Capítulo 12
— Não se deu ao trabalho de vestir a máscara para esconder sua identidade!? — Karoline disse com um leve sorriso no rosto enquanto observava os três indivíduos. — Eu sei que não preciso lidar com suas cópias; se você for desacordado, elas são desfeitas!
— Eu me recuso a esconder esse rosto bonito do mundo, minha querida. — apenas o homem do centro respondeu, enquanto os outros dois faziam poses estilosas, exibindo sorrisos bonitos.
A jovem apenas revirou os olhos, assumindo uma postura de luta com os dois punhos em frente ao rosto.
— Então, usando óculos para esconder quem é o original? Não acha que a escuridão vai te atrapalhar? — Karoline provocou com um leve sorriso.
— Não tem problema, princesa; o brilho de suas chamas vai iluminar o meu caminho! — novamente o homem que estava no centro respondeu com confiança.
Então, os dois que estavam ao seu lado avançaram em direção a Karoline, correndo velozmente de maneira sincronizada.
Percebendo a movimentação, Karoline usou as chamas para impulsionar um salto para trás. As chamas lançadas permaneceram e formaram uma parede de fogo à sua frente como um obstáculo para seus adversários.
Quando ela se apoiou no chão, alguns metros atrás, juntou as mãos, abrindo-as e apontando em direção à parede de chamas. Das palmas de suas mãos, um projétil do tamanho de uma bola foi lançado. A bola de fogo disparou rapidamente e, ao passar pela parede de fogo, as chamas se juntaram em formato circular, formando um projétil ainda maior que atingiu o homem do centro, gerando uma explosão de chamas e incendiando-o no processo.
Ele gritou de dor, o que fez Karoline demonstrar preocupação. Rapidamente fechou a mão e extinguiu as chamas que estavam no corpo de seu adversário. O homem do centro se ajoelhou, chamuscado, e logo começou a gargalhar.
— Você deveria se preocupar mais com você mesma, princesa; afinal, a única coisa quente aqui sou eu…
Ele respondia fazendo poses enquanto estava ajoelhado e as outras duas cópias pararam para aplaudi-lo. Porém, logo em seguida, a jovem que exibia uma expressão de desgosto estalou os dedos — os poucos focos de fogo que ainda estavam nas roupas do homem do centro se acenderam novamente, voltando a incendiá-lo até torná-lo apenas uma gosma cinzenta no chão.
Enquanto derretia, os outros dois rapidamente correram em direção a Karoline, formando uma fila tão bem alinhada e sincronizada que, do ponto de vista dela, parecia que apenas uma pessoa estava correndo. Ela desferiu mais um projétil de fogo e, quando este estava prestes a atingir o alvo, ambos desviaram; um para cada lado e o terceiro que surgiu pulou por cima do projétil com um sorriso confiante. O projétil explodiu atrás deles enquanto corriam em direção de Karoline.
Ela observava a situação com os dentes cerrados, percebendo que agora seus adversários a cercavam e se preparavam para efetuar um novo ataque.
Black percebeu a explosão de fogo na direção onde Karoline havia seguido. Ele rapidamente se levantou para tentar ter uma melhor visão do que estava acontecendo.
— É um plano bem idiota adentrar um local perigoso pela porta da frente, não acha? — o homem enorme provocou enquanto terminava de comer sua última rosquinha. — Mas eu já estava me perguntando quanto tempo você ficaria deitado aí.
Ele se manteve de pé encarando Black que agora se aproximava mais da clareira e da luz, tocando o fone em seu ouvido e falando brevemente: — Vou ser breve aqui e já irei ajudar vocês…
— Que confiante! — o homem enorme disse ao limpar sua mão direita e seu rosto com um guardanapo antes de guardá-lo. — O que te garante que você será breve?
— Você não vai querer lutar comigo, grandalhão. — Black disse ao se posicionar próximo ao homem.
— Eu acho que vou querer sim. — o homem grande respondeu enquanto observava os olhos de Black.
Os dois se encararam. O homem era apenas alguns centímetros mais alto que Black; porém, sua figura era certamente mais imponente.
— Olhos amarelados… então você é um Gamma e já atingiu o Ápice Absoluto…?
— Eu gostaria de explicar, mas não estou com tempo nem paciência para isso. — Black respondeu com um olhar sério antes de abrir um leve sorriso. — Mas relaxa; vou pegar leve com você…
Black se preparou para desferir um golpe com o punho direito. Ele assumiu uma postura de combate e logo desferiu o golpe que foi bruscamente parado pela mão direita do homem à sua frente. O impacto gerou um forte som que ecoou pelas proximidades.
