Capítulo 160
Maxi avançou apressadamente. “D-Deixe-me convocar os vassalos do ducado e pedir que enviem outro comboio de suprimentos. Não é obrigação de vocês financiar—”
“Não podemos perder mais tempo”, interrompeu Riftan, com o tom gelado. “Mesmo que os vassalos enviem mais suprimentos, provavelmente serão emboscados novamente. Será melhor seguir imediatamente para Dristan.”
Com isso, ele fez um sinal para seus soldados. “Transfiram os suprimentos para nossas carroças. Com o que compramos aqui, deve sustentar o exército por cerca de uma semana.”
Os soldados descarregaram rapidamente sacos de pão, pedaços de carne congelada e barris de cerveja. Maxi observou-os carregar os suprimentos nos ombros, mordendo o lábio.
Ela voltou o olhar para os carroceiros, os olhos estreitando. Embora Riftan parecesse convencido pelo relato deles, ela não conseguia afastar a suspeita de que isso poderia ser um plano dos vassalos do duque.
Mas fosse uma artimanha ou não, o grupo de suprimentos parecia visivelmente abalado. Maxi virou-se. A verdade de suas alegações era irrelevante; o exército ainda estava sem suprimentos, como Riftan havia observado. Todos os seus esforços haviam sido em vão. Depois de instruir o cavaleiro atrás dela a acomodar o grupo de suprimentos nos alojamentos, ela seguiu para o acampamento dos Dragões Brancos.
“Não se culpe”, disse Riftan atrás dela. Ele apertou seu ombro. “Você fez tudo o que pôde.”
Maxi olhou para cima, surpresa. Não esperava que ele estivesse tão atento às suas emoções.
Ele segurou seu olhar antes de falar novamente, parecendo incomodado. “Já te disse várias vezes: você não é mais uma Croyso. É uma Calypse. Sua culpa pelo duque está começando a ficar cansativa.”
“E-Eu só… queria impedir meu pai de te incomodar ainda mais.”
“Olhe para mim.” Ele levantou gentilmente o queixo dela, olhando profundamente em seus olhos. “O duque não tem mais poder para me incomodar. Mas mesmo que tivesse, não é algo pelo qual você precise se desculpar.”
“Mas…” Maxi começou antes de fechar a boca. Discutir sobre seu pai não levaria a nada. Ela forçou um sorriso e disse: “Eu entendo.”
Embora ele parecesse perceber sua inquietação persistente, Riftan ficou em silêncio. Ele suspirou suavemente e tirou a mão de seu ombro. Enquanto ele se reunia com seus cavaleiros, Maxi entrou nos alojamentos para reunir suas coisas.
Diante da escassez de suprimentos, o exército não teve escolha senão seguir para a próxima cidade apesar do clima severo. Depois de empacotar ervas, pedras mágicas e vários dispositivos mágicos, Maxi foi ao estábulo para verificar Rem.
A égua estava em excelente forma graças aos cuidados atentos que recebera nos últimos dias. No entanto, ela parecia menos entusiasmada com outra caminhada pela região selvagem congelada, batendo os cascos em protesto enquanto Maxi tentava tirá-la da baia. Foi preciso um pedaço de cana-de-açúcar para finalmente convencê-la a sair dos estábulos quentes.
Notavelmente, os soldados haviam embalado as tendas e preparado as carroças em duas horas. O exército estava novamente pronto para partir.
Cavalos de guerra blindados flanqueavam as carroças, e os soldados formavam colunas de quatro atrás delas.
Seguindo na frente de Rem, Maxi lançou um olhar ansioso para o céu ameaçador. “Será que conseguiremos enfrentar esse tempo?”
Ruth estava empoleirado em uma das carroças. “Vamos ficar bem, minha senhora”, disse ele, levantando os olhos do pergaminho em que estava escrevendo. “Se o tempo estivesse prestes a piorar, Sir Riftan teria sentido. Suas previsões são quase proféticas.”
A resposta tranquila de Ruth aliviou algumas das preocupações de Maxi. Ele parecia completamente indiferente aos seus suprimentos precários ou à batalha iminente. Ela percebeu que sua calma derivava de sua fé inabalável em Riftan. Ele se concentrava apenas em seus deveres, confiante de que seu comandante resolveria quaisquer problemas que surgissem.
Maxi decidiu seguir o exemplo dele. Pode ter falhado em garantir os suprimentos, mas tinha feito o máximo que podia. Agora só podia confiar em Riftan.
O exército da coalizão manteve um ritmo vigoroso enquanto avançava em direção às planícies expansivas. Maxi, no alto de seu cavalo, absorvia a paisagem nevada, o rio congelado e os picos das montanhas envoltos em nuvens ameaçadoras. De vez em quando, ela avistava alguns vilarejos ao longo do caminho, mas ainda não havia visto uma única alma. Os moradores provavelmente haviam evacuado há muito tempo.
O único ponto positivo em sua situação difícil era a quantidade significativa de feno que encontraram nos vilarejos desertos. Os soldados cortaram e ferviam a palha para amaciá-la antes de alimentar os cavalos com ela. Isso permitiu racionar as poucas provisões que tinham. Ainda assim, não havia como negar a amargura que vinha com circunstâncias tão desesperadoras.
