Pov do Riftan - Capítulo 12

Assim, após uma série de dias agitados, o dia da partida se aproximava. Riftan imediatamente começou os preparativos de última hora para a expedição. Ele vestiu uma couraça feita de couro de wyvern e escamas de meio-dragão. Ele usava equipamentos de proteção nos braços e pernas, um cinto de couro com duas adagas e pendurava uma espada bastarda em sua cintura. Então, ele enrolou suas correntes e colocou o gancho de ancoragem em uma bolsa de couro. Por fim, vestiu uma capa sobre as costas.

Quando terminou de se armar, ouviu uma batida na porta, então Riftan pegou sua bolsa e saiu. Samon, vestido de forma semelhante, estava apoiado na parede.

“Todos devem se encontrar na frente dos portões da cidade. Você está pronto?”

“Estou pronto.”

Riftan desceu as escadas enquanto usava luvas de couro em ambas as mãos. Os cavalos e as carroças estavam esperando na frente da estalagem. Ele ignorou os cumprimentos apressados dos mercenários e entrou na carroça.

Vários equipamentos usados para desmontar grandes monstros estavam carregados de maneira desorganizada dentro da carroça. Com cuidado para não se machucar com eles, Riftan passou por eles e foi se acomodar no canto. Depois de um tempo, a carroça começou a se mover. Quando chegaram aos portões da cidade, Samon espiou dentro da carroça.

“Calypse, o cliente está aqui. Por que você não sai para conhecê-lo?”

Riftan, que dormia profundamente em um cobertor, franziu o cenho. Trabalhando como mercenário, ele não tinha escolha a não ser encontrar muitas pessoas aristocráticas, no entanto, ele não se dava exatamente bem com os nobres. Ele puxou o cobertor sobre o rosto novamente.

“Não vou incomodar. Apenas me acorde quando chegarmos ao Vale de Soron.”

“Ei cara, esse era um cliente importante. Não há mal em mostrar seu rosto para ele.”

“Meu rosto não causa uma boa impressão mesmo, então pare de me incomodar e vá embora.”

Samon resmungou e recuou, virando-se como se estivesse irritado. A carroça começou a se mover novamente depois que a contagem de cabeças foi feita. Depois de muito tempo na carroça oscilante, os olhos de Riftan se abriram com um súbito choque contundente.

O movimento da carroça ficou extremamente turbulento a ponto de ele não conseguir dormir. Eles deviam ter entrado no território do vale. Riftan sentou-se com as costas apoiadas na parede de madeira da carroça e olhou para fora.

A pálida luz do sol de inverno brilhava contra a neve que cobria os galhos das árvores mal secos. Ele olhou para o chão coberto de geada prateada e os soldados marchando sobre ele. Na frente estava uma carruagem luxuosa que aparentemente abrigava seus clientes. Em volta da carruagem, havia cavaleiros de armadura reluzente montados em cavalos militares.

Riftan, que observava a cena com uma expressão cínica, pulou da carroça. Territórios que tinham assentamentos de wyverns provavelmente não abrigariam outras bestas grandes, mas não custava nada verificar.

“Finalmente, você apareceu. Dormiu bem?”

Um mercenário que montava um cavalo ao lado dele estava tentando iniciar uma briga. Riftan ignorou todas as perguntas com segundas intenções e ficou pendurado na carroça para inspecionar o terreno. A estrada estava começando a subir e eventualmente ficou notavelmente íngreme e logo uma enorme parede de rocha entrou em vista. Era o ninho perfeito para os wyverns.

“Chegamos. Este é o Vale de Soron.”

A equipe de expedição parou um pouco longe do vale. Só então Riftan conseguiu ver a escala da equipe. Era um número considerável de pessoas. Quase 50 soldados, 20 cavaleiros e cerca de 40 mercenários…

“Há outros mercenários?”

“Acho que há outros soltos por aí. Ah, os magos estão ali. Fique de olho neles. Não podemos deixar nem um deles se machucar, precisamos desesperadamente da ajuda deles.”

