Black estava de pé em frente aos cinco Defensores. Tyx se levantou, assim como os outros Defensores; todos olharam para cima de Black — o jovem pareceu confuso, então ele também olhou para cima, notando uma plataforma de vidro refletivo.

    “O que é isso?” Black observou seu próprio reflexo, em seguida voltando sua atenção para frente. “Não é apenas um espelho, é?”

    — Com a concordância de todos, será iniciada a sessão que discutirá a situação do Humano Biologicamente Aprimorado autodenominado de Black. — Tyx declarou, mantendo a postura corporal e seriedade na voz.

    Os outros Defensores assentiram com a cabeça, todos olhando em direção da plataforma acima de Black. 

    — Esta reunião está sendo gravada e transmitida para a Divisão Zero conforme o Tratado de Evelyn, além de ser acompanhada por um representante. — A fala de Tyx foi proferida com um olhar prolongado para a estrutura de vidro, então todos os Defensores sentaram-se.

    “Tratado de Evelyn…? Foi o que ouvi na televisão…” Black encarou a mesa com os cenhos levemente franzidos, alternando seu olhar entre os defensores. “Então existe algum tipo de lei para aprimorados aqui?”

    Tyx fez um movimento com ambas as mãos, afastando-as. Ao fazer isso, um aparelho metálico girou rapidamente, dividindo a luz de um laser em dois feixes; a interferência gerou um padrão complexo de luz, resultando em um holograma imenso que se formou diante de todos, fazendo Black recuar assustado em sua cadeira.

    — Que merda é essa!? — exclamou Black, levantando-se da cadeira e recuando instintivamente, com os olhos arregalados.

    Informações e uma foto dele flutuavam no ar, como em uma tela imensa quase transparente. “Isso é… uma televisão?”

    — Você nunca viu um holograma garoto? — o homem à extrema-esquerda questionou com uma voz calma e levemente aguda. Ele mantinha uma mão no queixo, apoiando a cabeça. — Não se preocupe, é apenas uma manipulação com a luz para criar imagens tridimensionais. Sente-se, por gentileza.

    “Holograma? Luz? Do que esse cara está falando?” Black engoliu em seco, sentando-se lentamente enquanto observava o que estava sendo exibido à sua frente. O holograma mostrava seu tipo sanguíneo, suas medidas, resultados de exames médicos e uma representação do continente africano, com uma área no norte demarcada em vermelho.

    — Isso é o que sabemos sobre você, que não explica muita coisa. E como não temos jurisdição sobre o continente africano… — o homem sentado no centro, disse com voz imponente, cruzando os braços e erguendo o queixo. — Informações sobre você são ainda mais escassas, principalmente devido aos conflitos que estão ocorrendo no momento.

    “Conflitos? Eu ouvi soldados falando sobre isso; deserto vermelho, não sabia que havia outros…” Os punhos de Black se fecharam lentamente. Seus olhos estavam perdidos na tentativa de alcançar uma memória, mas sem sucesso.

    — Antes de começarmos, acredito que devemos apresentar nossa realidade, da qual o jovem não tem familiaridade. — Tyx olhou para o homem no centro, que fez um gesto com a mão e acenou com a cabeça.

    — Prossiga.

    Tyx moveu as mãos sobre a mesa, parecendo manipular um dispositivo. O holograma mudou, mostrando imagens de prédios espelhados, uma enorme ponte de concreto e, finalmente, a imagem real da estátua segurando uma espada desenhada na porta.

    — Você sabe onde estamos? — Tyx questionou.

    — No edifício Iovem, na América, eu acho… — Black respondeu encarando o holograma. — Pelo menos foi o que vi lá embaixo.

    — América do Norte, para ser mais exato. Você está em Nova Atlântida, exatamente no distrito de Tlamanalli. — Tyx explicou erguendo o braço em direção aos indivíduos sentados. — Estes são os Defensores dos Estados Unidos da América. O primeiro à sua esquerda é o Visionário; a segunda é a Amazona; o terceiro e nosso líder é o Dragão Vermelho; o quarto é Titan; e por fim eu que sou Tyx.

    “Então ele realmente é um Defensor. É até difícil imaginar alguns destes caras são a força máxima do país.” Black se ajeitou na cadeira enquanto observava a apresentação de todos ali, terminando com seu olhar sobre Tyx.

    — Então, você não sabe seu verdadeiro nome? Lembra-se se tem família ou conhecidos? — Titan se projetou para a frente na cadeira e encarando os olhos amarelados, semelhantes aos seus.

    — Não consigo lembrar de nada… as coisas que vêm à mente são apenas borrões… — Black alternou o olhar entre Titan e seus punhos. — Posso perguntar algo a você?

    — Somos nós que fazemos as perguntas. — disse o Dragão Vermelho, interrompendo Black. — Você apenas as responde.

    Titan encarou o Defensor do centro, não discordando de sua postura, mas apenas suspirando.

    — É claro que é assim… — Black arqueou os lábios, retraindo lentamente os punhos e olhando em direção de Tyx.

    — Sim, e você irá obedecer. — respondeu o Dragão Vermelho de forma imponente.

    Black apenas bufou, fechando o seu semblante.

    — Em suas informações, está dito que sua possível terra natal é a Líbia. E pelo visto você consegue falar nossa língua fluentemente, onde aprendeu o inglês? — perguntou a Amazona, com um tom amigável.

    — Não sei, eu apenas consigo. — explicou Black, abrindo as mãos e depois fechando-as com força, olhando para Tyx. — Convidado é uma ova, é obvio que eu não passo de um maldito prisioneiro!

    — É melhor você mudar seu tom! Não esqueça que é por nossa causa que você está aqui sentado e não preso em uma jaula! — o Dragão Vermelho se exaltou, com uma voz imponente e distinta das demais. 

    Apesar da imponência, Black franziu o cenho e forçou os punhos contra a mesa.

    — Quer que eu agradeça!? Você só pode estar de brincadeira! — Black se exaltou, batendo com os punhos na mesa, afetando toda a sua estrutura.

    O Dragão Vermelho fez menção de se levantar, mas a Amazona tocou em sua mão, acenando negativamente com a cabeça; ele ponderou por um momento, olhou em direção da plataforma reflexiva e então voltou a se sentar.

    — Escute, Black, somos os Defensores. Estamos aqui para te ajudar; só precisamos entender melhor a sua situação — Amazona tomou a frente da conversação, tentando apaziguar a situação.

    Ela gesticulava brevemente com as mãos, mantendo a voz em tom ameno, com uma expressão acolhedora. No entanto, foi interrompida por Black.

    — Me ajudar!? Estou preso e nem sei o porquê! — Black respondeu, cerrando os dentes e se levantando da cadeira, respirando profundamente. — Não confio em vocês! Lembro de poucas coisas, e uma delas é sobre vocês! Abavikeli bangababulali!

    Sua visão começou a turvar, os flashes de figurar piscaram em sua visão e o zunido voltou a ecoar em seus ouvidos. Ele notou que o Dragão Vermelho havia se levantado e apontou o dedo indicador em sua direção, como se lhe ordenasse.

    — Eu… não vou… voltar para uma maldita cela…! — Black dizia, tentando recuar, com saliva escorrendo pela boca durante sua fala. — Não… de novo…!

    Ele colocou a mão na cabeça; sua visão estava ficando tão turva que não conseguia ver nada além de silhuetas piscantes. Então, o zunido se transformou em dor, e ele cerrou os olhos com força, tentando conter o grito que brotava de seu corpo. Era como se estivesse caindo profundamente em seu próprio subconsciente; então, de repente, tudo se tornou escuridão.

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