Índice de Capítulo

    Baixando sua viseira, Riftan fixou seu olhar penetrante no gigante à sua frente, Richard Breston, que até então se postava arrogante com sua espada ensanguentada apoiada no ombro, mudou lentamente para uma posição ofensiva.

    O ar úmido estava pesado com a sede de sangue palpável do homem. Era claro que ele não tinha interesse apenas em um simples duelo de esgrima; seu único objetivo era aniquilar seu inimigo.

    Riftan angulou sua espada, preparando-se. O clamor dos espectadores frenéticos começou a desaparecer enquanto seus sentidos se concentravam na besta diante dele. Respirações brancas escapavam lentamente da boca do homem, como um dragão prestes a cuspir fogo.

    Esses pensamentos corriam pela mente de Riftan quando o nortenho investiu contra ele com uma força explosiva. Ele balançou sua espada, sentindo o impacto ressoar pelo ombro com o som de um trovão. A força do ataque era como a de um ogro golpeando com uma maça de ferro.

    Riftan alargou sua postura para manter o equilíbrio. A enormidade da grande espada do nortenho, duas vezes o tamanho de uma claymore comum, era intimidadora por si só. Nas mãos de um homem claramente descendente de gigantes, a arma golpeava como um aríete.

    Segurando firmemente o punho da espada com ambas as mãos, Riftan resistiu, mas seu oponente se recusava a ceder. Olhos vermelhos como sangue brilhavam atrás da viseira de Breston enquanto ele soltava uma risada cruel.

    “Que decepção. É tudo que o famoso Matador de Dragões pode reunir?”, escarneceu Breston. Riftan moveu sutilmente sua espada para desviar a de Breston. Então, girando meio turno, ele avançou para o lado oposto. Mas Breston foi mais rápido.

    Ao mergulhar para frente para esquivar-se do ataque, Breston golpeou de baixo para cima. A lâmina longa raspou o chão enquanto girava como um redemoinho. Ele estava usando a aura da lâmina.

    Riftan se contorceu lateralmente, escapando por pouco do golpe direcionado ao peito. Inabalado, seu adversário avançou novamente, descendo sua arma com tremenda força. Riftan saltou para trás para criar alguma distância. A grande espada cortou o ar antes de se alojar profundamente no solo. A arena tremeu como se tivesse sido atingida por um meteorito.

    Riftan recuou, evitando os respingos de lama, e adotou uma postura defensiva. Seu oponente rangeu os dentes enquanto arrancava sua espada do buraco que havia formado no chão.

    “O que você está tramando?”, o homem berrava, sua voz enfurecida reverberando pelo estádio. “Ainda acha que pode reivindicar uma vitória honrosa contra mim?”

    Ignorando as provocações, os olhos de Riftan se afiaram, buscando uma abertura. Parecendo enfurecido por sua compostura, Richard Breston investiu como um touro enfurecido.

    “Eu quero uma luta até a morte! Uma batalha para decidir o destino da humanidade! Esta desculpa barata de luta não vai ficar de pé!”

    Sua espada maciça veio em velocidade na direção da cabeça de Riftan. Ele desviou do ataque extremamente rápido e contra-atacou com um golpe diagonal, momentaneamente interrompendo o impulso de seu oponente. No entanto, o nortenho rapidamente se agachou e girou sua espada de lado antes que Riftan pudesse revidar.

    Riftan interceptou por pouco a lâmina direcionada à sua cabeça. Foi então que um frio cortante rastejou sobre sua pele. Ele recuou ao sentir uma dor lancinante no pulso direito. Gelo havia se formado em sua manopla e antebraço.

    “Parece que não é magia.”

    Após abrir e fechar o punho, Riftan lançou um olhar rápido ao pódio. Se os altos sacerdotes tivessem detectado alguma magia, teriam prontamente interrompido a luta. Vendo que nenhum deles se movia, Riftan concluiu que o gelo era um poder inerente à grande espada de Richard Breston.

    Transferindo sua arma para a mão esquerda, Riftan se moveu com a cautela de um lobo cercando sua presa, esperando o momento certo para atacar.

    Breston, com a espada apontada para Riftan, provocou: “Você parece um cão de caça bem treinado.”

    Riftan não respondeu.

    “Onde está sua fúria de guerreiro? O fantoche do Reuben III, o brinquedo do Duque de Croyso, e agora um peão no jogo de xadrez do papa. Duvido que até mesmo o gado seja tão obediente quanto você.”

    Riftan manteve seu foco, sem se deixar influenciar pelas provocações. Sua falta de reação fez o rosto do nortenho se contorcer em um sorriso demoníaco.

    “Uma besta enjaulada sobrevive do que seu mestre lhe alimenta”, ele rosnou, “mas um lobo usa seus dentes para matar, uma águia suas garras, e um búfalo seus chifres. O homem, por outro lado, recebeu espadas e armaduras para a guerra.”

    A grande espada de Breston começou a emitir um brilho branco. Baixando sua postura, ele gritou com ferocidade: “Você esmagou meus — nossos — sonhos. Agora, Riftan Calypse, você pagará!”

