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    “Está tudo bem, minha senhora?”

    A voz veio de trás. Era Ulyseon, parado ao lado da tenda enquanto olhava para Maxi com um ar triste. Provavelmente a havia seguido por preocupação.

    Maxi se recompôs e se levantou cambaleando. “E-Eu estou bem. Toda essa tensão… me deixou um pouco enjoada.”

    “Você parece mal. Por favor, deixe-me acompanhá-la até sua tenda.”

    Ulyseon a ajudou a levantar, e Maxi se apoiou nele enquanto se levantava. Estava simplesmente exausta demais para manter uma postura forte.

    “Todo mundo está bem?” ela perguntou.

    “Cerca de sete cavaleiros ficaram feridos, mas nenhum deles corre risco de vida,” disse Ulyseon gravemente, olhando para a colina.

    A batalha tinha se desenrolado durante toda a noite. As ordens de cavaleiros agora montavam guarda no alto da colina enquanto soldados carregavam os feridos em macas. Clérigos enterravam e purificavam os mortos, e outros puxavam carrinhos carregados com as carcaças moles de seus cavalos.

    Embora fosse costume homenagear um cavalo de guerra com um enterro ao morrer, o exército tinha que recorrer a comer o que encontrasse para conservar provisões. Os cavalos eram ou esfolados e desmembrados ou assados inteiros sobre fogueiras. Mesmo enquanto centenas morriam a cada dia, seus gritos ecoando no ar, os vivos ainda precisavam encher seus estômagos quando chegava a hora.

    Maxi observou os soldados subindo e descendo a colina antes de voltar a si e fazer seu caminho pelo acampamento. Ao lado das fileiras de tendas estava o início da construção da muralha do acampamento, uma pilha de pedras toscamente cortadas com quatro kevettes de altura. A unidade traseira trabalhava nisso entre as escaramuças. Passando pela estrutura irregularmente empilhada, ela chegou à tenda alta designada aos magos.

    Ela não se deu ao trabalho de trocar suas roupas ensanguentadas antes de se deitar ao lado do braseiro e se enrolar sob dois cobertores sujos. Apesar da ansiedade e do medo que rasgavam seu coração, sua exaustão a levou a um sono profundo.

    Garrow continuava inconsciente no dia seguinte. Hebaron, que tinha vindo à enfermaria para ver como ele estava, chamou Maxi para fora da tenda.

    “Você acha que o rapaz vai ficar bem, minha senhora?” ele perguntou cautelosamente.

    Incapaz de responder imediatamente, Maxi mordeu o lábio.

    Um silêncio pesado se seguiu.

    “Eu gostaria da sua opinião sincera,” disse Hebaron. “Garrow é meu subordinado direto, então eu preciso saber a condição dele.”

    “Nós curamos o ferimento… mas a magia não pode reparar danos no cérebro.” Maxi hesitou brevemente antes de adicionar, “Não saberemos até ele acordar… se haverá algum efeito a longo prazo.”

    Ela não conseguiu se forçar a dizer que ele talvez nunca mais abrisse os olhos. Hebaron ficou em silêncio sob o beiral por um longo tempo, observando a neve cair na colina. Começou a nevar ao amanhecer, forçando uma breve interrupção na luta. O exército da coalizão estava agora aproveitando um descanso muito necessário.

    Maxi estava grata pela pausa. Os soldados estavam exaustos de sitiar durante o dia e proteger o acampamento à noite, e os magos estavam ficando sem mana. Essa trégua era desesperadamente necessária.

    Depois de estudar a expressão grave de Hebaron, Maxi soltou de repente: “Não deveríamos abandonar esta campanha?”

    Hebaron desviou os olhos da cidade dos monstros para olhar para ela. Surpresa com sua própria declaração, Maxi encolheu os ombros, mas as palavras continuaram a fluir dela como água de uma represa rompida.

    “Talvez fosse melhor voltarmos… antes que mais vidas se percam. Ainda não temos notícias de Riftan. Isso deve significar… que algo deu errado! Precisamos… desistir desta campanha e enviar uma equipe de busca para encontrá-lo, Ruth e Sir Elliot antes que seja tarde demais! Seria melhor voltarmos para Anatol com eles—”

    “Mesmo que desistamos agora e retornemos, teremos que enfrentar os monstros novamente em alguns anos,” disse Hebaron.

    Apesar das palavras de derrota de Maxi, o cavaleiro não mostrou nenhum sinal de raiva. Ele a olhou com olhos tranquilos antes de adicionar calmamente, “Agora que descobrimos a fortaleza deles, os monstros vão agir. Eles atacarão assim que ordenarmos uma retirada. Outra guerra não pode ser evitada.”

    Maxi mordeu o lábio. Hebaron estava certo. Muito dinheiro tinham sido coletado para financiar esta guerra, o suficiente para abastecer mais de vinte mil soldados com alimentos, lenha, carvão, pedras mágicas e dispositivos, armas de cerco, diversos armamentos e forragem para seus cavalos por vários meses. Se esta campanha falhasse, seria especialmente devastador para as regiões do norte, que estavam sofrendo com a fome.

    No entanto, continuar não garantia sucesso. Eles poderiam acabar recuando após sofrerem ainda mais baixas. Como se sentisse seu medo, Hebaron continuou falando.

