Em uma sala com um grande vidro que permitia a visão de uma vasta área iluminada por grandes painéis de LED, encontrava-se Tyx. A sala era composta por um material metálico com diversas estruturas que a prendiam ao teto. Ele estava de pé, analisando o grande espaço quase retangular, coberto de terra com pequenos morros e uma construção de concreto no centro, composta por dois andares. À sua frente, a terra estava assentada, formando uma grande clareira; à esquerda e à direita, havia ruínas de outras construções, majoritariamente ocultas pela escuridão e pelos pequenos morros.

    Tyx apoiou-se na barra de metal com os braços, retirou a parte inferior de sua máscara e guardou-a em um bolso do seu sobretudo. Ele puxou a manga para verificar o relógio digital em seu pulso direito, respirando fundo e, em seguida, expirando. Dirigiu-se para uma mesa que estava no centro do local onde se encontrava; sobre ela estava uma maleta preta.

    Quando Tyx estava prestes a olhar novamente para o relógio, a porta dupla no canto da sala se abriu e Visionário entrou.

    – Eu pensei que veria o Palmeiras ganhar um mundial antes de ver você se atrasar. – disse Tyx, escondendo o relógio com um leve sorriso no rosto. – Que bom que eu estava errado.

    – Eu tive que ajustar minha agenda para comparecer; não tinha planos de vir antes de você me convencer. – disse Visionário, movendo-se em direção ao vidro e olhando para Tyx com uma expressão de dúvida. – E o que é o Palmeiras?

    Tyx sorriu para si mesmo ao abrir a maleta; dentro dela estavam quatro fones de ouvido unilaterais e, ao lado deles, um objeto preto e quadrado com pequenas frestas e um círculo acima dele. Ele pegou dois dos fones, colocando um em seu ouvido e arremessando o outro para Visionário, que o agarrou facilmente no ar.

    – Relaxa; não é nada demais, só uma piada da minha terra natal… – Tyx disse ao colocar o objeto quadrado sobre a mesa e apertar o círculo por alguns segundos. – Mudando de assunto, como acha que meus garotos irão se sair?

    Após pressionar o círculo, o interior do objeto passou a girar, gerando uma luz que projetou um holograma azul; ele mostrava o esquema da arena abaixo, além de imagens das câmeras localizadas.

    – Eles provavelmente irão fracassar. – respondeu Visionário de maneira sucinta. – Sua equipe não tem sinergia e apenas a Chama Escarlate tem conhecimento sobre como desarmar uma bomba.

    Tyx se aproximou de Visionário; ambos estavam próximos do vidro, mas Tyx observava a arena enquanto Visionário analisava o holograma.

    – O pessoal da organização não quis pegar leve com a garotada, não é? – Tyx disse passando a mão sobre o queixo. – Lembro que no nosso tempo precisávamos apenas enfrentar outra equipe de ajudantes.

    Visionário observou Tyx apenas com os olhos antes de olhar para o fone em sua mão.

    – De fato; pode-se dizer que as coisas mudaram bastante. Não diria que foi para pior… – Visionário se expressou inclinando a cabeça para trás. – Agora as equipes só conseguem concluir o teste se se unirem. Testes anteriores podiam ser concluídos mesmo com uma equipe desfocada.

    – Isso é verdade… – Tyx disse apoiando-se na barra novamente com um leve sorriso antes de se afastar e gesticular com os braços como se estivesse lutando. – Se não fosse pelo Bobby, talvez nós nem tivéssemos passado da fase de teste! Haha… E pensar que todo mundo o subestimava por ter um estigma Alpha; mas ele calou a boca de muita gente.

    Visionário observou Tyx exalando empolgação, com um sorriso aberto enquanto simulava golpes de luta.

    – É; acredito que nossa equipe funcionou apenas por conta dele. – disse Visionário ao retirar os óculos e observá-los enquanto cerrava levemente os olhos.

    – Não foi apenas ele; a realidade é que todos nós fizemos muito esforço para estar onde estamos. – disse Tyx apoiando-se novamente na barra com um sorriso nostálgico.

    – De certa forma, porém você sempre atrapalhou mais do que ajudou. – comentou Visionário colocando os óculos novamente e ajustando o cabelo. – Mas o que importa é que no fim deu certo.

    Tyx manteve-se em silêncio, apenas concordando levemente com a cabeça enquanto exibia um sorriso enigmático. Então as luzes dos painéis de LED aumentaram ainda mais seu brilho, iluminando a grande área do teste enquanto uma voz feminina ecoou pelo local.

    ‘Por favor! Aos instrutores que participarão do teste ETI05, pedimos encarecidamente que se posicionem. O início do teste será dado em trinta minutos.’

    – Tem certeza de que o Bobby está apto para participar? – Tyx perguntou cobrindo uma mão com a outra e contraindo levemente os lábios. – Quer dizer, da última vez que eu o vi ele mal conseguia andar direito…

    – Fui eu quem analisou a ficha dele quando ele abriu o requerimento há mais de dois anos. – respondeu Visionário enquanto colocava o fone em seu ouvido.

    – Dois anos? E por que você só o chamou agora? – Tyx questionou com descontentamento.

    Visionário suspirou encarando a arena e mantendo-se em silêncio por um momento; suas sobrancelhas se franziram levemente enquanto ele fechava os olhos.

    – Digamos que ele mal consegue usar suas habilidades por mais de uma hora. – respondeu Visionário passando uma mão sobre a testa brevemente. – Sem minha intervenção ele nem sequer seria chamado.

    Tyx concordou levemente com a cabeça antes de abrir um sorriso e colocar sua mão esquerda sobre o ombro de Visionário.

    – Que bom que você o fez! Vai ser bom ver nosso garotão em ação novamente! – A voz de Tyx exalava alegria. – Mal posso esperar para falar com ele depois do teste…

    Visionário manteve-se em silêncio, apertando levemente as mãos enquanto observava a arena à frente com um olhar enigmático.

    Em um vestiário grande com duas fileiras de armários de aço estavam Black e Demian afastados um do outro. Black estava mais próximo da porta e Demian mais distante, utilizando a outra fileira.

    “Por que eles querem que utilizemos estas roupas? É tudo tão apertado…”

    Black tentava movimentar os ombros enquanto vestia um agasalho grosso, mas acabou deixando-o no armário junto com um colete protetivo que estava lá. Ele vestia uma camiseta, calça e botas pretas; eram roupas justas, mas flexíveis.

    Demian apareceu vestido com todo o conjunto: colete protetor, agasalho, camiseta, calça e botas. Ele observou Black por cima dos ombros olhando para o agasalho e colete no armário. Então negou levemente com a cabeça e saiu do vestiário.

    “Eu não vou conseguir me concentrar bem usando essa coisa; é melhor assim.”

    Ele finalmente fechou o armário e também se dirigiu para a saída do vestiário. Ao sair, encontrou uma sala retangular com diversos assentos fixados nas paredes, algumas máquinas de bebidas e telas nas partes superiores exibindo informações sobre a Acrópole.

    Karoline usava o mesmo conjunto que os dois; porém o dela estava completo e acompanhada por um cinto contendo algumas pequenas bolsas. Ela estava abaixada diante da máquina de bebidas. Demian estava sentado em um dos assentos; seus olhos observavam Karoline sutilmente até notar a presença de Black. Rapidamente desviou o olhar, corando levemente enquanto cruzava os braços.

