Capítulo 212 - Loki? (5), X.
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Embora não tenha havido mudanças realmente drásticas, a barba por fazer de Matsuno já estava um pouco crescida, enquanto alguns pelos no rosto de Kazuki estavam visíveis em sua face.
Era, de certa maneira, estranho.
Eles mal tinham notado as mudanças causadas pela passagem do tempo, achando que estavam naquela região há apenas algumas horas.
— A gente realmente brigou por causa disso? Hahaha, que ridículo.
Matsuno quebrou o silêncio, a voz ainda carregando um tom de cansado enquanto ele permanecia parado na mesma posição, os ombros levemente tensos, mas a respiração já regulada depois do esforço.
A ideia de estar ali, brigando enquanto seus soldados enfrentavam sabe-se lá o quê, e Rei continuava desaparecido, parecia absurda demais para Matsuno. Nada daquilo fazia sentido. Será que ele tinha perdido a cabeça? Era a única explicação que conseguia encontrar, porque tudo ao redor parecia completamente estranho.
Kazuki, por outro lado, não respondeu de imediato após ouvir as palavras de Matsuno.
— Não acho que tenha sido tão ruim…
Respondeu ele então, sem saber ao certo o que fazer naquele momento. Tudo que fazia era inútil, o espaço inteiro eram escadas, não havia uma escapatória. O que poderia fazer era esperar.
Não havia muito o que dizer, ao menos não agora.
— É… Confesso que você não é tão insuportável assim… Só meio irritante.
Matsuno comentou em seguida, assim que ouviu as palavras de Kazuki. Apesar de toda a confusão, Kazuki agora não parecia aquele vira lata agressivo de poucas horas atrás.
— E você não é tão ruim quando está apanhando. Só um pouquinho.
Brincou por sua vez Kazuki, levantando-se de onde estava deitado, e caminhando até às paredes. Ele sacou a espada e reuniu o máximo de força que pôde, então com um único movimento rápido, tentou cortar as paredes próxima das escadas, mas não danificou. Sequer havia arranhado.
— Então, o que vamos fazer agora? Droga… — perguntou Kazuki, quebrando o silêncio que começava a se instalar novamente.
Matsuno apertou os punhos.
— Então talvez a única coisa que podemos fazer agora seja esperar. Não adianta correr em círculos.
— Tá, tudo bem. Vamos esperar. Mas não por muito tempo. Assim que surgir alguma oportunidade, a gente se mexe. E caso não, não me importo de quebrar as minhas mãos, mas essas paredes vão cair.
Depois de dizer isso, Kazuki sentou-se no chão e encostou as costas na parede, observando que Matsuno havia feito o mesmo, mas do outro lado.
— Combinado. Enquanto isso, tenta não me matar, certo, vira lata?
Matsuno disse após lançar-lhe um olhar de canto, vendo que os cantos da boca de Kazuki estavam levantados, em um sorriso fraco.
— Se você morrer, não seria por ser fraco? Além disso, eu quem deveria dizer isso.
Ele brincou, com a espada posicionada entre as mãos. Fechando então em seguida os olhos, para acalmar a mente.
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[Rei e Loki]
[Momento atual]
Assim que Loki terminou, ele olhou para o estudante que apenas soltou um suspiro. Ele estava com o rosto coberto com uma das mãos, enquanto olhava para todo o cenário branco.
Honestamente, era doloroso ter de viver naquela região, em que tudo se resumia em branco, e não existia nada mais do que apenas uma mesa no meio.
Ele fechou os olhos e tomou uma pequena, profunda e purificante respiração, tentando dessa maneira recuperar o que lhe restava de equilíbrio.
“Tá, certo. Vamos pensar com calma. Eu de qualquer forma teria que ir para Zefry, então não deve ser problemático procurar por uma relíquia ou peça sagrada naquela cidade.”
“Não vou me preocupar tanto com isso. De uma maneira ou de outra, encontrarei o que quer que seja essa porcaria divina. Na realidade, preciso encontrar. Não tenho escolhas. Se eu não concordar agora, ficarei preso nesse inferno e todos podem acabar morrendo.”
Rei soltou um suspiro novamente, — vários, na realidade. E, no momento seguinte, respondeu após refletir sobre a situação no geral:
— Certo, Loki. Não tenho muita escolha mesmo. Eu irei devolver a sua peça divina, mas quero as informações que me prometeu.
Loki sorriu após ouvi-lo, e disse calmamente:
— Sim, sim. Certo, certo. Finalmente o meu tédio vai acabar, tudo bem. É imperativo que você me traga a minha peça divina, e então irei te dar as informações que precisa, além de realizar alguns de seus desejos. Eu posso te proporcionar isso, pelo menos! 2 desejos, não importa o que sejam, realizarei quando obtiver meus poderes de volta!
— Não importa quais sejam os desejos, mesmo que signifique destruir os céus. No entanto… — ele comentou pausadamente, fazendo um rosto um pouco sarcástico — não posso realizar nada que possa interferir com seu outro mundo, o lugar de onde veio.
Rei olhou de canto para Loki, ainda pensativo com a Ideia. Ele ficou em silêncio por um tempo, mas assentiu com a cabeça.
Sinceramente, por que tudo aquilo parecia meio que um pacto com o próprio demônio? Como se estivessem firmando um contrato, com direito até mesmo a dois desejos.
“Futuramente, não terei que oferecer a minha própria alma em troca? Isso parece ser bom até demais…”
Rei pensou, brincando com a ideia absurda, mas, ao mesmo tempo, não podia negar o quão tentador parecia realizar dois desejos de uma vez.
Mesmo vendo um deus à sua frente, ou o que deveria ser um, a sensação que ele tinha não correspondia à imagem.
Loki, com aquelas roupas que mais pareciam trapos, tinha mais a vibe de um vendedor ambulante, com exceção da sua personalidade infantil.
Após Rei dar um breve assentimento com a cabeça, Loki esboçou um enorme sorriso e, com um movimento fluido das mãos no ar, fez surgir runas mágicas que brilhavam intensamente.
Diferente das gesticulações anteriores, seus movimentos agora eram mais calculados, com uma precisão que sugeria um domínio muito maior da magia.
Quando terminou, uma pequena runa, flutuando rapidamente e dirigiu-se diretamente para a palma da mão de Rei.
O garoto, apenas levantou a mão em reação, podendo observar a marcação que surgia ali, uma inscrição que só ele e Loki poderiam ver.
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