Guten Morgen, Black! — a mulher perguntou ao se colocar atrás de Black e batendo levemente em ambos os ombros dele, com um sorriso nos lábios suavemente pintados de vermelho. — Dormiu bem?

    O jovem a observou com os olhos e concordou com a cabeça enquanto ela retornava e se sentava à sua frente na mesa.

    Gútem… Mornen…? — Black tentou imitar o mesmo sotaque de Emma, semicerrando os olhos em direção à moça sentada à sua frente. — O que é isso? É russo?

    Ela o encarou e seus lábios se curvaram em um bico de insatisfação.

    — É alemão bobinho… você deveria saber a língua principal de sua instrutora preferida! — ela respondeu virando o rosto e fechando os olhos, apontando seu bico para o lado e cruzando os braços, mantendo a coluna firme. — Sabe, desse jeito estou vendo que vou ter que te reprovar…

    “Me pergunto o que ela quer… eu nunca a vi por aqui. Na verdade, eu não vejo ninguém aqui nesse horário…”

    Black não respondeu; apenas manteve uma sobrancelha levantada. Ela lentamente abriu um olho e, ao notar a reação do jovem, suspirou enquanto ajeitava o cabelo em frente ao rosto.

    — Por que não funciona com você? Todos os meus outros alunos até me trazem doces quando eu os ameaço… — ela reclamou apoiando o rosto nas mãos com uma expressão de tédio que não durou muito quando viu a bandeja de comida. — Nossa! Você consegue comer tudo isso? Que apetite em!

    Ela disse enquanto pegava uma batata frita da refeição do jovem e mordia metade dela — contraindo involuntariamente os músculos do rosto e negou levemente com a cabeça, colocando o restante de volta no prato dele.

    — Como você consegue comer isto?

    Ela perguntou enquanto engolia com o rosto contraído e os lábios arqueados para baixo.

    “De certa forma é até bom que ela esteja aqui; o jeito dela pode me ajudar a agir normalmente, eu não posso esquecer que estou sendo observado a todo momento.”

    — Eu preciso de bastante energia para o dia a dia. — Black respondeu pegando a batata que a moça à sua frente deixou em seu prato e comendo-a. — Eu pensei que todos os aprimorados comessem bastante.

    — Imagina! Nós seríamos o problema da nação se esse fosse o caso! — Ela respondeu em tom cômico e com olhos alegres. — A realidade é que depende bastante de pessoa para pessoa; mas a maioria apenas precisa de um pouco mais de energia do que um adulto comum.

    “Ela está aqui apenas para conversar? Tudo bem; talvez se eu conversar um pouco com ela consiga descobrir algo.”

    — E você? Quanto você come?

    — Hmm? Por que o interesse? Está pensando em me convidar para um encontro? — Emma questionou com um sorriso provocador, demonstrando uma expressão brincalhona enquanto gesticulava com uma mão. — Eu gosto bastante de Schnitzel, é melhor você anotar! Mas é uma pena para você que eu não saio com meus alunos.

    “O que tem de errado com ela?”

    — Você sabe que eu sou praticamente um prisioneiro, não é? — Black respondeu suspirando e fechando levemente os punhos. — Eu nem sequer posso sair daqui, seja lá onde estamos…

    A mulher desfez seu sorriso e contorceu levemente os lábios, encolhendo sua postura e desviando o olhar.

    — Sei que isso não deve estar sendo fácil para você…

    “Eu não posso descontar isso nela… a última coisa que preciso é que eles desconfiem de mim e querendo ou não ela sempre me tratou bem… mas no momento preciso de informações.”

    Black respirou fundo, olhando brevemente para o objeto oval e em seguida abrindo um leve sorriso no canto da boca.

    — Mudando de assunto, eu estava imaginando algo que lembre ter visto algum professor mencionar: existe uma forma de identificar aprimorados através de uma escala, não é?

    A expressão da mulher mudou para um leve sorriso.

    — Sim; chama-se Índice de Variação de Poder.

    — Como é feita a identificação? Através das cores que brilham nas pupilas?

    — Sim; Alpha é vermelho, Beta é laranja, Gamma é amarelo, Delta é amarelo-claro, Épsilon é branco e Zeta é azul-claro — ela respondeu apoiando o rosto em uma das mãos.

    “No meu sonho consegui ver um brilho alaranjado; então ela era uma aprimorada de nível Beta…?”

    Black manteve-se pensativo até que a mulher à sua frente o encarou com uma expressão curiosa.

    — O que foi?

    — Huh? — Black deu de ombros, sendo retirado de seus pensamentos.

    — Você pareceu estar pensando em algo. — Emma disse semicerrar os olhos.

    — Ah… é que lembro ter visto isso em alguma lição, mas não entendi muito bem. — Black expressou coçando levemente a parte de trás da cabeça com um sorriso forçado.

    A mulher à sua frente sorriu enquanto estufava o peito com as mãos na cintura.

    — Então deixe que sua instrutora preferida te explique: em resumo, quando um aprimorado utiliza suas habilidades, um brilho de uma cor específica é emitido por suas pupilas. — ela explicou enquanto pegava outra batata frita e gesticulava com ela. — Um homem chamado Khalarran durante a segunda guerra decidiu criar uma tabela para classificar os aprimorados. 

    — Kalaran? — Black questionou tentando pronunciar o nome.

    — Khalarran! — Emma corrigiu e então mordeu a batata novamente, fazendo a mesma expressão de desgosto. — Urgh… Então foi aí que surgiu o Índice de Variação de Poder ou IVP se você preferir.

    — Mas… São sete índices na escala e você só mencionou seis.

    De repente a mulher assumiu uma postura mais austera, batucando levemente os dedos sobre a mesa.

    — Às vezes eu esqueço que você não é daqui… — Emma disse em tom sério, desviando levemente o olhar. — O último nível da escala foi descoberto há alguns anos; em 2010… Foi nomeado como Ômega e sua cor é azul…

    “Eu nunca ouvi ela falar desse jeito; por que ficou assim?”

    Black colocou ambas as mãos sobre a mesa, encarando a mulher que retornou o olhar com um leve sorriso forçado.

    — Eu disse algo errado?

    — Não é nada… É apenas uma cicatriz que ainda dói…

    “Então até mesmo ela, que sempre está sorrindo e brincando, tem problemas em seu passado… eu não posso ficar no escuro; preciso tentar descobrir o que aconteceu no meu. Mas não posso fazer isso aqui.”

    — Emma, você sabe quando vou conseguir sair daqui? Quero dizer, agindo como um Convergente. — Black questionou com seriedade no olhar.

    — É Instrutora Emma! — a mulher respondeu ao apontar um dedo com uma mão e inflando as bochechas enquanto fazia um bico exagerado com a boca. — E sim; na verdade, é por isso que vim aqui…

    — É sério!? — Black questionou apreensivo; o talher de plástico quebrou novamente em sua mão.

    Emma riu enquanto Black pegava outro talher, desconcertado com o que fez.

    — Tyx quer encontrar você hoje.

    Black demonstrou surpresa por um momento, mas logo um leve sorriso apareceu no canto de sua boca.

    “Já fazem meses; finalmente… desta vez vai ser diferente. Eu vou conseguir um jeito de sair mesmo que eu tenha que agir como um cão obediente…”

    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota