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Protótipo de capa Volume 1 – Ironia Divina
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Capítulo 55 - Hospital
*Essa é uma prévia da reescrita! Ainda está crua, sem o polimento final, mas logo ganha forma. Se notar algo fora do lugar, toda ajuda é bem-vinda!
— O funcionamento das novas veias é fascinante… quem diria que o fluxo de mana se comportaria dessa forma…
Ana falava consigo mesma enquanto anotava de forma apressada mais algumas observações no caderno já gasto. Perdera completamente a noção do tempo, só se deu conta da chegada da manhã quando a luz clara começou a invadir o cômodo pelas frestas da janela.
A noite fora longa e cheia de estudos meticulosos. Sob a luz trêmula das velas, havia passado horas examinando amostras biológicas, comparando as estruturas alteradas pela mana com as antigas descrições que recordava de livros de biologia.
Cansada demais para se importar com qualquer drama existencial, bocejou largo, pegou uma maçã e, mastigando sem muito entusiasmo, preparou um café forte o suficiente para agredir os rins.
Já havia, com certa antecedência, cavado um buraco de profundidade respeitável no pequeno jardim dos fundos da casa — um jardim que antes servia para ervas medicinais e agora, bem, servia para fins mais pragmáticos.
Com mãos enluvadas, depositou o que precisava ser depositado. Cobriu com terra suficiente para não atrair olhares curiosos e, num acesso de eficiência agronômica, aproveitou para semear algumas variedades que lera nos registros da mãe.
Por fim, fincou uma pequena cruz rústica no solo, improvisada com dois gravetos e barbante. Sorriu para ela mesma, sem entender exatamente por quê.
— Lembrem-se da impermanência da vida, plantas burras.
Murmurava mais para preencher o espaço do que por necessidade. Sua mente estava lotada de pensamentos aleatórios somados à irritante facilidade com que tinha feito o que fizera. Nunca havia matado outra pessoa. Teoricamente, deveria estar sentindo algo.
No fim, tudo é carne.
— Eu devia me sentir mal…?
Sim, devia…
— Não foi você que mandou eu matar minha mãe? — questionou Ana, indignada.
É diferente. Acredite em mim.
— Tá, tá…
E assim, ainda discutindo com vozes que insistiam em não se apresentar formalmente, percebeu que seus pés já a haviam levado até o hospital.
A primeira visão que teve dos jovens caçadores foi, para dizer o mínimo, deprimente. Alex, o gigante bobo de sempre, agora parecia mais um grande embrulho de bandagens. Estava com gesso nos dois pulsos esmagados, uma lesão que certamente não seria curada rapidamente.
Felipe não estava muito melhor. Embora não carregasse tantas bandagens visíveis, sua pele pálida denunciava uma luta interna que os curativos não resolviam. Respirava com dificuldade, um som incômodo de costelas quebradas tentando cooperar com a sobrevivência.
Júlia, curiosamente, estava acordada. Sentada em sua cama — se é que aquele amontoado de madeira desconfortável podia ser chamado de cama —, olhava para o nada com uma expressão vazia que não combinava com sua habitual brutalidade. Uma grande mancha avermelhada se alastrava pelo linho de sua camisa, indicando que sua ferida insistia em reabrir toda vez que ela, por puro hábito, tentava se espreguiçar.
Ana franziu o lábio num misto de desconforto e resignação ao ver a enfermeira mal-humorada pendurando galinhas ao lado de cada paciente. Uma cena que teria sido chocante, se não fosse tão… prática. A mulher passou degolando os bichos com a frieza de quem corta papel, e os corpos moribundos dos animais sequer tiveram tempo de entender que estavam em um hospital.
Não era exatamente brutalidade — ao menos, não para os padrões de Aurórea —, era só o procedimento padrão. A mana de criaturas simples como galinhas era quase risível, mas isso não tornava o método menos eficaz. O corpo humano, quando ferido, acelerava de forma voraz o consumo de mana interna para se reparar. Isso explicava por que pessoas com grandes ferimentos entravam em exaustão tão rapidamente: curar-se não era uma questão de força de vontade, mas de combustível.
Se não houvesse uma fonte externa para repor essa mana rapidamente, o corpo simplesmente colapsava. Daí as galinhas. Elas eram, na prática, pequenas baterias com penas e bico. Não duravam muito, mas às vezes um frango bem sangrado valia mais que um analgésico bem administrado.
Claro, a rainha mercenária não estava desgostosa pela carnificina crua, mas sim pelo preço que aquilo teria. Nunca havia sido empresária — e, se fosse, provavelmente faliria em dois meses por desinteresse contábil —, mas depois de uma longa vida como CLT explorada, sentia-se na obrigação de cobrir as despesas médicas dos feridos, mesmo que não tenham feito muito durante a missão.
Suspirou, mas antes que pudesse cumprimentar Júlia, seus olhos foram atraídos por outra figura, um pouco mais ao fundo da tenda, sentada ao lado de sua mãe desacordada.
Jasmim chorava.
