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    Suscitaram suspiros de alívio por toda a sala. Foram interrompidos quando Riftan acrescentou prontamente: “Mas é diferente se o duque se recusar a ceder. Eu só recuarei desta vez. Se o duque atacar primeiro, retaliarei.”

    “Você não precisa se preocupar com isso,” disse a princesa. “Sua Majestade não tolerará ninguém perturbando a ordem atual, e isso se aplica também ao Duque de Croyso. O rei não quer que seus vassalos causem mais discórdia. Deixamos isso claro também para o duque.”

    Por um breve momento, um sorriso selvagem cruzou o rosto de Riftan. “E ele estava disposto a obedecer?”

    A Princesa Agnes assentiu solenemente. “O duque não deseja prejudicar seu relacionamento com a família real. Se Anatol recuar, interviremos se ele tentar causar outra disputa.”

    Riftan parecia longe de estar tranquilo. Seus lábios se torceram em uma expressão arrependida, e ele se levantou. Ele atravessou a sala em direção a Maxi, que tinha ficado paralisada pela troca de palavras surpreendente, e puxou seu braço enquanto se dirigia à princesa.

    “Visto que você conseguiu o que queria, não vejo motivo para permanecer aqui por mais tempo. Vocês podem partir agora.”

    Foi uma clara dispensa dos enviados do rei.

    Maxi olhou para Riftan com uma expressão desconcertada. “R-Riftan…”

    A resposta da princesa foi tingida de amargura. “Partiremos assim que nossos cavalos estiverem descansados o suficiente para a viagem de volta. Espero que não se importem de estarmos invadindo sua hospitalidade por um pouco mais de tempo.”

    Riftan lhe lançou um olhar de desdém antes de se virar e marchar pelo corredor abaixo. Maxi não teve a chance de dizer uma palavra enquanto Riftan a guiava escada acima. Foi então que ela ouviu Rosetta chamá-los de trás.

    “Espere.”

    Riftan pausou antes das escadas.

    “Quero falar com minha irmã antes de sair,” disse Rosetta, aproximando-se deles.

    O rosto de Maxi ficou imóvel. O que elas tinham para conversar? Rosetta se aproximou em seu ritmo habitual, mas isso parecia tão ameaçador quanto se ela pretendesse esmagar Maxi.

    Sentindo o desconforto de Maxi, Riftan bloqueou o caminho de Rosetta. “E o que exatamente você tem para discutir com ela?”

    “É só um papo de irmãs.” Rosetta ergueu o queixo provocativamente. “Você está preocupado de que eu possa prejudicá-la? Não precisa. Desejo sair deste castelo ilesa.”

    O calor subiu nas bochechas de Maxi com o tom zombeteiro de Rosetta. O constrangimento de se esconder atrás de Riftan por medo de sua irmã mais nova a picava. Ela puxou a manga dele para dissuadi-lo e deu um passo tímido para frente.

    “E-Eu… quero falar com ela também.”

    Os lábios de Riftan se estreitaram em descontentamento.

    Maxi acrescentou apressadamente, “N-Não se preocupe. Rosetta…”

    Não conseguia encontrar palavras para tranquilizá-lo. Maxi olhou para a irmã como se a visse pela primeira vez. Exceto pela maneira presunçosa de falar de Rosetta, o que mais ela sabia sobre sua irmã?

    Diante da hesitação de Maxi, Rosetta disse de maneira afetada: “Você não me mostraria seu jardim? Acho este lugar um tanto abafado.”

    Seus olhos percorreram o corredor. Embora Maxi se sentisse ofendida, forçou um sorriso nos lábios e assentiu. Riftan ia dizer algo antes de se conter e, relutantemente, soltar a mão de Maxi.

    “Não fiquem muito tempo fora. O vento está frio,” ele murmurou sombriamente.

    O olhar gélido que ele dirigiu a Rosetta parecia adverti-la das consequências que a aguardavam se ela fizesse algo tolo. Rosetta, no entanto, permaneceu imperturbável. Maxi sorriu tranquilizadoramente para Riftan e desceu as escadas com sua irmã.

    Lá fora, a luz dura do outono ardia nos olhos de Maxi. O cabelo castanho-claro de Rosetta brilhava levemente prateado na visão embaçada de Maxi. Mesmo em seu traje modesto, Rosetta era tão bonita quanto um anjo. Maxi se sentia inconscientemente intimidada pela beleza de sua irmã.

    Lançando um olhar para os cavaleiros atrás delas, Rosetta sussurrou para Maxi: “Quero falar com você em particular.”

    Maxi olhou para sua irmã com cautela antes de se voltar para Sir Elliot. “S-Sir Elliot… eu preciso de um momento com minha irmã.”

    O cavaleiro parecia cauteloso quando olhou para Rosetta. “Nós esperaremos aqui em cima, minha senhora,” ele disse, assentindo. “Por favor, nos chame se precisar de alguma coisa.”

