Karoline caminhava sem sair do lugar, indo de um lado a outro em um corredor largo e metálico; no chão havia diversas linhas coloridas desenhadas que indicavam vários caminhos em um painel na parede, próximo a diversos bancos. Ela estava acessando seu EPIC, ela tentava entrar em contato com Tyx, mas todas suas chamadas não eram atendidas.

    Ela bufava cada vez que sua chamada não era atendida. Próximo dela, um robô passeava, sua base era circular e larga com diversas ferramentas para a limpeza e sua parte superior era fina, com quatro braços e aberturas que projetavam hologramas de propagandas, notícias e próximo ao chão um aviso: ‘cuidado! Chão escorregadio!’ 

    Ele fazia um barulho semelhante ao de um ar condicionado e seus hologramas dançantes pareciam uma feira contida de anúncios, com breves sons que cada marca emitia de forma diferente.

    — Ora, se não é a filha do homem!

    A voz confiante ecoou pelo corredor e Karoline suspirou ao ouvi-la. Da direção da voz, o Clone apareceu caminhando com um sorriso no rosto.

    — O que faz aqui princesa? — o Clone se aproximou de Karoline, olhando para o robô que emitia um som constante por onde passava. — Detesto essas coisas barulhentas…

    — Eu igualmente… — Karoline olhou para o Clone pelo canto dos olhos, e em seguida negou com a cabeça. — O que você faz aqui?

    — Estou apenas de passagem, estava resolvendo algumas coisinhas para o seu pai… — o Clone logo se conteve quando olhou para o EPIC da jovem e notou a chamada para Tyx. 

    Karoline rapidamente deu um passo para trás e escondeu o aparelho, demonstrando em seguida uma expressão irritada.

    — O que pensa que está fazendo!? 

    O Clone apenas abriu um sorriso no rosto.

    — O que a filha do chefe tem com Tyx ao ponto de esconder o celular desse jeito?

    — Não é da sua conta. — Karoline respondeu guardando seu EPIC. 

    — Como pode ter certeza? — o Clone se projetou para frente, com uma voz um pouco mais séria. — Saiba que estou trabalhando diretamente com o chefe, então, sim, é da minha conta.

    A jovem recuou por um momento, com um olhar de estranheza.

    — Meu pai?

    — Quem mais seria? Então, o que você quer com Tyx?

    — Eu não vou dizer nada a você, o que acha que isso é!? Uma ditadura onde eu tenho que obedecer tudo o que diz!? — Karoline respondeu também se projetando para frente, claramente com raiva.

    — Não, de fato não é… — o Clone respondeu recuando, com ambas as mãos recuadas e com um sorriso serio. — Mas eu sei que Tyx fez alguma coisa fora do comum para recuperar sua licença depois do que você fez… 

    Karoline desviou brevemente o olhar, engolindo em seco, mas tentando não demonstrar sua insegurança.

    — Ainda não tenho certeza de nada, mas é só seguir e ver até onde a toca do coelho leva que… — o Clone continuou, se aproximou da jovem, semicerrando os olhos ao chegar perto da garota.

    — Por favor! O corredor está sendo limpo, não permaneça até que a limpeza seja concluída!

    A voz feminina, porém claramente robótica, ecoou pelo corredor, e o Clone revirou os olhos desferindo um leve chute na máquina, que recuou, se virou e continuou limpando o outro lado. 

    Karoline não respondeu, apenas demonstrou seu olhar conflitante, tremendo levemente os lábios e encarando o chão.

    — Odeio essas latas velhas…

    O Clone fechou os olhos e se inclinou para trás, era notável que apesar de fazer o movimento de respiração o ar não adentrava o seu corpo; finalmente ele sorriu e colocou as mãos em seu quadril.

    — Lição para sua vida, princesa, quando você age desse jeito, você fecha diversas portas na sua vida. — o Clone disse com um misto de cinismo em sua voz. — Se você quer chegar longe, tem que saber as pessoas certas para se apoiar.

    — Eu não quero nada vindo de você. — Karoline respondeu com o nariz enrugado e franzindo o cenho.

    — É o que você acha! Eu poderia te ajudar com sua imagem na mídia, que depois de tudo que fez, não é das melhores, até mesmo dizer que a situação daquele garoto da sua equipe…

    Karoline comprimiu os lábios ao ouvir a sentença, criando um olhar de interesse, mas sem querer demonstrá-lo.

    — Chamei sua atenção, não é!? — o homem sorriu consigo mesmo, cruzando os braços. — Aprenda princesa, não seja precoce, qualquer um tem algo útil a oferecer nessa vida… mesmo que involuntariamente…

    A jovem levantou uma sobrancelha, continuando a encarar o homem, mas agora, notando que ele estava mais animado que antes.

    — Então, vai me dizer o que vai acontecer com Black?

