Índice de Capítulo


     

    ❖ ❖ ❖

    Depois que todos os comerciantes e alguns civis foram revistados pelos soldados, a fila finalmente avançou, e aqueles que haviam sido inspecionados foram liberados para entrar através dos portões da capital, que estava agora aberto.

    Quando chegou a vez de Matsuno, que estava à frente com Yudi, seu general, os soldados demoraram um pouco mais para liberar sua passagem. 

    O clima ao redor estava ruim, especialmente entre os homens-feras, que claramente não estavam satisfeitos em estar vendo o reino humano ali. 

    Isso até que fazia sentido, considerando os conflitos passados entre os dois reinos.

    No entanto, os soldados não tinham muitas alternativas. 

    Se barrassem a entrada dos humanos, haveria ainda mais tensões e possivelmente um novo conflito no futuro. 

    Além disso, a maioria dos viajantes que se aproximavam da capital eram homens-feras, e seria complicado impedir sua passagem sem consequências maiores. 

    Portanto, eles logo liberaram a passagem de todos que estavam vindo. 

    Nessa hora, Matsuno, que estava à frente, fez um simples sinal com a mão, indicando para todos os que o seguiam que o caminho estava finalmente liberado. 

    Ele e seus soldados foram os primeiros a passar, enquanto Rei e Kazuki seguiram logo atrás, acompanhando-os ao longo do caminho.

    — Uau!!!

    Rina exclamou, maravilhada, enquanto seus olhos se perdiam na grande quantidade de edifícios da região e no espaço aberto que parecia ser uma praça na entrada da capital. 

    Tudo ao redor era tão belo e parecia tão distante da realidade que ela conhecia. 

    No centro da praça, havia um belo fontanário de água, mas a grande quantidade de pessoas dificultava a visão.

    — Isso é muito daora!

    Rei também comentou, seu olhar fascinado olhando para os mesmos lugares que Rina estava a olhar. Ambos estavam admirados, assim como Mia e Takayo, que não conseguiam deixar de pensar em como tudo era tão bonito.

    — Olha aquela estátua gigante, isso é tão legal!

    Mia exclamou, os olhos brilhando de empolgação enquanto encarava a escultura centralizada acima de um edifício comercial da área. 

    Ao seu lado, Takayo também observava com a mesma fascinação, sem conseguir desviar o olhar daquela estátua de mármore. 

    Se comparado com antes, tudo era muito diferente.

    Até mesmo as estradas limpas, e a maneira como as pessoas se vestiam e se portavam. 

    A capital era completamente diferente da cidade rural onde Kazuki vivia. 

    As construções eram feitas de materiais resilientes, claramente caros e resistentes, e os edifícios se erguiam com uma grandiosidade que dava a impressão de que estavam em uma cidade construída para durar para sempre. 

    Cada detalhe parecia meticulosamente planejado, e a diferença em relação ao que eles conheciam era bem assustador, — principalmente as pequenas casinhas do vilarejo de Rina, que poderiam cair a qualquer momento pela arquitetura mal planejada.

    — Oh, minha nossa. Está bem caótico, não é mesmo?

    Tyrant comentou com uma leveza na voz, mas um toque de melancolia por trás, enquanto olhava para Kazuki. 

    A sua expressão, embora sempre calma, refletia uma certa resignação, — para Rina que tava aí lado, Tyrant era mais como uma doida varrida que via o caos do mundo e entendia que aquilo fazia parte de um plano maior.

    Ainda mais por aquela sua voz que tinha um tom suave, quase como se estivesse orando silenciosamente, buscando compreensão nas entrelinhas da vida.

    — Sim, as coisas continuam as mesmas de sempre. Está tão caótico por conta das cidades destruídas no reino, por isso tem tanta gente por aqui.

    Kazuki respondeu, sua voz sem muita emoção e direta.

    Apenas Kazuki e Tyrant pareciam estar acostumados com aquilo, caminhando como se nada tivesse de extraordinário naquilo. Para eles, a grandiosidade da capital era algo comum, uma paisagem que não causava mais surpresa.

    Se fosse para dizer algo, ambos estavam mais surpresos com a quantidade de pessoas na entrada da cidade, o movimento constante e a agitação que parecia nunca acabar. 

    A multidão era tão grande que dificultava o ritmo da caminhada, mas para Kazuki e Tyrant, aquilo era apenas mais uma parte da rotina. Para os outros, entretanto, tudo parecia impressionante, um choque com a realidade que conheciam até então.

    Nessa hora, Matsuno, que estava à frente, virou-se para trás e caminhou por alguns minutos até parar em frente a Rei e Kazuki, perguntando para ambos: 

    — Vocês estão bem? Não estão enjoados com a viagem?

    — Não, estamos bem. Eu só tô meio cansado depois de andar por tanto tempo. Cara, eu só queria descansar em uma cama agora.

    Rei respondeu, seus olhos examinando a agitação ao redor, sentindo o cansaço começar a pesar mais do que deveria. 

    A quantidade de pessoas na região estava começando a incomodá-lo.

    — Há uma mansão aqui por perto onde o reino humano toma conta, se vocês quiserem podem…

    Antes que Matsuno pudesse terminar, Kazuki, com sua expressão séria, interrompeu:

    — Podemos ir para uma taberna, não precisa mais se preocupar com a gente.

    Ele queria manter um certo limite, não permitindo que a preocupação de Matsuno ultrapassasse fosse demais para atrapalhar tudo.

    Matsuno, no entanto, respondeu com calma, sua voz mais firme, mas sem agressividade:

    — Estou apenas tentando ser cortês. Afinal, é minha responsabilidade levar vocês para um lugar seguro, onde possam estar protegidos.

    Nesse momento, uma tensão quase invisível surgiu entre os dois. 

    Seus olhares se encontraram com uma faísca de fogo saindo delas, mas nenhum dos dois cedeu. 

    Rei apenas suspirou cansado. 

    Ele estava mais preocupado em deitar em uma cama confortável do que ter que caminhar por sequer mais alguns minutos. 

    — Tudo bem, essa mansão aí sua, ela fica muito longe? Eu só quero deitar em algo macio, tô muito cansado pra pensar em qualquer coisa.

    Rei, completamente desinteressado no embate invisível entre ambos, só queria algo para aliviar o cansaço, — na realidade, ele nem tinha percebido que os dois estavam lutando em uma guerra fria.

    — Espera, o quê?

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