    “Ele estava olhando para ela…?”

    Black sorriu levemente consigo mesmo, fechando a porta atrás de si enquanto balançava a cabeça levemente.

    – Vejo que vocês já estão prontos! Aqui, pegue! – Karoline se aproximou com três garrafas laranjadas, oferecendo a primeira para Black. – Para dar aquela fortalecida!

    Ela disse, fechando um punho e mostrando levemente os músculos do braço. Após Black aceitar a bebida, ela comprimiu os lábios, formando um pequeno sorriso e mantendo os olhos bem abertos, balançando a cabeça positivamente.

    “Ela parece estar bem empolgada; por outro lado, o moleque parece que preferiria estar em qualquer outro lugar. Essa equipe não parece fazer o menor sentido…”

    Black observava Karoline enquanto ela ia até Demian e oferecia a bebida a ele. Inicialmente, ele negou com a cabeça e estalou a língua, mas ela insistiu e ele acabou aceitando, desviando levemente o olhar com uma expressão de desinteresse.

    “Independentemente disso, eu vou ter que conseguir, mesmo que precise carregar os dois nas costas.”

    – Estão preparados? O teste está prestes a começar. – Karoline questionou voltando-se para Black enquanto abria sua bebida e tomava um gole.

    Demian se aproximou de ambos, bebendo do energético e fazendo uma careta de amargura enquanto mantinha certa distância.

    – Você disse que Tyx entrou em contato com você. O que ele disse exatamente? – Demian questionou, bebendo mais do energético e em seguida colocando a língua para fora por conta do gosto.

    – Apenas que iria entrar em contato antes do teste para avisar sobre o nosso objetivo. – ela respondeu, terminando sua bebida e arremessando a garrafa perfeitamente em uma lixeira próxima da máquina de bebidas.

    Então, ela abriu uma das pequenas bolsas de seu cinto e retirou três fones de ouvido unilaterais, oferecendo um para cada um.

    – Aqui; isso vai servir para que possamos nos comunicar durante o teste. Já vem com um microfone incluso. – disse ela colocando o fone em seu ouvido direito e prendendo seu cabelo em um rabo de cavalo com uma liga que estava em seu pulso. – Vocês podem pressionar o botão nele para ativar o microfone; ele se desativa automaticamente depois de alguns segundos se você não falar.

    – Certo; não é nada muito complicado. – Black disse ao terminar sua bebida e arremessar a garrafa na lixeira, colocando o fone em seu ouvido direito.

    Demian observou ambos com seu olhar de peixe morto após terminar sua bebida. Então encarou a lixeira e arremessou a garrafa; porém, ela bateu na extremidade e caiu no chão fazendo barulho.

    Os dois o encararam com as pálpebras caídas enquanto ele suspirou e lentamente se virou para descartar garrafa apropriadamente.

    ‘Estão me ouvindo?’

    Todos os três ouviram a voz de Tyx através do fone. Karoline olhou na direção de Black, que acenou positivamente com a cabeça.

    – Alto e claro, Sr. Tyx. – disse Karoline ao apertar o botão no fone em seu ouvido.

    – Sim, também estou te ouvindo, Tyx. – Black fez o mesmo gesto acionando o microfone.

    – É isso ou a voz da minha consciência engrossou de repente – disse Demian descartando a garrafa e retornando para perto dos outros.

    ‘Ótimo; prestem atenção pois agora irei informar sobre o teste: sua missão será de resgate. Vocês terão que localizar e resgatar um refém. Existem quatro divergentes no local: dois são identificados como combatentes, um como tanque e o último é um especialista.’

    “Resgatar um refém? É isso? Pelo visto não vai ser muito diferente dos outros testes que Karoline mencionou…”

    Black direcionou seus olhos para a jovem, que parecia focada nas informações de Tyx.

    ‘O teste é concluído se: o refém for resgatado com sucesso. Vocês ganharão pontos extras se neutralizarem divergentes e também se concluírem em menor tempo. Vocês falham no teste se: o refém sofrer dano significativo, se a equipe TI não for mais capaz de agir ou se render, ou ainda se o elemento surpresa for ativado. Irei enviar o mapa tático do local para a líder da equipe. Dadas todas as informações, desejo a todos: boa sorte.’

    “Eu pensei que esses testes seriam algo mais complexos; mas resgatar um refém não parece ser muito difícil.”

    Black desativou o microfone em seu ouvido assim como os outros dois à sua frente. Ele notou que Karoline demonstrou uma expressão levemente séria após o anúncio de Tyx.

    – O que foi? – Black direcionou sua pergunta para a jovem de cabelos ruivos. – Não parece que vai ser muito complicado.

    Ela cruzou os braços e mordeu levemente o lábio inferior.

    – O problema é que talvez seja; geralmente equipes de convergentes e divergentes têm números iguais. Porém nós já estamos em desvantagem numérica. – ela disse retirando seu EPIC de uma bolsa e acessando os dados enviados. – E nem sequer temos informações sobre quem vamos enfrentar…

    – Não diz nada no documento sobre isso? – Black questionou olhando na direção do EPIC de Karoline. – Aí diz algo sobre esse elemento surpresa?

    – Acho que se dissesse, não seria uma surpresa, não é? – Demian respondeu com uma animosidade forçada e os olhos caídos.

    Black suspirou tocando suas sobrancelhas franzidas com os dedos.

    – Atenção pessoal! Vocês precisam ver isto! – disse Karoline interrompendo ambos.

    Logo ela retirou de uma bolsa um pequeno objeto preto e retangular com um círculo azul em sua extremidade, colocando-o no chão. Quando ligou o aparelho, ele passou a transmitir uma imagem holográfica azulada que mostrava um esquema 3D do mapa onde ocorreria o teste.

    – Cacete! Você tem um projetor holográfico!? – Demian exclamou empolgado enquanto se aproximava e passava os dedos pelo modelo flutuante no ar. — Todos os heróis ganham um desses?

    – Não; mas isso não importa; precisamos formular um plano de ação. — respondeu Karoline observando o holograma com uma mão no queixo. – Eles nos deram acesso a três câmeras para averiguar a situação atual.

    Durante sua fala, ela acessou seu EPIC e ativou as câmeras no holograma, mostrando-as para todos. As imagens exibiam três ângulos diferentes: uma estava posicionada na frente da construção mostrando um homem enorme e obeso parado na clareira; ele segurava uma caixa cheia de rosquinhas recheadas que estava devorando aos poucos. Vestia roupas pretas largas que não cobriam todo seu corpo deixando muitas partes expostas, principalmente a barriga. Ele usava uma balaclava preta que escondia grande parte do rosto.

    – Quem é esse instrutor? Eu nunca o havia visto antes… – Karoline disse olhando as imagens do homem enorme.

    – Tenho certeza de que alguém assim ocuparia um grande espaço na memória de qualquer um… – Demian comentou sarcasticamente observando o homem.

    – Sem comentários desnecessários por favor! – Karoline respondeu revirando os olhos levemente. — Não devemos subestimá-lo; afinal não sabemos quais são suas habilidades, mas ele provavelmente deve ser o tanque.

    – Eu consigo lidar com ele. – Black afirmou de forma firme e objetiva.

