Capítulo 257 – Só Preciso Acreditar

『 Tradutor: Crimson 』

『O líder do Esquadrão Avançado… que tipo de pessoa ele é?』

Durante o treino, perguntei isso a Ribel.

Sobre os membros do Esquadrão Avançado.

『Um desgraçado.』

Ela respondeu sem qualquer hesitação.

『Arrogante, ganancioso. Engana os outros sem piscar, e trata todo mundo como se fosse apenas uma peça do tabuleiro. Um lixo de ser humano.』

Uma avaliação horrível.

Bom, só pelas histórias que ouvi até agora, e pelo caso do Aiba, minha impressão já era péssima.

『Mas ele é forte. Isso é inegável. Eu me tornei uma morto-vivo, aperfeiçoei a magia e alcancei o título de “Rei da Morte”. Se o topo dos monstros são os Seis Reis, então o topo dos humanos, sem dúvida nenhuma, é ele. Randall é o único ser humano na história que foi reconhecido como igual aos Seis Reis.』

…

Agora eu entendo perfeitamente o que Ribel quis dizer.

Esse cara diante de mim é um monstro.

Está em um nível completamente diferente.

Faz até a primeira que enfrentei — a menina ninja, Shuri — parecer uma criança.

“O que foi? Por que está com essa cara tão tensa?”

“…!”

O homem diante de mim — Randall — sorriu.

A voz dele era límpida, mas não entrava pelos ouvidos; ecoava direto na mente, estremecendo minhas emoções.

Está tudo bem.

A barreira do Rei do Mar está funcionando.

A voz chega até mim, mas ataques e efeitos de habilidades não podem atravessar a barreira.

As palavras dele não têm truque… provavelmente.

“Já que conseguimos nos encontrar assim, que tal conversarmos um pouco, Kudou Kazuto?”

“Conversar…?”

“Sim. Tenho grande interesse em você. Em poucos meses, você cresceu a ponto de se aproximar do nosso nível, aprofundou laços com a Árvore Divina e com o Rei dos Lobos — seres considerados calamidades em nosso mundo — e agora está aqui, diante de mim. Você tem noção da grandiosidade disso?”

“…”

Como eu vou saber?

Eu nem queria estar metido nisso.

Quando dei por mim, já estava no meio dessa bagunça.

Não escute.

Não o deixe ditar o ritmo.

(Caixa de Itens.)

Sem dizer nada, lancei dentro da barreira o objeto que estava guardado na minha Caixa de Itens.

“… Oh?”

Na mesma hora, a visão dele sumiu, ocultada por uma construção gigante.

O que eu joguei foi um enorme prédio.

Graças à barreira, posso lançar o objeto de maior massa da minha caixa de itens diretamente contra ele, sem risco nenhum para nós.

Em seguida, lancei também as bombas que Ichinose havia fabricado.

O que eu lançava agora não era do bombardeio das Forças de Autodefesa, mas sim coisas que eu mesmo havia guardado na Caixa de Itens.

Depois disso, comecei a arremessar tanques de gás, tanques de armazenamento que peguei em postos de gasolina e combustível em geral, um após o outro.

Explosões tão violentas quanto as de antes ocorreram novamente.

Graças à barreira, nem a onda de choque, nem os escombros, nem a fumaça escaparam para o lado de fora.

Se isso fosse o bastante para derrubá-lo, seria fácil…

Mas não seria.

Um ser humano considerado o mais forte de outro mundo, avaliado assim pela própria Ribel, não morreria com algo desse nível.

Do meio da fumaça, Randall reapareceu.

“Ha ha ha. Então não quer conversar. Ou será que Ribel te avisou que trocar palavras comigo é perigoso?”

Ele estava intacto.

Apenas as roupas haviam queimado.

A pele dele não tinha nem um arranhão — literal e totalmente sem dano.

Era absurdo.

(Faltam cerca de cinquenta minutos até a barreira do Rei do Mar se desfazer…)

Queimar o oxigênio dentro da barreira para causar hipóxia levaria tempo demais.

