Capítulo 1(2): Manaclaste
Augustus devolveu a cabeça mumificada ao sacerdote com um gesto firme e preciso. A relíquia foi recebida com reverência, envolta novamente nas fitas sagradas antes de ser recolocada no baú. Meu tio, então, virou-se sem hesitação e desceu os degraus do tablado, sua capa balançando com o movimento.
Enquanto caminhava, sua mão encontrou instintivamente o cabo de sua espada. Não era um gesto teatral, mas sim um reflexo natural de quem passou a vida no campo de batalha. Os oficiais e soldados imperiais que testemunhavam o julgamento seguiram-no sem que precisasse dar ordens. Era como se a decisão de Thalos, através da cabeça profética, tivesse colocado a engrenagem da justiça imperial em movimento.
No centro do tablado, a representante dos Lestari vacilou. Seu corpo, antes ereto e sustentado por orgulho e tradição, cedeu sob o peso do destino selado. Ela desabou de joelhos no chão áspero, os olhos vazios, como se toda a força de sua alma tivesse sido drenada.
Ninguém se moveu para ajudá-la.
Aquilo era parte do julgamento. Uma Casa condenada era uma Casa caída. E ninguém, nem mesmo os aliados de outrora, se atreveria a compartilhar sua desgraça.
Meu coração disparou. Eu sabia o que viria a seguir.
A Legião Manaclaste entraria em ação.
— Rápido, senão vamos ficar para trás! — Cassiopeia exclamou, pegando minha mão e puxando-me com determinação.
Minha irmã às vezes se esquecia do quanto era forte… ou do quanto eu era frágil. O puxão foi tão brusco que senti meu ombro protestar em dor aguda.
— Cass… não tão rápido — resmunguei, tentando recuperar o equilíbrio. — Vou acabar me machucando.
Ela parou abruptamente e me olhou. Havia algo de culpado em seus olhos antes de me soltar.
— Desculpa.
Não havia tempo para mais conversa. Seguimos apressados, acompanhando o grupo de oficiais e nobres até um ponto de observação estratégico. De onde estávamos, tínhamos uma visão privilegiada da Legião, que se alinhava na planície diante da fortaleza dos Lestari.
Meu tio já estava junto ao comandante da Legião, um homem de postura rígida e armadura imponente, adornada com runas douradas. O comandante saudou Augustus e abriu espaço para que ele se dirigisse aos soldados.
O vento carregava sua voz como um trovão.
— Estamos aqui para aplicar a lei do Império e a lei dos deuses — declarou. — Não tenham piedade. Não vacilem. Os rebeldes e seu líder, Carrara Lestari, devem morrer.
O nome de Carrara Lestari pairou no ar como um presságio sombrio.
— Sejam cautelosos — continuou meu tio. — Ele está no sexto círculo de mana incompleto. Pode ser perigoso. Ele pode danificar uma Manaclaste. Pode até ferir vocês. Localizem-no e deixem-no para mim.
Os soldados responderam em uníssono, vozes firmes e cheias de convicção:
— Sim, senhor!
O som reverberou em meu peito como o estrondo de um tambor de guerra.
Meu tio ergueu sua espada para o céu. A lâmina, polida e afiada, capturou a luz do sol, refletindo um brilho fulgurante.
— Abaixem os visores!
O som metálico ressoou entre as fileiras enquanto as viseiras das armaduras se fechavam, selando os guerreiros dentro de suas fortalezas de metal e mana
— Ativem os circuitos primários de mana!
Um zumbido grave preencheu o ar.
O chão sob nossos pés tremeu levemente, vibrando com a energia pulsante das armaduras. Pequenas pedras e grãos de poeira saltavam no solo conforme a mana fluía através dos circuitos.
Meus olhos se arregalaram.
Na oficina de engenharia mágica, mestre Kas havia descoberto que eu tinha uma afinidade única para sentir mana. Muitos dos problemas nos circuitos das Manaclastes tinham sido corrigidos graças a mim. Eu podia perceber os gargalos nas runas, apontar onde a energia não fluía como deveria.
Mas, mesmo assim…
Mesmo assim, eu nunca poderia pilotar uma Manaclaste.
Não sem um núcleo.
E isso doía.
— Ativem as runas principais! — rugiu meu tio.
As armaduras responderam.
As runas que cobriam suas superfícies brilharam em azul intenso, como relâmpagos contidos. A energia mágica correu pelos veios gravados no metal, e os guerreiros cresceram diante de nós.
Colossos de três metros, movidos a pura magia.
Apenas o impacto visual foi suficiente para fazer meu coração acelerar ainda mais.
Meu tio abaixou a espada com um movimento decidido, como se cortasse o próprio ar. Seu rosto era de puro ódio.
— Ataquem.
O comando rasgou a tarde como uma lâmina.
