Capítulo 131

Finalmente, a chuva cessou ao amanhecer. Os cavaleiros já estavam fora de suas tendas antes do primeiro raio de luz e estavam ocupados preparando o café da manhã. Nenhum deles tinha conseguido comer uma refeição decente na noite anterior, então pretendiam preparar algo mais substancial antes de partirem. Nada importava mais durante uma marcha brutal do que o descanso e a comida suficientes.

Maxi comeu a tigela de ensopado de batata que Riftan lhe trouxe e se vestiu. Quando a luz ficou mais forte, os cavaleiros se prepararam para partir.

Maxi estava prestes a montar Rem quando Riftan apareceu ao seu lado.

Ele segurou seu braço. “Venha comigo.”

Os olhos de Maxi se arregalaram.

“Vá neste hoje”, disse ele, apontando para o carro agora livre do pano alcatroado.

Percebendo que ele estava preocupado de que ela ainda pudesse estar sentindo os efeitos dos esforços da noite anterior, Maxi ficou vermelha.

“E-Eu estou bem. Eu posso… cavalgar meu cavalo.”

“Metade dos nossos suprimentos se foram, então você não será um peso extra. Você deveria tentar conservar sua energia enquanto viajamos pelas planícies.”

“Faça como o comandante diz, minha senhora. Você deve recuperar toda a energia que puder.”

Os cavaleiros apoiaram inteiramente a sugestão de Riftan. Embora Maxi estivesse mortificada por acharem que poderiam estar fazendo isso porque perceberam o que aconteceu na noite passada, ela fingiu ignorância e concordou com a cabeça.

Quando ela subiu no carro e se sentou, os cavaleiros rapidamente se alinharam e começaram a conduzir seus cavalos pela floresta exuberante.

Maxi observou Rem para se certificar de que ela estava seguindo obedientemente Ulyseon, então colocou um monte de feno para usar como almofada. O carro sacolejante ainda era mais confortável do que estar em um cavalo. Apoiando-se para trás, Maxi começou a cochilar de verdade.

Eles passaram pelo resto da Floresta de Kardikil com segurança, sem ataques de monstros. Tendo descansado bem no carrinho por meio-dia, a condição física de Maxi melhorou muito ao pôr do sol.

Determinada a contribuir desta vez, Maxi arregaçou as mangas e foi ajudar os cavaleiros a preparar a refeição. Riftan franzia a testa desaprovadoramente, mas não disse nada enquanto ela se ocupava.

Maxi ajudou os cavaleiros juniores a ferver favas em um caldeirão grande e espetou quatro coelhos sobre o fogo. Quando a comida ficou pronta, os cavaleiros se reuniram em círculo e saborearam a refeição simples, mas satisfatória.

Talvez devido a passarem um dia tranquilo, a viagem do dia seguinte foi significativamente mais rápida. Eles galoparam pelo campo como o vento e atravessaram rapidamente a pequena colina cheia de flores silvestres.

Finalmente, o porto apareceu à vista. Os olhos de Maxi se arregalaram diante da magnífica vista ao longo das colinas. 

O sol poente no oeste fazia as águas azuis-escuras brilharem como se estivessem salpicadas de ouro. A borda do cabo se projetava para o mar como uma lua crescente, e estava envolta em um cais lotado de navios.

Maxi olhou para o mar com espanto, depois voltou o olhar para a cidade cercada por um muro alto. Julgando pelos edifícios de vários andares apinhados entre estradas intricadas, a cidade era facilmente duas a três vezes mais populosa do que Anatol.

Hebaron soltou um brado animado enquanto olhava para a cidade. “Finalmente podemos descansar. Eu, pelo menos, estou desesperado por cerveja.”

Riftan não disse nada e liderou o grupo colina abaixo num instante. Depois de passarem por uma verificação simples no portão para confirmar suas identidades, eles entraram na cidade.

Os olhos de Maxi percorreram a rua iluminada por tochas. Tavernas alinhavam a rua principal, e através de suas portas escancaradas, Maxi conseguia ver marinheiros bêbados e mercenários de nariz vermelho entre mulheres exibindo seus seios pálidos e nus.

Algumas das mulheres colocaram a cabeça para fora da janela e assobiaram alto para os cavaleiros. Surpreendida pelos cacarejos bêbados delas, Maxi encolheu os ombros.