Usar gás venenoso também não funcionaria — ele provavelmente tinha resistências, e quando a barreira caísse, os efeitos na área seriam perigosos demais.

É realmente um problema…

A habilidade de Randall, segundo o que Ribel explicou: Ele é simplesmente forte. Só isso.

Não possui meios de ataque peculiares, mas é forte, resistente e veloz até o extremo.

Além disso, sua regeneração é rápida, ele possui resistências múltiplas e até imunidades completas.

Habilidades como o Troca de Coordenadas da Ribel, maldições usadas por mortos-vivos, habilidades de domínio ou selos não funcionam contra ele.

Para derrotar Randall, só existe uma forma: ser mais forte do que ele.

E a única criatura que conseguiu isso, mesmo que por um instante, foi o Rei do Mar.

O Rei do Mar pode distribuir seus atributos livremente.

Se todos os pontos fossem investidos em ataque, aquele golpe único poderia matar Randall.

Mas o Rei do Mar já não podia lutar — ferido e enfraquecido.

Então… ignorar Randall e derrotar primeiro os outros membros do Esquadrão Avançado?

Isso também não era possível.

Pelo menos eu não podia tirar os olhos dele.

Porque Randall possuía a chave mestre capaz de alterar o sistema.

Não a cópia que Ribel tinha — a original.

Segundo Ribel, ele não deveria usar mais o item, pois modificações adicionais poderiam afetar o sistema inteiro.

Mas caso, por um acaso, ele decidisse usar…

Eu teria que impedi-lo.

― Com minha habilidade de Administrador.

O poder que recebi daquela misteriosa garota branca, dentro do lugar chamado servidor do Sistema Fronteira do Caos.

Apenas uma vez, eu poderia usar um poder equivalente ao da Chave Mestre.

Se Randall tentasse algo, eu teria de pará-lo com isso.

“Entendo… Não quer conversar, mas não tira os olhos de mim. O motivo pelo qual a maior força de vocês não pode desviar a atenção de mim… mais ou menos imagino o que é—”

Randall levou a mão ao queixo e continuou:

“Então esse é o plano de vocês? Me manter preso aqui, enquanto derrotam os outros membros Depois, juntar todas as forças disponíveis e me eliminar no final. É isso, não é?”

“…”

Randall havia deduzido nosso plano com precisão.

“Mas isso é impossível, Kudou Kazuto.”

Ele sorriu de leve.

“Porque todos os outros deste mundo são fracos. Ribel não pode derrotar sozinha o restante. Talvez ela consiga matar alguns, mas isso a esgotaria por completo. E então, o único capaz de ainda lutar seria você. Mas tendo perdido o Rei do Mar, o único que tinha chance real de me matar, essa batalha já está decidida — para nós. Não, para mim.”

“… Isso não é verdade.”

“…O quê?”

Antes que percebesse, eu havia aberto a boca.

Eu não tinha intenção alguma de conversar com ele, mas simplesmente não consegui ficar calado.

“Por que você acha que meus companheiros — que as pessoas deste mundo — são fracas?”

Não é verdade.

Ichinose-san, Nishino-kun, Rikka-chan, Igarashi-san, Goshogawara-san, Nijo, chefe Shimizu, o prefeito, Fujita-san — e todos os outros também.

Sim, o tempo para se preparar foi curto.

Tínhamos mais tempo pela frente, mas fomos pegos de surpresa e obrigados a lutar de repente.

Mas ainda assim.

Nós superamos situações de puro desespero inúmeras vezes.

Sempre compensamos nossas fraquezas, nunca desistimos, sempre avançamos.

Dizer que são fracos — que não servem como força de combate — isso não existe.

Absolutamente não existe.

Randall riu, descaradamente, pelo nariz.

“Então você acredita que podem vencer? Aqueles humanos fracos, sem poder real, vencer o melhor entre os melhores do nosso mundo — o Esquadrão Avançado?”

“É claro que sim.”

Afirmei sem hesitar.

Falei com todas as letras.

