele abre os braços como símbolo de rendição. Logo em seguida deixa seu corpo relaxar ao chão enquanto seus braços vãos se desfazendo e voltando ao tamanho normal.
De repente os dois começam a sentir um calor anormal. E quando olham para onde Apollo estava, observam ele incandescente como as rachaduras de um vulcão prestes a acordar. Pietro pressente o perigo e logo se afasta do local.
Sarah o encara enquanto ele vem caminhando a passos lentos, e por onde seus pés pisam, a marca afundada e derretida deles ficam marcadas. Seus olhos iluminam o ambiente como tochas. A face de Sarah demonstra sua concentração. Então sua adaga brilha mais forte do que nunca, rivalizando o brilho escarlate de Apollo com o seu prateado. Mas ele não para. Então Sarah ativa sua presença de tal forma, que até Shymphony e Sirin a alguns quilômetros acima foram capazes de sentir. Um arrepio genuíno passou por seus corpos. Shymphony temendo o que pode estar acontecendo, começa a vibrar como se estivesse em batalha, e Sirin a perde de vista no instante seguinte.
Quando Shymphony chega no local onde os três estão. Ela encontra Pietro na entrada, observando de longe com o olhar contemplativo e longínquo.
Ao parar e observar o mesmo que ele. Sua boca se abre sem sua permissão.
A sua frente e ao fundo do lugar. Sarah se encontra estática. Seu cabelo todo em pé, faz parecer que não a gravidade no ambiente. Raios cortam o ambiente de forma esporádica em tons prateados, eles são tão repentinos e rápidos que é mais fácil ver seus desfechos que o início. Eles sempre terminam se chocando com as paredes, teto ou chão, e deixam para trás faíscas que vagueiam pelo ar por alguns segundos como vagalumes.
A adaga é o catalisador de todos esses raios. E possível ver uma pequena aura elétrica em volta do corpo de Sarah, alguns pequenos raios demarcam até onde é seguro se aproximar dela. Se é que é possível dar um passo além de onde Shymphony e Pietro estão. Aos pés dela, deitado e de braços esticados, Apollo se encontra tão apagado, que parece só mais um grande pedaço de carvão largado ali. Shymphony serra seus punhos enquanto engole seco. Então ela força seu corpo como um todo a vibrar, isso chama a atenção de Sarah, que só joga o olhar sobre o ombro a observando. Sua expressão neutra, mas com a pupila retraída, foca estritamente nela por um momento. O coração de Shymphony acelera neste momento, a fazendo ficar ansiosa.
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