— Preservem as instalações.
A Legião avançou.
O chão estremeceu sob seus passos ritmados, uma marcha inexorável que devorava a distância até a fortaleza. O impacto dos pés blindados contra a terra era quase hipnótico, um tambor de guerra marcando a cadência do inevitável.
Meu coração acompanhava aquele ritmo.
Olhei de relance para Cassiopeia. Ela estava radiante.
Os olhos faiscavam, cheios de fome e ambição. A visão daquela força incrível sob comando imperial a fazia sonhar.
Um sorriso iluminava seu rosto de porcelana.
— Incrível… — murmurei, fascinado.
Cass assentiu.
— É mesmo.
A Legião chegou aos portões pesados de pedra.
Os traidores estavam entrincheirados atrás da muralha. Algumas magias foram lançadas contra as Manaclastes, disparos desesperados de energia elementar e projéteis encantados. Mas era inútil. As barreiras rúnicas absorviam os ataques sem esforço, dissipando-os como se fossem apenas brisas inofensivas.
Mais atrás, vi meu tio gesticulando, dando ordens. Mas a distância era grande demais para que eu compreendesse suas palavras.
Um oficial da Legião, cuja armadura ostentava detalhes dourados, aproximou-se de Augustus e saudou-o.
Trocaram algumas palavras breves. Então, o oficial moveu-se para frente.
Ele se posicionou diante do portão de pedra e estendeu um braço.
E então… sua mão se retraiu para dentro do antebraço da armadura, revelando um bocal de canhão de mana.
Minha pele formigou.
Eu podia sentir a armadura sugando mana do ambiente com voracidade. Tamanha era a absorção que até algumas Manaclastes próximas piscaram, os circuitos oscilando momentaneamente.
Uma esfera azulada se formou diante do canhão.
Ela pulsava, girando como um pequeno sol de energia condensada.
O ar ao redor distorceu-se.
Então, a esfera foi disparada.
O barulho agudo do disparo perfurou meus ouvidos. A explosão que veio a seguir foi ensurdecedora.
O impacto contra o portão de pedra gerou uma onda de choque brutal. Fragmentos maciços foram lançados em todas as direções, acompanhados por uma nuvem de poeira densa que engoliu a visão do que restava da entrada.
Por um momento, o mundo pareceu segurar o fôlego.
O que restara dos Lestari esperava do outro lado.
E agora… não havia mais barreira entre eles e a Legião.
Quando a poeira finalmente começou a baixar, pude ver a extensão do estrago. O grande portão de pedra, outrora um símbolo de segurança, agora não passava de um amontoado de escombros. Ambas as folhas maciças haviam sido despedaçadas, e a força da explosão empurrara a destruição para dentro da fortaleza. Rochas de vários tamanhos haviam sido lançadas violentamente, transformando o interior em um cenário de pura devastação.
O chão estava coberto de destroços, e entre eles, os corpos dos desafortunados que estavam próximos demais. Vi membros retorcidos, torsos despedaçados e manchas de sangue cobrindo as paredes. Um dos soldados dos Lestari ainda se mexia, os olhos arregalados de horror enquanto tentava alcançar algo. Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma das Manaclastes avançou, e uma única pisada esmagou seu crânio contra o chão com um estalo surdo.
Assim que o caminho estava desobstruído, a Legião avançou.
O ataque foi metódico e brutal. As armaduras Manaclastes se moviam como predadores incansáveis, esmagando qualquer resistência sem esforço. Os homens dos Lestari tentaram reagir, conjurando feitiços, disparando flechas encantadas, investindo com lâminas brilhando de mana.
Mas era inútil. Os feitiços se desfaziam ao colidir contra as defesas mágicas das Manaclastes, absorvidos pelas runas ou dissipados como faíscas inofensivas. As lâminas eram aparadas por membros de aço encantado, ou espadas gigantes, antes de seus portadores serem dilacerados em golpes rápidos e eficientes. Os membros da Legião sequer hesitavam. Eles não estavam ali para lutar; estavam ali para exterminar.
No início, eu observava tudo aquilo com um misto de fascínio e temor. O brilho azul das runas, a forma como as armaduras pareciam invulneráveis, a disciplina implacável da Legião. Tudo era tão poderoso, tão absoluto. Mas logo meu assombro começou a se transformar em outra coisa. Meu estômago, sem que eu percebesse, estava se revirando, o gosto ácido da bile, incomodava minha garganta.
Não era uma batalha. Não era uma execução.
Era um massacre.
A diferença entre as forças era absurda. Aqueles homens não tinham chance. Era como ver gigantes pisarem formigas, alheios a poeira que levantavam.
Foi então que um grito rasgou o ar.
Alto, furioso, impregnado de ódio.
