Capítulo 3
— O que será que aconteceu? — Karoline estalou a língua, estava com uma pequena bebida próximo aos machucados em seu rosto, a bebida ainda estava gelada, mas aos poucos ela descongelava.
Ela estava sentada novamente naquele banco próximo da máquina de bebidas, naquela área que prescindia a arena em que ocorreu o teste.
A porta do vestuário masculino se abriu e Demian saiu de lá com suas roupas causais, ele olhou ao redor inicialmente antes de se aproximar de Karoline.
— Caramba, te pegaram de jeito em… — Demian olhou para os machucados demonstrando os dentes como uma expressão empática de dor. — Alguma ideia do porquê que fomos retirados as pressas da arena?
— Não sei, quando eu consegui sair eu somente consegui ver as luzes verdes, que dizer que completamos o teste… — a jovem respondeu, pensativa, abaixando a garrafa e encarando o caminho que levava para arena. — Será que algo aconteceu com o Black?
Demian apoiou o queixo sobre sua mão enquanto cruzou um braço, apoiando o outro.
— Talvez, eu vi uma comoção na direção que ele estava antes do tal “Criador Noturno” me trazer para fora da arena. — Demian disse com desinteresse ao também olhar em direção da entrada. — Já era de se esperar, provavelmente ele passou do ponto e está levando uma advertência.
Karoline entortou o lábio, olhando para Demian pelo canto dos olhos.
— Não deve ter sido só isso, alguma coisa séria aconteceu…
— De qualquer forma, pouco importa, o importante é que passamos no teste. — Demian respondeu colocando as duas mãos detrás da cabeça e cruzando os dedos. — Espero que se alguém for ser penalizado, que seja só ele.
Karoline respirou fundo, em seguida levantando a sobrancelha ao encarar Demian com olhos sérios.
— O que foi…? — Demian abaixou os braços e desviou o olhar.
A jovem manteve seu olhar incisivo, antes de finalmente deixar a gravidade puxar a sua cabeça e encarou finalmente o chão.
— Eu não acho que consigo fazer isso… — ela sussurrou, apoiando a testa com ambas as mãos.
— Então por que não desiste?
Karoline levantou rapidamente a cabeça para encarar o jovem a sua frente, ela expressava claramente raiva em suas feições ao o ver a encarando de cima para baixo.
— Convenhamos que essa equipe é disfuncional e você sinceramente não conseguiu coordenar nada. — Demian levantou o queixo levemente, olhando a garota apenas com os olhos. — Sinceramente, se não fosse por mim, essa equipe nem sequer conseguiria concluir o teste.
Karoline se pôs de pé, se aproximando para encarar Demian de perto. Este inicialmente pareceu recuar, sua expressão demonstrava que ele não esperava o tom confrontador, mas ele forçou seriedade e manteve sua postura.
— Por que você sempre tem que ser um babaca!? — Karoline disse com o cenho franzido.
— Agora apontar a realidade é babaquice? — Demian respondeu com um sorriso torto. — Acho que você está acostumada com pessoas que alteram a realidade só para estar no seu lado bom.
— Não, mas eu acho que você deve viver uma vida tão triste que a única forma de você se sentir bem é fazendo com que os outros sintam uma parcela do que você sente!
Com cada palavra proferida, a jovem avançou, cutucando o peito de Demian com o dedo indicador enquanto este recuava. A voz da jovem reverberava pela sala até o corredor e o único outro som era o da máquina de bebidas.
— Então você tem essa necessidade incontrolável de ser um completo imbecil com todo mundo ao seu redor!
Cada vez que ele tentava falar, ela levantava a voz até o escorar contra a parede.
— Mas sabe de quem é a culpa de tudo que acontece na sua vida!? É sua!
O jovem desviou o olhar, tentando esconder o rosto, mantendo as mãos abertas contra a parede, como se procurasse apoio. Karoline respirava fundo se afastando do garoto que agora estava cabisbaixo.
— Desculpe… — Karoline disse colocando uma mão sobre a testa após suspirar, virando-se para manter Demian fora de seu campo de visão. — Eu não devia…
— Vai se foder… — Demian respondeu de forma contida, expressando claramente raiva em seu semblante. — Você não sabe nada sobre mim…
Karoline fez menção de responder, mas apenas manteve o silêncio, enquanto Demian se retirava do local apressadamente.
Ela retornou ao banco, sentando-se e encarando a bebida que segurava com ambas as mãos e batendo com ela levemente em sua cabeça.
— Eu sou uma idiota! — a jovem murmurou, em seguida encarando novamente a bebida.
— Vejo que você não mudou nada…
A voz suave e feminina veio do corredor que Demian partiu, ao ouvi-la, Karoline fechou o semblante, mas não se virou para olhar em direção da voz.
Os sons dos passos ecoavam enquanto a figura se aproximava, e com a aproximação Karoline parecia tremer suas mãos, e sua expressão demonstrava claro desconforto.
— Não vai nem sequer dizer um “oi”?
A figura se posicionou em sua frente, colocando uma mão na cintura e levando lentamente a outra em direção do rosto de Karoline; mas antes de acariciar o rosto, a jovem rebateu a mão com um leve tapa, fechando os olhos e contraindo a mandíbula.
A figura riu, se abaixando com os joelhos juntos em frente a Karoline e tocando na garrafa que já deixava água escorrer por seu exterior por conta da mudança de temperatura. Mas quando foi tocada, pequenos cristais de gelo se formaram dentro do recipiente.
— Ser tão fria assim…
Karoline sentiu a bebida congelar em sua mão, mas também sentiu o toque macio do dedo da figura em sua mão — ela então abriu os olhos, encarando a jovem em sua frente.
Seus longos cabelos eram brancos como a neve, sua pele também era tão pálida quanto. Seu rosto era fino e escultural, seus lábios pintados de preto formavam um sorriso de satisfação, e seus olhos azuis e com cílios eram destacados pela maquiagem escura. Ela vestia uma blusa ciganinha com tom roxo escurecido e um top preto por baixo dela, também uma saia plissada, meia calça preta que cobria completamente suas coxas e botas pretas.
— Não combina nada com você. — ela disse encarando os olhos de Karoline de baixo para cima, com um sorriso provocativo.
— O que faz aqui Jasmine? — Karoline respondeu retraindo a bebida, afastando-se do toque da outra jovem.
— Estava de passagem, mas não consegui deixar de ouvir a sua voz e vir ao seu encontro… — Jasmine respondeu com um olhar enticador, unindo os lábios.
Karoline manteve o silêncio, encarando os olhos de Jasmine que estavam fixos nos seus por todo o momento, mantendo um sorriso provocativo enquanto se levantava e passava uma mão pelo cabelo sobre seu ombro, o jogando para trás com um sorriso torto.
— Não consigo evitar… — Jasmine disse com tom que misturava sensualidade com pena. — Afinal, você costuma tomar decisões que podem te fazer se arrepender no futuro.
Jasmine agora encarava Karoline de cima para baixo, demonstrando um sorriso que mostrava seus dentes brancos e alinhados.
— Não é mesmo, vida?
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