Capítulo 8
“Um teste na Acrópole… E eu pensando que conseguiria sair desse lugar, mas parece que tudo me traz de volta para cá.” Black se encontrava ao lado esquerdo do elevador, olhando com o canto dos olhos para Karoline, que parecia focada, com um braço cruzado e o outro apoiando a mão no queixo. “O que será que vai ser? A garota ruiva já é uma heroína, então ela deve saber de algo.”
— Karoline, certo? — Black virou o rosto para encará-la.
A jovem apenas virou a cabeça em direção a ele e acenou com um sorriso sutil.
— Você disse que todo herói já foi um ajudante, então sua equipe antiga já passou por um teste assim, não é? — Black disse enquanto cruzava os braços. — Tem alguma ideia do que possa ser esse teste?
— Não faço ideia, hehe. — Karoline respondeu com um sorriso desconcertado.
— É sério? — a voz de Demian soou atrás deles. — Você não deveria ser a pessoa mais experiente aqui?
Ele estava escorado no vidro do elevador, olhando para seu celular, cabisbaixo e com uma expressão de desinteresse.
— Eu conheço a maioria dos testes das equipes; porém, cada teste é adaptado de uma forma que a equipe é capaz de solucionar o problema. — Karoline explicou, virando-se para os dois e mordendo levemente o lábio inferior. — Mas eu nunca havia visto a formação da nossa equipe TI, então não posso afirmar nada.
“Então vai ser uma surpresa até mesmo para ela…”
Black concordou levemente com a cabeça, calado e encarando o chão.
— Mas eu estava tentando pensar em algo… mas não sei como funciona a equipe investigativa. — Karoline disse ao apoiar uma mão no quadril e gesticular com a outra. — Infelizmente elas são de ranking mais alto, então nunca tive a oportunidade de presenciar.
— Como assim ranking? — Black questionou levantando uma sobrancelha.
— Além de existirem várias categorias, também há rankings que determinam o tipo de equipe e as tarefas às quais você será designado. — Karoline explicou, retirando um aparelho semelhante a um smartphone do bolso de sua calça. — Tudo nos convergentes gira em torno de pontuação; quanto melhor sua pontuação, melhor será seu ranking.
Ela apontou o aparelho em direção a Black após alguns cliques; na tela estava a foto dela, nome, idade e o ranking: heroína classe C, ao lado de um código QR com o logo da Divisão Zero no centro e a bandeira dos Estados Unidos abaixo.
“Então é assim que funciona. Bem que a Emma disse que tudo que fazemos aqui conta. Se existe uma forma de pontuar, também deve haver alguma forma de monitoramento…”
Black encarou o aparelho que Karoline agora virava para si.
— E o que é esse aparelho? Eu vejo que praticamente todos os Convergentes carregam um desses. — ele questionou, apontando com a cabeça para o dispositivo.
— Ah, isso? — Karoline disse apontando para o aparelho e sorrindo em seguida. — Esse é o EPIC! Foi criado pela equipe de engenharia da Convergência com o Visionário.
Black concordou levemente com a cabeça, mas sua expressão demonstrava certa confusão. Karoline, notando isso, deixou escapar um sorriso nervoso enquanto passava a mão pelo cabelo.
— Eu gostaria de poder explicar mais, porém não sou uma expert no assunto… — ela disse levemente envergonhada, desviando o olhar antes de encará-lo novamente com certo entusiasmo. — O que importa é que é um ótimo aparelho! Sabe, ele demora muito para descarregar, não trava e tem uma boa câmera! É tipo seu boletim e celular ao mesmo tempo!
“Ela ficou agitada desse jeito só por não saber muito sobre o aparelho?”
Black sorriu, levantando ambas as mãos em um sinal para Karoline se acalmar.
— Tá bom! Eu entendi, obrigado.
— Parece uma vendedora tentando cumprir a cota de vendas. — Demian deixou escapar o comentário ao observar a situação.
Karoline parou por um momento, com o rosto levemente corado antes de deixar escapar uma risada genuína.
— Desculpe! Hehe. — ela disse dando um leve tapa no ombro de Black. — É só que…
— Ahhh! Por que não focamos em algo útil? — Demian disse cortando a fala de Karoline. Ele encarava os dois com seus olhos semiabertos. — Como o que vai acontecer no teste?
Black inicialmente encarou Demian com as sobrancelhas levemente arqueadas antes de voltar seu olhar para Karoline, que havia abandonado seu sorriso.
— Você disse que viu alguns testes, não é? — Black questionou. — Acha que o nosso pode ser similar a algum que você conhece?