De dentro da fortaleza, um homem surgiu. Seu corpo delgado se movia com precisão letal, e em sua mão havia uma espada longa, cujos fios tremulavam com a intensidade do mana que a revestia. Sua vestimenta militar estava manchada de poeira e sangue, seu cabelo e barba desgrenhada, indicando seu desespero e ansiedade.
Mas mesmo assim, o brasão da Casa Lestari em seu peito reluzia orgulhoso.
Carrara Lestari.
Ele não esperou. Não hesitou.
Com um único movimento, sua lâmina brilhou e rasgou o ar. O aço encantado da Manaclaste que estava à sua frente foi partido como se fosse papel. O corpo dentro da armadura se desfez em um jorro de sangue, e o legionário tombou antes que sua mente pudesse registrar a própria morte. As runas em sua armadura piscaram e se apagaram, como uma estrela que se apaga no céu.
Fiquei sem fôlego, entre o assombro e a indignação. O golpe fora tão rápido, tão preciso, que por um momento meus olhos se recusaram a acreditar no que tinham visto. Aquilo sim era poder de verdade. A força crua e indomável de alguém que havia alcançado o sexto círculo de mana, que não precisava de equipamentos, runas ou circuitos para ser uma ameaça.
Carrara girou a lâmina entre os dedos e apontou para os membros da Legião. Seus olhos eram como brasas, queimando de ira.
— Malditos mentirosos — vociferou, sua voz cortando o ar como um aço afiado. — Vocês chamam isso de justiça? Isso é um massacre! Somos inocentes…
Seu olhar varreu os soldados, cheios de fúria e desprezo. Mas não havia medo ali. Nenhuma hesitação.
Secretamente, invejei aquele homem.
Invejei sua força, sua confiança, e não só ele, invejei Cassiopeia, que um dia empunharia o mesmo poder. Meu tio, meu pai, meus outros meios-irmãos, todos os que haviam nascido com um núcleo de mana funcional e o potencial para se tornarem guerreiros de verdade.
E então percebi: por mais que eu tentasse, por mais que me esforçasse… eu nunca poderia ser como eles.
A bela espada do Lorde Lestari cantava — uma melodia fria e precisa, feita de ódio e destruição. Cada estocada, cada golpe, carregava um propósito absoluto: abater seus inimigos com a fúria de um homem que não tinha mais nada a perder.
Em um único avanço, ele desabilitou três legionários. Não houve desperdício de movimento, não houve hesitação. Sua lâmina cintilava com mana condensada, atravessando os circuitos de defesa das armaduras como se fossem meros ornamentos. Os corpos tombaram pesadamente, suas runas piscando e se apagando enquanto o sangue escorria pelo metal negro.
Foi então que um dos oficiais da Legião, um guerreiro distinto com detalhes dourados na armadura, avançou para detê-lo.
A diferença de habilidade era clara. O oficial não fazia frente a Carrara Lestari, mas conseguiu interromper seu ímpeto. Sua armadura, mais robusta do que as demais, resistia — mas apenas por pouco. Cada golpe da lâmina do traidor deixava marcas profundas nas placas peitorais e na grande espada que ele empunhava. Um golpe ligeiramente mais forte, um erro mínimo, e o oficial seria reduzido a nada além de carne e metal partido.
O ar estava carregado de tensão, eletrificado pelo choque do aço contra aço, pelo fluxo invisível de mana percorrendo os guerreiros como correnteza. Meu coração martelava contra o peito, minhas mãos estavam frias.
Foi então que ouvi a voz.
— Deixem-no para mim. Afastem-se.
A voz de meu tio cortou o campo de batalha como uma lâmina afiada, carregada de autoridade e certeza.
Os soldados imediatamente se moveram para trás, criando um espaço vazio no centro da carnificina.
Meu tio não entrou andando.
Ele saltou.
Ele se lançou para o alto, girando no ar em uma pirueta elegante e mortal. Seu manto escuro ondulou ao redor dele como as asas de um predador, e quando aterrissou diante de Carrara, o impacto de seus pés rachou levemente o solo sob eles. Seu movimento não era apenas eficaz, era uma declaração, um convite. Carrara o encarou com olhos semicerrados.
— Finalmente — murmurou. — Provarei minha inocência.
Sua voz era baixa, carregada de algo que eu não conseguia definir. Além da raiva, outra coisa estava em seus olhos, o que, eu não sabia detectar.
Ao meu lado, Cassiopeia respirou fundo.
— Terceira posição de ataque dos Vulkaris… — ela murmurou, quase para si mesma, seus olhos cravados na postura de nosso tio. — Ele parece estar com pressa.
Eu não fazia ideia do que aquilo significava, além que eram relacionados ao estilo de nossa Casa.
Nunca me deixaram participar dos treinamentos. Meu pai havia proibido minha participação desde cedo, dizendo que seria um desperdício de recursos.
