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    Maxi e Rosetta voltaram ao grande salão, onde a delegação já estava fazendo os preparativos para partir. Ver seus convidados, que haviam viajado uma longa distância, sendo forçados a voltar à estrada sem o devido descanso fez Maxi se sentir terrível.

    Ignorando a insistência de Riftan para que ela não se preocupasse com eles, Maxi saiu até o portão do castelo com os servos para se despedir. Ela estava chateada com a princesa por ameaçar Riftan, mas isso não significava que ela poderia dispensar a delegação real tão friamente.

    “Você não precisa parecer tão desesperada”, disse a Princesa Agnes. “Nós estávamos planejando partir imediatamente de qualquer maneira. Pretendemos passar uma noite na propriedade do Conde Loverne e depois seguir para o Castelo de Croyso. Devemos informar ao duque que Riftan retirou sua declaração de guerra o mais rápido possível.”

    Um sorriso tênue puxou os lábios da princesa enquanto ela observava uma claramente desconfortável Maxi.

    “Não sei o que aconteceu, mas o duque deve ter cometido um grave erro para Riftan estar assim. Espero que você me perdoe por não conseguir tomar partido de Anatol.”

    Maxi baixou os olhos e murmurou rigidamente: “V-Você não precisa se desculpar, Alteza. Eu entendo… a posição da família real.”

    Embora estivesse decepcionada com a maneira profissional da princesa, no final, era inteiramente culpa de Maxi que as coisas tivessem chegado a esse ponto. Se ela não tivesse seguido seu pai naquele dia, não haveria motivo para a princesa viajar por todo Wedon para agir como mediadora. Maxi estava tão cheia de culpa que não conseguia olhar para cima.

    “Por favor… t-tenha cuidado. Desejo a vocês… uma viagem segura.”

    “Obrigada por nos acompanhar até aqui. Eu estava…” A sempre digna princesa hesitou antes de continuar de forma constrangida, “… reafirmada quando vi você bem de saúde hoje. Sei que tenho muito pelo que pedir desculpas a você.”

    “N-Não precisa se desculpar, Alteza.”

    Embaraçada, Maxi acenou com as mãos. A princesa balançou a cabeça com firmeza.

    “Receio que tenha sido imprudente. Sinto muito que você tenha descoberto da pior maneira possível. Mas o duque estava errado quando disse que todos no Castelo de Drachium estavam falando sobre isso. Ele exagerou.”

    Maxi se enrijeceu quando percebeu que a princesa estava se referindo aos rumores sobre o aborto espontâneo de Maxi.

    “É claro”, acrescentou a Princesa Agnes rapidamente, “não estou tentando defender as ações do rei. Ele não deveria ter usado o assunto para zombar do duque. Isso não foi certo. Por favor, permita-me pedir desculpas em nome de Sua Majestade. Se precisar de minha ajuda, não hesite em me avisar.”

    Depois de encarar em silêncio o rosto solene da princesa, Maxi virou o olhar para Rosetta. Sua irmã estava de costas para elas como se não estivesse interessada em ouvir a conversa delas. Deveria informar à princesa sobre os planos de seu pai agora? Depois de debater brevemente o assunto em sua cabeça, Maxi abriu a boca cautelosamente.

    “Se, no futuro… o Duque de Croyso… tentar ameaçar Anatol… por favor intervenha tão seriamente como hoje. Eu peço… apenas isso.”

    A princesa não deve ter pensado que Maxi tomaria tão publicamente o lado de Riftan. Ela pareceu um pouco surpresa antes de dar a Maxi um aceno resoluto.

    “Você não precisa se preocupar com isso. Se o rei não agir, eu mesma tomarei providências para impedi-lo.”

    Maxi ficou solene. “E-Então é verdade… que Sua Majestade é mais parcial… ao Duque de Croyo do que a Riftan.”

    A princesa vacilou antes de fazer a admissão.

    “Se eu for sincera, então, sim, esse é o caso. Sua Majestade deseja manter Riftan por perto, mas apenas para que ele possa exibir sua reencarnação de Rosem Wigrew para os outros reinos. Como a guerra está atualmente proibida pelo Armistício dos Sete Reinos, o poder dos Dragões Brancos não serve para outro propósito além de exterminar monstros e resolver disputas.”

    O rosto de Maxi caiu com a declaração impessoal da princesa. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, no entanto, a Princesa Agnes começou a falar novamente.

    “Mas as coisas mudarão em alguns anos. Anatol cresceu tanto desde a última primavera que é praticamente irreconhecível. Se continuar a florescer nesse ritmo, em breve será a maior cidade comercial conectando o Continente Ocidental ao Sul. Até o Duque de Croyso ou a família real terão que pensar duas vezes antes de ofender Anatol.”

