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Protótipo de capa Volume 1 – Ironia Divina
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Capítulo 186 - Collectio
— Não há o que fazer — disse Ana, sua voz firme, mas sem hostilidade. Ela estendeu a mão para Niala, analisando cada nuance de sua expressão. — Você foi um dos principais fatores para estarmos vivos, rainha inseto. Então pare de se culpar.
A mulher hesitou. Suas pernas longas e elegantes pareciam menos estáveis agora, como se ela carregasse um peso que seu corpo resistente não podia suportar.
— Mas…
— Não tem ‘mas’. Não foi tarde demais — Ana interrompeu, seu tom não deixando espaço para discussão. — Fim de papo.
Antes que a outra rainha pudesse retrucar, Ana puxou sua mão para um aperto firme, selando a conversa com sua decisão.
A rainha-inseto apenas suspirou, aceitando o gesto.
Ela e seu pequeno batalhão haviam chegado na taverna algumas horas depois de Ana, acompanhados por Luiz.
A tensão na chegada foi imediata.
Os cinco guerreiros de Niala pareciam tão fortes quanto os que Ana havia enfrentado em sua invasão à colônia, mas estavam em um estado muito melhor do que aqueles.
Por um instante, houve medo.
A guerra ainda queimava na pele de cada sobrevivente. Não havia confiança. Não havia certezas. Todos se enrijeceram ao vê-los, já com espadas em punhos.
Mas então, o mentalista surgiu correndo na frente, acenando desesperadamente.
— Baixem as armas!
Felizmente, foi o suficiente para evitar um derramamento de sangue desnecessário.
“Um massacre. Mas um massacre bom.”
Essa foi a explicação que deram a Ana durante a longa conversa que se seguiu.
Isso a fez rir.
Não havia estratégia que pudesse se opor a um exército que pensa como um único ser.
A mente coletiva dos corrompidos de Myrmeceum permitiu que eles atuassem de maneira perfeita e sincronizada.
Não havia hesitação.
Não havia falha de comunicação.
E quando se está em maior número, qualquer resistência torna-se irrelevante.
Claro, os insetos não eram um povo bélico.
Eram expansionistas.
Sobreviventes, sim, mas não guerreiros.
Assim, não tinham o mesmo treinamento, a mesma brutalidade ou resistência dos caçadores de Barueri, que viviam em batalhas constantes contra monstros.
Mas ainda assim, a vitória foi esmagadora.
No entanto, o preço não foi barato.
— Muitos morreram… — comentou Luiz, fechando os olhos. Sua voz era baixa, quase um sussurro.
Ana não respondeu imediatamente, e ele respirou fundo antes de continuar.
— Gabriel também estava na defesa das muralhas.
Hesitante, Luiz retirou algo de dentro de sua vestimenta.
A máscara branca do anjo de pedra.
Ana a pegou com calma, observando-a sob a luz fraca que restava na taverna.
A pedra estava trincada, marcada por rachaduras, suja de sangue e poeira.
“Dois Gabriel ‘s morreram no mesmo dia… “
Ana soltou um riso baixo, acariciando sua superfície áspera com os dedos.
Suave, mas estranho.
— Não se preocupem tanto. Tenho certeza de que ele se sentiu satisfeito antes do fim.
Niala franziu o cenho.
— Satisfeito? — perguntou ela, sua voz carregada de incredulidade. Ao mesmo tempo, vasculhou o ambiente com o olhar, como se procurasse mais bebida para ocupar sua mente.
— Sim, sim.
Niala e Luiz se entreolharam, confusos pela falta de explicação.
Ana riu ainda mais ao ver a reação deles.
Eles não entendiam.
Mas ela também não sabia se queria explicar.
Girou a máscara entre os dedos uma última vez e suspirou exausta, jogando-a sobre o balcão.
— Enfim, a guerra acabou.
A simples frase carregava um peso monstruoso, e enquanto todos se perdiam em suas próprias reflexões, Ana distraiu-se, brincando com o pingente que havia pego da Colecionadora.
O virou entre os dedos, seu polegar passou pelas pequenas inscrições rúnicas no metal.
Não tinha qualquer pretensão, só não queria mais conversar. Mas então, no meio de seu devaneio, um som a fez parar.
Um pequeno ruído.
O rosto de Ana travou.
Seu corpo ficou rígido, e seus olhos se fixaram no pequeno pingente vibrando em suas mãos.
“Se isso explodir, vou insistir que foi um acidente!”
Sentiu um frio percorrer sua espinha, mas não demonstrou nada.