    Quando os cavaleiros se afastaram, as duas mulheres desceram os degraus até o jardim, banhado em tons dourados. Rosetta permaneceu quieta por um longo tempo, mesmo enquanto os cavaleiros se afastavam. O que havia nesse tópico misterioso que a fazia se conter? Maxi ficou tensa. Foi apenas quando chegaram a um canto do jardim que Rosetta finalmente falou.

    “Os cavaleiros de Croyso encontraram nosso pai imediatamente depois que você partiu. Ele foi tratado antes que fosse tarde demais, e me disseram que ele ficará bem.”

    O corpo inteiro de Maxi ficou rígido quando os lábios de Rosetta se curvaram em um sorriso malicioso.

    “Mas acho que eles podem ter ajustado a mandíbula dele quebrada incorretamente, pois ele está com dificuldades para articular as palavras agora. O dano pode ser permanente.”

    Ver o prazer evidente no rosto de Rosetta fez a cabeça de Maxi girar de confusão. Recuando, ela olhou para a irmã como se ela fosse uma estranha.

    “E-Eu… não sei… do que você está falando.”

    “Mas é claro. Você nunca realmente tentou me conhecer, afinal.”

    Maxi recuou com o tom mordaz de Rosetta.

    Todas os vestígios de um sorriso desapareceram do rosto dela, Rosetta disse planamente: “Não interprete mal. Não ressinto você por nunca ter demonstrado interesse em mim. Não pedi seu tempo para reclamar de algo tão infantil.”

    “E-Então por que…?”

    Rosetta ficou em silêncio por um momento antes de dizer calmamente: “Acredito que o pai está se comunicando secretamente com os outros nobres. Ele certamente não tem intenção de ignorar esse assunto.”

    Maxi sentiu o sangue fugir de seu rosto. Uma rajada de vento árido passou. Ela abraçou os próprios braços quando eles se arrepiaram.

    “P-Por quê? O que diabos e-ele está…?”

    “Não sei os detalhes. A surra deve ter sido um grande choque. Ele se confinou em seu quarto por um tempo, mas depois começou a chamar seus vassalos para levar cartas por todo Wedon. Ele pode estar fingindo obedecer aos comandos reais, mas acho que está planejando algo em segredo. Tenho certeza de que pretende executá-lo assim que eu me casar com a família real.”

    Seus lábios se torceram de irritação, mas seu rosto rapidamente recuperou sua indiferença usual como se nada disso realmente importasse para ela.

    “Estou apenas te informando. Quando chegar a hora certa, você deve avisar seu marido para estar preparado.”

    “P-Por que… você não falou disso antes? Se tivesse—”

    “Seu marido não teria concordado. Afinal, seria mais conveniente para ele lidar com nosso pai com força desde o início,” Rosetta respondeu friamente. “Mas eu não quero que uma guerra envie nosso reino ao caos. Até eu tenho uma pessoa ou duas que desejo proteger.”

    “T-Também não quero uma guerra… mas…”

    Maxi forçou um engasgo. Embora fosse a verdade, ela odiava ainda mais a ideia de Riftan ser pego em uma situação difícil.

    Rosetta observou o rosto pálido de Maxi com uma expressão divertida. “Você o ama?”

    Seu sentimento incomum deixou Maxi momentaneamente atordoada. Ela não conseguia entender as intenções de Rosetta ao fazer tal pergunta. Quando ela permaneceu em silêncio, Rosetta lhe deu um sorriso maldoso.

    “Não vai funcionar. Está além das suas capacidades.”

    A certeza na observação de sua irmã fez algo se retorcer em seu peito. Não era mistério que Rosetta pensava pouco dela, mas sua expressão franca disso fez o sangue de Maxi ferver.

    Seu rosto ficando vermelho de raiva, Maxi elevou a voz e disse: “R-Riftan… zela por mim. Por muito tempo agora, e-ele tem—”

    “Eu não disse que ele era o problema. Você é. Nunca será capaz de amar outra pessoa.”

    A réplica de Rosetta foi cruelmente calma. Como se fosse espetada por um espinho, a mão de Maxi se contraiu.

    “E-Então o que te faz pensar…” ela disse, balançando a cabeça para dizer que achava a acusação absurda, “que me conhece bem o suficiente para dizer essas coisas? Você não… sabe nada sobre mim. Você disse que eu n-nunca me dei ao trabalho de te conhecer, mas o mesmo vale p-para v-você…”

    “Mas eu te conheço.”

    A convicção de Rosetta deixou Maxi momentaneamente sem palavras. Elas nunca foram próximas. Ela não conseguia entender a razão por trás da certeza de sua irmã.

    Independentemente disso, Rosetta continuou em seu modo distante, “Eu provavelmente sou a única pessoa no mundo que te entende.”

    “P-Pare com essa bobagem.”

    Maxi se irritou com a arrogância da irmã. Seu rosto se contorceu de raiva enquanto retrucava: “V-Você? M-Me entender? C-Como você… quando você foi coberta de… elogios e afeto… a vida toda? Não, você não sabe de nada—”

    “Afeto?” O rosto de Rosetta se torceu friamente. “Você realmente acha que o pai é capaz de amar outra alma?”