Ele virou a cabeça para onde Samon estava apontando. Um homem de meia-idade usando uma roupa imponente que definitivamente não era apropriada para a viagem estava discutindo com um jovem que aparentava ser sensato, vestindo várias camadas de grossas túnicas. Os olhos de Riftan se estreitaram enquanto ele os observava atentamente. O mais velho parecia usar tal traje para parecer elegante, mas o mais jovem parecia simplesmente sensível ao frio.

Riftan franziu a testa enquanto observava o jovem mago. Ele pensou que a expedição envolvia dois arquimagos, não estava certo sobre o homem de meia-idade, mas o jovem a quem ele repreendeu não parecia ser um mago capaz.

Ele aparentava ter entre o final da adolescência e o início dos vinte anos no máximo, duvidava que tivesse qualquer experiência com expedições, pois parecia exausto apenas por andar a cavalo por algumas horas. Riftan olhou para Samon com olhos ameaçadores.

“Aquele mago parece que precisaria de um pouco de magia de recuperação para si mesmo.”

“Não julgue um livro pela capa. Dizem que, apesar de parecer simples, ele pode conjurar uma grande magia.”

Existe algo mais não confiável no mundo do que rumores?

Riftan sentiu um mau presságio. De alguma forma, parecia que a expedição não ia correr bem e seu pressentimento sempre estava certo.

Depois de descer da carruagem, o nobre, vestido elegantemente, discutiu com os cavaleiros por um longo tempo e ordenou que os mercenários escalassem o penhasco.

“Oito homens têm que escalar a parede de rocha e instalar cada uma dessas ferramentas mágicas em um local específico. Os wyverns estão descansando no fundo do vale. Estou procurando homens capazes, leves, ágeis para se voluntariarem.”

O cavaleiro ao lado do nobre anunciou com uma voz digna. Um mercenário que estava por perto empurrou Riftan no ombro como se estivesse esperando por essa chance.

“Este cara é o mais ágil entre os mercenários.”

Todos os olhares se voltaram para ele. Riftan deu a ele um olhar intimidador, lançando olhares afiados para o mercenário que o empurrou. Ele avançou relutantemente quando o cavaleiro o indicou.

“Ótimo, mais um voluntário.”

“Eu ainda não concordei em me voluntariar.”

O cavaleiro, que observava os mercenários, virou a cabeça rigidamente para suas palavras rígidas. Riftan ignorou seu olhar magoado e falou com o nobre vestido em peles luxuosas.

“O preço não estava certo. Um Denar para subjugar o ninho de um wyvern não era justo. Eu não sabia que o Senhor de Nebron era tão mesquinho.”

Talvez ofendido por sua atitude insolente, os olhos do nobre se arregalaram.

“Os magos colocaram uma magia do sono. Os wyverns não vão acordar a menos que você atire um canhão.”

“Mesmo assim, é perigoso escalar uma parede de rocha tão alta. O pagamento não é ridiculamente baixo para uma tarefa tão arriscada?”

“Um ouro já seria suficiente para um plebeu se divertir e comer por meio ano.” A voz do homem o irritava profundamente. “Você é aquele que quer ser pago por não fazer nada. Uma vez que as ferramentas mágicas estiverem instaladas, tudo o resto será executado facilmente. Meus cavaleiros e soldados lançarão as catapultas para acabar com eles enquanto as ferramentas mágicas os prendem. O que vocês, mercenários, farão? Ficarão por perto assistindo e lambendo os dedos? Acho que é verdade que os mercenários se tornaram nada além de porcos gananciosos.”

Os lábios de Riftan se torceram.

Quem realmente era o porco ganancioso? Os wyverns renderiam uma quantia enorme de moedas de ouro, tudo isso era simplesmente ridículo…

Enquanto Riftan resmungava interiormente, o nobre ergueu a cabeça e falou arrogantemente.

“Se você veio aqui pensando vergonhosamente que ganhará dinheiro sem suar uma única gota, então vire as costas agora. Claro, você terá que devolver o pagamento inicial primeiro.”

No final, Riftan cerrou os dentes e aceitou a ferramenta mágica. Quando os outros sete voluntários foram designados, eles seguiram direto para o Vale de Soron, enquanto o mago que deveria guiá-los na instalação das ferramentas mágicas os seguia de perto.