Capítulo 228 - X
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[15 dias depois]
Após o incidente, Rei finalmente acordou no dia seguinte, e o exército humano seguiu em direção à capital durante os últimos 15 dias de expedição.
A maior parte da viagem transcorreu sem grandes problemas. Alguns monstros apareceram pelo caminho, mas foram rapidamente neutralizados pelos soldados ao redor, com a ajuda de Matsuno, que garantiu que tudo fosse feito de forma rápida e eficaz, sem querer se exibir por seus feitos, — ele estava mais preocupado em acabar com tudo rapidamente e sem chamar atenção. Sua habilidade e rapidez eram inquestionáveis, mas ele não demonstrava nem um pouco de felicidade.
Kazuki e Rei também auxiliaram em tudo que puderam, ajudando os civis em seu estado mental debilitado, conversando com eles e tentando ao máximo manter o pouco de esperança que ainda existia em suas vidas.
Matsuno por outro lado também se certificou de que os mantimentos fossem distribuídos adequadamente entre todos da região, trazendo o que era necessário para os mais próximos e organizando tudo com extrema precisão.
Ele evitou qualquer imprevisto desnecessário, tomando medidas preventivas para que ninguém se ferisse, e se responsabilizou por garantir que a jornada continuasse tranquila.
Graças a isso, a moral entre os soldados e os homem-fera estava um pouco melhor que antes, e a maioria deles passou a se juntar e se acostumar com aquela forma de liderança.
Já estavam relativamente perto da capital, e algumas carruagens vindas de outras estradas começaram a aparecer, sinalizando que o fim da expedição estava próximo.
— Tio, você precisa tomar aquela poção estranha de novo?
Mia perguntou, com a voz carregada de curiosidade, enquanto Kazuki a carregava nos braços, já se aproximando dos imponentes portões da capital.
Desde que saíram dos confins do refúgio, a paisagem ao redor havia mudado de forma marcante. O cenário parecia quase irreal, como se tivessem atravessado para outro mundo.
Fora dos portões da cidade, a estrada era pavimentada e branca, sem uma única mancha de sujeira, com árvores e plantas dispostas de maneira simétrica e organizada aos arredores.
Era como se a até mesmo a grana fosse meticulosamente cuidada, ou como se nunca houvesse sido tocada pela mão humana.
Até o vento parecia diferente — não o ar pesado e úmido de antes, mas uma brisa limpa e refrescante, que acariciava a pele com suavidade.
O céu, em um tom de azul bem mais forte que o normal, parecia mais claro, e o sol, apesar de brilhar intensamente, não aquecia de forma incômoda.
Tudo parecia mais puro, mais perfeito.
Kazuki olhou para Mia, um pequeno sorriso no rosto, antes de responder.
— Sim, Mia. Eu preciso tomar essa poção, assim como você. Agora, venha cá, toma ela.
Kazuki disse com um tom firme, mas também carregado de gentilidade e suavidade, mas Mia não gostava da ideia de tomar aquilo.
— Eu não quero! Ela tem um gosto ruim! Blehh!!!
Mia fez uma careta, como qualquer criança faria ao ser forçada a tomar algo desagradável.
No entanto, ela não pôde ignorar o olhar de Kazuki, que a observava com paciência.
Ele então ofereceu um doce, era o seu doce favorito.
Com aquilo em mãos, ela não conseguia recusar.
Ela olhou para o lado.
Depois para o outro.
E não resistiu.
— Tudo bem! Mas é só dessa vez, essa coisa tem um gosto muito ruim! Só que é tão legal ficar assim, com essa aparência.
Ela reclamou, mas não hesitou em aceitar o frasco e tomar o líquido que havia dentro, que logo se espalhou por sua boca.
O frasco em suas mãos continha um líquido mágico, capaz de transformar a coloração do cabelo e dos olhos de quem o tomasse.
Num piscar de olhos, o cabelo loiro de Mia se tornou um tom de marrom profundo, e seus olhos azuis brilhantes se transformaram em um verde intenso.
Ela tocou seus novos cabelos com uma expressão fascinada, encantada pela transformação.
Ela não conseguia deixar de sorrir, mesmo com o gosto ruim da poção ainda em sua boca.
Mia não perdeu tempo em pegar o doce e comer para tentar apagar o gosto horrível da poção.
O sabor era insuportável, uma mistura de carvão com algo claramente estragado.
Era impossível não fazer uma careta.
Ela se afastou de Kazuki, pulando para o chão com um sorriso, e ele, sem pressa, abriu a bolsa e pegou outro frasco.
Sem hesitar, levou-o aos lábios e bebeu.
— Glub!
Os efeitos foram quase instantâneos, havendo uma reação depois de alguns segundos.
Seus cabelos loiros se tornaram marrons claros, e seus olhos azuis se transformaram em uma mistura intrigante de verde e roxo, como se refletissem uma essência única.
Mia olhou para ele, observando a mudança com um brilho curioso nos olhos.
— Você está bonito.
Rei, que estava apenas observando, comentou nessa hora, tampando o rosto com a mão.
Ele observou a nova aparência de Kazuki novamente, os detalhes das cores misturadas em seus olhos eram bonitos, — mas ainda não superavam os seus olhos azulados.
A fórmula do frasco de Tyrant, embora fosse a mesma para todos, sempre parecia produzir efeitos diferentes dependendo da pessoa.
E para Kazuki, a mudança parecia se adequar perfeitamente à sua personalidade.
— Bem, isso vai durar algumas horas, mas vocês podem tomar mais para prolongar o efeito.
Tyrant comentou sem desviar os olhos do pequeno livro que estava lendo, caminhando ao lado de Rina, que estava maravilhada com o ambiente ao redor. Seus olhos passeavam por cada detalhe da paisagem, como se estivesse explorando completamente cada cantinho.
Kazuki, que havia ouvido a explicação, respondeu com um tom mais relaxado, voltando sua atenção para Tyrant.
— Precisamos fazer isso para que não descubram quem realmente somos. Obrigado mais uma vez, Tyrant.
Tyrant simplesmente sorriu, um sorriso tranquilo.
Sua expressão parecia dizer por si mesma algo como: “Não precisa agradecer, está tudo bem”.
— Estamos chegando, agora vamo ter que esperar.
Rei comentou, vendo que agora todos na estrada estavam numa fila, enquanto os soldados com armaduras elegantes da capital real revistavam e falavam com todos os presentes, antes que pudessem passar.
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