“Eu não sou como você. Eu acredito na força das pessoas deste mundo — na força dos meus companheiros.”

Randall, que fala como se sacrifícios fossem naturais, nunca entenderia.

Eu só precisava acreditar.

Acreditar que Ribel, que Nishino-kun e os outros — que todos— iam vencer o Esquadrão Avançado.

Dentro de uma das barreiras divididas.

Também separado e isolado, o membro do Esquadrão Avançado — Beld Raven — aguardava alguém dentro da barreira.

Então, alguém entrou.

Ele nem precisava ver.

A presença era óbvia.

Era alguém que ele esperava há muito tempo.

“…Então veio, traidor. Vergonha da família.”

Beld olhou para a pessoa com puro ódio.

Diante daquele olhar carregado de rancor, o recém-chegado franziu levemente o rosto.

Aivar Raven.

O homem que para Kazuto e os outros se apresentou como Aiba — uma pessoa do outro mundo com a habilidade 『Reprodução』.

Foi ele quem recriou a família de Goshogawara no acampamento e, ao conviver com eles, escolheu ficar ao lado deste mundo.

Um traidor do outro mundo.

E também o irmão mais velho do próprio Beld.

“Há quanto tempo, Beld. Fico surpreso que ainda se lembre de mim.”

Em outra das barreiras divididas.

“Um, dois… três, então. Fora Orion, é a primeira vez que vejo esses rostos.”

“… Ribel-sama…”

Arca Sagrada Orion, Mestre de Barreiras Lizzy, e Assassino Selante Nars.

Esse era o trio isolado pela divisão da barreira.

“Ribel-sama… eu… sobre aquilo, eu…”

“Cale a boca. Que irritante.”

Orion tentou dizer algo, mas Ribel a cortou sem hesitar.

“Você escolheu o seu lado desde o momento em que não segurou minha mão. Não venha agora posar de amiga. Traidora.”

“…!”

Ribel ergueu o cajado, reunindo poder.

“Desculpa, mas tem gente na fila. Vou terminar isso rápido.”

Do lado de fora de outra das barreiras.

“Aquilo ali, Nissy.”

“Aham. Pela descrição, devem ser Riad e Gashmash. Estão bem abalados desde que foram separados.”

“Estão batendo na barreira com tudo… Mas será que vai dar certo mesmo? São dois, sabe? Até o onii-san só conseguiu lidar com um por um…”

“Não temos escolha. Quando a barreira cair, acabou pra gente. Temos que resolver agora.”

“Mas ficar com a Ribel seria bem mais seguro…”

“Seguro, sim. Mas aí não dá tempo de derrotar todos antes da barreira sumir. Se sobrar um que seja, enfrentar o líder Randall se torna impossível. A própria Ribel disse isso.”

“Eu sei, mas…”

“Vai dar tudo certo. Temos um plano. E além disso… recebemos uma ajuda inesperada.”

“Ah, aquelas pessoas. Mas será que dá pra confiar…?”

“Com certeza. Afinal, ela é alguém muito ligada ao Kudou-san—”

E na última das barreiras.

A última integrante do Esquadrão Avançado aguardava calmamente quem viria enfrentá-la.

“… Então veio.”

Sentindo a presença, ela se virou.

Quem entrou na barreira era uma mulher.

E, por algum motivo, havia um gato aos seus pés.

A mulher desembainhou sua espada e se colocou diante da intrusa.

“Sou a Espada Sagrada, Boa Ravenhertz. Guerreira de outro mundo, diga seu nome.”

“Espada Sagrada…?”

“Myaa…?”

A recém-chegada inclinou a cabeça, confusa.

E, de algum modo, o gato aos seus pés também inclinou a cabeça.

Boa achou aquilo um pouco fofo, apesar de si mesma.

“O que foi?”

“Ah, não… nada não. Entendi. Então é isso.”

Após uma expressão de entendimento, a mulher puxou uma espada do próprio ar.

“Meu nome é Kujo Ayame. Vim deter vocês… para proteger o Kazuto-kun.”