    “M-Mesmo assim… você está dizendo que isso não é o caso no momento.”

    Um sorriso amargo se formou nos lábios da princesa com a resposta sarcástica de Maxi.

    “Sua Majestade mudará de opinião. Assim que eu retornar ao Palácio de Drachium, informarei a ele o quão valioso Anatol se tornou.”

    Maxi reprimiu um suspiro. Seria inútil esperar algo mais da princesa. Afinal, ela era membro da família real. Ela poderia virar as costas para Riftan a qualquer momento se ele ameaçasse seus interesses.

    Um estranho sentimento de decepção a envolveu enquanto observava a delegação partir. Embora estivesse aliviada por a guerra ter sido evitada, pensar no que estava por vir tornava difícil ficar completamente tranquila.

    Maxi arrastou-se para o grande salão e cruzou com Rodrigo, que descia as escadas com um punhado de linho. Ele se apressou assim que a avistou.

    “Não deve se mover tanto, minha senhora. Acabou de recuperar sua saúde. O senhor deixou claro que eu devo levá-la imediatamente de volta ao seu quarto quando retornar.”

    Incapaz de argumentar contra a insistência do mordomo, Maxi seguiu em direção à escadaria e olhou ao redor.

    “O Riftan… está em nossos aposentos?”

    “O senhor foi para os campos de treinamento com os cavaleiros.”

    Maxi espiou pela janela. Mesmo que ele tivesse retirado sua declaração de guerra, ainda haveria inúmeros assuntos que exigiriam sua atenção. Maxi retornou ao seu quarto e esperou ansiosamente pelo retorno de Riftan.

    Enquanto andava de um lado para o outro, não conseguia parar de pensar no que Rosetta tinha dito a ela. Era possível que sua irmã tivesse destinado essas palavras para si mesma. Será que ela também sentira o desespero de não poder confiar em ninguém, por mais que quisesse? O pensamento deixou Maxi ansiosa. Será que ela poderia realmente mudar quando alguém tão bonito e inteligente como Rosetta falhara?

    Maxi foi até o espelho e encarou seus olhos cinzentos. Mesmo ela tinha que admitir, não tinha muitas esperanças para a mulher ansiosa diante dela. Ela tocou distraída sua bochecha antes de se deitar em sua cama, exausta.

    O quarto estava escuro quando ela abriu os olhos novamente. Deve ter adormecido. Esfregando o rosto, Maxi olhou para o lugar vazio ao seu lado. Não havia sinal de que Riftan tinha voltado.

    Maxi franzia o cenho. Ele já a tinha deixado sozinha por tanto tempo desde que voltaram para o Castelo Calypse?

    Roendo o lábio, ela saiu da cama e enrolou um xale nos ombros. Os servos estavam acendendo os candelabros no corredor lá fora.

    Ela correu até eles. “O senhor ainda não voltou… ele ainda está nos campos de treinamento?”

    Um dos servos curvou respeitosamente a cabeça e disse, “O senhor está atualmente na sala do conselho, minha senhora. Ele nos informou que iria ficar nos aposentos adjacentes esta noite, pois estava ocupado. Acabei de voltar de abastecer a sala com lenha.”

    Maxi olhou nervosamente ao redor. Mesmo quando estavam ocupados se preparando para a batalha, Riftan sempre voltava para seus aposentos à noite. Terá sido tão difícil cancelar essa guerra?

    Os servos estudaram nervosamente seu rosto. Maxi ofereceu-lhes um sorriso e virou-se. Ela não queria voltar para seu quarto, onde teria que ficar acordada a noite toda sozinha. Depois de hesitar por um momento, ela subiu a escadaria escura. Dois andares acima, ela viu a luz vindo do quarto no final do corredor.

    Ela hesitou perto da porta por um tempo antes de empurrá-la timidamente. Lá dentro, ela encontrou Riftan sentado em uma cama, bebendo de uma taça de vinho.

    “Por que ainda está acordada?” ele disse, seu olhar feroz.

    Um pouco intimidada por sua rispidez, Maxi murmurou, “Eu… eu estava esperando por você…”

    Riftan deu um gole na taça em silêncio.

    Maxi fechou lentamente a porta atrás de si e se aproximou. “E-Está… muito ocupado?”

    “Tive que enviar mensageiros por todo o reino para explicar a mudança de circunstâncias aos mercenários que contratamos. Uma tarefa bastante exaustiva.”