Black olhou surpreso para o homem grande e percebeu que suas pupilas cintilavam na cor vermelha; notou também que seu corpo começava a se transformar: toda a gordura estava sendo convertida em músculos. Rapidamente ele tentou puxar sua mão; porém a força exercida pelo homem impediu qualquer movimento.
— Vou te ensinar uma coisa… em um combate real, geralmente o primeiro a cair é aquele que subestima seu adversário! — o homem respondeu aumentando sua voz conforme falava.
Ele preparou um golpe e logo desferiu-o com a mão esquerda aberta, acertando uma parte do tórax de Black. Este recuou lentamente, desnorteado e tossindo bastante enquanto segurava o local onde foi atingido e se ajoelhava por conta da dor. O homem grande respirou fundo; seus lábios tremiam levemente enquanto ele fechava os olhos. Expirando em seguida, olhou para Black, que lentamente tentava se levantar com dificuldade.
— Fazia tempo… — o homem grande murmurou para si mesmo enquanto realizava pequenos pulos, demonstrando certa agilidade antes de se dirigir ao encontro de Black. — Relaxa moleque; eu acertei seu fígado! Você pode ser o mais resistente do mundo; mas se souber onde acertar até uma montanha pode cair! Hahaha!
Ele se aproximou de Black que estava ajoelhado apoiando-se com uma mão no chão enquanto a outra estava no local do golpe. O homem encarou Black abaixando-se e segurando-o pelo ombro com sua mão direita.
— Você vai aprender que em uma luta todos sabem bater; mas são poucos os que sabem apanhar…
Enquanto apoiava sua mão no ombro do jovem, este rapidamente apoiou seus pés no chão e usou o impulso para desferir um golpe com sua cabeça, atingindo em cheio o rosto do homem grande.
— Argh!
Após o golpe desferido, o homem recuou lentamente com o rosto abaixado antes de cuspir um pouco de sangue no chão enquanto apontava seu dedo indicador para Black. Este agora estava em pé com a respiração irregular.
— Boa… boa… haha… — o homem grande disse tampando uma narina e expelindo sangue pela outra ao soltar o ar. — Sabe cara? Fazia tempo que eu não entrava em uma luta… como eu senti falta disso!
Dizia ele com uma mistura de seriedade e euforia no olhar. Logo suas pupilas cintilavam ainda mais e seus músculos se tornaram ainda mais definidos enquanto um sorriso surgia em seu rosto.
Black também olhava com seriedade adotando uma postura de combate; armando-se com os braços em frente ao rosto enquanto respirava fundo.
— Qual é seu nome, moleque?
— Eu não lembro… então pode me chamar de Black.
Black retomava a respiração, posicionando os pés e encarando o homem enorme, que deixou escapar uma gargalhada.
— Eu me chamo Bobby; é um prazer, Black. — o homem enorme disse, fazendo movimentos com os ombros. — Mas agora, pode me chamar de Esmagador…
O Esmagador assumiu uma postura de combate similar à do jovem à sua frente, porém com as mãos abertas. O ar intimidador de sua fala podia ser facilmente notado, mas não parecia afligir Black.
Os dois se encararam por alguns segundos, totalmente concentrados um no outro, apenas esperando o momento certo para avançar. Após suspirar, o Esmagador avançou rapidamente em direção ao combate. Black também reagiu velozmente e foi ao encontro do Esmagador.
Quando estavam de frente um para o outro, o Esmagador realizou uma finta com o corpo e desferiu um golpe com a mão esquerda; no entanto, Black conseguiu antecipá-lo, bloqueando o ataque com seu antebraço direito. Em seguida, Black tentou desferir um soco direto com seu punho esquerdo, mas este foi interceptado pelo Esmagador.
— Não é muito de esquerda, né! — o Esmagador deixou escapar um leve sorriso enquanto Black exibia uma expressão de frustração.
O Esmagador escorregou sua mão pelo punho esquerdo de Black, segurando seu pulso e colocando um pé atrás da perna esquerda dele antes de empurrar seu peito, fazendo-o cair no chão.
Demian observava toda a luta à distância, impressionado com o barulho dos choques dos golpes.
