Índice de Capítulo


    ❖ ❖ ❖

    Naquele momento, Matsuno franziu a testa.

    Suas sobrancelhas estavam arqueadas.

    Sua expressão mostrava total insatisfação com a situação. 

    Ele se aproximou dos homens-feras, com Yudi o seguindo atrás, que tinha a impressão pelo comportamento visível de Matsuno que boa coisa não viria daquilo. 

    Ao se aproximarem do acampamento, o clima entre os homens-feras era bem tenso, com alguns visivelmente irritados.

    Era possível ouvir vozes altas ao longe, e à medida que se aproximavam, o volume do tom só aumentava.

    A discussão parecia ser entre o Vice-Capitão e algum homem-fera bem ao seu lado. O homem-fera era alto, e tinha uma altura um pouco maior do que o do Vice-Capitão.

    Os dois estavam conversando, — ou o que poderia ser chamado de uma “conversa”, pois na realidade estavam gritando um com o outro.

    Enquanto eles discutiam, havia uma mulher sentada no chão, com a bochecha vermelha, segurando em mãos uma criança pequena de 7 anos. 

    A mulher estava abraçada à criança com força, ao mesmo tempo em que olhava para o Vice-Capitão com os olhos vermelhos de raiva, e algumas gotas presentes nelas. 

    Ao se aproximar ainda mais, ficou nítido o que estava acontecendo ao certo. Matsuno observou a agressividade nas palavras do Vice-Capitão direcionadas ao civil, e apenas observou de longe. 

    Nessa hora, o homem não sabia que estava sendo observado pelo cavaleiro, e continuou com seu comportamento habitual.

    — Você é um covarde! Você bateu em uma mulher só porque não gostou da expressão no rosto dela? 

    O homem-fera disse quase que rosnando, podia-se ver que sua voz estava tremendo de raiva. Os punhos cerrados, enquanto olhava para o homem à sua frente, que parecia não ter remorso nenhum.

    O Vice-Capitão apenas riu ao ouvi-lo.

    — Oh? Quer que eu peça desculpas, é? Que eu me arrependa? — Ele debochou por sua vez, com a voz carregada de desdém. — Vocês, seus imundos, têm sorte de poderem chegar até a capital. Mas não pensem que são iguais a nós, que uma vadia qualquer pode me olhar com aquele olhar nojento e sair impune.

    Ele cuspiu no chão nesse momento, olhando para a mulher-fera ao lado, que continuava a olhar para ele com desprezo. 

    Era tão irritante aquele olhar, — o Vice-Capitão só conseguia pensar em porque tinha que ter aquela posição, e estar tendo que passar por tudo aquilo naquele momento.

    “Por que estou nesse inferno? Poderia estar nesse momento na capital humana, entre gente civilizada, cercado por boa bebida e belas mulheres, mas não… Estou nesse buraco imundo, cercado por esses malditos animais.”

    “Se não fosse aquele inútil do Capitão, eu não estaria aqui afundado nessa merda que ele deixou pra trás.”

    “Antes, pelo menos, eu nem precisava olhar pra esses malditos cães. Mas enfim… talvez isso me renda algo. Uma promoção, quem sabe? O Capitão já deve estar morto a essa altura…” 

    “Sabe, eu mereço. Um aumento. Um novo posto. Voltando para a capital, irei enviar um pedido para os superiores para ganhar um novo cargo.” 

    Nessa hora, o homem-fera avançou um passo. 

    Suas mãos tremendo. 

    — Se acha tão superior, por que precisa bater em alguém mais fraco, hein?

    O Vice-Capitão estreitou os olhos.

    — Fraco? Eu só dou a lição que cada um merece. Se um cão me encara com dentes à mostra, eu quebro os dentes dele antes que pense em me morder.

    — Então me encara agora, filho da puta. Quero ver se tem coragem de levantar a mão contra alguém que pode acabar com você agora mesmo. 

    O Vice-Capitão sorriu.

    O Vice-Capitão agachou-se e agarrou o cabelo da mulher-fera ao lado, puxando sua cabeça para trás com um pouco de força. 

    Ela soltou um gemido de dor, mas não conseguia fazer nada naquela posição. 

    O Vice-Capitão apenas deu uma risadinha de lado, os olhos fixos no homem-fera à sua frente.

    Até mesmo os outros soldados que estavam ao lado pareciam estar atentos, para o possível confronto que poderia ocorrer.

    Então estariam preparados para defender o Vice-Capitão, que era o seu superior, embora não quisessem o fazer pelas atitudes nojentas que o mesmo demostrava.

    — Bem, você pode até tentar, seu cachorro imundo. Mas não pode fazer nada.

    Sua voz estava repleta de confiança, carregada de puro desprezo. 

    Ele parecia gostar do momento, sem um pingo de preocupação em seu rosto com as consequências. 

    No fim das contas, elas não existiam para ele.

    Agora que ocupava a posição mais alta, fazia o que bem entendesse. E ninguém iria impedi-lo.

    Entretanto, a expressão no rosto do homem-fera era desconcertante, não era a expressão que o Vice-Capitão queria ver. 

    Ele parecia… relaxado.

    O Vice-Capitão franziu o cenho. 

    Por que diabos aquele maldito estava tão confiante? E mais estranho ainda… por que ele não o estava olhando diretamente? 

    O olhar arrogante do homem-fera estava fixo em outro lugar, voltando a olhá-lo momentos depois. 

    O Vice-Capitão ficou irritado. 

    Aquilo era algum tipo de provocação?

    Mordendo os dentes, ele seguiu a direção do olhar do homem-fera, virando-se de costas — apenas para sentir um calafrio subir pela espinha.

    O ar que estava respirando pareceu desaparecer de seus pulmões.

    Ali, parado, estava o Capitão.

    Seus olhos rubis brilhavam frios, analisando cada detalhe daquela bagunça inteira.

    Uma bagunça causada por uma única pessoa.

    O Vice-Capitão sentiu o sangue gelar nas veias. Sua garganta secou instantaneamente, e as palavras saíram tropeçando pela boca.

    — Se-Se-Se-Senhor… Cap-Capitão? O q-q-que você está fazendo aqui…?

    Seu corpo ficou tenso, um suor frio escorrendo pela nuca. Ele nunca imaginou que teria que encarar aquele olhar assassino novamente. 

    Não aqui. Não agora.

    O Capitão permaneceu imóvel, sua presença esmagadora preenchendo o ambiente. 

    O silêncio que se seguiu foi insuportável.

    E então, ele deu um único passo à frente.

    O Vice-Capitão sentiu as pernas ficarem bambas. 

    — Vice-Capitão, você está insinuando que eu, o capitão de todas as tropas da região não tenho o direito de ir e vir?

    Matsuno disse friamente. 

    — Não, claro que não, Capitão.

    Ele se encolheu nessa hora.

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