    Ele encheu novamente sua taça e continuou, “Ainda não podemos baixar a guarda, então decidi manter nossa organização militar. Você verá mercenários entrando e saindo do castelo por um tempo. Farei com que evitem o grande salão o máximo possível, mas você pode acabar os encontrando. São companhia grosseira, então evite interagir com eles. E não quero que você fique perambulando pelo castelo sozinha assim.”

    “Eu… eu vou ter cuidado”, respondeu Maxi humildemente.

    Ela se aproximou dele até que seus joelhos estivessem quase se tocando. Riftan visivelmente se enrijeceu. Ele segurou sua taça tão firmemente que Maxi ficou preocupada que ele pudesse esmagá-la.

    “Você deve dormir sozinha esta noite. Ainda tenho coisas para fazer.”

    Maxi olhou ao redor do quarto, mas não havia nenhum pergaminho à vista. Ela mexeu com sua saia e perguntou em um tom deliberadamente sarcástico, “E-E por coisas que você tem que fazer… você quer dizer beber?”

    “Estou pedindo que me deixe em paz.”

    Riftan bateu sua taça com força, fazendo Maxi recuar. Vinho transbordou pela borda da taça. Depois de encarar a mancha no tapete, Riftan esfregou a testa e praguejou.

    “Não quero me rebaixar ainda mais aos seus olhos. Por favor, apenas me deixe em paz.”

    Maxi ficou paralisada por um momento antes de se inclinar lentamente. Riftan abriu a boca como se fosse repreendê-la, mas não disse nada.

    Estudando seu rosto austero, Maxi perguntou cautelosamente, “R-Rebaixar-se? Como? Eu… não entendo… por que está tão bravo…”

    “Eu—” Riftan exclamou antes de cerrar a mandíbula. Seus ombros tremiam, e seus olhos eram como duas chamas escuras.

    A intensidade de sua raiva era petrificante. Riftan parecia sufocado, como se tivesse algo preso na garganta, antes de soltar um suspiro ofegante.

    “Eu queria fazer aquele desgraçado sofrer tanto quanto— não, cem vezes mais do que a dor que ele te causou. Não consigo tirar a imagem dele te açoitando da minha cabeça. E você… chorando naquela maldita sala…”

    Uma onda de choque percorreu Maxi quando notou sangue pingando de seu punho cerrado. Ela rapidamente segurou sua mão.

    Riftan rangeu os dentes e rosnou, “Despedaçar aquele merda não seria suficiente. E ainda assim, preocupações sem sentido como a estabilidade do reino me impedem de fazer qualquer coisa. Por mais que eu lute para subir, ainda sou impotente. Nem mesmo consigo te proteger.”

    “R-Riftan… não fique assim,” disse Maxi, balançando a cabeça.

    Usando toda sua força, ela tentou desenrolar seu punho.

    “E me chamam de reencarnação de Rosem Wigrew!” ele rugiu com uma rouquidão áspera. “Se eu fosse algo como o herói lendário, não seria tão impotente.”

    “Isso não é verdade.” Segurando seu rosto em suas mãos, ela o forçou a olhá-la. “Você… m-me salvou.”

    “Eu cheguei tarde demais! Eu sempre chego tarde! Eu—”

    Maxi abaixou a cabeça e lhe deu um beijo suave. Sua respiração prendeu, interrompendo seu rosnado bestial. Seu hálito quente passou em seus lábios.

    Acariciando sua bochecha, Maxi sussurrou com voz trêmula, “Q-Quando eu era jovem… eu orava todos os dias… pelo cavaleiro mais galante do mundo a aparecer… e me levar embora do castelo do meu pai. Eu orava p-para que alguém viesse… e o impedisse de me punir…”

    Quando ela forçou um sorriso nos lábios, os olhos de Riftan ficaram visivelmente doloridos. Ela acariciou seus cabelos bagunçados e beijou sua testa.

    “V-Você… foi a resposta às minhas preces. Você é… meu herói.”

    O rosto de Riftan estava contorcido de dor, como se estivesse sendo torturado. Enquanto Maxi o envolvia em um abraço reconfortante, todo o seu corpo parecia tenso como uma corda prestes a se romper. Seu grande e musculoso corpo se encolheu em seus braços como uma criança indefesa.

    O coração de Maxi doía. Se ao menos ela fosse um pouco mais forte, ele poderia ter evitado tal angústia. Pelo menos por ele, ela queria mudar. Ela se tornaria a pessoa mais forte e resiliente que conhecia.

    Ela abaixou a cabeça e beijou a nuca ardente dele. Através de seu peito pressionado contra o dela, ela sentiu o pulsar selvagem de seu coração.

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