Gabel se aproximou dela e a advertiu: “Há muitas pessoas desagradáveis perto dos portos, minha senhora. Tente não olhar ao redor, ou você pode ver algo desagradável.”

Maxi virou a cabeça para frente.

Riftan cavalgou pela praça em direção ao cais com a confiança de alguém que já tinha estado na cidade antes. Ela o seguiu pela larga rua, e logo grandes navios entraram em vista. O grupo da campanha parou em frente a um prédio oposto a um cais.

“Evan, avise-os de que estamos aqui, e traga os servos.”

Sir Evan Crude prontamente desmontou de seu cavalo e entrou no prédio. Pouco depois, servos portando lampiões correram para fora para recebê-los.

Enquanto ela desmontava, Maxi olhou curiosamente para o prédio de três andares. Riftan, que se aproximara sem que ela percebesse, colocou o braço em volta de seu ombro protegendo-a e dirigiu-se para a entrada.

“Vamos dormir aqui hoje.”

Entrando no prédio, Maxi observou o chão de pedra lisa, as escadas com tapetes e as paredes bem rebocadas uma a uma. Comparado às pousadas sujas que ela havia visto até então, este lugar era luxuoso.

“O q-que… é este lugar?”

“É uma pousada pertencente à Guilda dos Mercadores de Verden”, explicou Riftan enquanto subia as escadas. “É uma guilda proeminente que administra vários dos navios comerciais da coroa. O chefe da guilda, Lorde Verden, é primo do lado materno do Rei Reuben, então ele frequentemente oferece fundos para campanhas grandes como essa. Também vamos depender da guilda para nos emprestar um navio amanhã.”

Enquanto os servos levavam os cavaleiros para seus respectivos quartos, Maxi e Riftan entraram numa suíte luxuosa mobiliada com uma cama grande. Dentro, Riftan tirou sua pesada armadura peça por peça e a deixou cair no chão.

Maxi foi direto para a janela aberta e observou o mar enquanto ele engolia o sol. O cheiro salgado penetrou em seu nariz, e ela ouviu o som das ondas quebrando.

Um estranho senso de admiração encheu seu coração enquanto ela olhava para o horizonte aparentemente interminável. O mar era muito mais bonito do que qualquer descrição que ela havia lido em histórias.

“Pedi para prepararem um banho. Você tem algo para trocar?”

Virando-se para ele, Maxi balançou a cabeça. Tendo se livrado de sua pesada armadura, Riftan caminhou até ela com passos leves e afastou uma mecha de cabelo grudada em seu rosto.

“Então acho que você terá que dormir sem nada esta noite.”

A antecipação em seus olhos fez as bochechas de Maxi corarem. Ele segurou o rosto dela com suas mãos calejadas e plantou suavemente um beijo em seus lábios.

“Você está cansada?”

“Eu-Eu estou bem.”

Na verdade, ela estava exausta, mas sabia que ele sairia do quarto e só retornaria tarde se ela dissesse isso. Maxi envolveu seus braços em torno da cintura dele e encostou o rosto em seu peito robusto. Riftan piscou, surpreso pela ousadia dela, antes de um sorriso satisfeito aparecer em seus lábios. Ele a ergueu até o parapeito da janela e cuidadosamente soltou suas tranças apertadas.

Maxi apreciou a sensação de seus longos dedos desembaraçando cuidadosamente seus fios emaranhados. Riftan penteou o cabelo dela por um longo tempo, depois massageou seus ombros rígidos com grande cuidado.

Quando seu toque começou a se tornar carícias suaves, os servos entraram no quarto com toalhas e água para o banho. Riftan e Maxi conseguiram se enfiar na banheira apertada e começaram a se lavar um ao outro.

Ela ensaboou o cabelo dele, enquanto ele gentilmente limpava as costas e ombros dela com uma toalha. Depois de limpos, eles se secaram e deitaram lado a lado na cama, seus lábios travados em um beijo demorado.

Talvez fosse porque sua marcha havia terminado com segurança, mas Riftan estava mais relaxado e mais gentil do que nunca. Ele se dedicou a acariciá-la antes de entrar nela cuidadosamente e começar a se mover lentamente como uma onda suave.