    “E-Ele sempre foi s-sentimental—”

    “O pai me considerava útil. Ele não me amava.”

    “Você, pelo menos—”

    Maxi pressionou os lábios. Ela não conseguia terminar a frase.

    Com um desprezo irônico, Rosetta disse: “Sim. Ao contrário de você, nunca fui espancada.”

    O desprezo em sua voz fez o rosto de Maxi arder. No entanto, Rosetta não riu à custa dela. Depois de observar a grama seca do canteiro de flores com uma expressão desolada, Rosetta disse ironicamente: “No ano em que fiz dez anos, o pai me fez assistir enquanto ele te chicoteava.”

    Maxi ficou chocada.

    “I-Isso não é possível. E-Ele nunca me bateu… c-com você no cômodo.”

    “O cômodo com o espelho… tinha uma pequena divisória de um lado. O pai a abriu… e me fez assistir.”

    Sentiu como se todo o ar tivesse sido espremido de seus pulmões. Sua irmã tinha visto ela sendo espancada como um animal. Maxi cobriu a boca com uma mão trêmula, a humilhação a invadindo. Embora ela presumisse que Rosetta sem dúvida soubesse do tratamento que o pai lhe dava, nunca havia pensado que sua irmã teria testemunhado pessoalmente ela rastejando pelo chão.

    Rosetta observou com uma expressão vazia enquanto Maxi cambaleava pelo choque.

    “O pai queria me mostrar o destino que aguardava aqueles que ele considerava inúteis. Ele me chamava para o cômodo ao lado sempre que você era punida. E, como ele pretendia, assistir você sendo chicoteada como um animal me aterrorizava. Eu tinha pesadelos todas as noites. Eu pensava que seria eu a ser chicoteada se não fosse perfeita. Na próxima vez, poderia ser eu sendo chamada para aquele cômodo. O pai não tinha propósito para seres inúteis. Eu… fiz todo o esforço para atender às suas expectativas. Nunca baixei minha guarda.”

    Seus lábios se torceram em um sorriso estranho. “Olhando para trás, ele pode ter te punido mais severamente para dar um exemplo para mim. Para que eu nunca ousasse desobedecê-lo ou me rebelar contra ele…”

    Maxi remexeu o cérebro para lembrar-se de uma Rosetta de dez anos, mas suas memórias pareciam envoltas em névoa. A imagem impressa em sua mente era de uma Rosetta perpetuamente bela, perfeita e arrogante.

    E ainda assim, Rosetta também tinha sido uma criança indefesa tentando desesperadamente se proteger. No momento em que a realização chegou, Maxi pôde ver sua irmã tão claramente como se um véu tivesse sido levantado. A estrutura delicada, os olhos desolados… diante dela estava uma jovem de quase dezenove anos.

    “Eu testemunhei todo o tormento que você foi obrigada a suportar. Eu sei como seu espírito foi esmagado… eu sei como as mulheres são impotentes, e como os homens podem ser cruéis e sem coração…”

    A voz de sua irmã soava como um eco distante. Depois de olhar para o céu, Rosetta abaixou o olhar mais uma vez.

    “Eu sei que nunca poderei realmente amar alguém, nem poderei confiar completamente. Seria impossível mesmo que eu quisesse. Algo em meu coração impede, como se estivesse quebrado. Eu duvido, testo e eventualmente afasto todos que se aproximam de mim. Se eu sou assim… quanto pior deve ser para você?”

    “E-Eu…”

    Maxi cambaleou como se tivesse sido encurralada. Ela olhou para baixo para o chão enquanto seu rosto se contorcia. Suas sombras se esticavam a partir de seus pés, altas e esguias, como árvores mortas. Um calafrio percorreu sua espinha.

    Rosetta falou novamente, desta vez com a gravidade de entregar uma profecia. “Isso nunca pode dar certo. Seu relacionamento eventualmente vai desmoronar.”

    “V-Você está errada. Eu sou… diferente de você.”

    Suas palavras soavam incertas até mesmo para seus próprios ouvidos.

    “Você não foi capaz de confiar naquele homem quando realmente importava,” Rosetta apontou friamente, “e continuará assim. Sempre que seu coração ficar fraco, você será atormentada por dúvidas. Nós somos torcidas desse jeito.”

    “E-Eu…”

    Uma picada como de agulha arranhou a garganta de Maxi. A resistência ao futuro pintado por sua irmã surgiu das profundezas de seu coração, e ela agarrou sua saia.

    “E-Eu… vou mudar.”

    Ela falou com convicção como se estivesse derramando e expondo esse sentimento dentro dela. Os olhos sombrios de Rosetta lhe disseram que ela pensava que era uma tarefa impossível.

    Maxi fechou os olhos com força. “Eu vou mudar!”

    Uma rajada feroz passou, mexendo nas folhas secas ainda agarradas às árvores.

    Depois de observar silenciosamente os galhos tremendo, Rosetta murmurou ceticamente: “Então te desejo sorte.”

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