Capítulo 227 - X
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Viu apenas os olhos frios em sua direção.
O Vice-Capitão sentia seu coração martelando contra o peito. O olhar frio do Capitão parecia perfurá-lo, como se já soubesse a resposta antes mesmo de ouvi-la.
— Bem, Vice-Capitão, algo a dizer?
A voz dele era calma, mas havia algo nela — algo sutilmente ameaçador, como a lâmina de uma faca encostando na pele.
— Senh-senhor… Eu estava apenas cumprindo as regras… — respondeu o Vice-Capitão, tentando manter a compostura, mas seus olhos tremiam, denunciando seu nervosismo.
O Capitão ergueu uma sobrancelha, um sorriso sem humor curvando seus lábios.
— Você estava cumprindo as regras, Vice-Capitão? Que maravilhoso.
O homem-fera ao lado, que até então apenas observava, não se conteve.
— Está brincando? Desde quando bater em uma mulher inocente é seguir as regras?
— Silêncio! — Matsuno cortou, sua voz parecia soar como uma espada fria.
O peso de sua presença dominou o ambiente.
O silêncio que se seguiu era tão denso que nem mesmo o vento frio parecia ousar atravessá-lo.
Os olhos rubi do Capitão voltaram-se novamente para o Vice-Capitão.
— O Vice-Capitão irá me contar o que aconteceu. Não irá, Vice-Capitão? — A voz dele permaneceu suave, quase gentil, e isso era pior. Muito pior. — Você não ousaria mentir para mim, não é? Porque seria uma pena…
— …se eu descobrisse que você mentiu para mim.
Ele inclinou ligeiramente a cabeça, olhando-o com firmeza.
O Vice-Capitão não conseguia falar nada.
Ele ficou em silêncio novamente.
Ele queria admitir tudo, mas então estaria acabado.
— Mais uma vez, você estava seguindo as regras?
Matsuno perguntou novamente.
O Vice-Capitão engoliu em seco.
O silêncio se arrastou sufocante sobre seus ombros.
Sua mente gritou para que dissesse algo, qualquer coisa, mas as palavras pareciam presas na garganta.
Se admitisse tudo, estaria acabado. Mas se mentisse…
— Você estava seguindo as regras?
A voz de Matsuno soou novamente.
O Vice-Capitão sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Seu corpo tremeu contra sua vontade, e então, finalmente, as palavras escaparam, fracas, desesperadas:
— Eu… Eu… Não. Não segui. D-Desculpa, me desculpa…
Por um breve instante, tudo permaneceu imóvel.
Então, os dedos de Matsuno se fecharam lentamente em um punho, e seus olhos brilharam com uma fúria contida.
— Vice-Capitão, seu idiota. — A voz dele agora transbordava desprezo. — O que estava tentando provar fazendo tudo isso? Que poderia me sobrepujar? Que sabia melhor do que eu que tipo de regras devemos seguir?
O tom de Matsuno se ergueu, ecoando pelo ambiente.
Num movimento rápido e fluido, ele sacou a espada da cintura e avançou.
O Vice-Capitão sequer teve tempo de reagir.
— Grande falatório vindo de um verme como você. — Matsuno comentou, a lâmina percorrendo o vento.
A lâmina brilhou em um um milésimo de segundos, rápida demais para qualquer reação.
A cabeça do Vice-Capitão separou-se do corpo em um instante, rolando pelo chão enquanto o sangue jorrava, manchando o piso de pedra.
O corpo sem vida caiu pesadamente, um baque surdo preenchendo o silêncio que se seguiu.
Os soldados permaneceram parados, paralisados pelo horror da cena.
Matsuno não demonstrou nada além de frieza.
Seu olhar passeou pelos soldados, vendo suas expressões aterrorizadas, e então, falou:
— Aí está o mascote de vocês, soldados. Limpem essa bagunça.
Sua voz ditou como uma lâmina, enquanto ninguém dizia nada.
Ele então virou-se para o seu oficial.
— Yudi, arrume toda essa situação que esse idiota causou, e auxilie os homens-feras.
— Sim, senhor. Como quiser! — Yudi respondeu prontamente, inclinando levemente a cabeça em respeito, mas sem ousar levantar os olhos.
Matsuno não disse mais nada.
Apenas guardou a espada na bainha e seguiu seu caminho, como se nada tivesse acontecido.
Sinceramente, depois de tudo que teve que passar e tudo que teve que ignorar, Matsuno estava completamente sem paciência.
Ele não queria mais resolver questões de maneira diplomática — mas, afinal, ele realmente deveria seguir essa abordagem pacifista, como fazia antes?
Ainda mais quando se tratava de gente como o Vice-Capitão, um desgraçado de caráter duvidoso e uma personalidade de merda.
Ele apenas caminhou de volta.
Assim que retornou ao local de antes, Matsuno caminhou até Kazuki, a expressão ainda carregada de irritação, mas seu tom foi direto e controlado:
— Como ele está?
Kazuki suspirou, lançando um olhar rápido para Rei antes de responder:
— Ainda dormindo, mas parece estar melhor.
Matsuno estreitou os olhos.
— Melhor como?
— Ele está se mexendo bastante e até mesmo murmurando algumas coisas enquanto dorme. Acho que é questão de horas até acordar.
Matsuno assentiu, observando Rei por um breve instante antes de se afastar com Kazuki para uma conversa privada.
Enquanto isso, Mia, Takayo, Rina e Tyrant permaneceram ao lado do garoto adormecido, enquanto conversavam casualmente.
Rina, no entanto, estava com a atenção voltada para os dois rapazes que tinham pegado certa distância. Kazuki estava sentado na grama, enquanto o braço de Matsuno apoiava-se no tronco da árvore, com a cabeça inclinada para o rapaz ao seu lado.
Mesmo à distância, ficou claro que a conversa entre Matsuno e Kazuki era séria.
Não era uma troca de palavras qualquer — havia intensidade nos olhares, quase como se estivessem falando sobre algum segredo de estado.
Matsuno falava com firmeza, e Kazuki ouvia atentamente antes de responder no mesmo tom.
— Até chegarmos à capital, não acredito que tenhamos imprevistos, então não vamos nos preocupar à toa. Embora… — Matsuno fez uma breve pausa, seu olhar fixo em Kazuki. — Melhor você tomar cuidado com a sua situação quando chegarmos lá.
Kazuki manteve a expressão impassível, apenas assentindo antes de responder:
— Não preciso que você se preocupe comigo. Já pensei nisso com cuidado muito antes de decidir ir para a capital.
Matsuno soltou um suspiro curto, sem interesse em prolongar o assunto.
— Então que seja.
Ele se levantou, ajeitando a bainha da espada antes de anunciar:
— Vou sair agora. Não podemos partir esta noite, então vou organizar tudo para que possamos sair amanhã.
Houve um breve silêncio antes de Matsuno acrescentar, em um tom neutro:
— Pelas informações que recebi, não tivemos muitas baixas. Apenas alguns soldados feridos e pequenas perdas. Nada preocupante.
— Certo.
Com isso, os dois seguiram caminhos opostos, cada um focado em suas próprias responsabilidades.
Kazuki caminhou até onde Rei descansava, juntando-se aos demais companheiros.
Matsuno, por outro lado, seguiu diretamente para a pequena base improvisada que os soldados haviam montado.
Lá, começou a revisar as informações reunidas sobre a região, suprimento e as condições da tropa e qualquer outro detalhe relevante.
…
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