    O gigante saltou para o céu. Era uma façanha impressionante para um homem de seu tamanho, especialmente com armadura pesada. Riftan se lançou para longe quando Breston pousou com um barulho estrondoso, formando uma cratera e respingando lama como ondas.

    Aproveitando o momento de cegueira momentânea de Riftan causado pelos destroços, Richard Breston avançou e lançou um ataque implacável. Riftan, recuando constantemente, parou cada golpe selvagem. A fúria acendeu nos olhos de Breston ao perceber a estratégia de seu oponente de manter o controle enquanto esperava o momento certo para contra-atacar.

    O nortenho rangeu os dentes enquanto brandia furiosamente sua espada. “Você pensa que se tornou alguém agora porque as pessoas te chamam de reencarnação de Wigrew?”

    Após bloquear por pouco um golpe de cima, Riftan segurou sua espada com ambas as mãos e empurrou com toda sua força. Ele podia ver os braços de seu oponente tremendo.

    Breston, pressionando ainda mais, sibilou: “Pode se comportar como um cavaleiro o quanto quiser, mas sempre será um estranho!”

    Riftan deu um último empurrão, fazendo Breston recuar ligeiramente.

    Mas o nortenho rapidamente encaixou as espadas novamente e cuspiu: “Sua mãe era uma puta pagã, e seu pai depravado o suficiente para meter a vara nela.” Então, rindo zombeteiramente na cara de Riftan, ele acrescentou: “E você é a cria de tais bestas sem vergonha.”

    Com uma explosão de poder, Riftan o empurrou para trás e avançou. Breston se esforçou para se defender, mas era tarde demais.

    A lâmina de Riftan cortou sua armadura, deixando um longo corte no braço e no peito. No entanto, Breston parecia quase contente por finalmente ter provocado uma reação. Ele rugiu de riso enquanto contra-atacava.

    “A verdade dói?”

    Riftan desviou a espada de Breston e mirou uma estocada no peito exposto.

    Breston bloqueou a tempo, continuando a zombar: “Quer ouvir outra verdade que você não sabe?” Sua voz baixou como se estivesse prestes a compartilhar um grande segredo. “A ruiva não passa de uma prostituta por abrir as pernas para um plebeu como você.”

    Algo dentro de Riftan estalou. Antes que pudesse tomar uma decisão consciente, seu corpo reagiu, enviando o gigante de um homem voando pelo ar. Breston se arqueou em direção às arquibancadas, mas felizmente acertou um dos pilares de suporte em vez disso. Mesmo assim, os espectadores assustados começaram a fugir em pânico.

    Imperturbável pelo caos, Breston pulou aos pés, rindo descontroladamente. “Agora você está pronto para lutar de verdade!”

    Com isso, ele se lançou na arena. Riftan enfrentou o projétil humano de cabeça, suas espadas colidindo com tanta força que ventos fortes varreram pelo estádio.

    Riftan sentiu o frio gélido da grande espada branca penetrando em seus dedos. Sem se importar se sua armadura congelaria, ele empurrou para trás, depois balançou os braços largos. Breston bloqueou, mas se tivesse sido um pouco mais lento, teria sido dividido ao meio.

    Breston deu um sorriso satisfeito. Embriagado pela emoção de provocar com sucesso seu oponente, o homem parecia quase eufórico, alheio ao fato de ter escapado da morte por pouco.

    Com um salto poderoso do chão, Breston girou sua espada em um arco horizontal. Riftan, reagindo rapidamente, desviou-se virando de lado e contra-atacou com sua própria lâmina.

    Ao cortar a coxa do nortenho, o homem levantou sua perna longa e musculosa, desferindo um chute pesado no abdômen de Riftan. Era como ser golpeado por um touro enfurecido.

    Forçado a arranhar o chão com sua espada para evitar cair, Riftan enfrentou então a carga de Richard Breston. Lama espirrou por toda parte enquanto o homem gigante corria em sua direção. Em vez de desviar, Riftan alargou sua postura e preparou sua espada. Enquanto uma sombra vasta se projetava sobre ele, ele balançou diagonalmente com toda a sua força, enviando Breston de volta como um espantalho tombado.

    Aproveitando o momento, Riftan saltou sobre o gigante caído, enfiando sua espada entre o ombro e o peito do homem. A lâmina perfurou carne e músculo e se alojou na lama abaixo.

    Imobilizando-o com um joelho no peito, Riftan cuspiu: “Renda-se agora se valoriza sua vida.”

    Breston começou a tremer erraticamente. Rindo na lama, ele provocou: “Vá em frente. Me mate.”

    Riftan estreitou os olhos no silêncio que se seguiu quando se afastou após Breston bater a cabeça na dele. Com o sangue agora escorrendo pela testa, Riftan colocou mais distância entre eles.

    Mas Breston saltou para os pés com o vigor de uma besta selvagem e imediatamente se agachou em uma postura ofensiva. “Devo dizer que não sou do tipo que aceita a derrota.”

    Riftan segurou a testa enquanto observava silenciosamente o homem.