— Esse que é o problema, depende muito; por exemplo, equipes de assalto geralmente têm que lidar com obstáculos físicos como confrontos ou resgates. — Karoline respondeu encarando Black. — Já as de reconhecimento lidam com problemas como adentrar um local sem ser visto ou identificar pontos de interesse.
— Uau! Isso foi tão útil quanto saber que em matemática usamos números! — Demian disse sarcasticamente com um sorriso forçado. — Agora vamos gabaritar o teste!
— Você não precisa ser um babaca só porque ela não sabe como vai ser o teste. — Black disse encarando Demian por cima dos ombros.
Demian apenas desviou o olhar estalando a língua com um semblante desgostoso.
— Vamos apenas focar em dar o nosso melhor! — Karoline exclamou fechando um punho com um sorriso confiante. – Vamos pensar positivamente; tudo vai dar certo!
— Ugrh, tanto faz… — Demian disse com certo desinteresse ao cruzar os braços e se colocar cabisbaixo. — Você mesmo disse que tem ranking; ou seja: temos uma nota. Apenas precisamos tirar o mínimo para passar e tá tudo certo.
Karoline virou-se para encarar Demian, que apenas a seguiu com os olhos. A expressão dela mudou; agora ela o encarava com seriedade.
“Ela ficou brava? É, de certa forma ela parece alguém que se importa com esse tipo de coisa.”
Black apenas observou os dois seguindo a jovem ruiva com os olhos.
— Não! Isso não está certo! — Karoline disse se aproximando mais de Demian. — Como você pode pensar assim?
— Oh me desculpe, capitã nepotismo! Mas estou errado? Não precisamos seguir esse seu ideal estúpido de “preciso de notas perfeitas para parecer que mereço estar onde estou”. — Demian disparou com um sorriso torto e as sobrancelhas levemente franzidas. — No fim das contas não importa quem passou em primeiro ou quem passou em último; o importante é passar!
— Não é esse o ponto… — Karoline disse se colocando em frente a Demian com uma postura séria.
— Me poupe! Agora vai falar como os professores: vocês precisam dar o seu melhor porque blá blá blá… — Demian respondeu com um sorriso debochado dando de ombros.
Ele estava prestes a falar mais quando Karoline se aproximou bastante dele, colocando a mão esquerda no vidro e encarando-o com uma postura austera. Demian engoliu em seco tentando se afastar; porém, o vidro atrás dele impedia qualquer movimento. Ele tentou respirar fundo, desviando levemente o olhar.
— Isso não é apenas uma nota na sua grade curricular; é um teste para verificar se você está apto para agir como um Convergente! — a voz firme de Karoline ecoou pelo elevador enquanto este revelava aos poucos a vastidão da Acrópole. — Afinal, em uma situação real, se você não der o seu melhor, não será apenas sua posição em um ranking que estará em jogo; será a vida da sua equipe, de inocentes e até mesmo a sua!
O silêncio perdurou por um momento, até que Demian finalmente olhou nos olhos verdes de Karoline, que o encaravam intensamente. Ele acenou lentamente com a cabeça, afastando-se de Karoline e virando-se para encarar o vidro, colocando-se de costas para ambos.
“Ela tem um ponto… mas é interessante saber que ela se importa mais com as vidas das pessoas do que realmente com um ranking… ”
— Ela está certa; é melhor que façamos o nosso melhor possível. — Black disse acenando positivamente para Karoline com um leve sorriso no rosto.
Ela retribuiu o sorriso e, em seguida, olhou para Demian com certa curiosidade.
— Você está bem, Demian?
— Sim… — Demian respondeu, passando a mão levemente pelo pescoço enquanto ainda estava de costas para eles. — Você está certa; eu… vou fazer o meu melhor…
— Você tem certeza? Escuta, desculpe se fui um pouco agressiva; não foi intencional. — Karoline disse abrindo um leve sorriso.
Demian virou-se lentamente, observando Black e Karoline, cabisbaixo.
— Não precisa disso. — ele disse desviando o olhar e suspirando brevemente em seguida. — Eu vou ajudar a equipe, mas isso não quer dizer que quero ser amiguinho de vocês.
Karoline contraiu os lábios enquanto o observava com uma expressão levemente descontente, mas logo acenou positivamente com a cabeça.
— Não vou forçar você a nada se você prefere assim. — ela disse finalmente virando-se para Black e revirando os olhos sutilmente em sua direção.
“Heh, acho que até ela tem seu limite de paciência. Bom, é hora de focar no que vem adiante.”
Black apenas sorriu sutilmente e virou-se para a porta do elevador, que se aproximava cada vez mais de seu destino: o setor DELTA.
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