Índice de Capítulo


    ❖ ❖ ❖

    [Em um dos cômodos do 3° andar]
    [Zefry, capital dos homens-feras]

    Rei estava nesse momento olhando para a palma de sua mão, vendo que o desenho da árvore de Loki tinha ganhado mais forma, assim como o deus havia dito para ele, — os galhos estavam com folhas e o tronco retorcido do desenho havia ganhado mais força.

    Tudo em si na tatuagem havia mudado, de uma árvore seca e sem vida agora estava uma árvore bonita e com muita mais vida do que o normal, com folhas verdes e saudáveis.

    Enquanto estava distraído com isso, ele apenas ouvia algumas frases soltas da conversa que estava acontecendo entre Kazuki e Matsuno, acompanhados de Rina e Tyrant, que apenas ouviam.

    — Eu tenho que ir para o palácio império daqui algumas horas, provavelmente. Eles já devem saber pelas informações que estou aqui no reino, devem ter informado o imperador, provavelmente. — Matsuno comentou nesse momento, sentado em umas das cadeiras.

    — Você vai abordar o assunto da igreja de Querpyn?

    Kazuki perguntou a ele nessa hora.

    — Ah, isso… Bem que eu queria, mas não, eu não posso. A igreja de Querpyn é a religião oficial do seu reino, se eu dissesse algo que causasse alguma discórdia… Provavelmente a política tomaria o lado da igreja. Eu sei como esse tipo de jogada política funcionada, mesmo com tudo que aconteceu…

    Matsuno disse desanimado, mas não parecia estar se importando tanto com o assunto, ele queria terminar a sua missão o mais rápido possível.

    E sua missão era: Auxiliar o reino dos homem-fera.

    Entretanto, essa era uma missão dada pelos seus superiores de maneira muito ambígua. Auxiliar os homem-fera poderia ser não somente na ajuda em derrotar a invasão dos demônios, mas também em questões políticas ou até mesmo econômicas.

    Tudo que o imperador precisasse, Matsuno seria forçado a ter de ajudar, tudo em prol do bem estar entre os dois reinos.

    Mesmo que isso significasse esconder os crimes cometidos pela igreja de Querpyn, e a quantidade de vítimas que eles fizeram no geral.

    — Cara, isso é muito injusto. Eles fazem o que eles querem, e não se pode fazer nada, mas que situação extremamente fudida. Eu não quero ver a cara desses religiosos, desde que chegamos eu só vejo como a população é devota em relação a esses caras…

    — … Eles pensam que todos os fiéis dessa religião são santos, mas na realidade parecem mais demônios, ou até piores… Fala sério.

    Rei disse nesse momento, colocando a mão no rosto, enquanto trocava olhares entra Kazuki e Matsuno, que apenas concordaram com o comentário do estudante.

    Era realmente desagradável pensar na ideia de que não podiam fazer nada diretamente, mas não significava que ficariam nessa situação por muito tempo.

    — Você não precisa se preocupar com isso, garoto. Vamos dar um jeito nisso, então apenas relaxa por enquanto. Eu devo muito a você.

    Matsuno disse nessa hora, com um pequeno sorriso no rosto.

    Kazuki apenas franziu as sobrancelhas, mas não disse nada, apenas soltou um suspiro e comentou em seguida:

    — Essa situação inteira é por minha própria negligência, eu vou resolver isso. Não vai demorar, eu prometo.

    Ele disse fechando o punho da mão com força, mas logo sentiu a sua mão sendo apertada pelas de Rei, que o acalmou.

    — Fica de boa, cara. Eu sei que você não queria vir para a capital, e mesmo assim você veio por que eu pedi, então leve as coisas no seu tempo. Eu tenho certeza que sua cabeça tá lotada de pensamentos, ainda mais por estar na sua cidade natal.

    Rei disse meio que timidamente, era meio vergonhoso ter de fazer o papel de auxiliar, e tentar o máximo colocar o seu companheiro para cima.

    Por conta disso, seu rosto estava levemente corado, enquanto seu olhar estava desviado para a parede, mas ainda com a mão em cima das de Kazuki.

    Então as suas mãos foram apertadas pelas de Kazuki nesse momento, enquanto o homem-fera olhava-o com um semblante que parecia significar: “Tudo bem”.