    – E como você sabe? Você nem sequer sabe o que ele faz… — Demian retrucou enrugando o nariz e levantando o queixo. — Não seja estúpido; temos apenas que resgatar o refém e não ficar lutando desnecessariamente…

    – E você acha que eles vão simplesmente nos deixar entrar e cumprir nosso objetivo? – Black questionou inclinando-se levemente para frente enquanto arqueava os lábios. – Você não ouviu que tem dois combatentes e um tanque? Claramente haverá algum tipo de combate…

    – Ah, claro, agora você é um entendedor de tudo, né? Lá em cima você parecia nem saber o que cada designação significava… – Demian respondeu em tom de deboche.

    – Acho que é autoexplicativo, não é!? O que você acha que um combatente faz ou um tanque? – Black questionou exaltando-se.

    – Pessoal! – Karoline disse ao se colocar entre os dois. – Foco! A última coisa que precisamos é ficar discutindo uns com os outros!

    – Fala isso para o cérebro de noz que acha que pode resolver tudo apenas lutando. – Demian disse desviando o olhar, com um sorriso sarcástico. – Aposto que ele deve ser igual a um maldito animal com raiva, sempre tentando atacar os outros…

    “Filho da puta…!”

    Black demonstrou uma genuína expressão de raiva, fechando os punhos e avançando em direção a Demian, que deu um passo para trás tentando recuar. Porém, antes que ele alcançasse o jovem de cabelos bagunçados, Karoline se colocou à sua frente, colocando as mãos em seu peito e fazendo esforço para pará-lo.

    – Chega! Se acalmem, vocês dois! – Karoline gritou com os dentes cerrados e uma expressão austera, mal conseguindo conter Black.

    – Eu estou calmo; é o animal aí que não consegue… – Demian se afastou mais um passo e logo foi interrompido.

    – Demian! Cala essa boca! – Karoline disse olhando para ele com firmeza. – Você disse que iria cooperar; então, por favor!

    Demian estalou a língua, desviando o olhar e cruzando os braços. Black também recuou, virando-se de costas e passando a mão pelo cabelo.

    O silêncio tomou conta do local por um momento. Karoline retomou a compostura, colocando levemente a mão sobre a testa e depois olhando para ambos.

    – Podemos prosseguir? – ela questionou cruzando os braços. – Vamos focar em nosso objetivo, certo!?

    Ambos concordaram sutilmente com a cabeça e logo se aproximaram novamente do holograma.

    – Ótimo! Então continuando… – Quando Karoline estava prestes a prosseguir, foi interrompida.

    – Espera… – Demian se expressou encarando o holograma.

    – O que foi…? – Karoline questionou fechando os olhos e comprimindo os lábios.

    – Ah… É que tem alguém saindo da construção… – disse Demian apontando para a imagem da câmera atrás da construção.

    A segunda câmera mostrava uma visão da parte traseira da construção; havia apenas uma entrada nessa direção, sem janelas. Agora, ela estava sendo guardada por um homem de estatura média e magro, vestido da mesma forma que o homem na frente. Ele estava escorado na entrada da construção, observando ao redor. A última câmera mostrava apenas uma visão panorâmica do local, não revelando onde os outros divergentes poderiam se encontrar.

    – Quem é esse instrutor? Você consegue reconhecê-lo? – Black questionou ao se aproximar para ver melhor.

    – Não tenho certeza… – Karoline respondeu também se aproximando da imagem exibida. – Poderia ser o Elástico? Talvez o Sonido… É difícil dizer; há muitos instrutores com essa fisionomia.

    – Ótimo; nem sabemos quem estamos enfrentando… – disse Demian coçando a parte de trás da cabeça e fechando os olhos.

    De repente, uma alta sirene pôde ser ouvida por todo o local e um portão duplo se abriu na extremidade da sala. Em seguida, uma voz feminina ecoou pelo ambiente:

    ‘Será dado início ao teste ETI05 em exatos cinco minutos. A equipe deve se deslocar para a área de teste pelo portão principal e aguardar a sirene de iniciação. Vocês têm o total de uma hora para concluir o teste. Boa sorte!’

    – Por favor, vamos trabalhar juntos! Vocês não precisam ser amigos, mas eu preciso que sejamos um time! – Karoline disse olhando seriamente para Black e Demian enquanto recolhia o equipamento do chão. – Vamos agir com cautela e tentar obter mais informações enquanto estivermos em campo, certo?

    Ambos inicialmente se encararam, mas eventualmente concordaram com a cabeça. Em seguida, os três seguiram através do portão duplo, dirigindo-se por um corredor totalmente coberto por metal que terminava em mais uma porta dupla mostrando o chão de areia do local.

    “Eu não sou um animal raivoso… Eu não quero machucar outras pessoas…”

    Black encarava o chão enquanto andava pelo corredor escuro, fechando os punhos firmemente.

    “É melhor eu pensar em outra coisa…”

    – Você sabe quão grande é a Acrópole? Quer dizer, tem até mesmo uma área destinada a testes… – Black disse com a voz levemente alterada enquanto seguia em direção à luz no fim do corredor.

    – E isso é pergunta para se fazer agora? A nossa LÍDER não disse para focar no teste? – Demian retrucou com um tom provocativo.

    – Acredito que poucas pessoas têm real conhecimento sobre quão fundo a Acrópole realmente é; mas sim, é bastante profunda. Afinal esta não é a única área de testes… – Karoline respondeu olhando levemente por cima dos ombros enquanto seguia à frente dos demais. – Agora vamos manter o foco no teste, okay?

    Black apenas concordou com a cabeça enquanto a luz se aproximava cada vez mais. Finalmente atravessaram a porta dupla.

    Seus olhos lentamente se adaptaram ao grande local e o cheiro de terra tomou conta de suas narinas; não era mais lavanda; ele estava em outro ambiente agora. Havia diversos refletores iluminando bastante o centro, deixando a penumbra prevalecer ao redor. A construção mal podia ser notada; espaços para janelas e sua extremidade superior eram visíveis por conta dos pequenos morros que a ocultavam.

    Black olhou ao redor; a estrutura era enorme e nas partes superiores havia diversas instalações metálicas com vidros e enormes telões marcando um timer de sessenta segundos.

    Black fechou os punhos e encarou as plataformas com seriedade. Então finalmente a sirene tocou e os telões passaram a realizar a contagem regressiva.

    Os três adentraram a área nordeste do teste, em um local com pouca iluminação. A maior parte da luz vinha do centro, que era bem iluminado e refletia grande parte para o restante da área. Eles estavam próximos a uma zona escondida por alguns montes de terra, mas conseguiram ver a frente da construção.

    Karoline estava na frente, liderando o grupo, Demian à esquerda e Black à direita. Após a entrada dos jovens, o portão atrás deles se fechou.

    – Então, qual é o plano? – questionou Demian.

    – Precisamos ter controle do campo primeiramente para conseguir informações. Depois, formaremos um plano de ação – Karoline disse se aproximando mais dos dois. – Black, você vai ficar no centro; fique de olho no homem da clareira e nos avise se ele agir de alguma forma.

    – Certo… — Black concordou com a cabeça, olhando em direção à construção que estava a uma certa distância.

    – Tente se manter escondido nesses pequenos morros; você precisa ficar nessa posição para amparar qualquer um de nós, caso seja necessário. – Karoline explicou, apontando para alguns morros que ficavam em direção à construção central. – Demian, você vai pela esquerda e nos informará se houver possibilidade de entrar pela retaguarda.

