Capítulo 4 - Gratidão X
É final da tarde, e o dia começa a escurecer. Depois de andar por algumas horas, Rei e Mia decidem descansar por alguns minutos. Aproveitam-se das plantas e árvores locais próximas, para pegar frutas pequenas e saciar a fome.
— Estamos quase chegando. Sabe aquela árvore ali? — aponta para uma grande árvore velha, parece ter um rosto humano, com cipós finos caindo sobre ela.
— Eu e meus amigos chamamos ela de velhota, mesmo que ela pegue fogo ou aconteça algo, ela sempre está lá de pé… Nós usamos ela para saber o caminho de como voltar para a vila… — continua a falar.
…
— Rei, por que você estava naquele lugar? — questiona, de modo a virar a cabeça um pouco para o lado, em sinal de dúvida. Franze a testa.
— Eu não me lembro de muitas coisas, acho que perdi a memória.
“Não posso dizer que sou de outro mundo, iria ser considerado louco… Provavelmente.”
Pensa nervoso, e desvia o olhar da menina.
— Aquele lugar é onde ficam monstros e animais perigosos, as pessoas da vila sempre dizem para evitá-lo. Se não fosse por você eu não teria sobrevivido, obrigada Rei, eu prometo que vou te ajudar de alguma forma — diz Mia, com os olhos brilhantes de confiança.
— Não há necessidade disso, só de me levar para a vila já está me ajudando, eu…
— MIA, É VOCÊ!? — grita um homem de longe, de maneira a interromper a fala do garoto.
Ao reconhecer a voz, Mia corre rapidamente para onde o homem está.
— T-TIOO — diz enquanto chora, e o abraça fortemente.
— Você tem ideia de como eu estava preocupado? O Takayo veio me dizer que duas mulheres haviam te raptado de manhã — diz preocupado, e abraça a menina.
— Toda a vila está te procurando, algumas pessoas saíram da vila e até foram à floresta Heir, até mesmo a senhora Aster, se prontificou em ajudar com a busca. Eu procurei você por todos os lugares e não consegui encontrar nada — fala rapidamente, suas mãos começam a tremer.
— Se algo tivesse acontecido com você, eu não sei… O que seria de mim…
Depois de alguns minutos de comoção, o homem dirige seu olhar para a direção em que Rei se encontra.
— A propósito, quem é aquele garoto, Mia? — aponta para o estudante.
Rei após ouvir o homem, apenas faz um sinal de Hang loose.
(Símbolo da mão que significa “tudo na paz” ou “a situação está sob controle.”)
…
Mia então explica o que tinha acontecido naquela manhã, como havia sido raptada pelas mulheres, e que, quando acordou, viu a sua frente os monstros as devorando. Como tentou correr, mas eles a perseguiam.
Como encontrou Rei, que a tinha salvo das criaturas, e ajudado a chegar na vila — relata ainda tremendo aterrorizada ao lembrar daquelas memórias fatídicas.
Atônito, após ouvir a sobrinha relatar toda a história. O homem com raiva de si mesmo por ter deixado a garota presenciar todo aquele horror, caminha em direção ao garoto.
Assim que se aproxima do estudante, Rei repara de imediato que o homem tem orelhas de cachorro sobre a cabeça, tendo por volta de 1,75 m de altura, robusto e sarado. Possuía olhos azuis profundos, assim que olhados de perto, um vasto oceano azul claro é sentido.
“Esse cara é… muito bonito.”
Pensa corado, e tenta disfarçar seu olhar pervertido.
— Eu não tenho palavras para demonstrar a minha gratidão, prometo que irei devolver esse favor, mesmo que eu tenha que morrer para que isso aconteça. Se não fosse por você, minha sobrinha teria morrido. Por favor, me chame de Kazuki — diz com sua cabeça abaixada, como um sinal de respeito e gratidão, em frente ao garoto.
Sem saber responder diante daquela comoção, Rei envergonhado, move as suas mãos de forma suave para levantar a cabeça do homem, sem se dar conta de sua ação precipitada.
Kazuki fica surpreso. Pois, apenas pessoas em relacionamento ou familiares próximos podiam tocar outros. Mesmo vacilando, não afasta a mão do jovem.
— Não precisa dessa formalidade toda, pô. Eu já tinha dito a Mia, só de me trazer para a vila e me passar algumas informações, tudo será resolvido. Fico feliz ao ver a sua preocupação com ela. Pelo pouco tempo que estivemos sozinhos, percebi que é uma garota muito carismática e inteligente… Espero que esse incidente não cause algum trauma ou algo relacionado.
Após dizer isso, Rei fica triste pensando em sua família e como apesar de todos os problemas que causava, ainda assim, era muito amado.
“Espero que estejam bem…”
Ao ouvir as palavras, Kazuki sorri para o garoto e vai até onde está Mia, a colocando em seus ombros. Em seguida, acena para Rei o seguir, para adentrarem a vila.
Depois de passarem pelo salgueiro-fantasma, a árvore mais velha nas proximidades do vilarejo, que era apelidada de “velhota.” Caminham, até virarem à esquerda em sentido sul para a vila.
Ao chegar nos portões da vila, percebe-se um design bem simples e rústico de madeira que envolve as muralhas e os portões.
Próximo do portão da vila, várias pessoas que estão nas proximidades ao verem a chegada de Kazuki, caminham em sua direção, de forma apressada. Perguntando-lhe, preocupados, assim que se aproximam, onde Mia estava durante todo esse tempo.
Kazuki diz pouco sobre o caso, e explica que já é tarde da noite e que pela manhã esclareceria toda a situação de Mia para a vila. Ao mesmo tempo em que acena para Rei o seguir.
O garoto cumprimenta todas as pessoas presentes e adentra na vila.
— Já que você não tem lugar para ir, pode ficar na minha casa pelo tempo que precisar, isso é pouco em comparação ao que você fez por mim…
— O-ok, obrigado — agradece, admirando as casas ao redor enquanto o seguia.
Era nítido o design de pedras e tijolos que formam as casas locais, dando um destaque no estilo medieval. As numerosas casas próximas apesar de parecerem confortáveis, aparentam serem frágeis, por conta de sua estruturação que dá a impressão que pode desabar a qualquer momento.
A casa de Kazuki é afastada de outras casas da vila. Uma casa de pedras e tijolos enorme, em que, é envolvida pelas plantas e diferentes tipos de galhos de árvores. Próximo dela, está o mercado local e a catedral.
Ao adentrarem na casa, Kazuki pede para Rei sentar-se no sofá, perto dos lustres de cristal, e ordena alguém da casa para trazer alguma comida.
Nesse momento, o tio de Mia a pega, levando-a para o andar superior, com o intuito de a fazer dormir.
…
Após descer as escadas, Kazuki caminha em direção a Rei, e próximo dele, questiona-o.
<Continua>
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