    “Os monstros também estão inquietos. O fato de eles ainda não terem usado os wyverns é prova disso.”

    Maxi olhou para ele, confusa. “Eu não entendo.”

    “Você se lembra da Princesa Agnes explicando o quanto de comida um wyvern consome? Um ninho daquele tamanho precisaria de uma quantidade inacreditável de gado. É por isso que os monstros forçaram as criaturas a hibernar.” Hebaron acariciou a barba áspera que cobria suas bochechas e continuou, “Eles precisam de ainda mais comida quando acordam, o que o exército dos monstros não pode fornecer no momento. Isso explica por que não houve wyverns na batalha. Eles provavelmente estão guardando-os para quando a guerra estiver em pleno andamento.”

    “Os monstros podem nunca se engajar em uma batalha direta! Podem estar pensando que têm a vantagem do tempo.”

    “Se esse fosse o caso, não teriam se incomodado com os ataques noturnos. Eles estão tentando dizimar nossos números o mais rápido possível. Se há algo certo, é que o inimigo quer evitar uma guerra longa tanto quanto nós.”

    Os olhos penetrantes de Hebaron se afastaram do campo de batalha para olhar para ela. Sua voz estava cheia de convicção quando ele disse, “Eles provavelmente também estão com pouca comida. Eles vão tentar prolongar isso e depois atacar no momento crítico.”

    Maxi olhou ansiosamente para a colina silenciosa. Duvidava que os eventos se desenrolassem como ele disse. Mesmo que acontecessem, isso não garantia sucesso.

    A mera ideia de enfrentar dezenas de milhares de monstros de perto fazia seu coração encolher de medo. Acima de todos os outros sentimentos, estava sua preocupação por Riftan.

    Desculpando-se, Maxi se virou para voltar para a enfermaria. Sentia que perderia todo o controle se continuasse essa conversa. Esforçando-se para não deixar seus pensamentos pararem em Riftan, ela se aproximou de Garrow.

    Uma maga chamada Nora estava ao lado dele, despejando um tônico de ervas em sua boca. Maxi se ajoelhou para inspecionar o rosto pálido do cavaleiro e passar os dedos sobre as marcas cirúrgicas em sua têmpora. Embora o ferimento tivesse cicatrizado, pequenos caroços corriam acima do olho direito dele. A preocupação de que não tivesse colocado todos os ossos no lugar certo a atormentava. Depois de examinar o olho ainda inchado dele, Maxi pediu a Nora para reduzir o inchaço com gelo e passou para os outros pacientes.

    A forte nevasca finalmente cessou ao meio-dia do dia seguinte, e o exército da coalizão não perdeu tempo em retomar o ataque. Maxi e Armin invocaram uma muralha de terra de quarenta kevettes atrás do batalhão central, criando um ponto de vantagem para outra rodada de catapultas incessantes. Embora o inimigo retaliasse com bolas de fogo, elas nunca alcançavam as armas da coalizão.

    O mesmo não se podia dizer dos soldados que corriam em direção ao portão da cidade. Maxi desviou o olhar enquanto eles eram lançados colina abaixo em montes de pedras e chamas. Embora os magos tentassem desesperadamente proteger as tropas, havia pouco que um punhado deles poderia fazer por milhares. No final do dia, mais de duzentos haviam perdido suas vidas.

    Raiva e desespero fervilhavam no peito de Maxi. Era insuportável ver tantas vidas sendo apagadas como se não valessem nada. Ela tentava não olhar para baixo e se concentrava em transportar mais pedras para as catapultas.

    Os ataques cessaram ao pôr do sol, e os soldados que descansaram durante o dia vieram formar uma linha defensiva. Maxi abaixou a muralha e moveu as catapultas para a retaguarda.

    Ela devorou sua refeição assim que voltou ao acampamento. Nos primeiros dias do cerco, ela mal conseguia comer uma fatia de pão. Agora, em poucos dias, ela se via devorando suas rações, apesar do cheiro de sangue que permeava o ar.

    Era uma prova da incrível resiliência do corpo humano, uma que ela estava experimentando em primeira mão. Seu corpo ainda ansiava por sono e alimento mesmo no caos da guerra. Antes disso, ela nunca teria pensado que era possível dormir com o barulho ensurdecedor de pedras se esmagando.

    Na segunda semana do cerco infrutífero, Adolf, o comandante do exército de Arex, deixou sua ansiedade transparecer.

    “Não podemos prolongar isso,” ele soltou durante uma reunião de estratégia.

    Todos reunidos no quartel central franziram a testa.

    “Atualmente, não temos alternativa,” retrucou Agnes. “Ação precipitada só resultará em mais baixas. Nossa melhor estratégia é manter o cerco até que os monstros fiquem sem opções sem perder nenhum de nossos homens.”

    “Nós ficaremos sem opções primeiro,” o homem disse com um resmungo alto. “A moral está caindo!”

    “Então, o que você sugere?” Kuahel disse com frieza.

    Foi Richard Breston quem respondeu. Ele levantou sua taça de vinho, seus lábios se torcendo em um sorriso cruel. “Não é óbvio? Devemos ordenar um ataque em grande escala. Não arrastamos todas essas armas de cerco aqui para exibição.”

    O tom de Kuahel ficou gélido ao dizer, “Você já esqueceu a catástrofe do primeiro dia?”

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