    Demian apenas concordou com a cabeça, olhando em direção ao seu destino.

    – Eu vou pela direita e tentarei identificar quem são os instrutores. Assim que tivermos mais informações, faremos um plano de ação. – concluiu Karoline ao colocar uma mão no centro e olhar para os outros dois.

    – Isso é realmente necessário? – Demian questionou expressando desconforto.

    – O que é isso? – Black perguntou com uma sobrancelha levantada.

    – Apenas um ritual de boa sorte — disse Karoline com um sorriso confiante. – É só colocar a mão sobre a minha.

    “Ritual de boa sorte… Essa é nova…”

    Black decidiu colocar a mão sobre a de Karoline e, por fim, Demian também o fez após certa relutância, mas não colocou a mão sobre a pilha; apenas deixou-a próxima. No entanto, Karoline segurou a mão dele com sua mão livre e a colocou sobre a pilha.

    – 1, 2, 3… À vitória! – Karoline exclamou levantando as mãos de todos com um sorriso sério. – Lembrem-se de comunicar tudo pelos fones; vamos lá!

    Cada um seguiu seu destino. Black se esgueirou em direção ao morro de terra em frente à construção. Demian seguiu pelo caminho da esquerda, escondido por muitas sombras dos morros que rodeavam toda a área. Karoline seguiu pela direita, também se esgueirando e tentando não ser vista enquanto avançava para obter uma melhor visão do local.

    Black se moveu lentamente; o chão era majoritariamente feito de terra, com alguns cacos de vidro espalhados. Ele se locomovia cuidadosamente para evitar fazer barulho desnecessário. Ao chegar no topo do morro, ele se deitou na terra e observou a clareira à frente: lá estava o homem enorme, comendo uma rosquinha recheada enquanto observava ao redor; ao seu lado no chão havia uma caixa de rosquinhas vazia.

    – Tenho visão do centro; o grandão parece estar distraído comendo… – Black sussurrou após apertar o fone em seu ouvido.

    Karoline ouviu a voz de Black através do fone enquanto se esgueirava por alguns destroços de concreto à direita.

    – Se eu soubesse, teria trazido uma pizza para subornar a desistência dele… – Demian disse enquanto se esgueirava próximo a uma área aberta repleta de destroços de concreto. Ele observava a construção no centro através do que parecia ser uma janela com vidro quebrado ao meio.

    – Foco! Vamos manter a concentração; o que você vê, Demian? – respondeu Karoline com insatisfação na voz.

    – É… eu sei… Bom, não consigo ver nada demais; apenas…

    Quando estava no meio da frase, todos ouviram um grito que ecoou por toda a arena.

    – Demian!? O que houve!? – perguntou Karoline tentando observar a direção que Demian havia seguido; porém os morros e a construção impediam sua visão.

    “Esse idiota já foi pego…”

    – Eu vou verificar. – disse Black se preparando para levantar-se; porém a voz de Demian foi ouvida novamente no fone.

    – Eu estou bem… – Demian disse com a voz ainda assustada. – Só que eu acho que vi um fantasma de novo… Tinha o reflexo de alguém no vidro…

    Black suspirou e fechou os olhos antes de voltar a olhar para frente da construção. Percebeu que o homem na frente da construção olhou em direção de onde Demian estava.

    – Parabéns; você acabou de denunciar sua posição… – Black disse inclinando-se para ver melhor. – O que devemos fazer, Karoline?

    Karoline deixou escapar uma expressão de realização, abrindo bastante os olhos enquanto encarava os poucos cacos de vidro no chão e percebia um reflexo de um olho que logo desapareceu.

    Quando estava prestes a formular uma fala, ela ouviu passos rápidos se aproximando. Ao se virar na direção dos passos, viu a figura de dois homens que já estavam a cerca de dois metros de distância. Eles eram velozes e desferiram um chute lateral sincronizado um com o outro.

    Karoline conseguiu apenas se defender com os braços, protegendo sua cabeça; um dos chutes iria atingi-la na cabeça, mas seus braços amenizaram o impacto enquanto o outro atingiu seu tórax arremessando-a por alguns metros. Ela caiu de costas no chão; o impacto a arrastou brevemente após a queda. Aproveitando a força do golpe, rolou para trás apoiando-se nas mãos e agora, apesar de abaixada, pôs-se de frente para seus adversários, levantando a cabeça para enxergá-los com as pupilas cintilantes, os cenhos franzidos e os dentes cerrados. De seu corpo surgiram chamas intensas que queimaram brevemente ao seu redor; porém logo foram controladas mantendo-se apenas ao seu redor.

    – Ora ora ora…

    – Parece que temos…

    Os dois homens responderam em sintonia; eles tinham a mesma voz e mantinham um tom superior. Por fim, mais um surgiu entre os dois.

    – Convergentes!

    Este foi o último a falar e chegou ao local andando sem parecer preocupado. Eram homens brancos com cabelos longos pretos presos em rabos de cavalo. Vestiam ternos pretos, calças sociais e sapatos sociais. Era notável que todos usavam óculos escuros. Os homens tinham boa aparência e exibiam sorrisos confiantes.

    Karoline observou os três com os dentes levemente cerrados, levantando-se e mantendo o fogo queimando apenas em seus punhos.

    – Não se deu ao trabalho de vestir a máscara para esconder sua identidade!? Eu sei que não preciso lidar com suas cópias; se você for desacordado, elas são desfeitas! – Karoline disse com um leve sorriso no rosto enquanto observava os três indivíduos.

    – Eu me recuso a esconder esse rosto bonito do mundo, minha querida – respondeu apenas o homem do centro, enquanto os outros dois faziam poses estilosas, exibindo sorrisos bonitos.

    A jovem apenas revirou os olhos, assumindo uma postura de luta com os dois punhos em frente ao rosto.

    – Então, usando óculos para esconder quem é o original? Não acha que a escuridão vai te atrapalhar? – Karoline provocou com um leve sorriso.

    – Não tem problema, princesa; o brilho de suas chamas ilumina meu caminho! – respondeu novamente o homem que estava no centro.

    Então, os dois que estavam ao seu lado avançaram em direção a Karoline, correndo velozmente de maneira sincronizada.

    Percebendo a movimentação, Karoline usou as chamas para impulsionar um salto para trás. As chamas lançadas permaneceram e formaram uma parede de fogo à sua frente como um obstáculo para seus adversários.

    Quando ela se apoiou no chão, alguns metros atrás, juntou as mãos, abrindo-as e apontando em direção à parede de chamas. Das palmas de suas mãos, um projétil do tamanho de uma bola foi lançado. A bola de fogo disparou rapidamente e, ao passar pela parede de fogo, as chamas se juntaram em formato circular, formando um projétil ainda maior que atingiu o homem do centro, gerando uma explosão de chamas e incendiando-o no processo.

    Ele gritou de dor, o que fez Karoline demonstrar preocupação. Rapidamente fechou a mão e extinguiu as chamas que estavam no corpo de seu adversário. O homem do centro se ajoelhou, chamuscado, e logo começou a gargalhar.

