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    “Que o vencedor se aproxime do lugar de honra para receber Ascalon de Sua Santidade!”

    Maxi finalmente soltou o ar que estava segurando. Apesar de seus melhores esforços para parecer composta, ela não conseguia parar de tremer.

    “Está tudo bem, minha senhora?” perguntou Gabel, visivelmente preocupado.

    Maxi assentiu, seus olhos ainda fixos em Riftan. Ela estava dividida entre a vontade de acertá-lo ou abraçá-lo com força. Seu corpo praticamente doía de desejo de correr para a arena e verificar se ele estava bem.

    Enquanto seu marido subia para o lugar de honra, onde os monarcas de cada reino estavam sentados, um homem com uma túnica roxa declarou: “Remova seu capacete e faça uma reverência!”

    Riftan retirou seu capacete, revelando um rosto tão frio e duro quanto o aço, lançado em uma sombra cinza pálida. As mulheres nobres ao redor de Maxi respiraram fundo em admiração, e ela imediatamente entendeu o porquê. Ele personificava a essência de um cavaleiro.

    Depois de entregar seu capacete a um servo, Riftan se ajoelhou diante dos sete tronos. Enquanto os aplausos estrondosos no estádio diminuíam, o papa, vestido com uma sotaina branca e mozeta dourada, se levantou lentamente.

    “Levante a cabeça.”

    Riftan olhou para o representante terreno de Deus.

    “Não apenas nos impressionou com sua esgrima incomparável, mas também mostrou o verdadeiro espírito da cavalaria,” disse o papa com voz gentil, porém com autoridade. “Você provou ser digno da espada sagrada diante de todos aqui.”

    Maxi engoliu em seco, sentindo a boca ficar seca.

    O papa varreu seu olhar sobre os espectadores, então sinalizou para um clérigo em um hábito negro sombrio, que estava atrás dele. O clérigo se aproximou de Riftan, carregando um baú de aproximadamente dois kevettes de tamanho.

    “Você provou valorosamente, Riftan Calypse. Agora, vou conceder a você a espada sagrada conforme prometido.”

    Assim que o papa terminou de falar, o clérigo abaixou o baú de ferro diante de Riftan e abriu a tampa. Maxi esticou o pescoço para a frente. Embora a distância dificultasse a visão clara, ela podia ver o que parecia ser um cabo desgastado descansando sobre o cetim carmesim. Riftan olhou para o relicário aparentemente comum antes de estender a mão para ele.

    Maxi se enrijeceu. Estaria ele pretendendo testar a lenda? Um silêncio caiu sobre o estádio.

    Neste silêncio arrebatador, Riftan segurou a borda do baú. Maxi ouviu alguém engolir em seco alto.

    Uma luz fraca emanava do baú. Ou será que ela estava imaginando isso? Ela arregalou os olhos, tentando confirmar se o que estava vendo era real.

    Então, com um movimento rápido, Riftan fechou a tampa do baú. A plateia, que estava esperando com respirações contidas, começou a zumbir de murmúrios. Riftan, indiferente à reação, ofereceu o baú de volta ao papa.

    “Sua Santidade, ser considerado digno da espada sagrada é honra suficiente,” disse ele com uma voz calma que beirava a indiferença.

    Os murmúrios se tornaram mais altos. Embora sua declaração fosse respeitosa, era uma recusa clara.

    Olhando ao redor, Maxi viu decepção estampada em muitos rostos. Alguns até zombaram, sugerindo que Riftan estava com medo de testar a lenda.

    Ela estava furiosa, lançando-lhes um olhar feroz, quando Riftan falou novamente.

    “Ascalon é um tesouro que pertence aos povos dos Sete Reinos. Se Sua Santidade permitir, gostaria de devolver o relicário sagrado ao altar como uma oferta pela paz eterna e harmonia dos Sete Reinos.”

    Essa explicação pareceu apaziguar os nobres murmurantes, embora um sentimento de decepção ainda pairasse.

    Maxi voltou sua atenção para os espectadores. O estádio era um mosaico de reações — alguns resmungavam decepcionados, enquanto outros sorriam, contentes por terem testemunhado o maior cavaleiro do continente em combate. Alguns pareciam completamente furiosos. Entre os viajantes que haviam viajado para ver Ascalon, podiam-se ouvir vaias abertas.

    Pensar que um momento tão honrado poderia mudar tão rapidamente.

    A profundidade da decepção da multidão parecia tão grande quanto suas expectativas anteriores. Maxi olhou para o marido com preocupação. Ele permanecia firme, aguardando a resposta do papa. O papa, no entanto, permanecia em silêncio, seu olhar fixo intensamente no cavaleiro diante dele.

    A confrontação silenciosa se prolongou até que um raio de luz fraca caiu sobre Riftan. Maxi olhou para cima. A luz do sol perfurou as nuvens cinzentas, dissipando a ameaça de chuva. Ela admirava a luz dourada que entrava na arena danificada quando sentiu uma mudança no ar. Momentos atrás, a multidão havia sido vocal em sua decepção, mas agora olhavam para o comandante dos Dragões Brancos como se um momento sagrado estivesse se desenrolando diante deles.

    Maxi logo entendeu por que. A luz do sol brilhava sobre o baú nos braços de Riftan. Era uma coincidência oportuna, que o papa parecia ansioso para imbuir de significado.

    “Deus parece satisfeito com sua oferta,” declarou ele para que todos ouvissem.

