Índice de Capítulo


    ❖ ❖ ❖

    Kazuki perguntou com uma expressão de dúvida, seus olhos passando rapidamente entre Rei, Matsuno e finalmente em Rei, tentando entender se ele estava falando sério.

    — Sim, vocês podem ficar. Tem vários quartos acima, então não precisam se preocupar, terão privacidade e ninguém para incomodar.

    Matsuno respondeu com um sorriso fraco, mais estranhamente amigável, como se o fato de oferecer a opção de descanso fosse, de alguma forma, um pequeno prazer para ele.

    — Tudo bem então. — Rei respondeu, praticamente sem energia, dando uma última olhada em Kazuki antes de dar um bochecho de sono. Ele então olhou de novo para Kazuki e, com uma expressão cansada, acrescentou: — Por que está me olhando assim? Se a gente for numa taberna agora, provavelmente nem vai ter quartos disponíveis. Serião. 

    Kazuki, por sua vez, colocou a mão no rosto, abafando um suspiro impaciente. Seus olhos não estavam mais irritados com a situação, mas com a ideia de que teria de ver Matsuno mais vezes a partir de agora. 

    — Certo, vamos fazer isso então. Sem problemas.

    Ele disse, com um leve toque de frustração em sua voz, mas também aceitando o que parecia ser a melhor das opções no momento. 

    Seu olhar se fixou em Matsuno, que mantinha um semblante calmo, mas Kazuki percebeu que por entre as palavras e gestos sutis do cavaleiro, que o mesmo estava bastante satisfeito com o rumo que as coisas tinham tomado. 


    ❖ ❖ ❖

    Depois que chegaram à mansão, Matsuno guiou todos até o terceiro andar, onde os quartos estavam alocados. Rei subiu as escadas, já sentindo o peso da viagem, mas ainda com a mente bem cansada. 

    O quarto que ele dividiria com Kazuki tinha uma cama de casal e uma de solteiro. As camas eram simples, mas confortáveis o suficiente para um bom descanso depois dos dias de viagem. 

    O cômodo era espaçoso, e a janela, que ocupava quase grande parte da parede, era o ponto que mais chamava atenção daquilo tudo.

    Lá de dentro, dava para ver o jardim bem cuidado ao lado de fora, com a grama verde e as flores espalhadas por todo o espaço. 

    Ao longe, outras mansões podiam ser vistas, afastadas umas das outras, como se estivessem em um lugar exclusivo. 

    A região em si parecia ser nobre, especialmente pela arquitetura luxuosa e pelos pequenos detalhes nas paredes, com magia impregnada em cada canto, como se tudo fosse feito para brilhar, mas de uma forma sutil, sem exageros.

    No corredor do terceiro andar, havia também outros cômodos: Mia e Takayo ficaram em um, Tyrant e Rina em outro, e Matsuno ficou sozinho em um dos quartos, alocando seus pertences pessoais momentos depois. 

    O espaço era grande e os quartos estavam bem arrumados, então Rei apenas despencou na cama de casal do seu cômodo como uma pedra. 

    Ele sequer estava se importando se havia poeira ou não sobre o edredom, deitando sua cabeça sobre um travesseiro enquanto abraçava outro com força. 

    Finalmente depois de todo o inferno que teve que passar estava deitado em uma cama macia. 

    Uma cama de verdade! 

    Enquanto isso, no segundo andar da mansão, Yudi e os soldados estavam arrumando os próprios pertences pessoais e alocando-os nos cômodos que ficariam.

    No primeiro andar, os homens-feras, que não tinham para onde ir, estavam se ajeitando como podiam, — eles que não tinham dinheiro para ficar em tabernas, e nem mesmo tinham alguma casa na capital, podiam apenas depender do auxílio de Matsuno. 

    — Essas construções são tão impressionantes… Como conseguem ficar tão firmes, mesmo com o vento batendo tão forte contra elas?

    Rina comentou enquanto organizava suas roupas na estante ao lado da cama, com o pensamento ainda preso em tudo que tinha visto até agora. 

    — A arquitetura aqui é diferente, Rina. Não é como as casas simples do nosso vilarejo. Nem se pode comparar. Na capital, tudo é feito com materiais reforçados, e magias para manter a segurança. 

    Tyrant respondeu calmamente, observando pela janela os homens-fera entrando na mansão.

    — E agora? Nosso objetivo era só chegar na capital, não era?

    Rina perguntou, sacudindo o pó da cama antes de se jogar sobre o colchão macio.

    — Minha nossa, Rina… O objetivo não era só chegar aqui, e sim acompanhar Rei. Ele nos salvou e nos deu uma segunda chance de viver, não se lembra? Devemos apoiar ele, pelo menos…

    Tyrant respondeu com um sorriso tranquilo.

    — Ei, Tyrant, você sabe que…

    — Sim, Rina. 

    Ela interrompeu antes mesmo que Rina terminasse a frase, e, com a mesma calma, acrescentou:

    — As coisas só vão ficar mais complicadas daqui em diante. Ainda mais com a situação de Kazuki. Parece que vamos ter que nos envolver mais ainda. 

    Tyrant se sentou no parapeito da janela, a luz suave da tarde iluminando seu rosto sereno. 

    Rina, deitada, observou-a por um instante e sentiu o rosto esquentar. 

    Desviou o olhar rapidamente e resmungou:

    — Tá, já entendi! Só queria pensar um pouco. Agora chega, tô cansada, e vou dormir. Foda-se.

    Tyrant apenas sorriu com a resposta de Rina e voltou a olhar pela janela. Fechou os olhos por um instante, juntando as mãos em uma prece silenciosa ao universo.

    Antes que se perdesse completamente em seus pensamentos, ouviu a voz sonolenta de Rina murmurar:

    — Acho que não vai ser tão ruim assim… Pelo menos estamos juntas, né?

    O tom baixo da garota quase se dissipou no ambiente tranquilo, mas Tyrant ouviu. 

    E, sem abrir os olhos, deixou escapar um pequeno sorriso.

    — Céus…

    Tyrant murmurou.

    Deixou escapar um suspiro leve antes de se perder completamente em seus próprios pensamentos, isolando-se no silêncio de seu mundinho.

    No primeiro andar da residência, o clima era bem diferente dos andares superiores. O espaço era limitado, e poucos quartos estavam disponíveis para os homens-feras que haviam vindo de fora da capital em busca de abrigo.

    Continua…

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