    — Tsk…

    Matsuno estalou a língua nessa hora, e então comentou:

    — Eu vou me preparar para ir ao palácio imperial, então tenham cuidado… — Ele disse levantando-se de seu assento nessa hora. — Tenho certeza que esses religiosos lunáticos estão aprontando alguma coisa nesse exato momento. De preferência, fiquem aqui, os meus soldados irão protegê-los a todo custo.

    — Certo, Matsuno. Valeu por sua ajuda.

    Rei agradeceu nesse momento, com um pequeno sorriso, enquanto olhava-o com admiração. Embora o cavaleiro não estivesse usando sua armadura habitual, pois havia sido destruída, ele ficava bem melhor quando usava vestimentas simples.

    Além do mais, aquele rapaz nem mesmo precisava de uma armadura, somente a sua esgrima era suficiente para derrotar quem fosse, — mas claro, certamente se ele continuasse a manter o foco, e não se perder tentando chamar a atenção.

    — Valeu, garoto. Por você, eu faço qualquer coisa.

    Matsuno disse ao se aproximar e beijar a palma da mão de Rei, e então ele meio que deu aquela piscadinha para Kazuki, que apenas fez uma das piores caretas possíveis, como se tivesse engolido alguma coisa realmente amarga na boca.

    Até mesmo o cavaleiro se surpreendeu com aquela reação, mas virou-se de costas e saiu do cômodo, sem nem mesmo notar que o garoto que tivera sua mão beijava, estava com o rosto inteiramente vermelho com a de um pimentão.

    Ele estava com o coração batendo bem mais rápido que o normal, e isso o deixava inquieto.

    — Não conte com ele, eu sou mais que o suficiente.

    Kazuki disse nesse momento, beijando a outra mão do garoto, enquanto olhava-o no fundo de seus olhos, com as orelhas de cachorro abaixadas.

    Era como se ele esperasse receber carinho na cabeça, — como um cachorro carente que estava à deriva da estrada.

    — O que vocês! Chega, não é nada disso.

    Rei afastou a mão rapidamente, saindo do cômodo e indo direto para o quarto, sem querer saber mais de nada!

    Ele apenas caminhou envergonhado sem conseguir controlar a cor vermelha do rosto, e andando com certa dificuldade, mas ainda com firmeza.

    Enquanto isso acontecia, Rina e Tyrant apenas estava a observar para toda a cena de longe. Tyrant estava apenas com as duas mãos juntas em sinal de oração, enquanto a pipoca e os óculos escuros estavam em Rina, enquanto deleitava-se com aquele espetáculo.

    — Nossa, esses três são ótimos quando estão juntos, você não acha, Tyrant?

    Rina brincou nessa hora, enquanto pensava em mutiplos cenários em sua cabeça. Era incrível como conseguia desenvolver uma criatividade tão fértil em momentos assim.

    — Sem mais uma palavra, Rina.

    Tyrant comentou nessa hora, pois já sabia o que viria depois de tanta falação. Se ela hipoteticamente concordasse com Rina, a menina não iria parar de teorizar e dizer ideias doidas que estavam em sua cabeça.

    — Tsk… Você sempre é sem graça.

    Rina comentou nesse momento, saindo do cômodo de reuniões, mas ela não parecia irritada, ela saiu com um sorriso no rosto.

    Nessa hora, só havia Kazuki e Tyrant no cômodo.

    — E agora? Você sabe que não será fácil, Kazuki.

    Ela comentou para o homem-fera, que estava olhando para o piso do chão, cabisbaixo, — sem dúvidas.

    Ele parecia naquele momento estar desligado da realidade, e isso era algo que todos tinham percebido desde que ele havia chegado na capital.

    Kazuki mal conseguia falar direito e se mantinha assim, e ficava mais presente e próximo de Mia, que estava a gostar de quando seu tio estava próximo a ela.

    — Eu não sei o que pensar agora… minha cabeça está bagunçada de pensamentos. Acredito que voltar aqui desencadeou todas as minhas memórias antigas, mas esse sentimento que estou a sentir, eu sei que é passageiro…

    — … Logo vou me acostumar com isso, embora esteja sendo estranho reviver tudo de novo. Você deve entender sobre isso.

    Matsuno comentou nessa hora e levantou a cabeça, vendo um pequeno sorriso simpático no rosto de Tyrant, que parecia entender tudo que ele estava a pensar.

    Se ela estivesse na mesma situação que ele, mas em sua terra natal, no reino dos humanos, ela nem conseguiria entrar na capital por conta do nervosismo que estaria a sentir naquele momento.

    Ela não daria nem mesmo um passo, ainda mais em relação a sua família.