Madame, percebendo sua postura estranha, tomou a palavra.
— Somos poucos, mas as pessoas aqui estariam mais do que dispostas a recomeçar, Ana.
— Sim! Já fizemos isso uma vez, podemos fazer de novo! — Luiz se inclinou levemente para frente, sua voz carregada de convicção.— Vamos erguer a Insídia 2.0!
Ana arqueou uma sobrancelha, olhando de um para o outro.
— Vocês estão realmente animados…
Respondeu a rainha, enquanto o desconforto crescia cada vez mais dentro dela.
Precisava sair dali.
Agora.
Então, começou a recuar.
Suas mãos estavam escondidas atrás das costas, apertando o pingente com mais força, o qual vibrava cada vez mais intensamente.
O ruído abafado do objeto crescia, quase escapando entre suas palmas.
Não sabia o que estava segurando.
Mas não queria descobrir ali, cercada de gente.
— Tá fazendo o quê? — perguntou Luiz, sem entender.
— Nada, ué — respondeu Ana, de forma casual, sem diminuir o passo em marcha ré.
Já estava quase na porta.
O pingente estava quente, queimando levemente sua palma, como se quisesse se fundir à sua pele.
Mordeu o lábio, mantendo a expressão neutra.
— Bom, é isso que faremos, reerguermos o reino! A queda traz força! — murmurou com um falso sorriso.
Sem esperar mais respostas, virou-se e correu.
Estava prestes a lançar o objeto o mais longe possível… Quando o viu.
Um som profundo cortou o ar, como a trombeta de um rei anunciando sua chegada.
Ana parou abruptamente, o coração disparando involuntariamente.
Vindo de cima das nuvens, um grande navio descia imponentemente.
Sua estrutura era afiada, elegante, sem as imperfeições de uma embarcação tradicional.
As bordas eram lisas, com um brilho metálico, como se a madeira tivesse sido temperada com infinitas tiras de metal.
As velas eram negras, mas não eram simples tecidos — pareciam feitas de um estranho couro escamoso, um manto de besta morta que agora deslizava no vento.
Aquilo era como um monstro voador, deslizando pelo céu com a graça de um predador.
Foi então que, com olhos cheios de admiração, viu o pequeno detalhe final.
No casco, bem ao lado de uma runa idêntica à vista no pingente, em letras de um intenso dourado, um nome se destacava contra a madeira escura.
Collectio.
Mesmo de longe, as palavras brilhavam como uma sentença.
— ‘Coleção’… Então é assim que aquela desgraçada sempre estava em todo lugar…
O quebra-cabeça finalmente fazia sentido.
Seus dedos se fecharam ao redor do pingente.
O metal latejava contra sua pele.
Ana entendeu, e então, ela riu.
Primeiro, um sopro de ar pelo nariz. Depois, um riso contido, quase trêmulo.
Mas então, foi impossível segurar.
Jogou a cabeça para trás e riu com vontade.
Até que sua risada preencheu o silêncio da destruição ao redor.
Seus olhos brilharam de pura insanidade.
Seu coração disparava.
Seus pés se moveram por conta própria, dando um passo à frente.
Depois, outro.
Depois, outro.
“Esse mundo é meu.”
“Minha terra.”
Outro passo.
“Meu ar.”
Mais um.
“Meus mares.”
Seu peito subia e descia com intensidade.
Os outros, perplexos pela mulher que saíra correndo no meio da conversa, finalmente saíram da taverna.
No entanto, imediatamente após sair, Luiz deu um passo para trás.
“O que diabos é esse olhar?”
A rainha parecia maior. Não fisicamente, mas… de alguma forma.
A maneira como se movia, a forma como seus olhos brilhavam.
Simplesmente não sabia explicar.
Niala tentou falar, mas sua boca ficou seca. Ela sentiu medo.
Nem mesmo conseguiram reagir ao enorme navio que flutuava logo ao lado da rainha.
Ana dominava aquele ambiente com sua presença, era como se só ela existisse.
Notando-os ali, a rainha de Insídia se virou.
Seus braços se abriram.
Como se estivesse abraçando o próprio universo que a cercava.
Seu sorriso era feroz.
Seus olhos relampejavam com algo que ninguém ali poderia compreender.
Seu corpo tremia.
Mas não de medo.
De excitação.
De posse.
Olhou uma última vez para os escombros de Insídia.
O sangue.
As ruínas.
Os mortos.
“Um reino não basta.”
Respirou fundo.
Sob cada vez mais olhares, sua voz explodiu como um canto de guerra.
— Tudo está ao nosso alcance!
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