— Nem ferrando que esses caras são tão fortes assim… — ele sussurrou para si mesmo, logo passando as duas mãos sobre o rosto. — Eu tenho que focar! Se os dois estão ocupados, eu vou salvar os reféns.
— É uma ação bem covarde da sua parte, não acha? Seu amigo pode precisar de ajuda.
— Ele não é meu amigo; ele disse que conseguia lidar com o grandalhão. Então eu vou seguir com o plano de salvar os inocentes. — Demian continuou sussurrando consigo mesmo.
— E você acha que vai ser fácil assim…?
— Bom, pelo tamanho do fogo, a Miss Perfeição não deve estar lidando com um adversário só; e o bombado de academia está chamando atenção na frente… — Demian murmurou para si. — Então a probabilidade de eu entrar escondido e resgatar o refém é maior do que se eu tentar ajudá-los.
— Você tem certeza?
— Mas é claro! Você acha que eu sou idiota ou algo assim…? — Demian sussurrou indignado.
Porém, ele arregalou os olhos ao se virar lentamente para ver quem estava atrás dele sussurrando em seu ouvido. Ao se virar, viu uma figura pálida de balaclava bem ao lado de seu ombro. Isso fez com que ele deixasse escapar mais um grito que ressoou por toda a arena; todos pararam por um segundo para observar antes de retomar à ação.
A figura atrás de Demian desferiu um chute em sua direção; no entanto, o jovem conseguiu desviar, caindo no chão e rapidamente se levantando enquanto agarrava uma pedra. Seu atacante observou-o com a perna que desferiu o golpe levantada. Demian retomou sua postura, escondendo a mão que segurava a pedra.
— Para um pirralho fora de forma, você até que tem bons reflexos. — o homem disse para Demian com uma voz cansada.
— Você precisa trabalhar melhor esses seus elogios; mas agradeço de qualquer forma. — Demian respondeu com uma expressão um pouco assustada, mas exibindo um sorriso esquisito.
— Você acha que essa pedrinha vai fazer alguma coisa? É sério? — o homem magro disse abaixando a perna. — Vou te mostrar algo que realmente vai te deixar com medo.
O brilho nas pupilas do homem cintilaram em tom alaranjado e em suas mãos formaram-se lentamente duas lâminas negras longas o suficiente para alcançar o chão.
— Você não está realmente pensando em usar uma lâmina contra um adolescente, né…? — Demian disse dando um passo para trás com os olhos assustados.
— Não se preocupe; eu não as fiz com fio de corte. Mas elas ainda podem quebrar alguns ossos quando atingirem seu corpo. — o homem respondeu se aproximando lentamente de Demian.
— Você não pode estar falando sério, não é? — Demian respondeu com um sorriso desconcertado.
O homem apenas sorriu enquanto segurava as lâminas em suas mãos.
— Você deve saber que me chamam de Criador Noturno. — Quando o homem avançou em direção a Demian. — Agora, vou te dar uma demonstração de uma das minhas criações… Argh…
Ao avançar, ele foi interrompido por areia arremessada pelo jovem e atingiu seu rosto. Ele soltou as lâminas e tossiu, retirando rapidamente a balaclava para tentar limpar os olhos e o nariz. Era um homem de pele quase pálida com um rosto magro e cabelos longos. Em seguida, abriu lentamente os olhos.
— Mas que… droga! — quando olhou novamente para frente, percebeu que o jovem não estava mais lá. — Para onde aquele pirralho foi!?
‘Maninho, por acaso um ajudante acabou de ser mais esperto que você e conseguiu te passar a perna?’
A voz feminina cansada e rouca parecia esconder uma risada que ainda podia ser ouvida no fone do Criador Noturno.
— Eu tenho certeza de que ele pegou uma pedra e não areia! — ele explicou para o fone enquanto ainda limpava o rosto. — Se ele acha que vai longe, é um pirralho muito ingênuo!
‘Ele está correndo em direção à nossa base; atrás dele maninho! E cuidado para não perder de novo para um ajudante em…’
A voz no fone disse com um leve tom de deboche.
— Cala a boca! Eu odeio essas atuações que temos que fazer! Eu estava brincando quando disse que iria quebrar os ossos dele, mas agora estou tentado a tornar isso realidade. — o Criador Noturno estava com os dentes levemente cerrados. — E já te avisei: não me chame assim enquanto estivermos trabalhando! É vergonhoso!
— Tudo bem, maninho…
O Criador Noturno suspirou pegando as duas lâminas do chão e se dirigindo em direção à construção.
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