    Tyrant tinha conseguido superar seu passado, mas isso não significa que teria a coragem de reviver todas aquelas memórias sombrias, que um dia a assolaram caso voltasse para aquele lugar.

    — Você se preocupa muito com tudo, jovem. Agora você tem algo importante para se apoiar, então deve seguir em frente, não se prenda aos seus fardos do passado. Pelo contrário, tente resolvê-los lentamente, como se fossem apenas nós soltos que precisam ser desfeitos.

    A menina disse nessa hora e levantou-se em um piscar de olhos, chegando perto da janela e olhando para baixo da região.

    Nessa hora Matsuno estava saindo da mansão, junto com seu oficial. Eles já tinham passado pelo pequeno jardim que existia, e esperavam uma carruagem no portão principal da residência.

    O cavaleiro estava vestindo roupas nobres brancas, e estava completamente diferente de quando estava com as suas roupas casuais, ou até mesmo com a armadura preta pesada que no momento tinha sido destruída.

    — Resolver lentamente…

    Kazuki repetiu essas palavras após ouvi-las sair da boca de Tyrant, e focou em seus pensamentos nessa hora. Ele colocou o dedo no queixo, enquanto olhava para o chão.

    Ele tinha vários planos e havia montado vários cenários de quando chegasse na capital, mas ainda estava a vacilar, pois eram tantos problemas que deveriam ser resolvidos, que isso acaba deixando ele ansioso com a situação no geral.

    E caso algo pudesse dar errado?

    E se isso pudesse envolver Rei?

    Kazuki se viu preso em múltiplos pensamentos novamente, e apenas acordou quando ouviu mais uma vez o conselho de Tyrant, que parecia saber tudo que se passava na cabeça dele.

    — Sim. Resolva os conflitos lentamente, e pense nas pessoas que antes mesmo de toda a tragédia começar, estiveram ao seu lado e apoiando.

    Ela disse com as mãos juntas, enquanto segurava um pequeno colar entre as mãos, com o desenho da deusa vênus, — a deusa que adorava, e sua divindade das constelações e previsões.

    Kazuki olhou para a menina e ficou surpreso, e então um sorriso pequeno formou-se em seu rosto, antes de soltar um suspiro aliviado.

    — É, você tem razão…

    — Vou resolver tudo com cuidado, obrigado.

    Ele levantou-se da cadeira que estava sentado, saindo do cômodo e indo para o 2° andar, onde os soldados do reino humano patrulhavam e resolviam as questões da guerra.

    No segundo andar, ele conseguiu um pequeno manto conversando com os soldados locais, e logo cobriu o seu rosto com ele, antes de sair e caminhar para o lado de fora da residência.

    Como o efeito da poção ainda tinha efeito em sua aparência, ninguém iria desconfiar de um homem-fera com cabelos marrons claros e olhos violetas, contrastando completamente com a família imperial do reino.

    Foi nessa hora que então Kazuki desapareceu após passar pelos portões da mansão, deixando para trás apenas Tyrant que observava de longe.

    — Ei, Mia. Aquele não era o seu tio?

    Takayo perguntou nessa hora, ao lado de Mia, que também havia visto Kazuki descer as escadas, conseguir um manto e passar pelos portões.

    — Sim, mas o que tem, Takayo?

    — Você não acha que ele te abandonou?

    — Aí!

    No mesmo instante que falou, o menino sentiu a sua cabeça sendo explodida, era como se uma pedra tivesse colidido nela.

    — Deixa de ser bobo, Takayo!

    Mia havia comentando, dando um soco na cabeça do menino, que por reação apenas se encolheu com uma pequena lágrima escorrendo de um dos olhos.

    — Não precisa me bater!

    — Então não faz pergunta boba. Se ele saiu é por que deve ter algo importante pra fazer, o meu tio sempre faz isso, você sabe…

    — … Ele sai e depois sempre volta, eu tenho certeza que ele saiu pra comprar um bolo, ou doce pra gente! Ele sempre fez isso.

    Mia disse com um sorriso no rosto, — era contagiante quando ela fazia aquilo, e acabou alegrando Takayo também nessa hora.

    Ele tirou a mão da cabeça e olhou para o lado de fora, mas o céu estava todo laranja, com a noite se iniciando.

    — Tenho saudades do refúgio, eu gostava dos elfos…

    O menino comentou cabisbaixo, depois que o sorriso desapareceu e o silêncio tomou conta.

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