    – Você deveria se preocupar mais com você mesma, princesa; afinal, a única coisa quente aqui sou eu…

    Ele respondia fazendo poses enquanto estava ajoelhado e as outras duas cópias pararam para aplaudi-lo. Porém, logo em seguida, a jovem. – que exibia uma expressão de desgosto – estalou os dedos e os poucos focos de fogo que ainda estavam nas roupas do homem do centro se acenderam novamente, voltando a incendiá-lo até torná-lo apenas uma gosma cinzenta no chão.

    Enquanto derretia, os outros dois rapidamente correram em direção a Karoline, formando uma fila tão bem alinhada e sincronizada que, do ponto de vista dela, parecia que apenas uma pessoa estava correndo. Ela desferiu mais um projétil de fogo e, quando este estava prestes a atingir o alvo, ambos desviaram; um para cada lado e o terceiro que surgiu pulou por cima do projétil com um sorriso confiante. O projétil explodiu atrás deles enquanto faziam poses estilosas para Karoline. Ela observava a situação com os dentes cerrados, percebendo que agora seus adversários a cercavam e se preparavam para efetuar um novo ataque.

    Black percebeu a explosão de fogo na direção onde Karoline havia seguido. Ele rapidamente se levantou para tentar ter uma melhor visão do que estava acontecendo.

    – É um plano bem idiota adentrar um local perigoso pela porta da frente, não acha? Mas eu já estava me perguntando quanto tempo você ficaria deitado ali. – provocou o homem enorme enquanto terminava de comer sua última rosquinha.

    Ele manteve-se de pé encarando Black que agora se aproximava mais da clareira e da luz, tocando o fone em seu ouvido e falando brevemente:

    – Vou ser breve aqui e já irei ajudar vocês…

    – Que confiante! O que te garante que você será breve? – disse o homem enorme ao limpar sua mão direita e seu rosto com um guardanapo antes de guardá-lo.

    – Você não vai querer lutar comigo, grandalhão. – Black disse ao se posicionar próximo ao homem.

    – Eu acho que vou querer sim. – respondeu o homem grande enquanto observava os olhos de Black.

    Os dois se encararam. O homem era apenas alguns centímetros mais alto que Black; porém sua figura era certamente mais imponente.

    – Olhos amarelados… Então você é um Gamma e já atingiu o Ápice Absoluto…?

    – Eu gostaria de explicar, mas não estou com tempo nem paciência para isso. – Black respondeu com um olhar sério antes de abrir um leve sorriso. – Mas relaxa; vou pegar leve com você…

    Black se preparou para desferir um golpe com o punho direito. Ele assumiu uma postura de combate e logo desferiu o golpe que foi bruscamente parado pela mão direita do homem à sua frente. O impacto gerou um forte som que ecoou pelas proximidades. Black olhou surpreso para o homem grande e percebeu que suas pupilas cintilavam na cor vermelha; notou também que seu corpo começava a se transformar: toda a gordura estava sendo convertida em músculos. Rapidamente ele tentou puxar sua mão; porém a força exercida pelo homem impediu qualquer movimento.

    – Vou te ensinar uma coisa… Em um combate real, geralmente o primeiro a cair é aquele que subestima seu adversário! – O homem respondeu aumentando sua voz conforme falava.

    Ele preparou um golpe e logo desferiu-o com a mão esquerda aberta, acertando uma parte do tórax de Black. Este recuou lentamente, desnorteado e tossindo bastante enquanto segurava o local onde foi atingido e se ajoelhava por conta da dor. O homem grande respirava fundo; seus lábios tremiam levemente enquanto ele fechava os olhos. Expirando em seguida, olhou para Black que lentamente tentava se levantar com dificuldade.

    – Fazia tempo… – murmurou o homem grande para si mesmo enquanto realizava pequenos pulos demonstrando certa agilidade antes de se dirigir ao encontro de Black. – Relaxa moleque; eu acertei seu fígado! Você pode ser o mais resistente do mundo; mas se souber onde acertar até uma montanha pode cair! Hahaha!

    Ele se aproximou de Black que estava ajoelhado apoiando-se com uma mão no chão enquanto a outra estava no local do golpe. O homem encarou Black abaixando-se e segurando-o pelo ombro com sua mão direita…

    – Você vai aprender que em uma luta todos sabem bater; mas são poucos os que sabem apanhar…

    Enquanto falava e tentava levantar Black, este rapidamente apoiou seus pés no chão e usou o impulso para desferir um golpe com sua cabeça atingindo em cheio o rosto do homem grande.

    Após o golpe desferido, o homem recuou lentamente com o rosto abaixado antes de cuspir um pouco de sangue no chão enquanto apontava seu dedo indicador para Black. Este agora estava em pé com a respiração irregular.

    – Boa… Boa… Haha… – disse o homem tampando uma narina e expelindo sangue pela outra ao soltar o ar. – Sabe cara? Fazia tempo que eu não entrava em uma luta… Como eu senti falta disso!

    Dizia ele com uma mistura de seriedade e euforia no olhar. Logo suas pupilas cintilavam ainda mais e seus músculos ficavam mais definidos enquanto um sorriso surgia em seu rosto. Black também olhava com seriedade adotando uma postura de combate; armando-se com os braços em frente ao rosto enquanto respirava fundo.

    – Qual é seu nome, moleque? 

    – Eu não lembro… Então pode me chamar de Black. 

    Black retomava a respiração, posicionando os pés e encarando o homem enorme, que deixou escapar uma gargalhada. 

    – Eu me chamo Bobby; é um prazer, Black – o homem enorme disse, fazendo movimentos com os ombros. – Mas agora, eu sou novamente o Esmagador… 

    O Esmagador assumiu uma postura de combate similar à do jovem à sua frente, porém com as mãos abertas. O ar intimidador de sua fala podia ser facilmente notado, mas não parecia afligir Black. 

    Os dois se encararam por alguns segundos, totalmente concentrados um no outro, apenas esperando o momento certo para avançar. Depois de suspirar, o Esmagador avançou rapidamente em direção ao combate. Black também reagiu velozmente e foi ao encontro do Esmagador. 

    Quando estavam de frente um para o outro, o Esmagador realizou uma finta com o corpo e desferiu um golpe com a mão esquerda; no entanto, Black conseguiu antecipá-lo, bloqueando o ataque com seu antebraço direito. Em seguida, Black tentou desferir um soco direto com seu punho esquerdo, mas este foi interceptado pelo Esmagador. 

    – Já deu pra ver que você não está acostumado a bater com a mão esquerda. – o Esmagador deixou escapar um leve sorriso enquanto Black exibia uma expressão de frustração. 

    O Esmagador escorregou sua mão pelo punho esquerdo de Black, segurando seu pulso e colocando um pé atrás da perna esquerda dele antes de empurrar seu peito, fazendo-o cair no chão. 

    Demian observava toda a luta à distância, impressionado com o barulho dos choques dos golpes. 

    – Nem ferrando que esses caras são tão fortes assim… – ele sussurrou para si mesmo, logo passando as duas mãos sobre o rosto. – Eu tenho que focar! Se os dois estão ocupados, eu vou salvar os reféns. 

    – É uma ação bem covarde da sua parte, não acha? Seu amigo pode precisar de ajuda. 

    – Ele não é meu amigo; ele disse que conseguia lidar com o grandalhão. Então eu vou seguir com o plano de salvar os inocentes. – Demian continuou sussurrando consigo mesmo.

