Capítulo 47
Demian segurava o fone em seu ouvido enquanto observava a mulher no interior da sala, claramente desconfortável enquanto mordia os lábios inferiores.
— Por que esses idiotas não respondem? — ele murmurou para si, tentando ouvir algo, porém não havia resposta. — Que se dane, vou fazer do meu jeito…
Ele adentrou lentamente a sala com passos lentos e se dirigiu em direção à mulher agachada próxima da parede. Ao alcançar o centro da sala, o cachorro que estava no ombro da mulher o encarou e começou a rosnar em sua direção.
— Eu estava me perguntando quanto tempo você iria ficar me espiando pela porta. — a mulher disse ao abaixar o cachorro e deixá-lo no chão, este ficou rosnando para Demian.
— Ah, qual é? Vai me dizer que você sabia que eu estava aqui? — Demian perguntou ao deixar de se esgueirar, claramente insatisfeito em sua entonação.
A mulher apenas concordou com a cabeça, sorrindo enquanto cruzava os braços.
— Até parece! Você é a única mulher aqui, então eu sei que é você que consegue ver através dos vidros e não havia nada do tipo por aqui… — Demian disse com o queixo levemente levantado. — O que custa você admitir que soube da minha posição porque o cachorro…
Enquanto Demian discursava, a mulher simplesmente retirou um EPIC de um bolso do vestido, tocou na tela enquanto suspirava e depois mostrou a imagem para ele. A tela mostrava um vídeo de Demian adentrando a construção em repetição.
O jovem parou de falar e colocou uma mão sobre a testa contraindo todos os músculos faciais.
— Ahhh… a câmera… — Demian disse fechando os olhos.
— Éééé… a câmera. — a mulher respondeu concordando enquanto gesticulava com o celular na mão.
— Por que vocês têm acesso às câmeras!? — Demian questionou, indignado. — Isso é trapaça!
A mulher deu apenas de ombros, mantendo um leve sorriso torto no rosto. Demian suspirou e logo retomou sua compostura, olhando para suas costas e abrindo um sorriso torto também.
— De qualquer forma, tanto faz; o que importa é que não tem ninguém aqui para te defender. — Demian disse estendendo a mão direita em direção à mulher. — E você vai passar o cachorro… quer dizer, o refém para mim…
A mulher riu consigo mesma, negando com a cabeça. Demian contorceu os lábios, coçando a parte de trás da cabeça, claramente desconcertado.
— O que era para ser isso? — ela disse se abaixando e fazendo carinho no cachorro enquanto ignorava Demian. — Não acredito que meu irmão conseguiu ser enganado por um garotinho igual você…
— Garotinho…? — Demian levantou uma sobrancelha, demonstrando irritação já que não estava sendo levado a sério. — Escuta aqui: se você não me passar o refém agora…
— O que você acha que vai fazer? Afinal, você nem sequer está em vantagem. — ela respondeu cortando as palavras de Demian. — Não é maninho? Você acha que ele vai conseguir fazer alguma coisa?
— Já falei para você não me chamar assim!
Demian rapidamente virou-se e notou que o Criador Noturno estava escorado na porta com os braços cruzados. Cerrou os dentes e franziu os cenhos, divergindo seu olhar entre os dois indivíduos.
— Vamos te dar uma chance garoto; se você quiser poder se render agora… — o Criador Noturno disse adentrando a sala.
Demian abaixou a cabeça estalando a língua; seus olhos se focaram no cachorro. Todos seus dedos se esticaram enquanto ele se preparava para avançar em direção à mulher, que levemente arregalou os olhos em reação.
— Ah, que se dane! — Demian exclamou avançando rapidamente
O chão abaixo dele demonstrou algumas rachaduras não naturais quando o jovem saiu do lugar. Ele preparou sua mão direita para um possível golpe com a mão aberta em direção da mulher de vestido branco, que se manteve calma, apenas andando em direção a ele e observando o avanço do jovem.
O Criador Noturno parou e cruzou os braços, encostado ao lado da porta com um sorriso.
— O que você pensa que vai fazer? — a voz cansada da mulher foi proferida com uma expressão de desânimo.
— Acabar com você! — Demian respondeu com os dentes cerrados e as mãos abertas, pronto para atacá-la.
A mulher se moveu para a esquerda com passos suaves; sua mão direita alcançou rapidamente o pulso de Demian, enquanto sua mão esquerda foi ao ombro dele, e seu pé esquerdo foi usado como obstáculo, fazendo com que Demian tropeçasse quando ela utilizou o momento do golpe para arremessá-lo no chão. Em seguida, ela apoiou o joelho nas costas de Demian, torcendo seu braço e o imobilizando.
O jovem foi conduzido para o chão como em uma dança, demonstrando sons que misturavam dor, surpresa e indignação.
— É sério que você realmente não conseguiu deter esse garoto? — a mulher disse, forçando o corpo do jovem no chão com o peso do seu corpo.
— Cala a boca… — o Criador Noturno respondeu indignado, balançando a cabeça e, em seguida, andando lentamente em direção a ambos. — Já vai ser humilhante o suficiente ter que ouvir o que os outros vão dizer.
— Ah, eu já consigo imaginar — a mulher respondeu com um sorriso, em seguida imitando uma voz masculina. — “Caramba, quem diria que você seria superado pela sua irmãzinha… de novo… essa Vidro é bem mais do que aparenta, não é? Hahaha!”
— Ei… — Demian tentava olhar para trás, franzindo a sobrancelha com claro desconforto.
— Xiu! — Vidro disse, dando um leve tapa na cabeça de Demian. — Os adultos estão falando!
O cachorro rosnou para o jovem imobilizado, latindo para ele em seguida. Demian franziu o cenho ao encarar o cachorro e suspirou.
— Ei, garoto, vai se render ou eu vou ter que deslocar seu ombro? — Vidro disse, forçando o ombro de Demian para trás.
— Na verdade… — Demian respondeu fechando os olhos com força. — Isso tudo faz parte do plano…
Vidro levantou uma sobrancelha e fez um bico com a boca, olhando para seu irmão e negando com a cabeça.
— O que você pensa que vai fazer agora? Você está literalmente imobilizado…
O Criador Noturno discursava enquanto se aproximava de ambos, até o momento em que pisou onde Demian estava anteriormente. Ao apoiar o peso de seu corpo sobre o pé, o chão que estava anteriormente rachado cedeu, criando um pequeno buraco que o Criador Noturno caiu, mas ele conseguiu se apoiar com os braços na extremidade.
No momento em que Demian ouviu o barulho do chão cedendo, ele fechou as mãos e fechou os olhos com força. O cachorro à sua frente ululou, se afastando com o rabo entre as pernas.
De repente, Vidro se afastou de Demian; ela se levantou rapidamente, gemendo de forma contida. Ela olhou para as suas mãos trêmulas, sua pele estava lentamente ficando ressecada, e suas veias e artérias se tornando aparentes, sendo possível notar até mesmo através da pele.
— O que é isso!? — ela gritou, esfregando as mãos nos braços em movimentos de repulsa.
Nesse meio tempo, Demian avançou com um pulo e pegou o cachorro em seus braços, se arrastando no chão. O cachorro ululou novamente, e Demian virou-se no chão em direção dos dois presentes na sala, com um sorriso torto e uma respiração levemente ofegante.
— Té mais! — Demian gritou ao segurar o cachorro com dificuldade, já que este não se mantinha calmo, tentando fugir de suas mãos a todo custo.
O chão abaixo dele rachou em instantes e, em seguida, se transformou em pó, fazendo com que ele caísse para o andar inferior.
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