Maxi se perdeu em seu abraço. Toque após toque só intensificava seu prazer. Ela apreciava a sensação de seu peso pressionando-a, a sensação de seus lábios quentes em sua pele e seu comprimento ardente tremendo dentro dela enquanto a esticava ao máximo.

Eles fizeram amor até estarem exaustos. Então, deitados de bruços, devoraram a comida que uma serva havia deixado para eles do lado de fora da porta. Depois que seus estômagos estavam cheios de frutas frescas e pratos ricamente temperados, eles, pela primeira vez em muito tempo, começaram a sentir sono.

Eles adormeceram com os membros entrelaçados como cipós, como se fossem um só corpo. Foi o primeiro momento doce e lânguido que compartilharam em semanas.

No dia seguinte, a tranquilidade acabou assim que o sol nasceu. A expressão grave de Riftan voltou quando ele vestiu sua armadura, e foi como se a tensão em seu rosto nunca tivesse diminuído. Maxi vestiu as roupas que os servos haviam lavado para ela na noite anterior e arrumou suas coisas.

A verdadeira jornada estava apenas começando. Levaria de sete a dez dias para chegarem a Levan, a capital de Livadon, de navio. Depois disso, uma longa batalha com o exército de trolls os aguardava.

O rosto de Maxi escureceu ao lembrar da festa que havia partido antes deles. Não era hora de ela se sentir aliviada quando eles haviam apenas chegado ao porto. Ela estava certa de que viagens muito mais árduas estavam à frente.

Após o café da manhã no primeiro andar, Maxi e os cavaleiros partiram para o cais onde grandes navios estavam atracados em uma fila organizada. Marinheiros bronzeados carregavam incansavelmente cargas para os navios. Maxi também notou alguns deles pendurados precariamente nos mastros, verificando a condição das cordas e das velas.

Incapaz de manter a cabeça quieta, Maxi observou o movimentado porto com atenção.

Riftan conversou com o capitão de um navio ancorado no final do cais. Hebaron havia explicado a ela que nada importava mais em uma viagem marítima do que um capitão competente. Era por isso que eles tinham que garantir que quem estivesse no comando do navio fosse confiável. O homem com quem Riftan estava conversando respondeu calmamente ao dilúvio de perguntas sem nenhum sinal de desagrado.

“Nós terminamos todos os preparativos alguns dias atrás. Antes de partir para Livadon, Sua Alteza Real, a Princesa Agnes, instruiu especificamente que devemos estar prontos para partir assim que vocês chegarem.”

Maxi ficou chocada com a menção da princesa. Será que a Princesa Agnes também tinha partido para Livadon? No entanto, ao contrário de Maxi, Riftan não parecia surpreso. “Quando os cavaleiros reais partiram?”

“Eles chegaram há quatro dias e partiram imediatamente para Livadon.”

“Há algum relatório novo de Livadon?”

O capitão balançou a cabeça, parecendo sério. “O exército da coalizão parece estar lutando após a queda do Castelo de Louivell. Ouvi dizer que estão lutando para recuperar as terras tomadas pelos monstros, mas não sei a situação exata.”

O rosto de Riftan endureceu, assim como os rostos dos cavaleiros que ouviam silenciosamente a conversa. O capitão começou a suar enquanto o ar ao redor deles ficava sombrio.

“Se desejar, podemos partir imediatamente. Já temos provisões e feno suficientes a bordo.”

“Há espaço suficiente para os cavalos?”

“Claro. Eu preparei um estábulo.”

Depois de inspecionar o navio com vários de seus cavaleiros, Riftan decidiu partir imediatamente.

Os cavaleiros prontamente conduziram seus cavalos da estalagem e embarcaram no navio. Como havia a chance de Rem ficar assustada ao embarcar em um navio, Maxi a entregou a um marinheiro e subiu no navio primeiro.

De pé no convés, o coração dela começou a bater com medo e uma estranha excitação. Maxi observava o mar calmo cintilando sob o sol.

Ela deu um suspiro profundo. A salinidade do mar enchia seus pulmões, e seu coração pesado parecia um pouco mais leve.

“Maxi, não fique muito perto do corrimão.” Riftan tinha estado observando os cavalos embarcarem no navio, e agora a chamava. Constrangida por ter agido como uma criança excitada quando estavam a caminho da batalha, Maxi rapidamente foi até ele.