    Imediatamente, o ambiente dentro do estádio se transformou. Atônitos, muitos começaram a rezar, enquanto outros traçavam o símbolo da fé em seus peitos, buscando proteção divina.

    “Eu aceito sua oferta,” gritou o papa, aproveitando a oportunidade para reforçar o ambiente piedoso. “Além disso, honrarei seu pedido e guardarei a espada de Wigrew na capela principal da Grande Basílica de Osiriya, para que todos que buscam a bênção de Deus possam recebê-la.”

    À medida que as palavras do papa terminavam, cânticos com o nome de Riftan ecoavam no ar. O coração de Maxi começou a bater mais rápido. Quando o papa se curvou para aceitar o baú, o entusiasmo da multidão atingiu o auge.

    Gabel, que observava em silêncio, sorriu. “Que conclusão dramática.”

    Maxi assentiu, uma onda de alívio a lavando. Não apenas Riftan foi poupado de ridículo, mas a paz dos Sete Reinos agora era vista como a vontade de Deus. Ele havia conseguido o que se propôs a fazer no torneio.

    Ela o observou orgulhosamente enquanto ele permanecia, banhado pelo raio de luz que iluminava seus traços de bronze esculpidos e sua armadura prateada. Sua aparência deslumbrante inflamava ainda mais o entusiasmo da multidão. Riftan lentamente virou-se e começou a descer os degraus sob aplausos ensurdecedores.

    Maxi não conseguia mais ficar quieta. Agarrando sua capa, ela estava prestes a correr para o lado dele, quando o viu parar no meio da arena.

    A confusão cruzou seu rosto. Ainda não havia acabado? Ele parecia mais solene agora do que quando ofereceu a espada sagrada de volta ao papa. Seu olhar varreu os monarcas, a multidão de nobres e os dez mil espectadores.

    Quando seus olhos finalmente encontraram os dela, Maxi sentiu um arrepio inexplicável.

    “Peço a todos aqui hoje que sejam testemunhas do meu juramento,” disse Riftan para que todos ouvissem.

    O estádio barulhento mais uma vez caiu em silêncio. Todos os cidadãos dos Sete Reinos sabiam o que aquelas palavras significavam.

    Riftan atravessou lentamente a arena e subiu em sua direção. Os guardas armados prontamente retiraram suas lanças para permitir sua entrada nas arquibancadas.

    Maxi não ousava piscar enquanto o via se aproximar. Quando ele parou perto do topo das escadas, os espectadores coletivamente prenderam a respiração. Este era o momento mais importante na vida de um cavaleiro, e ninguém era tolo o suficiente para interromper.

    Riftan se ajoelhou diante dela. Em breve, ele começou a falar as palavras sagradas do juramento que um cavaleiro só poderia fazer uma vez na vida.

    “Coloco minha cabeça aos pés do meu rei,

    Meu corpo na sujeira do campo de batalha,

    E meu coração na palma da sua mão.”

    A mão de Maxi voou para sua boca, cobrindo os lábios trêmulos. Riftan olhou para ela, e em seus olhos quentes, agora livres de toda dor, ansiedade e problemas, Maxi viu seu reflexo. Eram esses olhos que a faziam sentir a mais nobre das mulheres.

    Com voz baixa, mas resoluta, Riftan recitou o último verso do juramento.

    “Minha nobre senhora,

    Você me concede a honra de ser seu cavaleiro?”

    Maxi piscou. Embora quisesse oferecer-lhe um sorriso elegante como as princesas das baladas, era impossível.

    As lágrimas borraram sua visão, derramando-se sobre suas bochechas. O desejo de abraçá-lo e soluçar como uma criança era avassalador, mas ela se conteve na presença do maior cavaleiro do mundo. Com um esforço imenso, ela fez com que suas pernas trêmulas se levantassem.

    “E—”

    Sua voz quebrou tão miseravelmente que ela pausou. Ela agarrou sua saia com os punhos, determinada a não arruinar este momento. Ela não permitiria isso. Reunindo sua força, ela ergueu a cabeça, limpou a garganta e falou com clareza renovada.

    “Eu concedo a você a honra com todo prazer.”

    Aplausos ensurdecedores sacudiram o estádio. Maxi olhou para o marido, seus olhos brilhando de emoção. Os dele brilhavam de pura alegria.

    Ela não podia mais se conter. Inclinando-se para a frente, ela envolveu os braços em torno de seu pescoço. Seu riso se misturou ao dilúvio de aplausos fervorosos e bênçãos. Tonta de felicidade, Maxi fechou os olhos.

    Flashes de sua jornada juntos passaram por sua mente — desde o dia em que ele chegou ao Castelo de Croyso para guiá-la pelo mundo, passando por seus dias tranquilos no Castelo Calypse, sua busca para se juntar a ele no campo de batalha, sua separação dolorosa e sua apaixonada reunião três anos depois. Seu amor agora era mais forte do que nunca.

    Olhando para encontrar seus olhos, uma alegria ardente subiu das profundezas de seu coração. Naquele momento, ela percebeu que tinha nascido para conhecer essa pessoa.

    Eu nasci para amar esse homem.

    Ela pressionou os lábios nos dele em um beijo suave — seu cavaleiro, a quem ela havia esperado tanto.

    Seus belos olhos brilhavam com ainda mais intensidade. Esses olhos, ela sabia, seriam gravados em sua memória até o fim dos tempos.

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