    O robô terminou finalmente de limpar, recolhendo seus braços e seguindo pelo corredor, girando e retraindo seus braços e apagando os hologramas do chão, seguindo seu caminho até se aproximar de uma parede e esta abrir uma pequena abertura que ele adentrou e depois ela se fechou.

    — E por que eu faria isso? — o Clone respondeu aproximando o rosto do da jovem com um sorriso e com os olhos abertos com uma expressão de euforia. — Afinal, diferente de você, eu já tenho tudo que eu preciso!

    A jovem manteve a postura austera, encarando os olhos do Clone, que logo se afastou dela, lhe deu um leve tapa no ombro e passou por ela — seguindo pelo corredor, com as mãos nos bolsos da calça e assobiando com alegria.

    A jovem se manteve estática, mas sua expressão demonstrava que ela se esforçava para pensa em algo, mordiscando seu lábio inferior e abrindo e fechando as mãos, até que ela as fechou com força.

    — E se fizéssemos uma troca? 

    O Clone parou no corredor, cessando lentamente o som de seu assobio, olhando por cima do ombro e sorrindo. Ele se virou e caminhou novamente em direção da jovem, passando ao lado dela que olhava para frente seriamente.

    — E o que exatamente você tem para trocar? — o Clone perguntou ao passar uma mão pelo cabelo da jovem, ajustando-o sobre a orelha esquerda dela.

    A jovem apenas virou os olhos em direção do Clone, e por um instante suas pupilas cintilaram e seu cabelo tomou um aspecto avermelhado. O Clone retraiu rapidamente a mão, com um sorriso ao ver os dedos da mão se liquidificando e as suas extremidades escuras por conta da queimadura.

    — Não se atreva a tocar em mim — a jovem disse com um olhar e tom ameaçador. — Na próxima eu vou incinerar você.

    — Não se preocupe, ruivas não fazem meu tipo — o Clone respondeu sorrindo ao recriar seus dedos novamente com aquele líquido que se expandia dos dedos danificados. — Muito menos aquelas que são menor de idade, e pior ainda aquelas que são filhas do meu superior.

    Karoline cruzou os braços, seu cabelo tornou a coloração normal e enfim ela virou o rosto em direção do Clone.

    — Então princesa? O que você tem a oferecer? — o Clone questionou ao encará-la nos olhos.

    Karoline não respondeu imediatamente, ela olhou para o chão por um momento; seus dedos escondidos entre seus braços tremiam levemente, então ela encarou ele novamente.

    — Podemos ter uma conversa, tenho certeza que pode ser favorável para você e para mim: é sobre Tyx.

    O Clone sorriu, mas balançou a cabeça de forma negativa.

    — Tyx já está na corda bamba, tanto faz qualquer coisa sobre ele, daqui a pouco ele não vai ter privilegio para mais nada.

    Karoline abriu levemente os olhos ao ouvir a fala do Clone, que respondeu de forma levemente desdenhosa e fechando os olhos. Karoline abriu levemente a boca, mas logo retomou sua postura seria.

    — É isso que ele quer que você pense — ela respondeu ficando frente a frente com o Clone. — Mas na realidade, eu consegui perceber algumas coisas enquanto eu estive sobre a tutoria dele…

    O Clone encarou a jovem, observando o rosto dela com cada palavra que saia de sua boca.

    — Meu pai sempre me disse para não confiar nele, então eu sabia que eu devia ficar atenta…

    — Você só está fazendo rodeios, até agora não disse nada relevante — o Clone cruzou os braço e levantou o queixo, encarando a jovem de baixo para cima. — Princesa, acha que eu vou acreditar nisso, se tivesse algo já teria contado para seu pai.

    Karoline parou, fechou os olhos com um semblante irritado e virou as costas em direção ao corredor. 

    — Quer saber, você tem razão, acho que é melhor eu contar isso direto para ele. — a jovem disse com um semblante nervoso, olhando para o lado direito apenas com os olhos e apertando seus braços com os dedos. — Quem sabe dessa forma ele aceite pelo menos meu resultado no teste, e assim eu possa recuperar minha licença.

    Após sua fala, Karoline partiu, andando pelo corredor e deixando o Clone parado com uma expressão desconfiada. Ela continuou caminhando, com os olhos fechados e os músculos da face contraídos, gesticulando com a boca ‘por favor’ repetidamente

    Ela se afastou alguns metros, agora demonstrando uma expressão de arrependimento, até que ela ouviu a voz do Clone.

    — Espere!

    A jovem parou e suspirou, abrindo os olhos e deixando escapar um olhar de alívio. Ela, então, retomou a seriedade e virou-se para encarar o Clone novamente.

    — Tudo bem, não tenha tanta pressa — o Clone disse com o rosto sério e uma mão massageando a mandíbula. — Acho que posso te ajudar melhor com seu pai, afinal ele não está muito feliz com você, e bom, nós dois sabemos que Tyx não é confiável.

    Karoline deixou escapar um sorriso confiante.

    — Foi o que pensei, no fim, apesar de tudo, estamos do mesmo lado.

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