Quando éramos crianças, Cass e eu, meus primos e meios-irmãos treinávamos juntos. Naquela época, nossa diferença física ainda não era tão grande. Eu podia acompanhar, podia lutar, aprender os movimentos. Mas então o tempo passou.
O corpo de quem absorve mana se modifica muito rápido. Um único círculo completo de mana fazia de uma pessoa algo completamente diferente de mim, eles se tornavam mais fortes, mais resistentes, mais rápidos. Até meus irmãos mais novos eram muito mais fortes que eu.
A diferença se tornou abismal.
Tentei continuar. Cass, teimosa como sempre, insistiu em me ensinar em segredo. Mas um dia, enquanto treinávamos, tentei bloquear um golpe dela. Apenas um.
Senti a dor antes mesmo de entender o que havia acontecido. Meu punho cedeu sob o impacto. Ossos trincados.
Cass ficou pálida. Pediu desculpas repetidamente, mas eu já sabia a verdade.
A luta não era para mim.
A batalha que se desenrolava diante de meus olhos pertencia a eles, aos guerreiros, aos escolhidos pelo poder.
Eu não era um deles.
— Maldito… — rosnou Carrara entre dentes, os olhos faiscando de fúria.
Seu corpo se contorceu por um instante, e então ele explodiu em movimento. Um borrão de velocidade e mana pura, avançando como uma lâmina viva.
O ataque era veloz demais para um humano comum sequer enxergar, mas meu tio não era um humano comum.
O som de aço contra aço ecoou pelo campo de batalha quando ele bloqueou a investida no último instante, os pés cravando no chão com força para absorver o impacto. A lâmina de Carrara vibrou contra a dele, faiscando luz azulada. Meu tio contra-atacou com um golpe ascendente, o traidor rosnou e saltou para trás, os músculos tensos, pronto para um segundo ataque.
Mas foi aí que Cassiopeia, ao meu lado, se sobressaltou.
Ela deu um pulo, ficando de pé com as mãos crispadas, os olhos arregalados.
— Ele cometeu um erro! — disse, excitada.
O erro de Carrara ficou evidente no instante seguinte.
Ainda no ar, sem apoio para recuar ou se reposicionar, ele se tornou um alvo perfeito.
Meu tio sorriu.
Com um impulso feroz, partiu em seu encalço, um vulto de velocidade e precisão. Sua espada brilhou sob a luz do sol enquanto desferia dois golpes: o primeiro, de cima para baixo, forçando Carrara a erguer sua lâmina para bloquear; o segundo, um corte lateral, perfeito, fluido, que encontrou o pescoço desprotegido do traidor.
Por um segundo, tudo pareceu congelar.
Então, o corpo de Carrara caiu pesadamente em um lado do campo. Sua cabeça rolou para outro.
Tinha sido rápido demais.
Limpo demais.
Diferente do que eu imaginava ser uma batalha épica.
Ao meu lado, Cassiopeia soltou uma exclamação, erguendo um punho cerrado no ar.
— Isso!
Eu, porém, não consegui reagir da mesma forma. Meu coração martelava forte contra as costelas, enquanto eu tentava absorver tudo aquilo. As informações, os movimentos, a brutalidade do que havia acabado de acontecer.
As histórias que eu lia na biblioteca sempre falavam de confrontos grandiosos, de duelos lendários que pareciam danças mortais, onde heróis trocavam golpes por minutos inteiros antes que um caísse. Mas a realidade era outra.
Na realidade, a guerra não tinha poesia.
Na realidade, bastava um erro, um único momento de vulnerabilidade, e tudo terminava.
E foi exatamente o que aconteceu com o restante dos rebeldes.
Sem seu líder, a resistência deles desmoronou. A Legião Manaclaste avançou impiedosamente, esmagando qualquer tentativa de defesa. Os gritos foram morrendo, substituídos pelo som seco das lâminas cortando carne, do metal triturando ossos.
Muitos dos representantes do Império sequer ficaram para ver o final. Para eles, aquele massacre já era um desfecho anunciado.
Meu tio também não ficou.
Depois de dar as ordens finais, ele se virou e seguiu para sua tenda sem olhar para trás.
Eu e Cassiopeia também deixamos o campo de batalha, caminhando em silêncio pelo acampamento. A poeira grudava em nossas roupas, o cheiro de sangue ainda impregnava o ar.
Quando chegamos à nossa área, trocamos nossas Pedras de Ancoragem. Entregamos as que nós tinham levado ali, e pegamos as que nós levaria para o novo destino: Vesúvia, a fortaleza da Casa Vulkaris.
O dia havia terminado. Era hora de voltar para casa.
Mas eu sabia que aquela cena ainda ficaria presa em minha mente por muito tempo.
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