— Por favor, vamos trabalhar juntos! Vocês não precisam ser amigos, mas eu preciso que sejamos um time! — Karoline disse olhando seriamente para Black e Demian enquanto recolhia o equipamento do chão. — Vamos agir com cautela e tentar obter mais informações enquanto estivermos em campo, certo?

    Ambos inicialmente se encararam, mas eventualmente concordaram com a cabeça. Em seguida, os três seguiram através do portão duplo, dirigindo-se por um corredor totalmente coberto por metal que terminava em mais uma porta dupla mostrando o chão de areia do local.

    “Eu não quero machucar outras pessoas…”

    Black encarava o chão enquanto andava pelo corredor escuro, fechando os punhos firmemente.

    “É melhor eu pensar em outra coisa…”

    — Você sabe quão grande é a Acrópole? Quer dizer, tem até mesmo uma área destinada a testes… — Black disse com a voz levemente alterada enquanto seguia em direção à luz no fim do corredor.

    — E isso é pergunta para se fazer agora? — Demian retrucou com um tom provocativo. — A nossa LÍDER não disse para focar no teste? 

    — Acredito que poucas pessoas têm real conhecimento sobre quão fundo a Acrópole realmente é; mas sim, é bastante profunda. Afinal esta não é a única área de testes… — Karoline respondeu olhando levemente por cima dos ombros enquanto seguia à frente dos demais. — Agora vamos manter o foco no teste, okay?

    Black apenas concordou com a cabeça enquanto a luz se aproximava cada vez mais. Finalmente atravessaram a porta dupla.

    Seus olhos lentamente se adaptaram ao grande local e o cheiro de terra tomou conta de suas narinas; não era mais lavanda; ele estava em outro ambiente agora. Havia diversos refletores iluminando bastante o centro, deixando a penumbra prevalecer ao redor. A construção mal podia ser notada; espaços para janelas e sua extremidade superior eram visíveis por conta dos pequenos morros que a ocultavam.

    Black olhou ao redor; a estrutura era enorme, como uma caixa gigante de metal e nas partes superiores havia diversas instalações metálicas com vidros e enormes telões marcando um tempo de sessenta minutos.

    Black fechou os punhos e encarou as plataformas com seriedade. Então finalmente a sirene tocou e os telões passaram a realizar a contagem regressiva.

    Os três adentraram a área nordeste do teste, em um local com pouca iluminação. A maioria da luz vinha do centro, que era bem iluminado e refletia grande parte para o restante da área. Eles estavam próximos a uma zona escondida por alguns montes de terra, mas conseguiram ver a frente da construção.

    Karoline estava na frente, liderando o grupo, Demian à esquerda e Black à direita. Após a entrada dos jovens, o portão atrás deles se fechou.

    — Então, qual é o plano? — Demian perguntou um pouco apreensivo.

    — Precisamos ter controle do campo primeiramente para conseguir informações. Depois, formaremos um plano de ação. — Karoline disse se aproximando mais dos dois. — Black, você vai ficar no centro; fique de olho no homem da clareira e nos avise se ele agir de alguma forma.

    — Certo… — Black concordou com a cabeça, olhando em direção à construção que estava a uma certa distância.

    — Tente se manter escondido nesses pequenos morros; você precisa ficar nessa posição para amparar qualquer um de nós, caso seja necessário. — Karoline explicou, apontando para alguns morros que ficavam em direção à construção central. — Demian, você vai pela esquerda e nos informará se houver possibilidade de entrar pela retaguarda.

    Demian apenas concordou com a cabeça, olhando em direção ao seu destino.

    — Eu vou pela direita e tentarei identificar quem são os instrutores. Assim que tivermos mais informações, faremos um plano de ação. — Karoline concluiu ao colocar uma mão no centro e olhar para os outros dois.

    — Isso é realmente necessário? — Demian questionou, expressando desconforto.

    — O que é isso? — Black perguntou com uma sobrancelha levantada.

    — Apenas um ritual de boa sorte. — Karoline disse com um sorriso confiante. — É só colocar a mão sobre a minha.

    “Ritual de boa sorte… essa é nova…”

    Black decidiu colocar a mão sobre a de Karoline e, por fim, Demian também o fez após certa relutância, mas não colocou a mão sobre a pilha; apenas a deixou próxima. No entanto, Karoline segurou a mão dele com sua mão livre e a colocou sobre a pilha.

