Quer apoiar o projeto e garantir uma cópia física exclusiva de A Eternidade de Ana? Acesse nosso Apoia.se! Com uma contribuição a partir de R$ 5,00, você não só ajuda a tornar este sonho realidade, como também faz parte da jornada de um autor apaixonado e determinado. 🌟
Protótipo de capa Volume 1 – Ironia Divina
Apoia-se: https://apoia.se/eda
Capítulo 191 – Três na Floresta
— Ela está acordando.
A voz profunda de Garm, mesmo baixa, se destacou na quietude da floresta.
A neblina fina que se erguia do solo úmido misturava-se com o cheiro de folhas molhadas e um resquício distante de fumaça, um lembrete persistente do que havia sido deixado para trás.
O grande lobo, sua pelagem negra salpicada de cinzas secas, manteve-se atento, seus olhos brilhando na penumbra.
Lucia cruzou os braços, observando com cautela a jovem ruiva que ainda respirava pesadamente no chão.
— Ela não vai me atacar, né? — perguntou a garota, inclinando levemente o corpo para frente, como se estudasse uma criatura prestes a reagir.
— Não. A Eva não é assim — respondeu Garm, a voz carregando uma calma inabalável. — Deve ser a única pessoa normal que conheço.
Lucia bufou imediatamente.
— Ei! Eu sou normal também!
O lobo soltou uma risada curta, um som estranho vindo dele. Mas logo cessou, pois um grunhido rouco se ergueu no ar.
O corpo de Eva tensionou-se subitamente, como um fio esticado ao máximo.
Seus olhos se abriram em um estalo, movendo-se rápido, tentando processar onde estava.
— Merda… — murmurou ela, a respiração ofegante.
O instinto assumiu antes da razão.
Com um salto ágil, Eva se ergueu, rolando para longe de onde estava. Seu corpo reagia antes de sua mente compreender a situação.
Seus olhos analisaram o ambiente rapidamente, seu coração martelando no peito. Sem esperar resposta, agarrando a primeira coisa que viu, pegou uma pedra e assumiu uma postura de ataque.
— Onde eu tô? Quem é você?! Conselheiro Garm?
O lobo rapidamente se colocou entre as duas garotas, sua imensa silhueta escurecendo parte da luz que se infiltrava entre as folhas.
— Calma, pequena — seu tom era paciente, mas inegociável. — Essa é a Lucia. — acrescentou, com um leve movimento do focinho em direção à menina. — Não é uma inimiga.
Lucia, que até então apenas observava, caminhou hesitante para o lado da pata do lobo, sua presença mais contida do que o normal.
“Só um pouco mais velha que eu!”, pensou enquanto analisava a jovem ruiva, agora acordada, à sua frente. Por fim acenou de forma breve, quase mecânica, seus olhos evitando contato direto com Eva.
A ruiva franziu o cenho, a confusão ainda nítida.
— Lu… cia? — repetiu, tentando encaixar o nome na memória desorganizada. — A aprendiz da rainha?
Lucia piscou.
E então… ficou completamente vermelha.
— A Ana me apresentou como aprendiz?
Seu tom saiu mais alto do que pretendia, com um inesperado toque de orgulho presente em seu tom.
A ideia de que Ana falava dela para os outros fez sua mente girar por um segundo.
Mas sua expressão logo mudou.
A empolgação deu lugar a uma carranca emburrada, como se sua própria reação a tivesse irritado.
— Mais que isso — acrescentou Garm, com um tom de voz mais leve. — Ela disse que você é a melhor manipuladora de mana que conhece. Mesmo na sua idade.
A jovem abriu a boca para responder, olhou para Garm, olhou para Eva, mas fechou novamente, sem emitir som algum.
Seu corpo tensionou-se visivelmente, e, em um movimento brusco, virou-se de costas, resmungando palavras inaudíveis com um tom rabugento.
Foi sentar-se sob uma árvore, cruzando os braços, o olhar perdido na escuridão da floresta.
Garm suspirou pesadamente.
— O que tá acontecendo? — perguntou Eva, ainda confusa, esfregando a têmpora como se tentasse organizar os próprios pensamentos. — A última coisa que lembro foi aquela mulher estranha invadindo o salão real…
— Bom… Quando eu entrei, você já estava desmaiada. Mas a Jasmim foi derrotada também.
— Jasmim? — Os olhos de Eva brilharam brevemente com surpresa. — A irmã da Ana?
— Sim, mas não acabou aí. Invadiram o castelo — Garm continuou. — Então trouxe vocês duas para fora.
Eva passou a mão na testa, respirando fundo.