    “Não haverá rendição”, Breston rosnou com a ferocidade de um predador sentindo sangue. “Este duelo não termina até que um de nós esteja morto.”

    “Entendo”, finalmente respondeu Riftan, frustração evidente em sua voz.

    Com determinação renovada, ele avançou. O nortenho ergueu sua grande espada para interceptar, agravando sua ferida no ombro e encharcando o uniforme de combate sobre sua armadura de sangue. Mesmo assim, ele se recusou a recuar.

    Breston girou sua grande espada em um amplo arco, aparentemente indiferente ao risco de perder permanentemente o uso de seu braço. A loucura havia tomado conta, uma que se importava pouco com o amanhã. Riftan estava certo de que o homem não se arrependeria de morrer por sua mão.

    Riftan enviou calor para a ponta de sua lâmina. Energia vermelha escura percorreu a superfície metálica turva como veias pulsantes. Sentindo a ameaça iminente, seu oponente também preparou seu golpe final.

    Segurando o punho de sua espada, Riftan disparou pelo campo de batalha destruído, tão rápido quanto o vento.

    Richard Breston atacou primeiro. A lâmina branca, emitindo energia gelada, desceu como um raio em direção à cabeça de Riftan. Riftan contra-atacou, golpeando a lâmina logo acima do protetor cruzado, fazendo os braços gigantes de Breston recuarem ligeiramente.

    Agora era a hora; Riftan mirou direto no peito exposto. O impacto, como uma pedra sendo atingida por uma maça de ferro, fez o homem cair na lama. Quando Riftan se endireitou, Breston estava de joelhos, segurando o estômago e vomitando sangue.

    Riftan o encarou e disse calmamente: “É minha vitória, Richard Breston.”

    “Besteira! Ainda tenho que —”

    Breston parou abruptamente para olhar para baixo em sua espada. Seus olhos se arregalaram de choque. Ele estava segurando um cabo sem lâmina.

    Riftan chutou a lâmina cortada na direção do homem. “Você parece ansioso para causar estragos como uma besta, mas eu não me importo com o que você quer.”

    A grande espada branca, o legado da família Breston acreditado ser forjado de dentes de dragão, deslizou pela lama para descansar aos pés do nortenho.

    Enquanto ele olhava fixamente para ela, Riftan acrescentou: “Eu sou um cavaleiro.” Quando Breston levantou a cabeça, Riftan encontrou seu olhar assassino firmemente. Ele continuou lentamente: “Como tal, vou seguir o código de cavalaria e mostrar misericórdia ao meu oponente.”

    Breston não disse nada.

    “Hoje eu tive muitas oportunidades para tirar sua vida, mas escolhi não fazer isso. Lembre-se disso, Breston — você vive apenas por minha misericórdia.”

    Os olhos do nortenho faiscaram de raiva e humilhação. Depois de observá-lo silenciosamente, Riftan se inclinou e disse suavemente: “Viva o resto de seus dias miseráveis carregando o peso desta derrota humilhante.”

    Com o rosto torcido em humilhação, o homem se levantou, aparentemente pronto para continuar lutando apesar de seus ferimentos.

    Riftan estava prestes a erguer sua espada quando a trombeta soou pelo céu nublado. A luta havia terminado.

    “O-O vencedor final… é Sir Riftan Calypse!”

    Assim que o anúncio foi feito, os Cavaleiros do Templo armados inundaram a arena, com Sejuleu Aren entre eles. Encarando Breston, ele disse: “Se você deseja preservar o que resta de sua honra de cavaleiro, sugiro que aceite sua derrota.”

    Os olhos vermelhos do nortenho brilharam perigosamente. Depois de rosnar como uma fera encurralada, ele finalmente virou as costas e saiu. Seu antebraço sangrava sem parar, deixando um rastro de carmesim no chão da arena devastada. Cavaleiros de sua ordem se apressaram para ajudá-lo, mas ele os empurrou rudemente enquanto saía enfurecido.

    Foi então que a plateia, que havia estado coletivamente segurando o fôlego, irrompeu em aplausos.

    “Rosem Wigrew d’Calypse! O novo mestre de Ascalon!”

    Riftan guardou sua espada e olhou para a seção reservada para a nobreza. Ele facilmente avistou o rosto pálido de sua esposa entre a multidão exuberante. Embora ela estivesse sentada de maneira régia, com a cabeça erguida, Riftan sabia que ela mal se segurava.

    Naquele instante, uma rajada de vento úmido passou por ele, roçando contra a forma esguia dela. Mechas do seu cabelo antes imaculado se soltaram e caíram suavemente ao redor do seu rosto.

    Na mente dele, a imagem de uma jovem solitária parecia se sobrepor à da esposa. O momento foi breve, porém, e logo a cena voltou a ser da nobre dama olhando para ele com preocupação e carinho.

    Ele respirou fundo, soltando o ar lentamente. Este estádio não seria o palco de sua desonra. Ele não tinha lutado pelo papa nem pela paz dos Sete Reinos.

    Ele lutara apenas por ela, e queria que todos soubessem disso.

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