    – E você acha que vai ser fácil assim…? 

    – Bom, pela explosão que está ocorrendo, a Miss Perfeição não deve estar lidando com um adversário só; e o Chadzinho irritado está chamando atenção na frente… – Demian murmurou para si. – Então a probabilidade de eu entrar escondido e resgatar o refém é maior do que se eu tentar ajudá-los.

    – Você tem certeza? 

    – Mas é claro! Você acha que eu sou idiota ou algo assim…? – Demian sussurrou indignado.

    Porém ele arregalou os olhos ao se virar lentamente para ver quem estava atrás dele sussurrando em seu ouvido. Ao se virar, viu uma figura pálida de balaclava bem ao lado de seu ombro. Isso fez com que ele deixasse escapar mais um grito que ressoou por toda a arena; todos pararam por um segundo para observar antes de voltar à ação.

    A figura atrás de Demian desferiu um chute em sua direção; no entanto, o jovem conseguiu desviar caindo no chão e rapidamente se levantando enquanto agarrava uma pedra. Seu atacante observou-o com a perna que desferiu o golpe levantada. Demian retomou sua postura, escondendo a mão que segurava a pedra.

    – Para um pirralho fora de forma você até que tem bons reflexos. – disse o homem para Demian com uma voz cansada.

    – Você precisa trabalhar melhor esses seus elogios; mas agradeço de qualquer forma. – respondeu Demian com uma expressão um pouco assustada, mas exibindo um sorriso esquisito.

    – Você acha que essa pedrinha vai fazer alguma coisa? É sério? Vou te mostrar algo que realmente vai te deixar com medo. – disse o homem magro abaixando a perna.

    Das pupilas do homem brilharam dois pontos laranjas e em suas mãos formaram-se lentamente duas lâminas negras. Elas eram longas o suficiente para alcançarem o chão.

    – Você não está realmente pensando em usar uma lâmina contra um adolescente, né…? – Demian disse dando um passo para trás com os olhos assustados.

    – Não se preocupe; eu não as fiz com fio de corte. Mas elas ainda podem quebrar alguns ossos quando atingirem seu corpo. – respondeu o homem se aproximando lentamente de Demian.

    – Você não pode estar falando sério! – Demian respondeu com um sorriso desconcertado.

    O homem apenas sorriu enquanto segurava as lâminas em suas mãos.

    – Você deve saber que me chamam de Criador Noturno; vou te dar uma demonstração de uma das minhas criações… – Quando o homem avançou em direção a Demian, ele sentiu algo entrar em seus olhos. – Urgh…

    Ele foi interrompido pela areia arremessada pelo jovem em seu rosto. Ele soltou as lâminas e retirou a balaclava para tentar limpar os olhos e o nariz. Era um homem de pele quase pálida com um rosto magro e cabelos longos. Em seguida, abriu lentamente os olhos.

    – Mas que droga! – Quando olhou novamente para frente, percebeu que o jovem não estava mais lá. – Para onde aquele pirralho foi!?

    ‘Maninho, por acaso um ajudante acabou de ser mais esperto que você e conseguiu te passar a perna?’

    A voz feminina cansada e rouca parecia esconder uma risada que ainda podia ser ouvida no fone do Criador Noturno.

    – O estigma dele não brilhou! E eu tenho certeza de que ele pegou uma pedra e não areia! – ele se explicou para o fone enquanto ainda limpava o rosto. – Se ele acha que vai longe, é um pirralho muito ingênuo!

    ‘Ele está correndo em direção à nossa base; atrás dele maninho! E cuidado para não perder de novo para um ajudante em…’

    A voz no fone disse com um leve tom de deboche.

    – Cala a boca! Eu estava brincando quando disse que iria quebrar os ossos dele; agora estou tentando tornar isso realidade. – disse o Criador Noturno com os dentes levemente cerrados enquanto assumia uma postura desconfortável. – E já te avisei: não me chame assim enquanto estivermos trabalhando; é vergonhoso…

    – Tudo bem, maninho…

    O Criador Noturno suspirou pegando as duas lâminas do chão e se dirigindo para a construção.

    Karoline agora estava envolta em chamas. Ela esquivava-se do chute de um dos indivíduos com óculos e desferiu uma pequena lavareda de chamas que incendiou seu adversário ao atingi-lo. A jovem respirava de forma irregular enquanto observava os clones ao seu redor.

    – Não me diga que está cansando?

    Perguntavam os dois indivíduos restantes; de repente mais um surgiu atrás do que estava à direita formando três novamente.

    – Deve ser fogo de palha mesmo! – disse o terceiro indivíduo.

    A jovem observava com os dentes cerrados enquanto os três começavam novamente a cercá-la.

    – Você nem sequer está aqui, não é? – questionou Karoline, parando e desistindo da postura de combate por um momento.

    Todos os três pararam ao ouvir tal afirmação e começaram a gargalhar em sincronia.

    – Muito perspicaz

    – de sua parte

    – princesa.

    Responderam os três, agora parados, observando a garota.

    – Pelo visto, vou ter que passar por cima de todos os três para chegar até você, não é? – disse Karoline, fechando os olhos e respirando fundo.

    O fogo que antes estava apenas em suas mãos começou a rodear seu corpo inteiro, criando um turbilhão de chamas ao seu redor.

    – Uau! 

    – De repente, 

    – decidiu esquentar? 

    Perguntaram os três, preparando-se para atacar.

    – Agora eu não preciso me segurar, já que sei que existem apenas clones aqui. – a jovem disse com seriedade na voz.

    Ela rapidamente abriu os olhos e suas pupilas cintilaram tão intensamente que pareciam brilhar como estrelas. Então o turbilhão formou uma bola de fogo ao seu redor, que lentamente cobriu seu corpo. As chamas não queimavam suas roupas, mas as deixavam com um aspecto avermelhado. Seus cabelos pareciam ter se transformado em chamas, queimando o elástico e agora estavam soltos, com alguns fios levantando-se como fogo. Ela olhou para seus três adversários, com as pupilas cintilando ainda mais do que o normal. A jovem levantou a mão, apontando o dedo indicador com uma expressão confiante.

    – Vamos ver o quão rápido você consegue se multiplicar.

    – Muito presunçosa, você…

    Em meio à fala do homem que estava falando, Karoline avançou em uma velocidade impressionante usando as chamas como propulsão, deixando um rastro de fogo pelo caminho. Quando atingiu o rosto de seu adversário, uma bola de fogo foi criada no punho da garota e desferida juntamente com o golpe. O homem foi arremessado alguns metros e quando atingiu o chão, arrastado pela força do golpe, uma pequena explosão vermelha ocorreu, consumindo completamente o indivíduo e deixando apenas uma marca queimada no chão enquanto as chamas subiam e desapareciam.

    A jovem encarou os dois indivíduos restantes que cerraram os dentes e logo criaram mais uma cópia, avançando contra ela. Um deles correu pela esquerda, outro pela direita e o terceiro pelo centro. Karoline correu normalmente em direção ao que estava no centro; porém de repente usou sua propulsão e avançou em direção ao da esquerda. Este tentou golpeá-la com um chute; no entanto, a garota foi mais rápida e agarrou sua perna, girando-a com o impulso das chamas e lançando-o em direção ao que estava avançando pelo centro. O que foi arremessado rolou brevemente pelo chão antes de se levantar rapidamente com a ajuda do indivíduo que avançava pelo centro; porém ambos se depararam com Karoline que já estava se preparando para mais um golpe enquanto avançava como um míssil veloz.