— E por que ela tá assim? — perguntou, sua atenção se voltando para Lucia, que continuava de costas para os dois, as pernas dobradas contra o peito.
O lobo não respondeu de imediato. Então, com um tom direto, mas sem crueldade, explicou.
— A Ana matou o namorado dela.
— Ele não era meu namorado! — gritou Lucia, de longe. Porém, apesar da negação fervorosa, ela desviou o olhar imediatamente para o chão, sem convicção. — Mas ela não precisava matar ele… — murmurou, sua voz quase inaudível agora.
Garm a encarou de cima.
Seus olhos escuros estavam impassíveis.
— Aquele garoto fedia da mesma forma que a mulher caída. Você está se fazendo de cega.
Lucia se virou bruscamente, a raiva transparecendo em sua voz:
— Você virou um chato agora que começou a falar!
Apesar de rosnar, a fúria da garota desapareceu rápido demais.
Após um breve momento, voltou a se encolher, cruzando os braços novamente e enterrando o rosto nos joelhos.
A situação era sufocante.
Eva viu tudo acontecer, sem dizer nada no início, mas não pôde deixar de soltar um riso curto e nasalado. Largou a pedra de sua mão e, sem pressa, se sentou em outra árvore, seus olhos observando o céu entre as copas das árvores.
— De que adianta voltar? — perguntou de repente.
Podia ver a fumaça ainda subindo no horizonte.
Insídia queimava.
— Encontraremos algo lá?
Havia algo sombrio e pensativo em suas palavras, e Garm não respondeu de imediato. Ele também olhou para a fumaça que se dissipava lentamente no céu.
E então, deitou-se, suas patas se cruzando sobre a terra úmida.
— Não sei.
Foi uma resposta sincera.
O silêncio voltou.
Apenas o som do vento balançando os galhos preenchia o espaço entre eles.
— Ana seguiu com o Renovatio… — murmurou Garm.
Eva fechou os olhos lentamente, soltando um suspiro profundo.
— Foi o que imaginei…
A conselheira ruiva nunca concordou totalmente com aquele plano, mas sabia que, se Ana o ativou, não foi sem razão.
Seus dedos se apertaram levemente contra a terra fria, pensativa.
O cansaço pesava em seus ombros.
Nenhum deles queria admitir, mas, naquela noite, estavam sem rumo.
Finalmente, Garm quebrou o silêncio.
— Vamos esperar a fumaça baixar.
Sem mais ânimo para continuar, se preparou para adormecer.
— Amanhã veremos o que restou.
O peito do grande animal estava subindo e descendo em um ritmo lento.
Mas a sonolência durou apenas um momento.
Um segundo de descanso.
Um erro.
Seus olhos se arregalaram subitamente.
Seus músculos se tensionaram como aço, e suas orelhas ficaram em pé, captando um som quase imperceptível.
Lucia e Eva não perceberam a mudança de imediato.
Mas então, ele se moveu.
Antes que a ameaça pudesse ser compreendida, se jogou para frente, o corpo massivo cobrindo ambas as garotas.
— Fiquem abaixadas! — rosnou ele, a urgência em sua voz soando como um trovão.
E então veio o som real.
Agudo. Penetrante. Um assobio cortante no ar.
Algo rápido.
Rápido demais.
Eva ergueu a cabeça no reflexo. Lucia mal teve tempo de piscar.
O tempo desacelerou.
E então, a dor.
Não para elas.
Para ele.
O impacto foi instantâneo.
A carne se rasgou antes mesmo que o som da destruição pudesse ecoar.
O corpo de Garm tremeu violentamente, mas ele não caiu.
Sua força descomunal ainda sustentava seu próprio peso para que não esmagasse as garotas que protegia, mesmo com a cortina de sangue que explodiu no ar, espalhando-se como uma rajada escarlate pelo chão, pela grama, pela pele das garotas.
Lucia sentiu o líquido quente salpicar seu rosto, e seu coração disparou em pânico, batendo contra o peito como se tentasse escapar de dentro dela.
Mas nada podia ser feito.
A floresta, de repente, parecia muito, muito mais fria.
Quer apoiar o projeto e garantir uma cópia física exclusiva de A Eternidade de Ana? Acesse nosso Apoia.se! Com uma contribuição a partir de R$ 5,00, você não só ajuda a tornar este sonho realidade, como também libera capítulos extras e faz parte da jornada de um autor apaixonado e determinado. 🌟
Venha fazer parte dessa história! 💖
Apoia-se: https://apoia.se/eda
Discord oficial da obra: https://discord.com/invite/mquYDvZQ6p
Galeria: https://www.instagram.com/eternidade_de_ana
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.