Não fazia escândalo — não era desse tipo. Chorava de um jeito quase metódico, como quem faz isso regularmente e já aprendeu a esconder os soluços entre as pausas da respiração. A cena paralisou Ana por um momento. Não eram próximas. Não tinham história. E, por isso mesmo, o gesto pegava num lugar inesperado do estômago.
Ficou em dúvida. Deveria se aproximar? Dizer algo? Ignorar? Esperar? Teria que pagar pelas galinhas que Jasmim estava, tecnicamente, drenando por osmose emocional mesmo sem ser paciente formal?
Tantas perguntas. Tão poucas respostas…
— E aí, como ela tá? — perguntou, com a voz mais neutra que conseguiu, aproximando-se cautelosamente.
Jasmim virou-se lentamente. Os olhos vermelhos diziam tudo o que a boca se recusava a expressar com clareza. Houve um segundo de silêncio, pesado. Por um instante, Ana achou que não viria resposta nenhuma. Mas, entre os dentes cerrados, a garota respondeu.
— Não acordou desde ontem — disse em sua voz era trêmula. — Eu sabia que ela saía em busca de ervas, mas pensei que fossem só trabalhos avulsos, Ana. Como ela pôde se envolver com mercenários? Você sabia disso?
A palavra “mercenários” saiu de sua boca como quem cospe algo amargo. Não era apenas desdém, era desprezo envernizado com mágoa. Ana sentiu o incômodo imediatamente — não por vergonha, mas pela constatação inevitável de que seria inútil tentar explicar qualquer coisa naquele momento.
— Eu não posso acreditar que vocês escolheram essa vida. Todo esse risco, por quê? Por dinheiro? Por aventura?
— Não é tão simples…
Ana já tinha uma resposta pronta, mas Jasmim não parecia disposta a ouvir. O que não a impediu de continuar, agora com a voz oscilando entre fúria e desilusão.
— O que não é tão simples?! Com suas habilidades vocês podiam ter entrado em minha guilda. Teríamos orgulho. Poderíamos dizer que somos caçadores. E não… isso.
Ana inspirou fundo e pousou uma mão no ombro da garota, sem pretensão de resolver nada com aquele gesto, mas ao menos para deixar claro que não tinha vindo ali como inimiga. O corpo da jovem caçadora, rígido, não cedeu ao toque.
— Jasmim, mais do que nunca, ela precisa de nós. Vamos cuidar disso juntas.
— Cala a boca! — explodiu — Você está junto com os que fizeram ela ficar nesse estado! Você não passa de uma marginal! Eu não aguento nem olhar pra sua cara!
E com isso, sem esperar resposta, girou nos calcanhares e saiu, os passos pesando como se quisessem esmagar cada pedra do caminho.
Ana permaneceu parada por alguns segundos, sem surpresa. Era difícil reagir com raiva quando a outra pessoa estava obviamente machucada e mal sabia no que descontar. Por fim, exaurida, virou-se de volta para Margareth, ajustando devagar o travesseiro sob sua cabeça.
— Irmãs mais novas são realmente difíceis, né?
O comentário com um toque de humor veio da arqueira ruiva, que assistia à cena, intrigada.
— Muito mais difíceis do que eu gostaria… você também tem uma?
O sorriso de Júlia se alargou, e ela apontou com o queixo para a cama à sua frente. Uma garota dormia ali, cabelos vermelhos como brasas recém-apagadas, espalhados pelo travesseiro. Seu rosto ainda carregava traços infantis, mas a palidez da pele e a respiração fraca denunciavam que o corpo não acompanhava a energia que talvez existisse nela.
— O nome dela é Eva. É mais nova que a sua, mas também é um pequeno monstrinho.
— Está doente?
— Ah, mais ou menos — murmurou Julia, sutilmente cabisbaixa. — O corpo dela é fraco desde que nasceu. Mas agora que tenho dinheiro, vou entupir essa menina de mana até ela virar uma usina. Quando ela bater rank F, acho que as coisas vão melhorar.
Ana se aproximou devagar. Não por cautela, mas por respeito. Havia uma fragilidade ali que não se dizia em voz alta. Ela ficou em silêncio por um momento, observando a menina adormecida.
Foi então que os olhos de Eva se abriram, encontrando os de Ana com uma calma desconcertante. A rainha mercenária arqueou uma sobrancelha, surpresa com a clareza do olhar. Sorriu e afagou seus cabelos com delicadeza, depois se afastou devagar, voltando o olhar para o restante do grupo.
— Ei, vagabundos. Tá na hora de acordar.
A voz não saiu alta — ainda era um hospital, afinal —, mas o suficiente para fazer os irmãos se remexerem nas macas. Alex resmungou algo ininteligível, Felipe abriu os olhos devagar, parecendo levemente anestesiado pelo próprio tédio.
— Precisamos conversar sobre nosso próximo destino — disse Ana, cruzando os braços com um ar prático, embora estivesse perfeitamente consciente de que nem eles, nem ela, estavam prontos para se mover tão cedo. Mas a vida raramente se importava com isso.
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