    Karoline gritou desferindo um ataque com seu punho direito, também incendiado pelas chamas avermelhadas. Seu único golpe atravessou ambos os indivíduos pela barriga. Logo foram incinerados momentos depois do golpe atingi-los.

    Ela se manteve parada com o punho fechado agora no ar onde segundos atrás estavam os dois clones. Karoline virou-se lentamente para encarar o último clone restante com um rosto sério. Ele estava com os olhos arregalados e levemente boquiaberto; mas logo abriu um sorriso.

    – Tenho que admitir que eu a subestimei. Pensei que você não fosse capaz de lutar de igual para igual. – disse o homem mantendo a postura enquanto retirava os óculos e os deixava cair no chão, revelando seus olhos castanhos sem cintilações.

    – Mas agora que você sabe que pode ir com tudo, eu também não vou mais me segurar. Meu eu verdadeiro está na construção. – continuou ele apontando para suas costas em direção à construção.

    – Vamos deixar isso mais divertido; apenas uma luta assim fica entediante. Vou te contar as regras do jogo: não posso criar mais de três clones por vez; então esses três que você viu aqui são todo o meu contingente. – disse ele apontando para frente da jovem onde estavam os outros dois.

    – Então façamos o seguinte: eu irei criar apenas mais dois clones e se você os destruir, eu irei me render. Caso contrário, acabarei com você.

    O verdadeiro clone estava na construção sentado com as pernas cruzadas e os olhos fechados; ele falava a mesma coisa que sua criação respondia para Karoline. Ao seu lado estava uma mulher bem magra e pálida sentada no chão com um espelho à sua frente e suas pupilas cintilando na cor laranja. A mulher tinha cabelo longo e preto; sua expressão cansada a deixava com uma aparência pouco convidativa. Vestia um vestido branco que mostrava que ela não tinha muitas curvas no corpo; poderia ser confundida facilmente com uma adolescente por seu tamanho e corpo.

    – Você parece estar se divertindo com a Karoline… – disse a mulher com a voz cansada e um pouco rouca enquanto olhava para o homem ao seu lado, que a ignorou completamente.

    Ele estalou seus ossos e ajeitou o cabelo enquanto discursava para Karoline, que apenas observava atentamente.

    O seu eu verdadeiro parou por um breve momento respirando profundamente antes de abrir os olhos; suas pupilas brilhavam na cor amarela enquanto um sorriso confiante surgia em seu rosto enquanto sua cópia realizava os mesmos movimentos.

    – Princesa, é hora do show!

    Após sua fala ele avançou em direção à garota; porém desta vez foi sozinho, sem aparentemente fazer mais cópias.

    Karoline não hesitou e avançou contra seu adversário usando sua propulsão para desferir um golpe rápido com seu punho direito em direção ao rosto dele. Momentos antes de ser atingido, a cabeça do clone quase instantaneamente se liquefez. A jovem até mesmo se desequilibrou pois esperava resistência do golpe; porém ela apenas atravessou seu adversário. Então foi atingida na barriga por um murro do clone sem cabeça. Com a velocidade em que estava indo, o golpe doeu mais do que o normal fazendo-a fechar os olhos por conta da dor e quebrar sua concentração, desfazendo as chamas avermelhadas ao redor de seu corpo.

    Ela cuspiu saliva por conta do golpe; porém logo agarrou o braço de seu atacante. As chamas surgiram ao seu redor novamente; mas agora eram chamas comuns se alastrando por seu corpo. Ela esperava resistência; no entanto ele apenas a agarrou impedindo seus movimentos. A jovem aumentou ainda mais a temperatura das chamas. Enquanto derretia, o homem não parava de sorrir.

    – Você conseguiu derrotar um; faltam dois. – respondeu o clone derretendo à sua frente; mas atrás de Karoline estavam mais duas figuras avançando contra ela e desferindo golpes novamente com chutes sincronizados nas costas dela que a lançaram arrastando-a pelo chão e dissipando parte das chamas ao seu redor.

    Ela rolou no chão devido à cópia derretida agarrada em seu corpo antes de se virar para enfrentar os dois restantes que avançavam em sua direção de maneira sincronizada.

    Ela se manteve parada, armando os braços em uma postura de combate. Os dois clones estavam próximos um do outro, avançando em sua direção. Então, decidiu desferir um chute horizontal e, ao fazê-lo, chamas se formaram, incendiando sua frente em uma onda de fogo. Um clone parou instantaneamente, enquanto o outro foi impulsionado por cima das chamas que vinham rapidamente. Antes de ser atingido, o clone que ficou se liquefez, escapando do fogo.

    Karoline percebeu que um clone estava no ar e rapidamente apontou a mão, concentrando as chamas para desferir uma lavareda. Porém, quando as chamas estavam voando em direção a ele, ela notou uma figura avançando da direção da fumaça formada pela grande onda de fogo.

    – Surpresa!

    O clone que surgiu ao desferir um chute giratório que acertou a mão da garota. Antes que ela pudesse reagir com a outra mão, o clone no ar caiu e a atingiu com um soco no rosto, fazendo-a cair no chão. Então, ela usou as chamas na direção de ambos na tentativa de atingi-los e se impulsionar para longe.

    Ela foi arrastada pelo chão até atingir uma certa distância. A jovem se levantou ofegante, com sangue escorrendo dos lábios, mantendo o olhar fixo à sua frente. Sua visão mostrava um clone de braços cruzados e o outro apoiado nele com o cotovelo em seu ombro.

    – Será que ela tá bem?

    – Ela não parece nada bem.

    Os dois clones conversavam entre si com sorrisos.

    – Vou fazer você engolir esse seu sorriso estúpido! – Karoline disse enquanto limpava o sangue com as costas da mão.

    – Estou ansioso para ver você tentar. – os clones responderam ao mesmo tempo.

    Karoline respirava fundo, observando os dois clones que caminhavam em sua direção.

    “Por que eu não consigo acertar nele!?”

    Na frente da construção, Black desferiu um golpe de direita contra o Esmagador, que se movimentava para o lado direito do jovem. Quando o golpe foi realizado, Bobby defletiu o ataque com a mão esquerda, desviando-o e, em seguida, acertando Black no rosto com a direita. Black recuou, mas rapidamente voltou a encarar seu adversário com os dentes cerrados.

    – Tenho que admitir, garoto, você é bem resistente; porém dá pra ver que nunca lutou com alguém de força equivalente — explicou o Esmagador enquanto mantinha a postura.

    “Cala a maldita boca!”

    Black estava tomado por uma expressão de fúria; seus punhos tremiam devido à frustração.

    – Se você continuar com esse pensamento em uma batalha, quase sempre estará em desvantagem. Porque você não estará apenas enfrentando seu adversário, mas também a si mesmo. – disse o Esmagador se preparando para mais uma investida. – Pode não parecer, mas uma luta não é apenas força; você também tem que pensar. A luta é como viver: pode parecer que o mais forte é quem ganha, mas na verdade o vencedor é aquele que mais consegue se adaptar à situação.