Os soldados mal conseguiram manter a fome à distância com refeições modestas por vários dias, tremendo de frio para conservar lenha. Não era de admirar que a moral de todos estivesse baixo.
O rosto de Maxi se nublou enquanto olhava ao redor para os homens compartilhando pequenas porções de pão velho e cerveja diluída. Todos pareciam desanimados. Estavam a apenas dois dias da próxima cidade fortificada, mas não havia garantia de que conseguiriam comprar suprimentos suficientes lá.
Se fossem forçados a subsistir com tais rações magras até a próxima batalha, havia uma possibilidade muito real de que os soldados começassem a desertar. Os Dragões Brancos eram leais a Riftan sem falhas, mas o mesmo não podia ser dito dos nortenhos e do Exército Real de Wedon. Maxi se perguntava como ele planejava navegar por esse dilema.
Ela virou o olhar para a frente justo quando Riftan comandou: “Vamos partir.”
Maxi convenceu Rem, que estava bebendo de um riacho, a retornar à formação. Quando os Dragões Brancos retomaram sua marcha rápida, o resto do exército da coalizão seguiu.
A jornada extenuante recomeçou. Apesar do frio cortante, o suor escorria pelas costas de Maxi, e ela sentia que poderia desmaiar a qualquer momento. Mesmo assim, conseguiu se segurar com uma resistência sobre-humana, segurando firmemente sua sela.
Depois do que pareceu uma eternidade caminhando pelos ventos cortantes, o sol começou a se pôr, e o exército da coalizão parou para montar acampamento. Maxi queria cair de joelhos de alívio. Quase caindo do cavalo, ela se agachou perto da fogueira e se forçou a engolir um pedaço de pão. Assim que os alojamentos estavam prontos, ela se jogou em um cobertor e quase instantaneamente caiu em um sono profundo.
O próximo dia foi ainda mais árduo. A temperatura caiu a cada hora que passava, e o terreno ficou cada vez mais traiçoeiro. À medida que as planícies davam lugar a uma paisagem acidentada pontilhada de rochas e penhascos, Riftan ordenou que as fileiras se dividissem e prosseguissem com cautela pelos caminhos estreitos. Maxi escolheu cuidadosamente seu caminho ao longo do terreno congelado e rochoso.
Outra eternidade passou. Finalmente, a silhueta fraca das muralhas cor de areia surgiu no horizonte. Maxi queria gritar de alegria.
“N-Nós podemos… respirar aliviados por enquanto”, murmurou ela.
Pegando seu comentário sussurrado, Elliot virou-se para olhar para ela. “Não ficaremos lá por muito tempo, minha senhora. Apenas a noite. Então devemos partir imediatamente para Vesmore.”
Maxi lutou para esconder sua decepção com a perspectiva de outra batalha antes mesmo de descansar. Mas eles tinham que impedir a ressurreição do dragão o mais rápido possível.
“Eu… eu sei”, respondeu ela.
Assim que emergiram da garganta, os cavaleiros aumentaram o passo. Mais uma hora ou menos, e lá estavam eles — os majestosos portões cor de areia do forte.
Maxi ficou ligeiramente surpresa com a grande escala da cidade, dada sua localização na fronteira. Tendo crescido ouvindo que os Dristanianos eram bárbaros, sem civilização, impiedosos, ela não esperava que eles tivessem capacidades arquitetônicas à altura de Wedon. Na verdade, os edifícios de Dristan pareciam ainda mais formidáveis do que os de seu reino. Cheia de admiração, ela olhou para as torres retangulares e as grossas paredes de pedra do castelo.
Foi então que uma voz alta chamou à frente. “Somos o exército da coalizão enviado pelo Conselho dos Sete Reinos! Abram os portões!”
As roldanas rangiam, e os portões de ferro se abriram. Um clamor estrondoso irrompeu.
“Sejam bem-vindos a Braydon!”
Maxi olhou ao redor para as pessoas reunidas de ambos os lados da estrada. Centenas de residentes acenavam galhos no ar, e alguns até espalhavam pétalas secas de flores pelas ruas. A calorosa recepção contrastava fortemente com as preocupações de Maxi de que poderiam receber uma recepção mais fria do que no ducado.
“Agradecemos por fazerem a longa jornada!”
Enquanto Maxi examinava as redondezas atordoada, uma voz melodiosa ecoou até eles diretamente à frente. Uma jovem, cercada por cavaleiros armados, entrou em cena.
A mulher deu um passo gracioso à frente. “Quanto tempo, Sir Riftan. Devo me referir a você agora como Rosem Wigrew?”
Ela ofereceu um sorriso provocador antes de acrescentar: “Ou talvez eu deva me referir a você como Lorde Calypse?”
“Você pode me chamar como quiser”, disse Riftan secamente, desmontando de seu cavalo.
Ele entregou as rédeas a um escudeiro e se aproximou da mulher.
Maxi observou a cena com um olhar cauteloso. A mulher claramente tinha uma alta posição. Seu cabelo preto estava enrolado e coberto com uma rede adornada com pérolas. Seu longo vestido de veludo estava bordado com rosas douradas, e seu pescoço e pulsos pálidos e esbeltos estavam adornados com joias. Com um ar quase arrogante, a mulher estendeu uma mão adornada com anéis em direção a Riftan.

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