    — 1, 2, 3… à vitória! — Karoline exclamou levantando as mãos de todos com um sorriso sério. — Lembrem-se de comunicar tudo pelos fones; vamos lá!

    Cada um seguiu seu destino. Black se esgueirou em direção ao morro de terra em frente à construção. Demian seguiu pelo caminho da esquerda, escondido por muitas sombras dos morros que rodeavam toda a área. Karoline seguiu pela direita, também se esgueirando e tentando não ser vista enquanto avançava para obter uma melhor visão do local.

    Black se moveu lentamente — o chão era majoritariamente feito de terra, com alguns cacos de vidro espalhados. Ele se locomovia cuidadosamente para evitar fazer barulho desnecessário. Ao chegar no topo do morro, ele se deitou na terra e observou a clareira à frente: lá estava o homem enorme, comendo uma rosquinha recheada enquanto observava ao redor; ao seu lado no chão havia uma caixa de rosquinhas vazia.

    — Tenho visão do centro; o grandão parece estar distraído comendo… — Black sussurrou após apertar o fone em seu ouvido.

    Karoline ouviu a voz de Black através do fone enquanto se esgueirava por alguns destroços de concreto à direita.

    — Se eu soubesse, teria trazido uma pizza para subornar a desistência dele… — Demian disse enquanto se esgueirava próximo a uma área aberta repleta de destroços de concreto. 

    Ele observava a construção no centro através do que parecia ser uma janela com vidro quebrado ao meio.

    — Foco! — respondeu Karoline com insatisfação na voz. — Vamos manter a concentração; o que você vê, Demian? 

    — É… eu sei… bom, não consigo ver nada de mais; apenas…

    Quando estava no meio da frase, todos ouviram um grito que ecoou por toda a arena.

    — Demian!? O que houve!? — Karoline perguntou tentando observar a direção que Demian havia seguido; porém, os morros e a construção impediam sua visão.

    “Esse idiota já foi pego…”

    — Eu vou verificar. — Black disse se preparando para levantar-se; porém, a voz de Demian foi ouvida novamente no fone.

    — Eu estou bem… — Demian disse com a voz ainda assustada. — Só que eu acho que vi um fantasma de novo… tinha o reflexo de alguém no vidro…

    Black suspirou e fechou os olhos antes de voltar a olhar para frente da construção. Percebeu que o homem na frente da construção olhou em direção de onde Demian estava.

    — Parabéns, você acabou de denunciar sua posição… — Black disse inclinando-se para ver melhor. — Eu vou avançar.

    — Não espere…! — a jovem começou a falar, porém, logo olhou para o chão.

    ela deixou escapar uma expressão de realização, abrindo bastante os olhos enquanto encarava os poucos cacos de vidro no chão e percebia um reflexo de um olho que logo desapareceu.

    Quando estava prestes a formular uma fala, ela ouviu passos rápidos se aproximando. Ao se virar na direção dos passos, viu a figura de dois homens que já estavam a cerca de dois metros de distância. Eles eram velozes e desferiram um chute lateral sincronizado um com o outro.

    Karoline conseguiu apenas se defender com os braços, protegendo sua cabeça; um dos chutes iria atingi-la no rosto, mas seus braços amenizaram o impacto enquanto o outro atingiu seu tórax arremessando-a por alguns metros. Karoline girou no ar como um boneco de pano, mas caiu com controle. Rolou no chão, os braços protegendo o rosto. Ao se erguer, chamas dançavam ao redor de seu corpo como uma resposta instintiva enquanto suas pupilas cintilavam — e o olhar nos seus olhos não era mais de surpresa, mas de fúria

    De próximo ao seu corpo surgiram chamas intensas que queimaram brevemente ao seu redor; porém logo foram controladas, mantendo-se apenas ao seu redor.

    — Ora ora ora…

    — Parece que temos…

    Os dois homens responderam em sintonia, quando um terminava, o outro complementava; eles tinham a mesma voz e mantinham um tom superior. Por fim, mais um surgiu entre os dois.

    — Convergentes!

    Este foi o último a falar e chegou ao local andando sem parecer preocupado. Eram homens brancos com cabelos longos pretos presos em rabos de cavalo. Vestiam ternos pretos, calças sociais e sapatos sociais. Era notável que todos usavam óculos escuros. Os homens tinham boa aparência e exibiam sorrisos confiantes.

    Karoline observou os três com os dentes levemente cerrados, levantando-se e mantendo o fogo queimando apenas em seus punhos.

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