    O Esmagador realizou alguns pequenos pulos alternados enquanto avançava em direção ao jovem, fazendo vários gingados rápidos para a direita e para a esquerda. Black tentava acompanhar recuando e observando o movimento de Bobby, que parecia preparar um golpe com a mão esquerda enquanto observava a reação do jovem. Quando Black tentou usar seu braço dominante para defender o golpe, abriu sua guarda e foi atingido pelo punho esquerdo de Bobby, que acertou em cheio seu rosto. O jovem recuou e então se enfureceu, gritando enquanto avançava em direção a Bobby na intenção de agarrá-lo. Quando o fez, Bobby balançou a cabeça em negação e atingiu Black com joelhadas; quando este o soltou, desferiu mais um golpe com seu punho direito no rosto do jovem, que foi arremessado ao chão e ali ficou por um momento.

    – Um grande homem uma vez disse: “seja como a água; seja flexível. Aprender, adaptar e superar”; lembre-se disso, garoto.

    O brilho nas pupilas de Bobby desapareceu enquanto ele respirava fundo. Os músculos de seu corpo começaram a se transformar novamente em gordura; em seguida, ele tocou sua barriga com uma expressão de agonia e virou as costas para Black.

    “Não… Eu não posso perder!”

    – Ei! — gritou Black lentamente se levantando.

    Bobby exibiu um leve sorriso em meio à expressão de dor antes de engolir fundo e retomar sua expressão normal.

    “Eu preciso me tornar um Convergente!”

    – Isso ainda não acabou; você ainda não venceu! – Black gritou rasgando sua camiseta. Ele estava suando e respirando rapidamente. – Se você acha que eu vou simplesmente aceitar a derrota, está muito enganado!

    Bobby encarou o jovem cerrando os dentes enquanto suas pupilas novamente cintilavam e a gordura de seu corpo se transformava em músculos.

    “Só assim eu poderei salvá-la!”

    – Eu não vou desistir! – O amarelo fosco dos olhos de Black tomou uma tonalidade vívida por um momento. — Eu nunca vou desistir!

    – Gosto da sua determinação, garoto. Mas enquanto você não perceber que sua raiva está tomando conta do combate, vai continuar perdendo para mim e para si mesmo. – Bobby discursava para Black que se mantinha com os dentes cerrados, fechando os punhos com força.

    “O que esse cara acha que sabe sobre mim!?”

    – Por que você fala como se me conhecesse? Vai à merda! – Black gritou enquanto observava suas mãos sujas de areia do chão onde havia caído. – Não venha me lecionar com esse papinho ridículo! Acredite, eu tenho muitos motivos para ficar puto!

    Bobby apenas observou Black exaltado enquanto encarava o chão.

    – Eu estou sozinho e preso em um mundo que não conheço enquanto deveria estar em outro lugar! Sinto como se não tivesse controle sobre a droga da minha própria vida!

    Ele continuou a discursar enquanto fechava os punhos firmemente e observava novamente o homem à sua frente com um olhar frustrado.

    – E você acha que é o único que enfrenta dificuldades na vida, moleque!? – Bobby encarou Black com uma expressão austera. – Todos nós temos nossas lutas. O que importa é que você tem sua vida; se está vivo, então agradeça a Deus, levante-se e supere os obstáculos!

    Black encarou Bobby abrindo os punhos por um momento e fechando a boca sem demonstrar mais seus dentes.

    – Há muito tempo eu fui debilitado; nem sequer conseguia andar. Eu não conseguia mais usar minhas habilidades e perdi meu chão. – Bobby disse encarando Black nos olhos. – Sabe qual foi a maior merda de tudo isso? O ódio!

    Black respirava fundo enquanto escutava cada palavra que saia da boca de Bobby.

    – Eu odiei tudo; odiei a vida, odiei o mundo porque nem sequer conseguia limpar minha própria merda sozinho! — Bobby disse com a voz levemente embargada. – Eu não era nada sem minhas habilidades; mas percebi que a raiva não melhorava nada; só me fazia ficar cada vez mais ressentido.

    – E o que você fez? – Black questionou com os olhos atentos, quase como se estivesse pedindo ajuda. – Por que tudo o que eu faço não parece me levar a lugar nenhum…

    – Eu aceitei que não posso mudar o passado, mas percebi que, aos poucos, pensando claramente e com determinação, conseguiria mudar meu futuro. – Bobby respondeu com um sorriso reconfortante.

    “Ele tem razão. Se eu apenas seguir com raiva, não vou ser capaz de tomar as decisões certas.”

    Black se manteve pensativo, encarando suas mãos cheias de areia.

    “Mesmo sob pressão, eu tenho que ser capaz de controlar minha mente. Não posso ficar mais perdido do que já estou…”

    Ele inicialmente fechou os olhos e, em seguida, mostrou um rosto não mais raivoso, mas sério, armando os braços e focando o olhar.

    “Eu tenho que ser como a água…”

    Black posicionou os pés, apoiando bem o corpo, puxou a respiração e depois deixou seus pulmões se esvaziarem enquanto concordava com a cabeça.

    – É disso que estou falando, moleque!

    Bobby armou os braços e avançou da mesma forma que havia feito anteriormente. Black aguardou o ataque, mantendo a postura e permanecendo imóvel em seu lugar. Bobby preparou-se para desferir um ataque com seu punho direito, observando a reação do garoto que o encarava diretamente nos olhos. Não conseguindo ler os movimentos de Black, Bobby prosseguiu para atingi-lo com seu punho direito. Black se manteve praticamente imóvel e, quando teve certeza do golpe de seu oponente, realizou um movimento semelhante ao que Bobby fizera anteriormente. Ele defletiu o golpe e usou a força aplicada para desviá-lo antes de acertar Bobby com dois golpes consecutivos: um soco no rosto que fez Bobby recuar e outro soco que quase o atingiu em cheio; no entanto, ele conseguiu recuar a tempo.

    – Aprender, adaptar e superar. – Black respondeu observando Bobby se levantar com a mão no rosto, cuspindo um pouco de sangue.

    – Porra, moleque! Você bate forte pra cacete! Hahaha! – Bobby exclamou com a mão no queixo, tentando formular um sorriso. – Agora não vou pegar leve; mostre-me do que você é capaz!

    Disse Bobby ao pisar no chão com força, os brilhos em seus olhos cintilando cada vez mais. Ele mantinha um grito contido enquanto realizava tal ação. Seus músculos cresciam e se tornavam mais definidos. Black observava aquilo mantendo a calma e os olhos fixos em seu adversário.

    Bobby juntou os dois braços à frente do corpo, mantendo o grito contido até deixá-lo escapar como um rugido de fúria ao abrir os braços no exato momento. Sua camisa foi rasgada pela expansão muscular e sua respiração se tornava um pouco irregular. Ele parecia concentrado em manter aquela forma com os dentes cerrados até finalmente suspirar e relaxar. Bobby havia crescido cerca de dez centímetros e seus músculos estavam enormes. Lentamente, ele tirou a máscara, revelando seu cabelo loiro bem aparado e sua barba rala. Um sorriso confiante surgiu em seu rosto enquanto o suor escorria por seu corpo.

    – Vamos lá! – gritou ele assumindo sua postura de combate enquanto Black concordava com a cabeça.

    Então ambos avançaram um em direção ao outro com gritos crescentes que ecoaram por toda a arena.

    Apoie-me
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.

    Nota