Índice de Capítulo

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    A expressão de conflito entre os dois surgiu no momento em que cruzaram os olhares. Kazuki olhou com raiva para o rosto de Matsuno, quase como se fosse um cachorro vendo seu inimigo mortal à sua frente.

    Em contrapartida, Matsuno apenas abaixou a sua expressão e olhou para Kazuki com um olhar frio capaz de congelar qualquer humano, era quase como a personificação de Hades, fitando com seus olhos vermelhos para algo ou alguém inferior. 

    — Já não tínhamos conversado sobre isso antes?

    Kazuki foi o primeiro a abrir a boca, encarando Matsuno, que ainda estava de joelhos e agachado, olhando-o friamente.

    — Oh? Está falando do nosso acordo?

    Respondeu ele com outra pergunta, mas deu uma risada com o canto de sua boca. 

    Após ver o desdém de Matsuno, Kazuki não ficou com raiva, pelo contrário. Ele sorriu levemente e colocou a mão no ombro do cavaleiro negro.

    — Não importa o que faça, eu sou o único que está dentro do coração de Rei. 

    — Hehehe, não tenho certeza. 

    Matsuno comentou com um sorriso irônico, colocando a mão sobre a de Kazuki, que repousava em seu ombro. 

    — Como é? — perguntou Kazuki levemente surpreso com a reação inesperada de Matsuno.

    — Se ele estivesse realmente em seu coração como você disse, então… por que você fica provocando e flertando com ele o tempo inteiro? Até parece um adolescente.

    O rosto de Kazuki ficou vermelho como um pimentão com a afirmação de Matsuno. As orelhas do homem-fera abaixaram e seu olhar ficou repleto de dúvida e vergonha nessa hora.

    Os olhos de Matsuno levantaram-se com aquela visão diante dele.

    Vê-lo agindo assim indefesamente, causou uma sensação estranha dentro do cavaleiro negro, que antes apenas achava Kazuki um rosto bonito e nada mais.

    Então, subitamente, essa visão desapareceu ao observá-lo com tamanha relutância e vergonha, não muito diferente do da reação de muitos colegiais, que sequer conseguiam esconder os sentimentos. 

    — Oh? Você achou que estava sendo discreto e que eu não percebi? Uau, você é mais inocente do que eu esperava.

    Matsuno virou seu olhar para Kazuki, que ainda o estava observando. Entretanto, Kazuki não parecia querer dizer nada em resposta ou contrapor as afirmações de Matsuno.

    Era como se tivesse sido pego em flagrante por um professor, enquanto fazia travessuras e não podia revidar da situação atual.

    O cavaleiro negro até sentiu-se culpado em expor essa informação.

    — Bem, se você quis…

    Matsuno interrompeu o que estava prestes a dizer, sem acreditar que as próximas palavras que diria poderiam mudar sua vida.

    “O que estou pensando? Devo estar ficando doido.”

    Por conta desse comportamento, ele soltou um suspiro e olhou seriamente para o rosto de Kazuki.

    — Para ser franco, vamos deixar isso de lado, tá? Essa discussão supérflua é muito cansativa. Nós não somos próximos o suficiente para falarmos de coisas assim, não acha? 

    Ele se virou no momento em que terminou de falar, indo em direção ao baú que estava em sua frente. Entretanto, antes que pudesse inclinar sua mão até o interior do baú, ele sentiu algo pesado o puxando.

    Matsuno sentiu mãos ásperas agarrando a sua armadura atrás, inclinando-o para a direção que estava sendo puxado firmemente.

    Kazuki agarrou violentamente o colarinha da camiseta de malha de Matsuno, deixando o cavaleiro negro assustado com esse comportamento súbito.

    Estava sem nada nas mãos, sequer teve tempo de sacar a espada ou ter algum tipo de reação apropriada com a aproximação de Kazuki. Ao invés disso, sua boca abriu ao perceber o que estava acontecendo.

    — Que poha você está fazendo?

    Ele xingou em surpresa, sem acreditar na força que o homem-fera estava exercendo em sua vestimenta. Apenas com um fechar de mãos, ele poderia simplesmente rasgar uma malha de couro que nem mesmo uma flecha poderia perfurar.

    Matsuno era o tipo de pessoa que apenas proferia palavrões quando estava com muita raiva, ou quando sentia-se surpreso com o inesperado, o que era o caso diante de seus olhos.

    — Preste atenção. Não vou repetir de novo.

    — O qu-

    — Não importa o que você faça ou deixe de fazer, mas tenha consciência de que se fizer algo de errado com o Rei, serei o primeiro a te matar. 

    O homem-fera disse ainda com alguns rastros de vermelho no rosto, por conta da vergonha que tivera que passar com a exposição de Matsuno. 

    Após ouvi-lo atentamente, a expressão de surpresa no rosto do cavaleiro negro permaneceu. Embora Matsuno soubesse que Kazuki sempre mostrava hostilidade quando o assunto envolvia Rei, ainda assim, era demais a forma como estava sendo tratado. 

    Inclusive, não esperava que o homem-fera pudesse se comportar daquela maneira agressiva, embora não tivesse realmente se machucado. 

    — Certo, certo. Acabou?

    Respondeu Matsuno, afastando as mãos de Kazuki com força, para que mais nenhuma desavença pudesse acontecer entre os dois. 

    “Eu exagerei?”

    Matsuno pensou por um momento, pois lembrou-se de suas provocações anteriores. 

    “Não, não acho que tenha sido isso. Ele só perdeu a paciência… Devo ter acertado em um ponto fraco. Se eu soubesse que agiria dessa forma, não teria brincado com ele.”

    “Bem… não é tão ruim assim. Chega a ser divertido vê-lo perder a razão, sendo que tem uma habilidade tão boa em esgrima.”

    Assim que sentiu as mãos de Matsuno afastando as suas, Kazuki fechou a boca e por fim soltou as mãos do colarinho do homem. 

    No momento em que fez isso, o cavaleiro negro caiu de bunda no chão e antes que xingasse de volta, o homem-fera virou-se de costas.

    A única coisa que Matsuno podia ver era as costas do homem-fera, enquanto ele se aproximava de Rei com um sorriso no rosto. 

    Era como se nada tivesse acontecido. 

    — Olha só isso. 

    Sussurrou Matsuno, vendo como Kazuki no momento seguinte não estava afetado nenhum pouco, chegando a ser até engraçado. 

    — Ele banca o certinho na frente daquele garoto, mas não parece tão correto como eu pensei que seria. 

    Comentou por fim, ajeitando a cota de malha, posicionando-a para debaixo da armadura em seu peito.

    “Vou pensar nisso depois.”

    Pensou ele após levantar-se, avistando no fundo do baú um pergaminho mágico.

    Continua….

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